A Intercambista escrita por LinaFurtado


Capítulo 5
Meu Deus!




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Capítulo 5 – Meu Deus!

Espreguicei-me lentamente, enquanto me sentava na cama. Minha cabeça estava girando por me sentar rapidamente. Repousei meu rosto contra as minhas mãos, apoiando meus cotovelos em minhas pernas.

Hoje era Sábado, por isso de nada de despertador para me fazer levantar cedo. Tinha planos para hoje, como passar em uma livraria e comprar livros a fim de que eu me ocupe com alguma coisa, esqueci o livro que minha mãe havia me dado, em casa. Troquei-me rapidamente e fui ao banheiro, descendo logo em seguida. Não encontrei Carlisle essa manhã, mas vi Esme na cozinha tomando seu café e olhando uns papéis sobre a mesa.

Olhou em minha direção assim que entrei.

—Oi, querida. Sente-se e tome café comigo. – Sorria angelicalmente.

Assim o fiz.

—Acorda sempre cedo? – perguntou-me curiosa.

—Cedo? – Para mim não estava cedo, acordo sempre na mesma hora.

—São 10h30min. – Levantou sua sobrancelha.

—Ah... Sempre acordei por ai... – Dei um sorriso sem graça e ela deu uma batidinha em meu ombro.

—Planos para hoje?

—Pensei em passar em uma livraria para comprar alguns livros. – disse mordendo logo em seguida o meu pão.

—Que ótimo! – Sorriu abertamente. – Vejo que é uma garota que ama livros, também gosto muito, mas ultimamente, com o trabalho não estou tendo muito tempo. – Fez uma careta rápida, porém logo voltou ao seu normal.

Meu celular começou a tocar em meu bolso, pedi licença e fui até a sala atender.

—Alô? – Era daqui o número, mas não me lembrava de ter dado o meu número a ninguém.

—BELLA! – Tive que afastar o meu celular de meu ouvido, porque acho que até Esme, que continuava na cozinha, conseguiu escutar.

Fiz uma careta e tomei coragem para botá-lo de volta junto ao meu ouvido.

—Um... Alice, por quê...? Ah, esqueça. – Escutei a rir. – Como conseguiu o meu número? – Essa era uma excelente pergunta que eu gostaria de saber a resposta.

—Peguei no colégio. – disse simplesmente.

—Eles dão o número para quem quiser? – Isso deveria ser proibido!

—Claro que não, bobinha. – Podia até vê-la sorrindo quando disse isso. – Eu sempre consigo o que quero.

—Certo. Esqueci com quem eu estou falando. – Riu. – Diga, por que me ligou?

—Quero te encontrar para sairmos juntas e conversar, tenho que te contar sobre ontem! – Sua voz mostrava o quanto estava feliz, provavelmente por causa de seu encontro com Jasper. Lembro-me de vê-lo voltar todo bobo ontem à noite. Sorri. – Pode ser à tarde? Porque Rose disse que me emprestaria seu carro para eu poder te pegar e irmos. Ela é um doce comigo!

—Um... Pode. Estava mesmo querendo ir comprar uns livros.

—Ótimo! Passo para te pegar as quatro! Tchau e beijinhos!

Não me deu tempo nem para dizer tchau. Olhei para o meu celular que estava escrito na tela: Chamada encerrada.

—Tchau... – disse a ele.

—Falando sozinha, Bella?

Jasper estava descendo as escadas com os olhos inchados de tanto dormir.

—Um? Não, Alice que desligou na minha cara. – Coloquei-o de volta no bolso.

—Alice? E o que ela te disse? Falou de mim? – Parecia ansioso.

—Calma, uma pergunta de cada vez. – Ri e ele ficou envergonhado. – Sim, Alice. Vamos sair juntas hoje e não, não falou de você. – Vi seu rosto ir ao chão. Tratei logo de concertar. – Mas tenho a leve impressão de que vai, ao que me parece me chamou isso.

Voltou ao normal rapidamente e passou a mão direita no cabelo, bagunçando-o mais.

—Um... Legal, eu acho. – Não me olhava. Estava visivelmente envergonhado. Apontou para a cozinha. – Vou indo... – Saiu.

Sorri e voltei para os meus afazeres. Subi as escadas dando de cara com Edward que estava se arrastando para o andar de baixo. Olhei-o de cima a baixo, estava com a roupa que chamava de pijama, todo amassada, assim como seu cabelo. Ele tinha acabado de sair do banheiro, pois ainda tinha gotinhas de água em seu cabelo.

Mordi o lábio para não rir de seu estado deprimente, mas não podia deixar essa passar, afinal, seu passatempo não era me perturbar? Assim faria.

—A noite foi longa? Pois está horrível. – Sorri cinicamente.

Ele fez o mesmo.

—Não, não consegui dormir. – disse bocejando.

—Que peninha, eu dormi como um anjo. – disse passando por ele e indo em direção ao meu quarto.

Juro que escutei ele falar: É, eu sei... Meu coração foi a mil e senti meu rosto queimar. Virei-me automaticamente para encará-lo, mas ele já havia descido.

Entrei em meu quarto fechando a porta logo atrás, encostando-me nela, tentando colocar a minha respiração a normalidade. Fechei meus olhos pra poder pensar um pouco. Não, não posso me apaixonar por ele só por causa de uma aposta idiota, é contra as regras! E ele provavelmente, quando alguém perder, nem vai se lembrar de mim.

Senti as lágrimas correrem pelo meu rosto, limpando-as raivosamente por me sentir estúpida, fui me sentar na cama. Depois de um tempo me tranqüilizando, decidi responder os emails de minha mãe.

Falei sobre a sorte que tinha de achar uma amiga como Alice para poder conversar e sair, de meus novos amigos, de como estava tudo bem, e sem falar muitos detalhes, lhe contei como foi ontem e os meus planos para hoje. Ela não precisava saber de tudo, até porque se preocuparia comigo, sem necessidade.

—Bella? Querida, posso entrar? – Esme disse parada a minha porta. Estava vestida para sair.

Olhei-a e assenti.

Sentou-se na minha cama, cruzando as pernas. Estava linda, com uma blusa fina de alcinha e de seda branca, com uma saia justinha de cintura alta que ia até acima do joelho, destacando suas curvas, um casaquinho preto social e uma bela sandália de salto alto da mesma cor.

—Vim lhe oferecer uma carona até a livraria, já que eu vou ter que sair para uma reunião de negócios, posso te deixar lá. Vou também deixar Jasper na pista de skate que fica lá por perto também, para andar com uns amigos de sua antiga escola. Que ir conosco?

—Obrigada, mas vou sair com a Alice e vou aproveitar para comprar com ela, mas obrigada mesmo assim. – Sorri.

Retribuiu o meu singelo sorriso com um do dobro do tamanho.

—Claro. De nada. – Levantou-se e caminhou até a porta, parando um pouco antes. - Ah! Já ia me esquecendo, - Entregou-me uma chave. – é a cópia da chave de casa, para você poder entrar e sair quando quiser.

—Um... – Olhei para a chave que tinha uma parte vermelha. – Obrigada de novo.

—De nada, querida. – Quando estava fechando a porta me disse tchau.

E agora que eu já tinha mandado os meus emails para a minha mãe, e ajeitado todas as minhas roupas de novo, não havia nada que eu pudesse fazer a não ser esperar pela Alice. Desci e fui para a sala, encontrando com Edward todo esparramado no sofá, trocando de canal com cara de tédio.

—Também está sem nada para fazer? – Perguntei-lhe sentando-me do seu lado no sofá, pareceu surpreso com a minha aparição.

—Desceu do castelo? – Perturbou-me como de costume.

Revirei os olhos.

—É, não tem nada para fazer. – disse voltando a passar os canais.

—O que geralmente faz aos finais de semana aqui? – perguntei ajeitando-me de frente para ele.

—Toco piano, saio de vez em quando com Emmet e mexo no computador.

—Nossa, que interessante. – disse sarcasticamente.

—Duvido que tenha uma vida mais agitada que a minha, e olha que a minha não é. – Desligou a TV e ajeitou-se, se pondo de frente para mim.

—Tem razão, não tenho. –confirmei-lhe.

Levantou a sobrancelha.

—O que você faz? – Estava curioso, podia ver isso em seus olhos.

—Leio, ajeito a casa, faço compras e de vez ou nunca saiu com a minha mãe.

—Uau. Pelo menos sai para fazer compras.

—Não entendeu. – Mordi o lábio. – Não saio para comprar roupas ou qualquer coisa para mim, faço compras para a casa, como comida, entre outros.

Arregalou um pouco os olhos.

—Nada de sair com os amigos ou com o namorado?

—Não.

—Por que não?

—Vai mesmo me obrigar a te contar a minha triste história? – Ele apenas ficou quieto me olhando. Suspirei. – Não sou muito boa em fazer amigos, por isso a minha mãe era a minha única melhor amiga... – Parei pelo modo como me encarava, não entendia seu olhar parecia ser de curiosidade, mas não acho que essa estivesse sendo uma boa definição. – Por que está me olhando assim?

—Seus olhos, eles brilham – Tombou a cabeça de lado. – quando fala de sua mãe.

Ri sem humor.

—Sempre fui mais adulta que ela. – Olhei para as minhas mãos. – Por isso sempre cuidava de casa, ela é muito avoada.

—Sente – Levantou o meu queixo para olhar nos meus olhos. Estava visivelmente preocupado. Por quê? – falta dela, não é mesmo?

—Sim. – confirmei.

—Não entendo. Se é tão difícil deixá-la, por que resolveu fazer intercâmbio?

Escutamos um carro buzinar do lado de fora. Levantei-me e fui olhar pela janela, como eu tinha pensado era Alice. Acenava colocando o braço para fora, animadamente.

Sorri.

Fiz um sinal para que ela esperasse um pouco que eu já ia. Edward não estava entendendo nada. Subi e peguei meu casaco e a minha carteira, descendo rápido.

—Vai sair? – perguntou quando passei por ele indo à porta.

—Vou. Tchau! – gritei quando fechei a porta. Fui caminhando apressadamente até o carro vermelho. Entrei e fechei a porta.

Alice me esperava com um sorriso de orelha a orelha.

—Bella! Que bom que vamos sair e fazer uma tarde de garotas! – Abraçou-me e Ligou o carro.

Fui salva por ela, poupou de eu ter que falar a minha história a Edward. Tinha certeza que ele ia esquecer depois. Pelo menos era com isso que eu contava.

—Então, onde estamos indo? – perguntei colocando o cinto e olhando a estrada.

—Fazer compras! – Começou a rir da minha careta que fiz quando ela disse "compras". – Não gosta muito, não é? Relaxa, é ótimo.

—Não, Alice, não é. – Odeio sair para fazer compras, a não ser compras de mercado, não tinha paciência nenhuma para escolher e provar blusas, calças, enfim, tudo.

—Bellinha, vou te ajudar a mudar de idéia. – Sorria abertamente.

Fiz bico.

—Podemos ao menos passar na livraria primeiro, antes de passarmos horas dentro de uma loja?

—Tudo bem. – Não tinha notado que já havíamos chegado, quando só a vi estacionando na frente de uma livraria. – Vamos comprar seu livro e depois, vamos andar atrás de roupa em toda essa rua! – Bateu palmas alegremente.

Paciência. Isso que eu ia precisar ter por ter aceitado sair com Alice, essa viciada em moda. Descemos do carro e entramos na pequena livraria de estilo rústico. Um velinho nos atendeu, era muito simpático, quando sorria via-se sua rugainhas nos cantos dos olhos. Compramos e saímos andando pela rua e entrado para ver as lojas. Acho que devemos ter visto todas as da rua, meus pés estavam doendo de tanto caminhar quando resolvemos parar para tomar um café.

—Bella, não te contei sobre o meu encontro com Jasper! Como pude me esquecer disso? – Deu-se um leve tapa em sua testa.

—É mesmo. – comentei olhando para os lados.

—Ah! Foi ótimo! Ele me levou ao parque e nós conversamos muito, descobri que ele é perfeito! – Sorri. – Não, é sério! Ele me tratou incrivelmente bem! Um perfeito cavalheiro, sem contar que beija muito bem. – disse colocando o talher a mesa.

—Rá, o beijou? – disse divertindo-me.

—Errado. Ele me beijou. – Sorria como um anjo e seus olhos brilhavam.

—Alice, - Olhou-me. – Está apaixonada.

—Um? Não, estou não.

—Está. – Comecei a lhe fazer cócegas. – Que lindo!

—Páre! – Ria muito e as pessoas ao nosso redor começaram a nos olhar com repulsa, por isso parei. Ela respirou fundo. – E... Ele, quando chegou falou alguma coisa?

—Não, mas podia ver que estava todo bobo e hoje de manhã, quando falei com você, ele perguntou se tinha falado sobre ele. Está igualmente a você.

Seu sorriso ficou maior ainda, se é que isso é possível.

—Então estão namorando. – Bebi o meu capuchino.

—Namorando? Bella, em que século você vive? Não é porque nos beijamos que estamos namorando. – Fez uma cara de: Isso é óbvio.

—É, talvez eu seja um pouco.

—Diga-me, já namorou? – perguntou me deixando constrangida. – Bella? Por que está vermelha?

—Não. – Fiquei mexendo com a xícara. – Nunca namorei.

Alice pareceu bem surpresa, não era para menos, pois hoje em dia as pessoas namoram cada vez mais cedo... Talvez eu seja mesmo antiquada.

—Nuca? – Assenti, mordendo o lábio. Arregalou os olhos e pôs a duas mãos na mesa, espalmadas. – Por quê?

—Porque eu acredito que só se deva namorar ou beijar, quando se ama realmente – Dei de ombros – E isso ainda não me tinha acontecido. Isso confirma o que você disse sobre eu ser antiquada.

—Quer dizer... – Merda. Sorriu maldosamente. Duas vezes merda! – que você achou o seu amor? – Quase gritou!

—Ei! – a repreendi. – Não, só quis explicar...

—AH! – Deu um gritou, levando as mãos a boca rapidamente. Depois que respirou fundo voltou a me olhar e tirou suas mãos. – Bella! – Ela sorria tanto que já podia ver o quanto que eu estava encrencada. – Você... Está... Apaixonada! – Começou a pular na cadeira.

—Não! – Fiz uma careta tentando concertar o meu erro. – Não disse isso em momento algum!

—E nem precisava, era só olhar para você! Eu sabia que você estava com uma coisinha diferente no olhar! Ai que lindo! Ah! E quem é ele?

—Um? Não existe "ele". – Isso estava me irritando.

—Diga, por favor. – Ela fez a maldita carinha de cachorrinho abandonado que só quer um lar e comida.

Suspirei.

—É o Mike. – disse-lhe.

Sua cara foi ao chão, parecia decepcionada.

—Mike? Aquele garoto que faz algumas aulas contigo?

—Uhum. – Olhei para trás dela. Iria saber que eu estava mentindo.

—Achei que fosse dizer... – Calou-se, mas a curiosidade me surpreendeu.

—Achou que seria quem? – Levantei a sobrancelha.

—Ninguém, esqueça. – Bebeu seu chá.

—Alice, eu lhe contei quem era, agora me conte. – Ordenei-lhe. Olhou-me pedindo desculpas.

—Edward. – Soltou de uma vez.

—Edward? – Ri nervosamente. – Lógico que não! E nem posso sabe disso.

—Tem razão. – Deixou passar. – Desculpe.

Voltamos a nossa conversa normal sem falar em nada disso, por um bom tempo, já estava anoitecendo, quando seu celular começou a tocar. Era Jasper a chamando para irem ao cinema.

—Bella! Tem certeza?

—Claro, posso voltar muito bem a pé. – Garanti.

Ela fez um bico.

—Tenho certeza que ele não vai se incomodar por eu te deixar em casa e me atrasar um pouco.

—Alice, vá logo. – Empurrei-a para o carro. – Não vou morrer por andar um pouco.

—Está bem, mas tome cuidado.

—Ok.

—Tchau. – Deu-me um último abraço, entrou no carro e partiu.

Fiquei a observar por um momento e também segui o meu caminho, porém depois me lembrei que não tinha a menor idéia para onde era a casa dos Cullen e para completar, o céu ficara fechado o dia inteiro parecendo que ia cair um temporal.

Abracei-me pelo frio, entrei em uma rua escura que continha apenas a luz falha de um poste e quando passei em frente a um beco escuro que tinha muitas latas de lixo, escutei um gemido. Segui o gemido. Entrando no beco, descobri que o barulho vinha de trás de três latas de lixo, estava escuro, mas com a luz da lua vi que era a silhueta de um homem e estava ferido e seu braço sangrava muito.

Aproximei-me rápido.

—Oh meu Deus! – Parei ao seu lado e fiquei a olhar seus ferimentos. Queria tocá-lo, porém tinha medo de machucá-lo mais ainda. – Tenho que chamar uma ambulância. Sabe o número de emergência? – perguntei-lhe entrando em desespero por um completo estranho.

Segurou o meu braço, deixando-me nervosa.

—Be... Bella. –Murmurou. Tremia de frio, sem conseguir formular palavras coerentes.

—Como...? – Conhecia essa voz. Arregalei meus olhos sem entender, com o medo e o nervosismo me invadindo passando por cada veia de meu corpo. Mas...? Por quê?


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Notas finais do capítulo

Não me matem, por favor! Eu sei que parei em uma parte bem... E também sei que não devem estar entendendo nada, mas tudo isso faz parte do meu pequeno plano. Depois, no próximo, entenderão o porquê. ;)

Bom dia a todas, Lina Furtado



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