A Intercambista escrita por LinaFurtado


Capítulo 6
Meu Deus (parte 2)




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Capítulo 6 – Meu Deus! (parte 2)

—Mas... Edward? Meu Deus! O que aconteceu com você?

Olhá-lo totalmente machucado me fez sentir raiva e pena por ele estar naquele estado. Continuava a tremer de frio, estava sem casaco, seus lábios estavam roxos e com a bochecha direita roxa quase preta de tanto sangue coagulado. Passei a minha mão livre de leve em seu rosto, fechou os olhos.

—Be... Lla... – Escutava seus dentes batendo uns contra os outros.

—Calma, vou te tirar daqui. – Levantei-me e tirei o meu casaco, ficando somente com uma blusa azul-marinho de gola alta. Ajudei-o a se sentar e coloquei meu casaco em suas costas, apesar de não caber, pelo menos iria melhorar um pouco.

—Não...! – reprimiu-me, mas logo o detive.

—Quieto! Vou te levar para casa. – Passei seu braço direito sobre os meus ombros e segurei pela cintura, dando-lhe apoio, pois eu não conseguiria segurá-lo sozinha.

—Não me leve para casa. – Conseguiu dizer mesmo ainda com muito frio.

Levantei a sobrancelha.

—Prefere que eu te leve para um hospital? – perguntei na dúvida.

—Não. – Ia protestar quando ele botou o indicador em minha boca. – Poderia me levar para a nossa outra casa? Não quero que a minha mãe me veja assim.

—Como assim? Seu pai é médico, pode te ajudar e você não quer ir para casa por causa da sua mãe?Edward, está sendo absurdo!

—Bella, - Olhou em meus olhos. – Por favor. – Não conseguiria negar, quando me pedia assim.

—Está bem. Depois vai me contar direito isso. – murmurei enquanto o ajudava a sair dali.

Logo que saímos da rua escura avistei um táxi de um senhor, gordinho que nos ajudou, colocando-o para dentro. Edward disse o endereço e o velinho pareceu estranhar, mas seguiu.

—O que crianças como vocês vão fazer para essas bandas?

Boa pergunta.

—Tenho uma casa lá. – respondeu Edward se contorcendo logo em seguida, botando a mão em sua costela.

—Por que não tenta ficar quieto? – Sussurrei e, ele riu fraco.

—Lá tem casa?- perguntou o senhor nos olhando pelo retrovisor.

—Sim. – respondeu.

Olhei pela janela e vi que nós entrávamos por uma estrada de terra rodeada de árvores altas e muito verdes.

—Logo à frente. – disse apontando para o senhor seguir.

Afinal, onde ficava essa casa? E por que tão distante?

Era uma pequena casa, estilo daquelas que se vê de casas de campo, muito pequena e linda por sua simplicidade, de somente um andar. Apoiei Edward em meu ombro e saímos do táxi.

—Obrigada, senhor. – Agradeci-lhe e paguei.

Viramos-nos em direção a pequena casa.

—Crianças? – Nós o olhamos. – Se eu fosse vocês, trancaria muito bem essa porta, pois aqui não é muito seguro.

Agradecemos e entramos. Era, como sempre, linda por dentro, simples, porém muito bem decorada. Uma sala com dois sofás envolta de uma lareira, uma estante com fotos e objetos de decoração.

Coloquei-o sentado no sofá.

—Que casa é essa? – perguntei olhando em volta.

—Era dos meus avós, venho aqui quando quero sumir um pouco.

—E seus pais sabem disso?

—Sim, por isso quando você contar que estou aqui... Não vão estranhar, sempre faço isso.

—Um... – Sentei-me do seu lado. Eu estava começando a congelar, passei as minhas mãos nos meus braços, abraçando-me.

—Vamos acender a lareira. – Levantou-se e eu o segurei. – O que?

—O que? Você é muito cabeça-dura – Fiz ele se sentar. – Deixa que eu acenda. - Fui até a mesma. – Onde tem um fósforo?

—Tem um acendedor ali em cima. – Apontou para cima da estante.

Peguei o e acendi a lareira, mexendo um pouco para conseguir pegar mais fogo. Voltei a sentar ao seu lado. Não acendemos as luzes, deixando apenas a luz do fogo iluminar a sala.

—Parece preocupada. – Constatou vendo que eu não parava de olhá-lo.

Suspirei e olhei para baixo.

—Não é para menos, você está todo machucado.

Riu fraco.

—Onde têm kit primeiros socorros? – perguntei-lhe me levantando novamente.

—Acho que no banheiro. É a primeira porta a esquerda.

Fui a um pequeno corredor que tinha três portas, duas do lado esquerdo e uma do lado direito. Entrei na que Edward havia falado, acendendo a luz. Era um pequeno banheiro todo em verde claro, com somente um boxe, um vaso sanitário e uma pia encima de um pequeno armário de madeira. Mexi e achei o kit no fundo.

Voltando a sala, Edward estava com a cabeça deitada no encosto do sofá, de olhos fechados. Através da luz, via cada perfeito traço de seu rosto lindo. Aproximei-me e limpei a garganta para que ele me olhasse, assim o fez.

—Vou acender a luz para poder cuidar de você. – Fui até interruptor, ligando-o e voltando para perto dele. Posicionei-me a sua frente. – Levante a cabeça.

Ele fez, mas estava me dando uma agonia de ver seus belíssimos olhos verdes me encarando sem piscar.

Em seu rosto havia um pequeno corte perto da orelha direita e sua bochecha inchada. Levantei seu queixo um pouco mais, porém quando o toquei seu rosto quente e me aproximei um pouco mais, tive que respirar fundo, pois sua boca parecia me chamar. Passei uma gaze molhada sobre seu corte, tirando o excesso de sangue que corria sobre seu rosto.

—Vou passar um pouco de água oxigenada neste corte. – disse virando-me para mexer no kit e pegar o frasco com o conteúdo.

Gemeu e eu ri sem grava alguma.

—Tem medo disso? – Apontei para o frasco.

—Medo não, mas arde muito. – Franziu o cenho.

Sorri.

Pinguei umas gotinhas em seu machucado, fazendo-o se contorcer um pouco. Logo tirei com uma gaze limpa e fiz um curativo. Depois de tudo cuidei de seu braço que estava no pior estado, com um corte maior ainda, logo acabei.

—Acho que irá precisar levar alguns pontos, mas por enquanto o curativo vai ajudar a curar e a não infeccionar. Neste inchado vamos ter que botar uma compressa de gelo. – Guardei tudo e voltei-me a ele, estava olhando-me diferente, ignorei isso. – Tem mais algum lugar doendo, além do rosto e do braço? – Lembrei-me de que no táxi ele reclamou de uma dor nas costelas, depois as tocando. – Tire a camisa. – ordenei.

Olhou-me sem entender.

—Como é? – perguntou.

—Vamos logo, Edward. Como irei cuidar do machucado por cima dela? – Olhei-o esperando que fizesse.

Puxei meu casaco de trás de seus ombros. Ele tentou tirar, mas pareceu ter doido, por isso ajudei-lhe a tirar sua camisa branca suja de sangue. Devo ter ficado de boca aberta quando vi seu peito, era perfeito. Sua beleza era insuportável de somente observá-lo. A quem eu queria enganar? Não podia mentir, quem eu quero está na minha frente.

Suspirei.

—O que houve? – perguntou. – Está tão feio assim? – Sorriu.

—Não... Eu só... Esqueça. – Passei a mão no enorme roxo que havia do lado de seu corpo. – Deita. – Assim o fez. Agachei na frente do sofá. Passei uma pomada para aliviar, massageando.

—Está melhorando? – Ele estava de olhos fechados e somente assentiu. – O que aconteceu com você? Quem lhe fez isso? – Se ele achou que eu não iria perguntar, estava enganado.

Respirou fundo, ajeitando-se para poder me olhar.

—Fui assaltado. – disse simplesmente.

—Um? E o que mais? – Deu de ombros. – Quantos eram?

—Cinco, eu acho, foi o que deu para contar.

—Cinco? E o que lhe fez achar que podia acabar com eles sem se machucar? - Levantei a sobrancelha.

Sorriu angelicalmente, fechando novamente os olhos.

—Não pensei em nada na hora, só percebi que tinha ido para cima quando levei um soco. – Riu sem humor.

Fechei meus olhos fortemente quando imaginei a cena. Edward botou a mão no meu rosto, estava sério.

—Bella, eu não morri.

—Eu sei... – Mordi o lábio. – Mas podia ter lhe custado muito mais do que apenas machucados, podia ter lhe custado à vida. – Engoli seco.

—Ta... – Soltou o meu rosto e se sentou, me puxando para me sentar ao seu lado. – Obrigado por ter cuidado de mim. – disse sinceramente.

Sorri e dei de ombros.

—Fiz o que qualquer um faria.

Ele riu.

—Não larga seu orgulho, não é mesmo? – perguntou-me.

Rolei os olhos.

—Talvez.

Ficamos em silêncio, somente escutando o barulho de lenha queimando.

—Posso me deitar no seu colo?

—Um? – Acho que eu não tinha entendido direito.

—Posso? – Abriu um pouco mais os olhos, e levantando as sobrancelhas.

—Um... Pode. – Sentei-me direito e ele deitou sua cabeça em meu colo, comecei a mexer em seu cabelo cor de bronze. Ele estava tão bonito como sempre, por mais que mandasse meus olhos largarem seu rosto, não conseguia, parecia uma coisa impossível de se fazer no momento. Ele me olhava como um anjo, que certamente era.

—Por que não termina de me contar a sua história? – Mordi o lábio, olhando para outro lado. – Bella... – Levou a mão do braço sem corte, até o meu rosto. – Pode me contar, prometo que não conto a ninguém.

—Não é isso...

—Então o que é?

—Tudo bem eu lhe conterei. – Respirei fundo. – Onde paramos?

—Quando eu lhe fiz a pergunta, por que resolveu fazer intercâmbio se gosta tanto da sua mãe, deixando-a para trás.

Fiquei confusa. Ainda se lembrava?

—O que foi? – perguntou.

—Ainda se lembra?

—Claro. – Tudo bem, isso me surpreendeu.

—Certo... Bem, minha mãe se casou de novo depois de tantos anos sozinha e seu marido, Phil, é jogador de baseball e viaja muito. Sentia-me péssima por ela não viajar com ele para poder ficar comigo em casa. E como eu não tenho mais pai e nem outros parentes vivos, resolvi fazer para deixá-la voar com as próprias asas. – Sorri lembrando-me.

—Você parece uma mãe falando da filha. – Sorriu olhando para mim.

Retribui. Não deixava de ser, pois sempre foi assim, eu, a única com a cabeça no lugar.

—Que horas são? – perguntei lembrando-me que tinha que voltar para casa. Apontou para um relógio que havia sobre a lareira. – 22h25min? Tenho que voltar para casa! Esme deve ter um treco se eu ou você não aparecermos!

—Ei! Calma. – Segurou o meu pulso. – Liga para ela e avisa que não vai para casa, pois irá dormir com a Alice e eu falo que estou aqui só para passar o final de semana.

—Você tem resposta para tudo, não é? – perguntei-lhe e ele assentiu. – Pois fique sabendo que só tem um pequeno probleminha, Alice saiu com o Jasper, quando ele voltar, vai falar que estava com ela e que eu não estava com eles.

Suspirou e revirou os belos olhos.

—Me empresta o seu celular um momento?

Peguei do meu bolso e lhe entreguei.

—O que vai fazer? – Assisti ele discar um número rápido e colocá-lo junto ao ouvido. Fez um sinal para que eu esperasse.

—Jasper? – Perguntou quando ele atendeu. – É o Edward. Já está voltando para casa? Certo. Seguinte, preciso de um favor seu, quero que fale para mamãe que Bella estava com você e que ela foi dormir na casa da Alice. – Ficou quieto, escutando o que o irmão mais novo falava. – Longa história. Depois eu lhe conto, agora eu só preciso que diga isso e diga também que eu estou na nossa outra casa para passar o final de semana. – Voltou o silêncio, porém desta vez foi mais rápido. – Está aqui comigo. Ah! Cale a boca! Certo! Só fale isso, tudo bem? Obrigado. Aham... Tchau. – Desligou e me entregou. – Resolvido. – Sorriu.

Franzi o cenho.

Disquei o número da casa deles.

—Para... – O interrompi.

—Esme?

—Querida! Onde está? Eu já estava mandando polícia atrás de você?

—Estou bem, só liguei para visar que vou dormir na casa de Roseli com a Alice, tudo bem?

—Oh! Certo. Por favor, querida, não me mate desse jeito.

—Desculpe. – Mordi o lábio, sentindo logo depois o dedo de Edward no mesmo. Olhei-o sem entender, mas ele estava com a feição normal. O que me deixou angustiada.

—Tudo bem, agora só falta achar o Edward. – disse para alguém que estava perto, devia ser Carlisle.

—Esme? – Tirei dedo de Edward da minha boca.

—Sim, querida.

—Acho que sei onde Edward está.

—Ah! Jura? Onde?

—Ele disse que ia passar o final de semana na outra casa de vocês... Acho que foi isso. – Fiz-me de desentendida.

—Ufa! Obrigada, querida. Deve ser isso mesmo. É típico dele de fazer isso. Obrigada por me contar, estava com o coração na mão. Ele não atende o celular...

—Tudo bem.

—Então, boa noite, querida.

—Boa noite.

—Tchau.

Despedi-me, encontrando os olhos curiosos e pensativos de Edward me encarando novamente. Olhei-o querendo resposta por ter tocado na minha boca.

—Sabe, - Começou. – Enquanto você falava com a minha mãe, estava pensando na nossa aposta.

Engoli seco, assistindo-o se sentar de frente para mim, ainda mantendo uma distância apropriada.

—E...? – Tinha medo de perguntar, mas fiz mesmo assim.

—E que eu estava pensando se você resistiria se eu a beijasse. – Continuava a me olhar.

Limpei a garganta, dando a ele a pista de que eu, obviamente, perderia se assim o fizesse, totalmente sem querer.

Sorriu.

Aproximou-se tocando no meu rosto e indo para trás da minha nuca, puxando-me para cada vez mais perto. Olhou para a minha boca, deixando a sua entre aberta. Puxou o ar perto da minha, roçando-os de leve contra os meus. Fechei fortemente os olhos, não queria ver mais nada. Coloquei as minhas mãos debaixo de mim para que eu de jeito nenhum retribuísse.

Escutei-o rir baixo, e logo senti que meu rosto queimava de vergonha.

Senti seus lábios nos meus, eram gentis, e eu sabia que sua mente estava em outro lugar – tentando entender o que estava passando na minha mente. Concluí que eu deveria ignorar e tentar me concentrar somente em não retribuir. Era só isso que eu queria, ou tentava me convencer disso.

De repente começaram a ficar urgentes, deixando-nos com ambas as respirações totalmente irregulares. Estava cada vez mais difícil de me concentrar. Edward segurava meu rosto com as duas mãos, puxando-me cada vez mais para si.

—Será... – disse entre o beijo. – que... – Voltou a me beijar com urgência. – Poderia retribuir...?

—Não... – Minha respiração estava descontrolada, quase igualmente a mim quando voltou a me beijar. – Se não... Eu perco.

Parou de me beijar de má vontade.

—Descobri que odeio beijar uma pessoa quando ela não retribui. – disse ofegante. – Pode ao menos retribuir esse? Prometo que não farei disso um motivo para perder.

—Hã?

—Só retribua. Esse. – Soou desesperado. Pegou rápido, novamente, o meu rosto, beijando-me e fazendo o meu fôlego desaparecer.

Tentei clarear a cabeça, entender o que devo fazer.

Ele deitou sobre mim, tomando cuidado para que eu não sentisse seu peso, mas mesmo assim senti cada contorno de seu corpo contra o meu.

Não, não, não, discuti comigo mesma.

Apesar de querer seguir o meu lado mais nobre, não resisti, decidindo que eu retribuiria sem que parecesse sério.

Ah, que se dane!, pensei segurando de leve seu rosto e retribuindo de leve ao seu maravilhoso beijo. Algo que eu nunca pensei sentir na minha vida, uma sensação misturada de felicidade exuberante, com o martelar rápido do meu coração, sentindo o dele da mesma forma, pareceu brotar em todo o meu corpo.

Indo contra o meu orgulho, puxei-o mais para mim. Ele soltou o meu rosto, apoiando uma das mãos no sofá, a fim de se manter "leve" sobre mim, gemendo um pouco de dor pelo braço, e a outra voltava para trás da minha nuca puxando-me pra mais perto. Isso não era mais possível, pois já estávamos o mais perto que a distância permitira, mas algo dentro de mim disse que ainda não era suficiente. Senti que meu corpo estava mais quente que o normal.

—Edward... – Minha voz era tão fraca quanto a minha vontade. Sua boca foi para o meu pescoço, dando-me chance de respirar. Minhas mãos foram para o seu cabelo. – Se você tiver me enganando... – Voltou a me beijar, calando-me.

—Não estou. – disse sobre os meus lábios, olhando-me por um pequeno instante e voltando a beijar o meu pescoço.

Desisti de controlar a minha respiração, pois nada que eu fazia dava certo, então...

—Por quê...? Por que sempre beija... O meu pescoço? – perguntei ofegante. Sei que foi uma pergunta idiota, mas realmente queria saber a resposta.

Riu.

—Porque você tem um cheiro viciante, fazendo com que eu sempre venha aqui... – Beijou mais para trás. – Aqui o cheiro é ainda melhor. – Sorriu.

Espera. Minha cabeça estava girando com toda a informação. Levantei seu rosto, delicadamente, forçando-o a me olhar nos olhos.

—Você... – Engoli seco e mordi o lábio. – O que está querendo dizer com isso?


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Notas finais do capítulo

Bom dia à todas!! :DD
Lina Furtado