A Face Oculta Da Lua escrita por Lady Salieri, Nami Otohime


Capítulo 24
Capítulo 14: Planeta Marte na casa 8 (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Olááá, meus leitores lindo-maravilhosos que nunca comentam na minha história. Voltei! Vou me dedicar mais à fic! Prometo! Hoje é terça? Vou tentar trazer capítulos novos toda terça. Eu disse que vou acabar essa fic e acabarei.
Aqui, um capítulo que será mais dedicado à Sailor Marte. Espero que gostem



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Lyene, você acha que...?

Ela sacudiu a cabeça em uma negativa antes mesmo de que Darien acabasse a frase:

– Hoje estive com Andrew, pela manhã e... Acho que tudo ficou claro, sabe. Tive de admitir que estou totalmente perdida nesse mundo em um abismo entre o que eu fui e a possibilidade do que eu posso ser...Talvez esse corpo tão jovem não seja tão mau assim, talvez eu precise de tempo realmente para que acostumar com essa nova realidade, conectar-me com aquela garota que te encontrou pela primeira vez no Crown há uns meses... Por isso, minha resposta é não, Endymion, eu não acho que tenha feito certo ao sair daquele jeito... Mas, não importa... Talvez alguma coisa em mim tenha se curado, mas não sou só eu que preciso de cura...

– Entendo - ele disse entre um meio sorriso. Sabia bem do que ela dizia. E Lyene tinha razão, não era só ela que precisava de cura...

Nesse momento Serena chegou com as meninas à Bakery; ela ficou com uma gota na cabeça:

– Não acredito que ele fez tudo isso pra correr atrás daquela menina... - disse se dirigindo à Mina.

Mina deu de ombros:

– O que eu estava dizendo?

Como Darien nem sequer se levantou quando a avistou, Serena suspirou indignada e foi até ele:

– E, então, Darien, vamos? - disse ignorando completamente a presença de Lyene que não se incomodou com isso.

– Comprou a blusa nova? Deu tudo certo?

Ela olhou-o com os olhos semicerrados: como ele nem podia ter notado que ela trocara a blusa manchada por aquela linda blusa nova?

– Ai, Darien... Como você é cruel comigo!

Ele levantou uma sobrancelha, assustado com aquela frase vinda do nada.

Serena continuou:

– Eu vou à loja, faço o maior esforço pra te agradar, compro uma blusa de cores que você adora, e você nem nota? O que eu fiz pra merecer isso, me fala!

Ele jogou a cabeça para o lado, observando-a: desde quando rosa pink com amarelo-bebê foram suas cores preferidas?

Assentiu com um aceno de cabeça, finalmente, para não prolongar aquela discussão descabida:

– Vocês se importam se Lyene nos acompanhar?

Serena olhou em direção a ela com os olhos semicerrados:

– É, fazer o que, não é, Darien, ela já está aqui...

Lyene, por fim, levantou a cabeça, mirando-a. Por incrível que pudesse parecer, ela sorria.


***



Takeo levantou-se do lugar onde estava e caminhou até o outro lado da sala. Apoiou a cabeça no braço, encostando-se na parede, enquanto Mihara olhava-o de cabeça baixa. Ele ainda não processara o acontecido minutos antes, nada fazia sentido em sua mente atordoada, não podia visualizar a situação de maneira a entendê-la porque era como se ele mesmo não estivera ali e fosse jogado bruscamente ao instante pela figura de Lyene, a única coisa que ele conseguia diferenciar do caos.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de uma buzina do lado de fora.


Escutou em seguida a voz de Mihara:

– Ah, é meu motorista!

Ele se virou para ela:



– Eu te ajudo com as sacolas - disse, a voz asfixiada.

Takeo a ajudou com uma frieza incomum. Até ele mesmo não se reconhecia sob aquela nova roupagem necessária para se proteger. Desviou o rosto quando Mihara tentou beijá-lo, e nem sequer esperou que o carro arrancasse para adentrar à casa. Fechou a porta atrás de si com um estalo forte e esmurrou a parede vezes seguidas até deslocar os dedos e deslocar a sua própria dor. Nesse percurso entendeu o que não podia mais esconder: estava definitivamente apaixonado, como sempre estivera e nunca pôde se atrever a pensar, quanto mais atrever-se a sentir, mesmo em segredo. Escorregou as costas na parede até sentar-se no chão, sendo inundado por aquela lembrança que ali o preenchia de outra coisa, e não a culpa: o desejo de tê-la ao lado de si... Sorriu enquanto pensava nisso e sentia por dentro a textura suave de sua pele que ele acariciava com violência, a calidez das entranhas que ele invadia impensadamente, diluído em todos os sentimentos que guardara sem saber e que se lhe desdobravam em nuances novas e belas...

Voltou a se levantar e saiu com os dedos tortos, disposto a consertar isso de uma vez por todas.

***

Lyene sentou-se em um banco, junto com o pessoal e os observou colocar os patins. A exceção de Darien, que parecia bastante concentrado, as as meninas calçavam seus patins ruidosamente, ao mesmo tempo em que caçoavam de Serena por não saber patinar. Lyene terminou suspirando, a patinação era realmente uma das únicas coisas que Serena sabia fazer bem no Milênio... Que desperdício se esquecer, assim, completamente, da única coisa que valia a pena...

– Você não vem, Lyene? - a voz de Darien cortou o ambiente fazendo todas ficarem em silêncio e olharem imediatamente para ela.

– Não. Eu não... gosto disso - Lyene disse apenas.

– Se não gosta, por que veio, então? - Serena provocou.



Lyene levantou uma sobrancelha, dirigindo-lhe um olhar soberbo:

– Para ver o espetáculo que me proporcionaria vossa alteza, a mais graciosa patinadora do Milênio. No entanto, pelos comentários de suas amigas, nem isso vossa alteza sabe mais como fazer, procede a informação?

Serena enrubesceu:

– Ai, sua chata, nem vou perder meu tempo conversando com você, eu vou patinar com MEU namorado.

Lyene fechou os olhos e levantou a mão em aceno:

– Boa sorte... Darien.

Darien sorriu meneando a cabeça em negativa enquanto conduzia Serena em direção à pista.

Lyene desceu as costas pelo banco, deitando o pescoço em seu apoio, ao mesmo tempo em que observava aquela turma estranha com a qual viera acompanhada. Eles eram, indubitavelmente, engraçados de ser observar: Ami e Darien tratavam de amparar Serena que, não satisfeita com apenas não saber patinar, agia de modo escandaloso, estorvando os demais patinadores. Rei e Mina estavam alheias àquela situação, seguindo de forma insistente um garoto ruivo que patinava só. Em qualquer outro momento, Lyene teria se incomodado consigo, por se permitir compartilhar semelhante espaço com qualquer um deles. Porém, ali, aquilo somente era divertido de uma maneira muito não-convencional e ela não queria pensar mais nada além disso; era, de fato, muita informação para se processar em um dia: se dar conta do momento presente com uma intensidade avassaladora, de sua condição nesse presente, e pensar que naquele espaço e tempo, as maneiras estranhas que observava era um jeito de as pessoas se conectarem umas as outras, um jeito deveras sem cabimento, sem razão de ser... mas, por outro lado, fascinante, merecedor, talvez, de algumas análises.

Essas conjecturas foram interrompidas pela visão de Rei e Serena se colidindo frontalmente e ambas caindo ao chão. Mais uma vez, Darien e Ami tratavam de amparar Serena para que se levantasse, tentando distraí-la de um ataque de choro quase incontrolável e Rei, ajudada por Mina, se levantava e caminhava mancando para perto de Lyene.

Ela sentou-se tirando os patins e resmungando algumas palavras direcionadas à Serena, nenhuma delas agradável, totalmente.

Lyene, por sua vez, abriu a mochila e tirou de lá uma pomada que logo estendeu à outra:

– Aqui.

Rei olhou-a surpresa. Era uma coisa para se esperar de Lyene?

– Oh! Obrigada! – disse quase em um reflexo.

– De nada – Lyene respondeu de volta. – Só massagear... forte... movimentos circulares...

Nesse momento passou um senhor vendendo qualquer coisa que ambas não entenderam:

– Só 75 yens, para você e para sua irmã.

As duas imediatamente se olharam, receosas, se procurando uma na outra. Irmãs? Para Rei a declaração veio atravessada em disparate, afinal, o que poderia ter em comum com aquela criatura tão estranha? Talvez fosse o cabelo, ambos eram lisos, negros e longos, no entanto seu próprio cabelo era muito mais brilhante e melhor cuidado. E os olhos azuis de Lyene pareciam duas pedras de gelo, cristalizando a insensibilidade em duas esferas bem polidas. Não se pareciam em nada e pronto! Desde quando a pele branca e pálida de Lyene tinha algo a ver com sua pele sedosa e bronzeada? As expressões, o semblante... Simplesmente, aquele velho estava louco, tanto que deveria aprender a articular melhor as palavras para se fazer entender!

Ela voltou a massagear o tornozelo, enquanto Lyene ainda mantinha os olhos sobre si. Ela entendera as palavras do velho de uma maneira completamente diferente. A simples associação dela a uma figura humana, qualquer que fosse, lhe causou um impacto tremendo, como se lhe tivessem jogado na cara uma verdade fundamental sobre a qual ela não havia se dado conta. Takeo já havia repetido isso por vezes e vezes, mas ela nunca escutara... Não com a força como havia escutado naquele momento. Olhou as mãos, voltou a olhar para Rei, olhou o trio se divertindo com Serena mais adiante, cruzou as mãos atrás da cabeça, fechando os olhos com força, e sentiu, talvez por primeira vez, o coração batendo, a força do sangue correndo pelas veias, a pele latejando pelo frio que fazia no lugar... E tudo com um gosto perfurante na boca que descia pela garganta e maltratava o estômago lá no fundo... Coçou a testa e voltou a olhar para Rei, precisava treinar até sangrar os dedos, os ombros e os joelhos para ver se se esquecia de tudo aquilo:

– Seu avô costuma aceitar discípulos para treinamento no templo, estou certa?

– Sim – Rei voltava a calçar os patins. – Por quê?

– Eu gostaria de treinar com ele.

Rei virou a cabeça, assustada, em direção à Lyene. De onde surgia isso agora? Além disso, se seu avô a aceitasse, ela ficaria um tempo lá com eles, e isso seria realmente insuportável.

– Por quê????

Lyene ignorou por completo a figura de Rei. Simplesmente se levantou e saiu.

(continua)



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Notas finais do capítulo

Bom, queridos e queridas, espero que tenham gostado.
Abraços!