- MAS QUE PALHAÇADA É ESSA?

- Rá-rá! Muuuuitoo engraçado, nossa!

Depois de ver uma cobra comer um burrito, um cachorro chamado Chitos lamber minha cara e os dois explodirem em uma tomada enferrujada de não sei quantos volts, pensei que nada mais pudesse me surpreender.

Mas chegar em casa e ver Bella e uma outra garota vestidas e maquiadas como palhaços –quer dizer, literalmente, e não no sentido de “horríveis” (não que elas estejam bonitas)- conseguiu me deixar de boca no chão.

Agora entendeu a piada? Que palhaçada é essa?

Caí na gargalhada.

Garota Stress e sua “amiguinha” me encararam como se eu fosse o doido da situação.

A outra garota com Bella era baixinha, magra, olhos irritantemente curiosos, como se ela pudesse te matar se você não lhe desse toda e qualquer informação que ela quisesse, e cabelos enrolados de um tom castanho bem claro.

Ambas estavam com tintura branca no rosto, estrelinhas do lado do olho esquerdo, boca pintada como de palhaço e aqueles macacões como os que palhaços usam. Vermelhos, com bolinhas brancas e rendas brancas no pescoço, nos punhos e nos calcanhares.

Os sapatos –enormes, cabiam cinco pés de Bella dentro de apenas um- estavam no chão, elas ainda estavam descalças.

Bella estava se preparando para colocar a peruca afro-colorida e a outra garota estava na frente do espelho, ajeitando seu nariz vermelho de palhaço.

- Por que estão vestidas assim?

Garota Stress bufou e nem se deu ao trabalho de responder. Já a garota baixinha disse, de má vontade:

- Vamos trabalhar em uma festa de criancinha.

- E por que?

- Como “por que”? Pra ganhar dinheiro, claro. Pensou que fosse por que adoramos crianças melequentas?

Levantei os braços em sinal de rendição, a cara ainda gozada.

- Ignora ele... –murmurou Isabella para a garota.

Balancei a cabeça e fui para meu quarto, meio horrorizado com a cena.

...

- Não é.

- Mas eu tô falando.

- Mas está errado! É que...

- Emmett, cala boca, porra! –gritei em seu ouvido.

- Aiiiiii.... –ele gemeu. –Qual é, cara, quer me deixar surdo?

- Depende. Se eu te deixar surdo, você cala a boca?

- Viu, Emmett? O Edward concorda comigo!

- Concordo, coisa nenhuma! Só quero que vocês calem a boca.

- Ah, tudo bem, tudo bem! –fez Emmett, colocando o dedo dentro do ouvido em que eu havia gritado, como se para massageá-lo.

- Mas não é. –ele disse baixinho e resolvi ignorar. Nem sabia direito qual era o motivo da discussão. Algo que era ou não era. Seja lá o que for, qual dos dois está certo não me interessava muito, não. Quer dizer, me expressei mal. Não me interessava nem um pouco!

Fiquei encarando os carros parados no sinal até ver... Espera! Era o meu carro!

Flashback on

- You know I like the way you moving, moving... – eu tava de boa, ouvindo uma música maneira quando a Swan se materializou na minha frente.

Quando ela viu que percebi sua presença, ela perguntou alguma coisa... O que era mesmo?

- Edward, posso concertar seu carro?-não. Suspeito demais. Acho que era...

- Edward, posso pegar seu carro emprestado?-ainda não. Educado demais. Ah! Foi...

- Edward, eu vou pegar seu carro hoje, tá? Ah, que bom que você concorda. Tchau!

- Hã, ah, quê?

Flashback off

Ah! Aquela filha da mãe se aproveitou do meu “momento-de-música-maneira” pra poder usar meu carro.

- Aí, já volto... –disse para meus amigos, mas nem sei se ouviram, presos em sua discussão de “É. Não é”.

Fui correndo e bati na janela do motorista.

- Edward? –perguntou Bella, vestida de palhaço, quando me viu.

- É. O que está fazendo no meu carro?

- Você concordou em me emprestar, ta lembrado?

- Não, eu lembro de estar ouvindo música quando você apareceu do nada e disse algo que eu nem prestei atenção.

- É uma ótima lição, preste mais atenção nas pessoas agora.

- Nossa, uma ótima lição de vida.

- Não, mas talvez uma lição de manter seu carro á salvo.

- Ah, você não vai fazer nada com meu bebê. –falei, saltando dentro do carro pela janela quando o sinal abriu.

A outra garota, aquela baixinha, gritou quando caí em cima dela e de Bella.

O carro de trás buzinou e Bella teve de dirigir daquele jeito mesmo.

A outra garota gritava, e eu a acompanhava, gritando desesperado, já que minhas pernas ainda estavam para fora do automóvel. Tecnicamente, Garota Stress nos acompanhava, gritando para pararmos de gritar.

O carro começou a ziguezaguear e os outros, que não entendiam a situação, buzinavam feito doidos.

- Merda, Edward! Por que você fez isso? –gritava Bella.

- Para isso! Para essa merda! Para o carro, caralho!

- No meio da estrada?

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...-gritava a garota baixinha.

- Cala a boca, garota!!!!

- Num rola um pouco de educação, não?

- Ah, meu Deus, eu vou morrer...- queria ter dito que choraminguei isso baixinho e ninguém ouviu, mas eu gritei tão alto que acho que só não ouviram no Oriente.

O carro ainda ziguezaziava e Bella começou a me dar cotoveladas desesperadas, o que não ajudava muito.

- Ah, Jéssica, puxa esse traste pra dentro do carro, por favor! Antes que nós... –ela gritou ao se desviar do caminho de uma loja. A força da virada foi tão grande que quase caí pra fora do carro.

Mas a “superinteligente” Jéssica teve uma idéia de gênio. Ela me puxou pelo cabelo.

Agora veja a situação: eu estava num carro á alta velocidade, que ficava ziguezagueando, com uma garota estérica me puxando pelos cabelos para que eu não caísse pra fora do carro, minhas pernas chutando o ar do lado de fora, e outra garota estérica tentando tomar conta de situação enquanto me dava cotoveladas e me mandava parar de gritar.

- Para! Para com isso! Você ta me dando cotovelada, Bella! Ai! Caramba! Para! Para!

- Para de gritar, traste! Cala a boca! Sem pânico! Para! Edward, cala a boca, seu traste!

- Ai, nós vamos morrer, nós vamos morrer... –choramingava a outra garota lá, a tal Jéssica. E então ela parou, mas quando pensei que a paz tivesse baixado a garota, ela grita:- NÓS VAMOS MORRER!

- Aí, me explica de novo aquela história de traste que você me chamou, hein...

Não pude acreditar quando Bella tirou as mãos do volante.

- O que você ta fazendo? Nós vamos morrer!

- Ah, cala a boa. –ela disse, então me puxou para dentro do carro, o que me deu um alívio danado.

Mas a tal da Jéssica gritou, só que dessa vez não pude culpá-la, afinal, eu tinha caído em cima dela, e pra piorar com o cotovelo em sua cabeça, que foi pressionada contra o vidro do carro, o rosto virado para o lado de fora, mas o vidro estava fechado.

Ela começou a se debater, querendo respirar.

Tentei dar-lhe espaço, mas acabei dando uma “ombrada” em Bella, que sem querer virou o carro com tudo pro lado.

Nesse momento, vi a morte rindo de mim. Era uma minúscula rua sem saída. Se o carro não parasse a tempo íamos virar pizza de Volvo.

Jéssica deu grito, que foi acompanhado por mim e pela Garota Stress, que logo deu uma guinada com o carro, o fazendo parar a poucos centímetros da parede-da-morte.

Foi só uma aventura assustadora, foi só uma aventura assustadora, tentava me convencer, mas ainda estava tomado pelo choque.

Durante alguns minutos, nenhum de nós disse nada.

Enfim, Bella conseguiu suspirar um:

- Ai, obrigada, Jesus, obrigada, a partir de hoje eu vou rezar pra você toda noite...

- Tudo bem, foi só uma aventura ruim, foi só uma aventura ruim. Uma aventura ruim e muito, muito assustadora. –disse em voz alta, embora estivesse tentando convencer mais a mim mesmo do que á elas.

Jéssica disse apenas:

- Bella, acho que vamos ter que cancelar nossa presença na festa...

Garota Stress concordou com a cabeça, mas ainda estava olhando com desespero para a dura parede de concreto que se encontrava á pouquíssima distancia do carro onde estávamos.

- Eu acho também, Bella, que... que eu...- e então ela desmaiou.

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