A Face Oculta Da Lua escrita por Lady Salieri, Nami Otohime


Capítulo 22
Capítulo 13 - Planeta Júpiter na casa 6 (parte II)


Notas iniciais do capítulo

Ai, finalmente mais um capítulo... Mas de uma coisa não tenham dúvidas: eu terminarei essa fic. É uma questão de honra! Espero que gostem. Abraços =D



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Lyene desequilibrou-se com o peso dele sobre si. Pesava, além de seu corpo, os escombros das distâncias e os sustos, tudo junto, empilhado. Olhou para a Lita, suplicando-lhe uma ajuda imediatamente entendida pela garota que, passando um braço de Andrew por cima de seu pescoço, tratou logo de ajudar Lyene a levá-lo para dentro de casa.

Sentaram-no em frente à chabbudai e ambas se puseram cada uma de um lado dele. Ele meneou a cabeça, como que reagindo, cumprimentou Lita e virou-se outra para Lyene, com um sorriso borrado e avesso ao que ele era:

– Olá, meninas. Desculpem-me meu estado. Em que posso ajudá-las?

Lyene não podia desviar o olhar dele. Já havia visto aquela expressão antes, aquelas sombras monstruosas dançando languidamente no resto de uma pessoa e engolindo tudo o que tocavam. Era a mesma expressão de Takeo no dia da grande guerra, ao dar-se conta da morte de Mihara, ao dar-se conta da iminência do combate... Sentiu a pele eriçar de raiva contra esse sentimento que era capaz de esmagar totalmente uma pessoa, tanta raiva que o cristal do anel em seu polegar espocou uma pequena luz, da espada que queria sair dali. Isso assustou-a, fazendo com que ela o tampasse com a outra mão. Voltou o olhar para os dois, constatando que eles não haviam visto aquilo.

Andrew sorriu como podia, o olhar dançando nas cortinas da janela fechada:

– Não se preocupe, meninas, eu... vou ficar bem.

Lyene coçou a testa, nervosa:

– Eu juro que poderia matar com gosto a pessoa que fez isso contigo - ela acariciava o cristal do anel.

Andrew franziu a sobrancelha. Podia ser uma frase metafórica, mas o tom com que ela disse carregava um vulto assustador, que a tornava literal.

– Algo aconteceu entre você e a Wanda, não foi? - Disse Lita, quebrando o momento e acordando-o de suas conjecturas.

Lyene virou a cabeça bruscamente na direção dela:

– Wanda? Quem é essa?

Andrew respirou fundo e apertou os olhos com os dedos polegar e indicador:

– Minha namorada, ou...

Ela pousou a mão em seu ombro, retirando-a em seguida, mas voltando a pousá-la em seu ombro outra vez:

– Deixa pra lá, já entendi...

Ele mais uma vez tentou esboçar um sorriso, olhando para as duas:

– Mas eu tenho que sobreviver, não é mesmo? Só precisei tirar um tempo para ficar sozinho e espairecer, por isso não apareci ontem nem hoje ao fliperama... Mas prometo que amanhã estarei de volta ao meu trabalho e à minha vida. Prometo mesmo.

Lyene desviou o olhar para o rosto de Lita, que tinha os olhos fixos em Andrew. Pôde vislumbrar que ela entendia cada contração no rosto dele, como se aquilo fosse parte dela também. Lyene coçou a cabeça. Era tudo muito surreal, como parte de uma dimensão um degrau acima, uma que ela não conseguia alcançar.

Viu Lita estender para ele a cesta que levava:

– Aqui. Acho que vai te animar um pouco... - sorriu, corada - Pelo menos é assim que nós, garotas, nos livramos da angústia.

Andrew recebeu a cesta e abriu-a no colo. Havia chocolates de todas as formas, decorados com as mais diversas cores. Olhou o presente um pouco surpreso, lembrando-se do que acontecera no dia em que Wanda partira para a África, no dia em que Lita foi arrumar-lhe a casa e cozinhar para ele. De repente, tudo aquilo parecia grande demais, talvez amplificado pela própria vontade em preencher aquele vazio que arranhava a garganta até o estômago.

– Nossa, Lita... Obrigado mesmo.Está tudo muito bonito! Olha isso, Lyene...De que esteja muito saboroso eu não tenho dúvidas, pois conheço o seu dom para a cozinha, mas não sabia que podia fazer doces tão bonitos assim, também.

Ele dizia isso sorrindo e, pela primeira vez, desde que chegara, Lyene notava que a expressão era verdadeira.

– Ah, não foi nada de mais, Andrew. Na verdade, não me custou nada. Mas, vamos, experimente um!

– Com certeza!

Lyene observava a cena com uma curiosidade quase infantil. Enquanto ele comia o doce, desmanchava-se em elogios e ela sorria corada e se deliciava com sua palavras. Era evidente que Lita nutria sentimentos bem profundos por ele, assim como era evidente que ele não sabia de nada disso como deveria saber. Mas a cena era bonita, atraía para si uma leveza da qual o amigo precisava com urgência. Era hora de retirar-se, indubitavelmente. O inimigo estava dominado, a situação estava sob controle.

Levantou-se de uma vez, assustando o casal.

– Bom, acho que é hora de ir.

Andrew levantou-se, imitando-a:

– Ah, Lyene, que pena... Coma um doce, comprove que meus elogios à Lita não são infundados.

Ela sorriu-lhe:

– Eu sei que não, meu amigo. Mas você precisa mais deles do que eu. Olha, eu vou mais eu volto, ok?

– Por favor! E... Obrigado pela visita, nem eu tinha ideia de que precisava disso.

Ela olhou-o com o cenho contraído. Assim também se ajudava uma pessoa? Sentiu os braços de Andrew enlaçando-a. O abraço era apertado, como se ele quisesse dizer-lhe que ele estava ali, maciço, que não havia de desvanecido com essa decepção. Ela permaneceu imóvel um segundo, mas, em seguida, retribuiu-lhe, enlaçando seu pescoço. Talvez não fosse mais a mesma menina que corria para abraçá-lo quando o via, mas - sentiu o corpo latejar em surpresa - não era tampoco a sentinela e comandante das forças armadas do milênio.

– Obrigado - ele disse quando se separaram.

Ela ergueu a mão pousando-a em seu rosto, sentindo o amigo pela primeira desde que se lembrara de tudo:

– Fica bem.

Lita colocou-se ao lado de Lyene, trazendo os dois de volta à realidade:

– Acho que eu vou também...

Lyene virou o rosto em sua direção:

– Mas é de jeito nenhum que a senhorita vai embora. Estou certa de que posso assumir meus compromissos justamente porque a presença da senhoria me dá a segurança devida para tal. Estou indo para que fique. Só me acompanha até lá fora um minuto, por favor.

Andrew olhava-a de cenho contraído. Que classe de linguagem era aquela? Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, já estavam as duas do lado de fora:

– A senhorita, por favor, tome conta dele. Eu não saberia desmanchar as contrações de seu rosto como você fez tão naturalmente.

Lita não entendia absolutamente nada do que ela dizia.

– Por favor, não saia de perto dele hoje!

Lita não conseguia disfarçar o sorriso de alegria por ter a oportunidade de estar com ele tanto tempo.

– Se ele falar qualquer coisa - Lyene continuou - , a senhorita diz que é prescrição minha. Mais tarde nos falamos por comunicador.

– Lyene, e se...

Ela ergueu a mão fazendo com que Lita parasse de falar, virou-se pelos calcanhares e saiu.

Obrigada... - murmurou de cabeça baixa, o sorriso denunciador insistentemente abrindo-lhe o rosto.


Lyene se sentia estranha. O caminho de volta não se parecia nada ao caminho de ida. A paisagem chegava-lhe anestesiada aos olhos, pesada... Talvez, depois de haver se dado conta de algo que já lhe passava há um certo tempo, o cansaço finalmente se permitisse correr por suas veias... Não, ainda não era o momento apropriado.

Sentiu seu corpo sofrer um tranco leve, quase imperceptível. Voltou o olhar para trás e viu Serena com a camiseta borrada de chocolate, choramingando, enquanto Ami, Rei e Mina tentavam, ruidosamente, ajudar-lhe. Darien, por sua vez, se encontrava relativamente distante do grupo, olhando para ela com as sobrancelhas contraídas. Ela curvou-se levemente em cumprimento a ele, virou as costas e seguiu seu caminho.

Parecia tudo em slowmotion.

– AHHHHH! Eu odeio essa menina!!!! Aposto que ela fez aquilo de propósito! -

Disse Serena, voltando a chorar alto, fazendo as pessoas que passavam olharem e comentarem.

– Serena, cala a boca! Você que só pensa em comer o tempo todo, não vê nada do que está à sua frente. - disse Rei.

– Que engraçado, ela simplesmente se foi... - atentou Ami, olhando para Darien.

– Ainda bem, não é, Ami? Essa menina, ou está paquerando o Darien, ou está brigando com a Serena – Mina disse enquanto esfregava um pedaço de guardanapo na camiseta da outra, borrando mais ainda o tecido.

Darien ficou com uma gota na cabeça.

– Ela estragou nosso passeio!!! - E mais uma vez o som do choro de Serena ecoou pelas ruas, no meio dos carros e por entre as pessoas.

Darien abriu a carteira, tirou algumas notas.

– Não passa nada, meu bem. Tome. Vá com as meninas comprar uma blusa

nova. Eu espero vocês na bakery.

Serena ergueu a sobrancelha, contente com a alternativa do namorado, que acabara de dar-lhe o triplo do valor da blusa que portava. O choro se dissipou imediamente e ela se pulou em seu pescoço, fazendo com que ele se pusesse completamente vermelho.

– Obrigada, meu amor! Você é o melhor namorado do mundo!

E entrou com as meninas na primeira loja de roupas que encontrou.

Vendo isso, Darien se pôs a correr na direção de Lyene.




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Notas finais do capítulo

Estou tentando colocar mais participação das meninas na história. Só minha personagem fica meio chato, né? Espero fazer bem. Reviews? =***