A Garota Stress escrita por Alice_Alice


Capítulo 3
Bella Conhece Uma Cobra


Notas iniciais do capítulo

Ta aí mais um capitulo.
Bjs,
Alice_Alice.



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Dia de merda. Casamento de merda. Irmã de merda. Mundo de merda!

Coloquei minha última mala no porta-mala do carro e entrei, sentei no banco traseiro do carro e mandei um olhar de Não acredito nisso para minha mãe, que suspirou e não disse nada. Estava feliz demais para dizer qualquer coisa, e ao mesmo tempo triste por eu estar tão chateado.

Uma hora me senti culpado, e tentei parecer animado, só para melhorar a alegria de minha mãe, mas resolvi que não adiantaria, pois ela sabia que eu não estava feliz de verdade.

Quer dizer, estava feliz por ela, mas não queria essa mudança drástica na minha vida.

Na casa dos Swam, eu já havia arrumado todas as minhas coisas. Decidi que estava na hora de alimentar a Juliana.

Abri o armário, tirando de lá a serpente de quase um metro, que se enrolou em meu braço.

Isso. Juliana é a minha cobra. Minha mãe não sabe que eu a tenho, já que ela fica escondida no meu armário já faz... Ah, sei lá! Pouco tempo! Três meses, eu acho.

Peguei um pedacinho do meu burrito e dei para ela. Eu nem sabia se era bom dar burritos á cobras, mas a Juliana adorava burrito. Bem, burrito, taco, chocolate, macarrão, pão, limonada, biscoito de polvilho, donuts, uma folha seca, costela e tudo que já dei para ela comer.

Olhei Juliana comendo burrito e ri. Como é que cobra come?

Então ouvi uma voz atrás de mim:

- Ei, eu vim... –olhei para trás e vi a Swam, pasmada, olhando a Juliana comer.

- Num bate na porta, não?

Ela nem me olhou, continuou olhando para Juliana.

Parecia ter visto um fantasma.

- Uma cobra.

Ela engoliu em seco.

Revirei os olhos.

- Não. Um coelho. Não ta vendo o pelo branco e as orelhas? –eu disse. Ela nem ligou. –É claro que é uma cobra! Num ta vendo?! É a Juliana. Mas, aqui, shhh, não conta pra ninguém.

Ela continuava encarando Juliana da mesma forma estrangulada de antes, algo que me incomodava um pouco.

- Você... tem.... uma... cobra..!

- É, eu sei. Ela fica escondida no meu armário.

Ela deu um passo para trás.

- Uma cobra. –ela tentou assimilar aquilo e engoliu em seco. Uma cobra chamada Juliana que fica escondida no armário e come burrito é demais pra cabecinha dela. – Uma cobra chamada Juliana. Uma cobra chamada Juliana que fica escondida no seu armário.

Assenti. Ela já estava me irritando.

- Ela está comendo um burrito. –ela disse, apontando para cobra.

Eu ri.

- É. A Juliana ama burritos.

Bella deu um grito.

- Uma cobra. Uma cobra chamada Juliana. Uma cobra chamada Juliana que vive no seu armário. Uma cobra chamada Juliana que vive no seu armário e... come burritos... –quanto mais fatos ela falava, mais seu olhar se tornava um olhar estrangulado. Ela saiu correndo.

Caí na gargalhada. A Swan assustada era muito mais engraçada que a Swan irritada (que também pode se chamar de “Swan normal”).

Olhei novamente para Juliana.

- É, Juh, você assusta as pessoas...

Ela comeu o último pedaço do burrito, os olhinhos pequenos, brilhantes e todos preenchidos de preto, como sempre.

Era inofensiva. Nem queira saber como ou aonde eu a encontrei.

E então Bella voltou correndo.

- Eu não tenho medo dessa cobra!

- Ah, que bom.

Ela balançou a cabeça.

- Meu livro. Você pegou meu livro? –parecia que se ela não soubesse agora onde seu livro estava, teria um ataque.

- Na sua bolsa.

- O.K.

Ela ia sair correndo quando lembrou.

- Espera! E onde está a bolsa?

- Lá na sala, em cima do sofá. –eu disse com desdém. A tinha visto sentada lá fazia uma hora. – Vem cá! Você não pega esse livro já faz uma semana?

Já fazia uma semana desde quando ela jogou o livro em mim e foi embora, deixou até a bolsa lá.

E como eu sou uma pessoa muito legal... Mentira fudida, só abri a bolsa pra ver se tinha grana... Então, peguei o livro e coloquei lá dentro.

- Eu fiquei lendo um outro livro. Eu leio dois livros ao mesmo tempo. Mas o que eu tava lendo junto daquele acabou. Quer dizer, eu acabei de o ler. E senti falta do outro.

Ergui uma sobrancelha.

- Sentiu falta de um livro?

Ela parecia inquieta.

- A gente conversa depois...

E saiu correndo, atrás do livro provavelmente.

Vi que Juliana já havia acabado de comer. A coloquei de volta no armário e me joguei na cama.

- Edwaaaardd... –ouvi minha mãe gritar do andar de baixo.

Suspirei.

Não se pode ter um segundo de paz nesse manicômio!

- Já vou... –gritei de volta.

Desci.

Não havia ninguém na sala.

Fui para a cozinha e lá encontrei uma das visões mais engraçadas da minha vida.

Tinha ketchup e mostarda espalhados para tudo que é lado. No chão, estavam a Swan, o Charlie e minha mãe, tentando se levantar em vão.

  Assim que vi aquilo, caí na gargalhada.

- Mas o que aconteceu aqui? –perguntei, ofegando, entre risadas.

Charlie franziu a testa enquanto se punha em pé, minha mãe se levantou e suspirou , olhando para sua roupa, e a Garota Stress, bem, ela me mandou um olhar assassino, me culpando por ter rido da situação, e tentou se levantar.

Eu ri enquanto ela caía e se espatifava no chão.

Charlie a ajudou a se levantar.

- Então... –comecei, suprimindo a risada. – Vocês fazem isso com freqüência?

- Rá, rá! – a Swan fez, estendendo as mãos de forma que dava a entender que queria me estrangular.

Charlie tentou acalmá-la.

Minha mãe deu um suspiro cansado.

- Como isso aconteceu? –perguntei.

- Uma longa história... –disse Esme. –Meu filho, nos ajude a limpar essa bagunça, por favor.

- Ah, ta de brincadeira!

- Estou falando sério.

- Poxa, mãe, eu tava ocupado.

- Alimentando uma co... –começou a Swan e eu corri até ela, tampando sua boca, o que eu não esperava era que ela ia me chutar tão forte, que eu ia cair no chão melecado, e o que ela não esperava, era que eu ia me vingar, puxando-a junto.

Caímos no chão. Eu cai de costas, a Swan, de barriga, bem do meu lado.

Ela gritou e tentou se levantar. Um plano que ia dar certo, não fosse eu usá-la de apoio para me levantar, ela caiu novamente, e acabou me puxando junto. Dessa vez eu caí por cima dela.

- Sai de cima de mim! –ela gritou.

Eu tentei, mas tava complicado. Minha mãe me ajudou a me levantar, depois ajudou Bella, meio incrédula com aquele episódio.

Nós quatro nos entreolhamos em silêncio.

Charlie sorriu.

- Nossa, mas que dia esquisito!

Revirei os olhos.

- Não, que isso! Todo santo dia minha cozinha fica melecada e eu caio em cima de alguém... Não tem nada de anormal nisso, sabe...

Minha mãe me mandou um olhar de repreensão e Charlie deu uma risadinha.

- Ah, tudo bem. Então, vamos todos limpar essa bagunça!

Ah, só faltava essa!

Eu estava no meu quarto, deitado na cama, Juliana estava em minha barriga. Até que ouço uma voz perguntando:

- Por que você batizou uma cobra de Juliana?

Olhei e vi a Swan, na soleira da porta.

- Ah, sei lá. Ela tem cara de Juliana.

Ela se aproximou, estendendo os braços.

De começo pensei que ela queria me estrangular, mas então percebi que ela só queria segurar a cobra.

Passei Juh para ela.

Ela segurou a serpente e a examinou com cuidado.

- Não tem cara de Juliana. Tem cara de Mariana.

Revirei os olhos.

- Ah, não, eu a chamo de Juliana há três messes, não vou mudar seu nome. Além de que, ela não tem nem um pouco cara de Mariana. Acho que se não fosse Juliana, eu chamaria de... Gabriella.

Ela me olhou de testa franzida.

- Gabriella? E por que?

- Acho que ela combina com Gabriella também.

Ela pensou nisso.

- Ah, faz sentido. –ela disse, irônica. –Sua mãe não sabe que você tem a Juliana?

- Não. Ela teria um ataque, ela morre de medo de cobras. E ratos. E tudo que é vivo e não é humano.

Ela riu.

- Ela não é fã de ficar no meio de árvores, com o risco de pássaros fazerem as necessidades na cabeça dela, ou uma borboleta pousar na testa, ou uma largatixa ir para o pé dela, resume-se? –perguntou.

- Isso mesmo. Ela é uma naturofóbica. Pelo amor de Deus, não conte á ela.

Ela pensou.

- O.K. Mas com uma condição.

Ah, ta zoando?

- Qual?

- Ela também é minha agora.

Ergui uma sobrancelha.

- Pensei que tivesse medo dela.

Escapei de um peteleco na cabeça.

- Eu não tenho medo! Só é estranho chegar aqui e ver você segurando uma cobra que está comendo um burrito.

- Ah, nunca dê comida de cobra á ela, ela gosta de comida humana. Mas não lhe dê salada. Ela gosta de... comida mexicana.

Seu queixo caiu.

- Essa cobra gosta de comer comida mexicana?

- Isso. E comida chinesa. E sushi. Ela gosta de comida estrangeira. Mas tem outras comidas que ela gosta também. Ah, e para beber, não tem erro: limonada.

- Mas você ficou doido?

- Agora ou quando dei limonada á ela?

Ela bufou.

- Sempre, eu acho. –então fixou seu olhar na Juh. – Ela muito fofa! Deixa-me ficar com ela o resto do dia? Ou o resto da noite... –ela disse, conferindo o relógio.

- Tudo bem. Ia sair mesmo.

- Que legal!

Ela foi até a porta, abriu, conferiu para ver se não tinha ninguém no corredor e correu para o quarto, falando com a Juliana.

Balancei a cabeça.

- Eu acabei mesmo de aceitar dividir uma cobra com A Garota Stress? –perguntei para mim mesmo, meio confuso.

Fui tomar um banho.

Coloquei uma calça jeans, uma camisa preta, um boné preto, meus tênis Adidas e estava pronto para me encontrar com meus amigos.

Quando estava saindo, dei uma espiada no quarto da Swan, para ver se ela estava lá com a Juliana.

Eu a encontrei deitada na cama, a cabeça para baixo, Juliana erguida no ar por seus braços, um pouco do cabelo de Bella estava dentro da boca da cobra, e Bella tentava tirar o cabelo de lá.

Dei uma risada.

- Cuide bem da cobra, Garota Stress. –disse, baixo demais para que ela ouvisse. E então me virei, andando pelo corredor, descendo as escadas, e saindo de casa.

...


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



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