A Intercambista escrita por LinaFurtado


Capítulo 26
2ª temporada: Seguindo a vida.


Notas iniciais do capítulo

Opa. Eu acho que abandonei a minha fic.
MILHÕES de desculpas à quem estava acompanhando e um olá de novo! Tentarei postar mais essa semana! ;D
Vamos ao capítulo?



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Depois de quatro meses, tirei meus gessos e pude sair e parar de depender da cadeira de rodas. O que foi um verdadeiro alívio para mim, já que minha mãe não me largava e não me dava nem ao menos um tempo para respirar. Ir ao médico, tirar o gesso e voltar a escola foram as melhores coisas que me puderam me acontecer nestes meses de estresse.

Agora eu só tinha que usar uma bota ortopédica no pé esquerdo, ao qual ainda me fazia mancar um pouco enquanto andava. Como não ia a escola nesse meio tempo, ficava mais no meu quarto lendo livros que Phil comprava para eu ler depois que saia do trabalho. Ficava muitíssimo agradecida por isso porque ele me fazia evitar ficar com o rosto virado o dia inteiro vendo TV.

Ainda não tinha me esquecido de tentar me lembrar do que passei em Londres, pelo contrário, ficava a maior parte do dia tentando, mas nada, absolutamente nada me vinha à cabeça como uma pequena memória. Senti que tinha uma folha em branco dentro do meu cérebro. Era óbvio que faltava uma parte, só que lembrá-la estava totalmente difícil.

Escutei uma conversa entre minha mãe e Phil, quando eu ainda estava no quarto de hóspedes, ao qual me deixou confusa e intrigada.

-Sabe, - Iniciou minha mãe. – Acho que foi melhor assim, digo, Bella perder a memória.

-Bom? Reneé, sua filha não se lembra de nada que ela passou em Londres, como isso pode ser bom?

-Sim, mas, pensa comigo, meu amor. Bella, quando ela veio nos visitar com Edward, qualquer um podia ver que eles eram muito ligados. Como imãs...

- É que vocês se parecem imãs de pólos opostos, quando um se mexe, o outro automaticamente faz o mesmo. - Sorriu a velhinha. Uma imagem me veio à mente naquele dia, mas também só havia sido aquela. Eu estava em um elevador, com alguém alto – um homem ou um garoto, não tinha certeza – ao meu lado e, havia uma velhinha a nossa frente, sorrindo a nós, que nos disse isso. – São namorados, não são? – Preto. Era uma lembrança, obviamente era, mas o que se seguia depois não conseguia me lembrar.

Argh! Como era horrível saber que havia algo faltando e que não conseguia se lembrar.

-Se ela se lembrasse... – Continuou Reneé. – Oh! Phil! Seria horrível! – Sua voz estava sofrida. – Bella não sabe lidar muito bem com perdas de pessoas amadas por ela. Lembro-me muito bem quando seu pai morreu. Tudo bem que ela não era muito ligada a ela, mas ela o amava em uma enorme intensidade que quando ele morreu de ataque cardíaco, por comer tantas besteiras, ela ficou muito mal. Não falava, não comia, só ficava sozinha e se obrigava o tempo todo a não ficar parada, obviamente para não se lembrar da morte do pai. Pensa que talvez seja melhor assim; não se lembrar de Edward.

A conversa acabou e eles nunca mais tocaram no assunto novamente.

-Vamos, Bella! – Gritou Reneé do andar de baixo. – Quer chegar atrasada?

-Estou pegando a mochila! – Gritei de volta, pegando a mochila e jogando no ombro.

Estava voltando as minhas aulas. Não sei se ficava contente por sair de casa ou triste por ter que andar por todo o colégio, mancando e com uma bota ortopédica, sem contar que iriam me dar apelidos por isso e não seriam muito bons.

Desci de degrau em degrau com medo de pisar em falso, descer rolando e ganhar mais uma perna quebrada. Minha mãe estava na ponta da escada me esperando. Pegou minha mochila e a segurou enquanto ia ao carro. Fui atrás dela com a velocidade que me era permitida.

Hoje eu tinha colocado uma roupa bem fresca já que o calor estava insuportável, o que estranhei, pois adorava isso antes, mas agora estava me deixando irritada. Vestia uma bermuda jeans azul até a altura do joelho e larguinha e, uma blusinha branca fina, um pouco justa ao corpo.

Fiquei olhando o caminho enquanto minha mãe dirigia em direção ao colégio. Um conjunto de casas parecidas, em sua maioria, de cores diferentes estendidas por uma rua reta. No colégio, o estacionamento gigante estava lotado de carros importados e brilhantes, com muitas pessoas, muitas conversando entre si, e outras sozinhas caminhando para o mesmo.

Continuava o mesmo, um prédio enorme branco, com pôsteres gigantes do símbolo do time do colégio estendidos nas paredes. Os largos campos de gramas na frente, com mesas redondas feitas de pedras, onde já haviam algumas pessoas sentadas.

Saí do carro, quando minha mãe parou diante da porta.

O melhor de tudo de estudar em colégio grande era que ninguém sabe quem sou e que não se importam se sou nova ou não. Sempre fui mesmo a estranha albina que mora em uma cidade ensolarada, mas que não tem um pingo de pele bronzeada.

Segui pelos longos corredores amontoados de gente de todos os estilos e "tribos". Os que mais se destacavam eram sempre os mesmos; as líderes de torcida e os jogadores fixos de futebol americano, com seus uniformes nas cores da escola, azul e amarelo. Entrei na secretaria - fazendo que sempre se fazia na volta as aulas - pegar a lista das minhas aulas e a prancheta para que os meus professores assinassem até o final do dia.

Prestei o máximo de atenção nas aulas, anotando tudo o que o professor falava e escrevia no quadro. Sabia que não me lembrava do acidente muito bem, mas ele me deixou marcas que eu esperava nunca mais passar por aquilo que sofri. Então, como se fosse me dada uma segunda chance para viver, iria aproveitá-la ao máximo, me esforçando para ter um futuro melhor. E, o melhor de tudo de estar no terceiro ano do High School era não precisar fazer Educação Física. Não era mais obrigatório, mas teria que substituir por outra aula. Mas nisso eu pensaria depois, pois eu tinha muito que estudar, já que entrando super atrasada como entrei, estávamos próximos das provas.

Fui à biblioteca e peguei alguns livros, após ter ligado para minha mãe dizendo que não era necessário que ela me pegasse, pois ficaria depois das aulas para estudar e quem sabe encontrar algum professor livre para isso e fui me sentar nas mesas de pedras da frente do colégio, de baixo do sol, tentando pegar o máximo de cálcio possível.

Amarrei meu cabelo em um coque frouxo e comecei abrir meus livros e me debruçar sobre eles. Vi alguém abaixando o olhar para me ver, quando reconheci quem era.

-Bella? – Chamou-me.

-Caroline? – Ela estava diferente, o cabelo castanho estava avermelhado e bem curto, estilo Joãozinho.

Ela me sorriu. Ao lado dela havia uma menina loura dos olhos verdes, que usava óculos. Parecia tímida, se despediu de Caroline e acenou para mim antes de sair. Caroline de sentou a minha frente.

-Oh! Bella! Não sabia que tinha voltado a Phoenix. – Colocou a mochila sobre a mesa.

Sempre andei com Caroline pelo colégio. Éramos sempre eu e ela para todos os lados e, igualmente a mim, ela também não era muito de fazer amigos, com raras exceções quando Jacob, meu melhor amigo desde muito pequena, andava conosco ou se sentava para bater um papo. Ela tinha mudado um pouco, o que comprovou que eu estive fora por muito tempo, pois não era somente seu cabelo que tinha mudado, mas também seu rosto, que parecia estar mais amadurecido. Seus olhos continuavam os meus azuis de sempre e o corpo magro e bronzeado também.

-É... Voltei faz quatro meses. – disse-lhe.

-Tudo isso? – Pareceu surpresa. – E por que não me ligou e por que não veio as aulas?

Suspirei.

-Caroline, isso é uma longa história que eu adoraria saber os detalhes, mas vou tentar resumir. – Ela assentiu. – Viajei para Londres, certo?

-Sim.

-Pois é, não me lembro disso. – disse simplesmente.

-Como assim não se lembra?

-A última coisa que me lembro era de acordar em um quarto de hospital toda machucada e fraca. – Ela fez um Oh! E pediu para que eu continuasse. – Me contaram que eu tinha ficado em coma por três ou não sei quantos meses, em coma...

-Espera! – Ergueu as mãos. – Você ficou em coma por três meses? – Assenti. – E eu nem soube disso? Se soubesse, teria ido...

-Eu sei. – Sorri a ela. – Eu sei que teria ido me visitar. Eu sofri um acidente de carro logo após ter voltado de Phoenix para visitar a minha mãe e Phil, aparentemente, com o meu namorado.

-Namorado? Você arranjou um namorado lá? – Sorriu-me. – Nossa, nunca achei que Isabella Marie Swan acharia um namorado a altura, já que nunca se importou com isso.

-Pois é... – Mordi o lábio.

-E ele? É bonito? – perguntou risonha.

-Era.

Caroline arregalou os olhos e levou as mãos à boca, em choque.

-Não me lembro de nada do que aconteceu, não me lembro dele, não me lembro de ter ido a Londres, de ter feito amigos por lá... Nada. – Suspirei pesadamente, abaixando meus olhos para os livros. – Isso me deixa angustiada. Sei que tem algo faltando só não consigo me lembrar o quê...

Estiquei minha mão e enfiei-a no bolso do lado da mochila, pegando a foto minha com o belo garoto dos olhos esmeraldas. Estendi-lhe a foto. Caroline pegou e a observou ainda em choque.

-Bella... Eu... Eu nem sei o que te dizer. – Examinava a foto, jogando pequenos olhares tristes para mim.

-Não se preocupe, mas sabe, escutei minha mãe dizer que foi melhor que eu tenha perdido a memória.

-Melhor? – Ergueu a sobrancelha.

-Melhor para mim por eu não me lembrar dele... – Olhei a foto de novo. Caroline me analisava com cuidado. – Porque se não eu sofreria igualmente a perda do meu pai.

Seus olhos... Não me eram estranhos. Olhos lindamente verdes e incríveis. Como não consigo me lembrar? Olhos assim não deveriam ser tão fáceis de esquecer...

Soltei a foto com raiva e massageei a têmpora, tentando me acalmar.

-Bella, não fique assim. Irá se lembrar...

-É como se tivesse algo faltando em mim! Não é fácil! – Balancei a cabeça. – Desculpe, acho que não sou uma boa companhia. – Suspirei cansada.

-Que isso! – Sorriu animada. – Você é uma das minhas melhores amigas não tem como você ser chata.

Sorri fraco.

-Bella, você precisa de uma festa. – disse simplesmente. Olhei-a para ver se falava sério e, pelo visto, sim.

-Oh, não, não e não. Sabe como sou com festas... Sou uma espécie solitária, obrigada. – Juntei meus livros - não ia conseguir estudar mesmo - e os taquei para dentro da mochila antes de me levantar.

Caroline riu e se levantou.

-Vai para casa? – Perguntou.

-Vou.

-Quer carona? Não vai assim pegar ônibus, não é? – Apontou para a minha bota ortopédica.

-Eu ia já que acabou de me oferecer.

-É bom te ter de volta, Bella. Quase tinha me esquecido do seu sarcasmo. – Puxou a minha mochila para me ajudar e fomos ao seu carro, no estacionamento. Vi um carro conversível verde, rodeado de jogadores de basquete do colégio e as líderes de torcida, conversando. Reconheci um, Jacob. Ele pousou os olhos sobre mim e saiu da roda de conversa, vindo a nós.

Parou a nossa frente. Parecia envergonhado.

-Oi, Caroline. – Cumprimentou-a.

-Oi, Jacob. – Ela ficou olhando-o como se ele estivesse agindo estranhamente.

-Bella, soube o que aconteceu com você. Está melhor? – Perguntou-me, se esquecendo de Caroline.

-Soube? – Ergui a sobrancelha. Não me lembrava de ter dito isso a ninguém com exceção a Caroline. Mas se alguém o contou... É porque já faz muito tempo. – Há quanto tempo, Jacob?

-Há algum tempo. – disse olhando para os pés.

-E... E por que não foi me ver? Achava que era meu amigo, Jake! – Estava furiosa pelo o meu melhor amigo não ter se preocupado comigo enquanto estava presa a uma cadeira de rodas e entediada.

Ele pareceu confuso.

-Não se lembra?

-Lembro-me do quê? – perguntei seca.

-Jake! – Um garoto alto e de cabelos negro acenou para ele, chamando-o. Ele assentiu e disse que já iria.

-Bella, passo na sua casa hoje para conversarmos. – disse por cima do ombro e indo ao encontro de seus amigos.

-Não precisa! – Gritei para que ele me escutasse e segui com Caroline.

Chegar em casa foi a melhor coisa que podia ter me acontecido. Reneé estava no trabalho, assim como Phil, e hoje em especial, os dois trabalhariam até o final do dia, isto é, o dia inteiro para eu ficar sozinha e não me preocupar em dizer que estou bem a cada cinco minutos para minha mãe.

Soltei minha mochila na cama, enquanto olhava meu quarto. Estava tudo normal e sem graça. Minha mochila caiu ao chão quando eu a soltei, mas não peguei por preguiça. Fui ao banheiro, e tomei um banho quente que chegou a arder minha pele. Saí do chuveiro enrolada em uma toalha e pulando só em um pé, para não sentir dor no outro.

Escutei o telefone tocar desesperadamente. Fui pulando, correndo até o telefone que tinha na minha mesa de estudo.

-Alô. – disse ofegante.

-Só queria saber se estava aí. Estou indo. – disse Jacob.

Virei-me em direção a cama, enquanto ia contestar, mas ele já havia desligado sem nem ao menos me ouvir. Vi minha mochila sobre a cama. Ergui a sobrancelha. Tem alguém em casa? Voltei ao banheiro e coloquei outra bermuda jeans, uma camisetinha de seda e a bota. Saí mancando até a ponta da escada.

-Mãe? – Chamei-a. Nada. – Phil? – Nada.

Estranho. Lembrava-me da mochila no chão... Devia ser imaginação minha. Voltei ao quarto e escutei um barulho rápido, não sabia do que era, mas mesmo assim fiquei com um pouco de medo. E se fosse um ladrão?

Coloquei minha cabeça bem devagar para dentro do quarto. Estava totalmente vazio.

Suspirei e me joguei a cama, esticando a mão para pegar um livro e lendo-o até adormecer. Tive o mesmo início de sonho; eu estava em um carro com o garoto dos olhos verdes que me olhava desesperadamente, com olhos arregalados e eu apenas sentia uma enorme trepidação até pararmos. Sentia meu rosto quente, meu corpo inteiro doendo. Viro meu rosto para o lado esquerdo e encontro o garoto dos olhos lindo, com um enorme corte na testa, ao qual sagrava sem parar, escorrendo quente por seu belo rosto desacordado...

Escutei a campainha tocando e despertei arfando. Controlei minha respiração antes de me pôr de pé e descer para atender. Ao abrir a porta não me surpreendi; Jacob. Fiquei olhando-o sem nada falar e nem me mexer.

-Não vai me convidar para entrar? – perguntou, colocando as mãos nos bolsos da calça e erguendo os ombros.

-Não deveria. – disse me afastando e dando passagem a ele.

-Bella, não sabia se esse negócio de perda de memória era sério mesmo... – Foi falando, indo em direção ao sofá, e se depositando lá.

Parei diante dele com os braços cruzados.

-Não, Jacob. Gosto de mentir e dizer que perdi a memória. É divertido. – Sarcasmo pesado.

-Bella...

-O que me fez que perguntou: "Você não se lembra"? – Cortei-o, me sentando na poltrona.

Suspirou enquanto apertava as próprias mãos. Nunca o vi tão nervoso.

-Não quero acabar com a nossa amizade de novo... – murmurou olhando para as mãos.

-Jake – Chamei-o e ele me olhou triste. – Me conte. A verdade. – Completei.

Hesitou por um momento extremamente logo para mim. Podia sim, afetar a nossa amizade, talvez, o que ele fosse falar, mas eu tinha uma idéia que não sabia se daria certo e ao menos tentaria. Ele me contaria e eu veria se me lembrava ou não.

-Quando você estava em Londres, notei o quanto você era especial para mim. A quanta falta me fazia sem estar aqui todas as tardes... – Sorriu tristonho com a lembrança.

Engoli seco.

Não estava esperando por uma declaração, por mais que alguns meses... Ou anos atrás, tanto faz, eu estava afim dele. Agora era diferente, nada sentia e isso me era muito estranho.

-Fui para Londres atrás de você, dando a desculpa a sua mãe – para conseguir o seu endereço – dizendo que seria melhor ter alguém lá que você conhecesse. E a protegesse. Ela aceitou e contribuiu com tudo para mim. Me certifiquei de quem eram as pessoas que moravam com você. Um loiro de olhos azuis magro, um de cabelos dourados, de olhos verdes, esses eram os que estudavam no mesmo colégio que o seu. Era lógico que eu sabia das regras! – Riu.

-Regras? Que regras? – perguntei hesitante.

-Regras do intercâmbio. Não se podia ter nenhum relacionamento amoroso com quem você morasse na mesma casa. Mas no dia em que apareci no colégio, vi você e Edward conversando do corredor vazio, ma não pareciam estar conversando como bons amigos... Até porque, ele segurou sua cintura, deram um breve beijo, quase imperceptível, e ele a girou, entrando no armário do faxineiro do colégio. Concluí que estavam juntos... Senti tanta raiva! – Apertou mais as mãos. – Tinha ido atrás de você em Londres, porque estava apaixonado e sabia que você também era por mim, e quando chego lá...! Você está com outro garoto!

Assustei-me com a brutalidade que ele falava.

-Por isso resolvi fazer você sofrer. – Soltou.

Franzi o cenho.

-M-Me fazer sofrer? – Gaguejei surpresa.

-Sim. – Acalmou-se e suspirou, voltando para o estado de tristeza. – Como percebi que você estava realmente, muito apaixonada por ele, resolvi chantageá-la com mensagens anônimas, dizendo que já sabia sobre os dois. Claro que assisti sua reação e vi como ficou pálida, se levantando, voltando para casa. Com ele indo atrás de você. – Fez uma careta de nojo. – Não demorou muito e eu lhe contei quem mandava as mensagens. Disse a você que se não terminasse com ele e ficasse comigo, contaria sobre os dois e automaticamente a mandariam de volta para casa. E como imaginei, preferiu ficar e sofrer a voltar e ficar sem vê-lo. Duas opções horríveis para você, que estava toda apaixonada.

Ficamos em silêncio.

Se eu tinha resolvido ficar com Jacob a não ter que mais ver Edward, isso mostrava o quanto eu gostava dele, mas isso não respondia como eu – no dia do acidente – estava com ele. O que havia acontecido depois, não me recordava, exatamente como tudo de Londres.

-E como acabou isso? – perguntei-lhe.

-Você desistiu de sofrer em vê-lo com outras, eu acho, mas, de uma coisa eu tinha que admitir, ele gostava realmente de você. Por mais que estivesse com outras, via que ele a olhava o tempo inteiro... Você me chutou e disse que eu poderia falar o que quisesse e para quem eu quisesse, pois você já estava voltando para Phoenix. Fiquei péssimo ao vê-la sair chorando e ver que eu tinha causado aquilo... – Olhou-me nos olhos. - Desculpe, Bella. Estou muitíssimo arrependido, falo de coração.

Ele parecia estar falando a verdade.

-Jake... Você ainda... – Olhou-me sem entender. – Ainda gosta de mim? – Mordi o lábio.

Sorriu.

-Sempre a amei, mas notei que não do jeito que deveria. – Sorriu triste. - Descobri tarde que eu amava você como amiga, como irmã. Isso facilitou quando voltei a Phoenix e tive que tirar você da cabeça. Eu apenas tinha ficado com um ciúme extremo. Desculpe mais uma vez.

Não importava mais. Não me lembrava das besteiras de Jacob. Não me lembrava de Edward. E Edward estava morto. Nada que eu pudesse mudar ou ficar com raiva, ou depressiva.

-Está tudo bem, Jake. – Garanti-lhe.

Ele me sorriu aliviando, mas logo seu sorriso sumiu.

-Acha que teria aceitado minhas desculpas se não tivesse perdido a memória?

Pensei por um momento.

-Desculpe. – Disse-lhe, fazendo uma careta. – Acho que não.

Ele deu um sorriso forçado.

-Tudo bem. Entendo. Eu merecia. Ainda mereço.

Pulei da poltrona ao sofá, me sentando ao seu lado. Sorri-lhe sincera e o puxei para um abraço. Escute-o suspirar aliviado ao retribuir o meu abraço.

-Obrigado, Bells. – Deu-me um beijo na bochecha, enquanto se afastava.

Não suportava ver Jacob, o Jacob sempre alegre de sempre, estar triste. Por isso queria mudar de assunto e ir para um mais leve.

-E então? – perguntei-lhe. – Está com alguém? Tem alguém em mente? – Sorri e ele me acompanhou, baixando a cabeça, envergonhado. – Ah! Então tem uma! – Rimos.

-É, tem uma sim, Isabella Marie Swan. – Brincou.

-E quem é?

-Você não conhece, o nome dela é Leah. Do mesmo ano que nós.

-Estão namorando?

-Namorando? – Riu. – Não, Bella. Pessoas neste século não costumam mais namorar, só para te lembrar. – Revirei os olhos. – Estamos saindo...

-Humm, saindo? Certo. Peguei.

Ficamos conversando até o final do dia. Com Jacob me contando as novidades que eu tinha perdido nos últimos meses. Horas se passaram e nem sentimos. Só nos lembramos do tempo quando Leah o ligou dizendo para eles se encontrarem.

-Não se esqueça de pedi-la em namoro! – Gritei a ele, ao vê-lo quase já no carro. Ele me sorriu e acenou.

Virei meu corpo, diretamente, a escada, já preparada para subir e ir para o meu quarto. Assim o fiz e troquei de roupa, colocando um pijama largo. Pulei na cama e puxei meu livro de volta a mim, lembrando-me do sonho que tive antes de Jake aparecer. Aquilo havia sido o acidente em que sofri com Edward?

Edward. O nome ecoava na minha mente, sem me largar ou dar um tempo para respirar. Juro que fazia um esforço enorme para me lembrar, lembrar direito dos traços de seu rosto sem precisar olhar a foto, lembrar de sua voz, da textura de seu cabelo, do seu jeito de ser... Nada. Não me lembrava e, a sensação que tinha era que eu nunca o havia conhecido, mas sentia necessidade de me lembrar. Meu corpo sentia; o que era o mais estranho. Era como se em meu corpo, meu sangue gritasse seu nome a cada pulsação, obrigando-me a lembrar, não importando como. Isso me provocava todos os dias, uma terrível dor de cabeça, por me forçar tanto a me lembrar de algo que me parece que não vivi.

Massageei a têmpora.

Só preciso de um tempo, só isso. Vou me lembrar, pensei.

Vai se lembrar. Edward é inesquecível, disse Carlisle a mim. Ele era tão inesquecível que meu cérebro fazia um esforço imenso para me fazer lembrar nem que seja uma pequena coisa.

Levantei-me e abri a janela acima da minha cama para circular ar e refrescar o quarto, antes de voltar a leitura. Ouvi um barulho de algo rápido de novo, no quarto, junto comigo. Baixei o livro devagar e olhei para os lados; nada. Alucinando, devia estar alucinando. Desisti de ler o livro. Virei-me para o lado e dormi.


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Notas finais do capítulo

Hum? Que barulhos são esses? :/ Não sei... Veremos nos próximos! :D
Reviews?
Beijinhos, Lina Furtado.