Aprendendo a Viver. escrita por Ana_gms_000, camila_guime


Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um saindo !



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— Pronta Gabi?

— Pronta Gus.

Gabrielle entrou no carro do namorado. Gustavo, dezoito anos, mas tão jovem e imaturo quanto ela. Gabrielle sabia disso, mas era a única pessoa a quem ela podia se agarrar, como um fio de esperança, para mudar sua atual situação. Na verdade, o único conforto que realmente a acalentava dentro de seus pensamentos conturbados era que: estava vivendo uma situação insustentável, e estar com alguém que, mesmo não oferecendo tudo, oferecia o mínimo que podia, e isso não poderia ser pior.

Em síntese, naquela noite Gabrielle estava saindo de casa. Se é que ela poderia continuar chamando aquilo de casa! Era mais uma prisão eventual. Nela Gabrielle não podia fazer nada além de serviços domésticos. Não podia ouvir suas músicas, ou ter o prazer de dançar no tapete da sala. Ela não podia levar uma amiga para conversar na varanda, e muito menos falar ao telefone com alguém. Tudo, tudo era motivo para brigarem com ela.

Tudo bem, isso pode parecer um choramingo de uma adolescente problemática, mas não queira experimentar viver sozinha, com uma madrasta que está mais para carrasca, que rasga suas roupas quando quer te proibir de sair, que quebra seu aparelho de som quando está a fim de te silenciar, que arranca o telefone da parede só para te manter calada, parada, sob apenas suas vontades próprias. E Gabrielle não agüentava mais aquilo.

Ela tinha duas meia-irmães, mas isso não adiantava em nada, uma vez que ambas se prevaleciam dos maus-tratos, tirando vantagem para se aproveitar de tudo ao qual Gabrielle era privada. Nunca foi fácil, mas se tornava suportável ao passo que você não tinha mais ninguém com quem contar.

Gabrielle olhou de lado para o perfio de Gustavo e agradeceu por ele existir. A postura relaxada em frente ao volante, os olhos azuis intensos atentos a estrada, a cada curva. Sua expressão estava séria, pensativa, para alguém da sua idade. Apesar de tudo, respirava calmamente. Seus cabelos, cacheados, caíam em cascatas pelo seu rosto, de um jeito perfeito que o dava um ar de anjo, nunca o impedindo de enchergar seu destino. Ele era não apenas tudo isso, mas uma esperança única, já que Gabrielle não podia recorrer ao pai, à mãe, a algum vizinho, a ninguém mais. Não tinha uma amiga que fosse condescendente com uma atitude dessas: fugir! A única amiga de verdade de Gabrielle julgaria uma atitude infortúnia, com certeza, e então, isto dava a Gustavo todo o crédito.

— Você está bem? Tem certeza mesmo? – Gustavo comentou notando Gabrielle tensa e pensativa. — Eu posso voltar daqui e...
Mas Gabrielle não o deixou terminar. Alongou-se até perto dele, dando-lhe um beijo no rosto.

— Estou bem. Continue dirigindo.

Gustavo sorriu o mais confiante que pôde e voltou a se concentrar na estrada. Estariam no hotel barato que podiam pagar em dez minutos.

Gabrielle gostava de como ele conseguia demonstrar tranqüilidade mesmo quando ele estava uma pilha. Ele era um garoto jovem, ansioso. Ainda não trabalhava e tinha terminado o segundo grau ano passado. Mas era companheiro, e isso valia grande coisa. Mesmo estando com medo da insegurança que o destino indefinido de Gabrielle a guardava, estar se sentindo livre finalmente após anos era uma sensação boa.

Finalmente fizemos nossa ultima curva, ele estacionou e rapidamente seguimos em direção ao hotel que estava longe de ser luxuoso, mas tinha uma aparência bastante simpática e quando entramos, vi que não estava errada. Apesar de ser numa área bem diferente de se montar hotéis como este, ele não tinha nada de inadequado, longe disso, o hall de entrada era bem limpinho e iluminado, logo à frente, tinham dois balcões, juntos, e atrás dele duas recepcionistas bem arrumadas, fazendo anotações e ligações.Nos aproximamos e a recepcionista de cabelo louro nos recebeu com um sorriso. Sorri de volta e continuei observando o lugar, atentamente:

As paredes foram pintadas em um tom de pastel e o patamar superior era segurado por três colunas, que ficavam ao decorrer do local, decorado por móveis de couro com tons desde o marrom claro ao tom mais próximo do oliva. Um pouquinho mais atrás, havia dois corredores que imaginei ser o nosso caminho mais tarde.

Tendo acabado de acertar as coisas com a recepcionista, seguimos pro corredor onde encontramos dois banheiro, unissex, uma porta que dava para as escadas e dois elevadores. O elevador chegou e observei o Gus apertando o número quatro.

- Qual o número do quarto? - Perguntei.

- 29. - Disse, parecendo-me estranho. Continuei encarando-o, queria muito saber o que se passava em sua cabeça naquele momento. Suspirei e esperei calmamente o elevador chegar a seu destino. Quando chegou, saímos e pude notar o tom pastel de antes, que eram igualmente encontrados nas paredes do corredor.

O nosso quarto era o último do corredor e tinha o número vinte e nove grafado na porta. Fomos até ele e o Gus abriu a porta para que eu entrasse e, logo em seguida, ele fez o mesmo. Caminhei até o centro do quarto e coloquei minha mochila em cima da cama, onde me sentei e observei, maravilhada, o quarto que diferentemente do lado de fora, tinha as paredes num tom pérola e para contrastar, tons mais escuros nos móveis, como o marrom. No centro do quarto, onde eu estava agora, estava a cama, que havia sido cuidadosamente forrada com três camadas de lençóis e colchas. Tínhamos, no mesmo local, um pequeno armário e uma porta que, pensei ser o banheiro. Tinham dois sofás, de frente para uma pequena televisão, mas que me parecia muito boa. Ao lado de cada extremidade da cama tínhamos dois criados-mudos com abajures. Sem dúvida o lugar tinha uma aparência extremamente agradável. Tudo limpinho e bem arejado, sem contar com a janela que tinha uma “varandinha” na direção da cidade, onde dava pra ver as luzes dela. Era lindo.

Foi pensando nisso, e sentindo a aproximação do Gus atrás de mim que me dei conta do ambiente onde estávamos. Um quarto lindo, com uma cama de casal enorme. Uma vista linda, que de certo ponto é quase... Romântica. Ele me abraçou por trás e me deu um beijo no rosto.

- O que achou? - Dei um pequeno sorriso, nervosa. Nunca havia sentindo um calor tão intenso próxima a ele.

- É... Ótimo. - Ele sorriu e selou nossos lábios, fazendo o mesmo calor de antes surgi e um medo repentino encheu o meu peito.

Ai Meu Deus - eu pensava.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que gostem ! =)