POV- Gustavo.

Gabi dormiu rapidamente, pude perceber logo após sua respiração ter ficado mais suave e tranquila. Pena eu não ter conseguido fazer o mesmo, me sentia um lixo por dentro.
Depois da discussão que tive com meu pai, suas palavras martelavam em minha cabeça, eu não tinha alternativa, simplesmente não conseguiria continuar com tudo isso em um ponto e a largaria. Somos novos, e esse foi um erro. Eu a amo, mas será impossivel continuar assim.

“Talvez você possa trazer essa menina pra ficar com a gente. Só venha aqui amanhã, conversaremos e talvez consigamos convencer seu pai. Você vai pra faculdade e assim todos nós ficamos mais calmos. Vai ser melhor pra todos nós...”.                                                                                                        

Eu também sabia que esse era apenas mais um jeito de me fazer voltar pra casa, é claro que meu pai não concordaria em aceitar Gabrielle conosco.
É claro, porque meu pai sempre tm que ser tão óbvio? Se nao fosse, eu podia ao menos tentar ... Eu não posso deixá-la...

“E você? Diz em quem você pode se apoiar? Quer salvar essa namoradinha da madrasta, mas você não tem nem onde cair morto!”.

Então um medo repentino me assolou. O que eu faria? Se eu não conseguisse um emprego, minhas economias não são tantas, deveria dar pra um mês... Mas eu nem tenho onde cair morto, seriamos descobertos rapidamente... E então nada disso adiantaria, é claro que se eu não voltar meu pai dirá onde estavamos, ele daria um jeito de nos encontrar.
Só tinha um jeito de continua protegendo Gabrielle.
Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, passei as mãos levemente pelo rosto dela, tentando memorizá-lo.
Levantei, com cuidado para que ela não acordasse e tomei um banho rapido, vestindo a primeira roupa que peguei. Arrumei minha mochila novamente, deixando uma boa quantidade de dinheiro dentro da mochilha dela, junto com o meu anel.
Desci rapidamente, e peguei meu carro refazendo o caminho de volta pra casa e então peguei o celular para avisar minha mãe que estava voltando pra casa.
- Meu filho? Ai Meu Deus, como você está? Está voltando pra casa?
- Calma mãe, calma. Estou indo pra casa...
- Graças a Deus meu filho! Um pouco de juízo nessa sua cabeça...Mas e quanto a garota?- Uma súbita pontada no peito me fez arfar e eu me debrucei em cima do volante, sentindo as lágrimas rolarem ao sentir o remorso que me tomou. O volante virou, dirigindo o veículo até a outra estrada, que para todos os efeitos era contramão e uma enorme caminhão vinha em alta velocidade, com os faróis ligados.
(...)