E foi assim que descobrimos meu talento. Meu pai havia se tornado meu técnico e meu irmão apenas torcia por mim, já que nunca foi de bater nos outros, não por falta de vontade, mas sim por falta de coragem.

Participei de muitos torneios contra grandes lutadores. E quase me tornei profissional, mas meu trabalho atrapalhou minha carreira, porque para ser profissional é preciso largar tudo e se dedicar completamente aos treinos e lutas, mas isso não iria por comida na mesa nem dinheiro na nossa poupança. Por isso resolvi continuar no mesmo nível de sempre. Sem regredir, nem progredir.

Mas um dia de trabalho se passara, quando a campainha de casa tocou. Bill foi atender e logo em seguida voltou.

- Quem era?

- É um Fuzileiro da Escola Naval Americana. Ele que falar com você.

- HAHA – falei irônico.

- Não to brincando. – agora ele parecia sincero.

- Não?

-  Não.

Sai de casa, e lá estava o homem que Bill falara. Usava um uniforme branco, com alguns distintivos do lado esquerdo do peito. Seu cabelo tinha um corte baixo, igual a todos os outros que já vira da Escola Naval.

- Sr. Tom Kaulitz?

- Sim, sou eu.

- Eu sou o Fuzileiro Ethan. Prazer em conhece-lo. – disse estendendo uma mao para mim.

Eu apertei por educação e o convidei para entrar, mas ele recusou o convite. Ainda bem, porque a casa estava uma bagunça!

- Então... O que o traz aqui Fuzileiro Ethan?

- Pode me chamar de Ethan.

- Ethan. – eu repeti, tentando me acustumar.

- Nós recebemos sua ficha, e o nosso conselho de convocações de calouros, realmente gostou dela.

- Receberam  minha...Ficha?

- Sim.

- Mas, eu nunca mandei minha ficha para a Escola Naval. Eu nunca tive interesse em me alistar.

- Isso é estranho, mas recebemos sua ficha a uma semana atrás,e tomamos a decisão de lhe convocar para o teste. Desculpe a surpresa, mas é que o conselho é muito rigoroso e levasse tempo para tomar uma decisão.

- Eu entendo.

- Bom... O teste será amanha as 7:00hrs  da manha. É claro que você estará em desvantagem em relação aos outros calouros que tiveram tempo para se preparar, mas eu acho que você tem grandes chances.

Aquilo era uma grande surpresa, afinal eu nunca havia mandado minha ficha, e agora chega um Fuzileiro e falando que receberam-na e estão me convocando para um teste que se amanha! Muito estranho.

- É... Certo. Eu estarei lá amanha.

- Ótimo. Novamente, foi um prazer conhece-lo Tom.

- O prazer foi meu Ethan.

Ele deu uns tapinhas em meu ombro e caminhamos em direções diferentes. Expliquei para meu irmão o que havia acontecido e ele ficou tão chocado quanto eu. Quando meu pai finalmente saiu do banho, resolvi ter uma conversa.

- E foi isso.

- Que estranho filho.

- Eu sei! Eu nunca nem mandei minha ficha pra eles. Eai? O que você acha da proposta.

- Eu acho que você deveria aceitar.

- Sério?

- Claro! Porque não tenta Tom?

- Porque é muito desgastante?!

- Mas se você quiser largar, você pode desistir a qualquer momento, ou esperar até a folga que ocorre na metade do ano. Vamos lá! Isso não vai matar!

- Na verdade pai...

- Okay, okay. Isso pode matar sim, mas você é forte garoto! Você é um lutador da Brigadas.

- Ta... Então amanha você me dá uma carona pra Escola Naval?

- Sem problema filho. Mas se você vai realmente aceitar a proposta, é melhor você fazer as malas e dormir. O dia lá cansa mais que uma semana de trabalho aqui.

Segui o conselho de meu pai. Não sabia quantas malas  poderia levar, então resolvi fazer apenas uma, com apenas as coisas mais necessárias das mais necessárias. E ainda assim  a mala ficou aponto de explodir. Não tive dificuldade em dormir bem, afinal sempre fui bom nisso!