Brisa da Tempestade escrita por Isabela_Ulian


Capítulo 9
Capítulo 8 - E começa o Treinamento de Eli




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-Capítulo VIII-
E Começa o Treinamento de Eli

Tank estava com medo. Com muito medo. Ele simplesmente não podia imaginar como Elihandrë escapara do caixão... E como ela se aproximara de Wrynn! Isso devia significar que ele talvez soubesse...

Aquela elfa já lhe trouxera muitos problemas... Se ao menos tivesse matado-a quando teve chance...

Fitou, talvez pela milionésima vez, a mais nova notícia na Gazeta de Azeroth.

Rei Varian Wrynn confessa amor por Elihandrë Moonbean.

Ontem à tarde, o Grande rei de Stormwind admitiu em frente à encantadora população de sua majestosa cidade estar caindo de amores pela misteriosa Elihandrë Moonbean, uma Night Elf de Darnassus. “Eu não sei muito sobre ela...” disse Mr. Gump, simpático florista de Stormwind “mas ouvi dizer que alcançou um score absurdo em Arathi Basin.” Mas parece que não é muito querida pela enorme horda de fãs do até então, não muito divulgado, Clube do VT. Um de nossos mais corajosos repórteres infiltrou-se no grupo e descobriu que um plano para acabar com a vida de Elihandrë ainda está em fase de observação. Será que nossa amada Eli poderá safar-se de mulheres de corações partidos? “Não entendo o porquê de tanta publicidade!” também entrevistamos um amigo íntimo de Eli, Shumuri “É apenas Eli, e eu, em seu papel de irmão postiço, acho que não existe ninguém melhor que Lorde Wrynn para ela.” A admirável princesa Shootingstar, de Darnassus, também fala de Elihandrë com uma fraternal simpatia “Eli é um anjo!” afirmou “Afirmo isso com convicção! E também é muito bondosa, bondosa demais! Se verificarem seus atos verão o quão altruísta age!” Ficamos sabendo também que ambos os pais foram mortos durante um ataque a Ashenvale. De acordo com as sentinelas mais velhas, seu pai era um Hunter muito talentoso, e sua mãe uma Druid poderosíssima. Elas não duvidam nada de que Eli tenha herdado tais habilidades de seus pais. Bom, meus amados leitores, assim que conseguirmos mais curiosidades sobre a dona do coração de nosso amado rei, vocês serão os primeiros a ficarem sabendo!

XoXo Martha Heknnin; repórter.

Enquanto isso, no keep, Elihandrë observava pasma seu rosto estampado ao lado da cena do beijo entre ela e Varian. Por Elune, onde conseguiram tantas informações sobre ela?!

Suspirou pesadamente e jogou o jornal para longe, sentindo uma forte dor de cabeça. A notícia estourara, e como os jornaleiros eram goblins, até mesmo a Horde devia estar sabendo sobre ela. Engoliu em seco e foi ao seu banheiro lavar o rosto.

-Preocupada? – Disse uma voz a suas costas, e ela se virou desembainhando o machado, para depois perceber que era apenas Varian – Acho que sim... – E Eli percebeu que até mesmo ele deveria estar preocupado, a julgar pelas fundas olheiras em seus olhos.

-Só um pouquinho... – Disse sentando-se na pia e forçando-se a abrir um sorriso.

-Hum... – Varian continuava a fitá-la estranhamente e concentradamente – Quero que você ande com uma escolta. – Disse cruzando os braços.

-O que?! – Arfou – Por favor, Varian, não!

Varian massageou as têmporas, tenso – Por favor, Elihandrë, não complique as coisas! Meus inimigos virão atrás de você agora! E você mal consegue lutar com mais de quatro! Você precisa de proteção! No mínimo vinte de meus melhores...

-Vinte?!

-Ou mais... Afinal, virão atrás de você em grupo... – E começou a falar coisas que Elihandrë mal compreendia, andando de um lado para o outro. Mas uma coisa que ele disse chamou sua atenção – E battlegrounds?! Nunca mais! Os Hordes irão correr para você...

-Pela força da Luz, Varian! – Blasfemou Elihandrë – Você está exagerando!

-Você realmente pensou que poderia ir para battlegrounds?!

-Você está exagerando! Battlegrounds são tudo o que eu faço! E quem irá dar-me missões quando me virem com uma escolta de guardas?!

Ele contou até cinco. Não queria brigar com Eli.

-No o dia em que você me provar que é tão forte quanto eu, irei dispensar sua escolta...

Eli suspirou e tentou achar o meio termo – Faremos assim, fico com dois guardas à sua escolha. Continuo indo a battlegrounds, mas sempre ficarei acompanhada de um healer. Quando te provar isso... Dispensamos a escolta e fico livre nos battlegrounds.

Varian encarou Elihandrë e suspirou um sim, sabendo que isto seria o máximo que arrancaria dela. Eli também não estava satisfeita com sua arriscada posição. Percebeu a relutância no olhar de Varian e se aproximou. Subiu em suas botas e ficou na ponta dos pés para poder encarar bem fundo seus olhos. Quase que involuntariamente, ele abraçou delicadamente sua cintura enquanto ela segurava seu rosto com ambas às mãos.

-Tudo vai dar certo. – Disse Elihandrë abrindo um sorriso – Agora, depois de todas as provas... Eu nunca o deixaria sozinho. Lamento informá-lo, Varian Wrynn, mas terá uma irritante Night Elf perseguindo-o por toda a sua vida.

Varian não pode deixar de abrir um sorriso quando vagarosamente se aproximava dos doces lábios de Eli.

-Gaaaaaaaaaaah! Como vocês são melosos e... Açucarados! – Disse uma Star irritada entrando no banheiro – Vou pegar diabetes assim. – Eli logo desceu dos pés de Varian e foi para longe.

Star fitou-a da cabeça aos pés, e então, pegou suas mãos.

-Querida, quando foi a última vez que foi a manicure? – Perguntou horrorizada – Olha isso! Estão todas cortadas! – Star fez uma cara decepcionada – Sinto muito Varian, mas terei que roubar sua namorada para um banho de loja.

Varian engoliu em seco – Onde?

Elihandrë não pode deixar de revirar os olhos.

-Aqui em Stormwind mesmo, seu maníaco! – Então ela se virou para Eli – Como você agüenta essa possessão?

Eli ficou quieta e Varian contou, dessa vez até dez.

-De qualquer jeito, Eli tem que sair mais bonita na próxima vez que sair no jornal! Olhe isso! – Ela apontou para a foto de Eli de cabelos um tanto bagunçados, usando a blusa de Varian. Ela estava com uma cara assustada e até mesmo confusa.

-Eu achei que ela ficou sexy. – Disse Varian.

Elihandrë corou até a raiz dos cabelos.

-Guarde seus comentários para você, Varianito! Ela tem que ficar assim: – Ele fechou a cara quando Star apareceu glamorosa, segurando sua Staff enquanto acenava – Não a espere acordado! – Cantarolou puxando Eli pelo braço. No fim, era apenas provocação.

**

-Star, realmente, eu não preciso de tudo isso! – Disse carregando as milhares de sacolas com blusas, calças, vestidos, sapatos, meias-calça, maquiagens e ligerine.

-Você nem tem roupa direito! Além dessa calça e blusa velha, o que você tem de roupa? Hein?

-Eu tenho os vestidos de festa...

-De festa?! – Star riu – Você achou aquilo roubando dos mortos e...

-Eu... Eu os fiz...

Star a encarou – Devia mudar de profissão. Qual a utilidade de ser tailor quando se é Hunter?

-Minha mãe era tailor. – Sussurrou.

Star se repreendeu por sua grosseria. A maior fraqueza de Eli era a falta que sentia dos pais.

-Desculpe Eli... – Sussurrou Star envergonhada – Eu...

-Vamos apenas falar sobre outra coisa, está bem? – Murmurou Eli.

E ficaram em silêncio por alguns momentos.

-Você gosta mesmo dele, não? – Disse Star, e Eli fez que sim com a cabeça – Sabe, eu só o vi olhar para apenas uma pessoa da mesma forma que olha para você. E ele é baixinho e tem o mesmo DNA.

Star riu, tentando quebrar o clima tenso, mas Elihandrë continuava pensativa.

-O que foi, Eli? – Disse Star. Conhecia aquela garota muito bem para saber que ela estava incomodada com algo.

-Houve outra antes de mim. – Disse. Star sabia que este assunto viria uma hora ou outra – Tiffin era seu nome, não? Tiffin Wrynn.

Star suspirou – Sim, Tiffin Wrynn, a falecida esposa de Varian, mãe de Anduin.

E pela primeira vez, sentiu o ciúme corroendo suas veias.

-Fale-me dela. – Sussurrou Elihandrë sentando-se em perto dos córregos.

-O casamento dela com Varian foi arranjado, para que sua família ganhasse um lugar na nobreza de Stormwind. Eles eram mais amigos do que apaixonados... Mas receio em dizer que ela era um tanto quanto fútil. Não sabia manejar nem ao menos uma faca de cozinha, e... – Star apertou os olhos – As más línguas dizem que ela era membra do Clube do VT. – Eli encarou Star assustada e ela deu de ombros – Ela morreu um pouco antes de Varian desaparecer. Quando Varian voltou... Ele meio que mudou. Lembrou-se do filho e do amor pelo filho, mas nunca fala nada sobre Tiffin. As pessoas supõem que ele sinta falta dela. Eu duvido muito. Antes ele era um homem super educado, refinado, paciente. Depois de perder a memória e ir para Crimson Ring, ele se tornou explosivo, seco e até mesmo irônico. O Varian de agora não agüentaria Tiffin. – E Star riu – Mas parece que encontramos alguém bem melhor para ele!

Eli sorriu tímida e abraçou a amiga.

-Mas Eli, deve estar pronta. As pessoas irão compará-la com Tiffin. Os mais inteligentes verão a guerreira que é e que Tiffin não foi. Mas, a maior parte do povo, verá apenas seus modos, a maneira que age... Bom, por isso estou aqui. Vou transformá-la no que Stormwind deseja, mas sem perder a Eli que sempre foi.

Eli engoliu em seco e fitou a montanha de compras.

-Preciso de tantas roupas? – Perguntou relutante.

-Só em casos de emergência... E você vai me emprestar metade delas – E abriu um sorriso maroto – Exceto as ligerines. Comprei pensando no Varian, e não vou deixá-lo sem a melhor parte.

Elihandrë corou até a raiz dos cabelos. E Star riu.

-Brincadeirinha... Ou não... – Star olhou para a lua crescente no céu – É melhor eu te levar de volta para o keep antes que o Varian surte... De novo.

Eli mordeu o lábio inferior e fez que sim com a cabeça.

Star se despediu na porta do keep, e sobrou para Eli carregar todas as sacolas para seu quarto. Quando chegou percebeu que os móveis estavam cobertos por lençóis e que a cama estava apenas no colchão.

-Anh... – Um guarda que passava pelo corredor se virou e prestou continência. Eli se envergonhou com o ato – O que aconteceu com o quarto?

-O Valoroso Rei Wrynn nos mandou mover suas coisas para outro quarto, na área nobre – Disse – Ele disse que seu lugar não era no quarto de visitas.

Eli corou dos pés a cabeça com a idéia dos guardas transportando suas roupas... E pior, sua ligerine, para o outro quarto.

-Ah, Wrynn achou que seria falta de educação mexer nas suas roupas. Então a deixamos onde estava, para que levasse depois. No entanto, seus pets já estão acomodados.

-E onde meu novo quarto fica?

-No terceiro andar, encontrará uma porta trabalhada em prata. Abra a porta, dará em um corredor, e lá estará uma porta bem ao fundo. Abra a porta, e lá estará seu quarto.

-Ok... Obrigado. – O guarda continuou na posição de sentido, como se esperasse uma ordem – Ahn... Está dispensado.

O guarda reverenciou – Não, não, não! – Quase gritou Eli – Não reverencie! – Sussurrou, e ele a encarou confuso – Por favor, não reverencie!

Ele deu de ombros confuso e salutou. Eli suspirou e entrou em seu quarto, para pegar o que sobrou de suas roupas. Ela sabia que não adiantava discutir em Varian... E também sabia que algo assustadoramente luxuoso a esperava no terceiro andar.

**

Deu mais trabalho levar as sacolas de Star do que as próprias roupas. E subir os seis lances de escada até o terceiro andar fora o mais trabalhoso. Mas graças a Elune, suas pernas eram fortes, e sem tardar, chegou a suposta porta.

Era uma porta que devia ter duas vezes seu tamanho, dupla. Cuidadosamente, empurrou com o pé e caminhou pelo extenso corredor de mármore, até chegar a uma porta menor, de madeira grossa e escura. Abriu-a rapidamente e ficou um pouco confusa ao fitar algo como uma sala com dois divãs cor de menta, um sofá verde escuro, um tapetão e uma mesa de chá, tabaco escuro com o tampo em mármore. O chão também era tabaco, e as paredes eram cobertas por um papel de parede creme.

Havia cinco portas e Eli escolheu a primeira à direita, dando de cara com um gigante closet vazio. Arrumou as roupas nos armários de tabaco, assustada com o tamanho. Nem as milhares de roupas de Star couberam nos dois enormes armários. Foi à outra porta.

Havia três caminhas vermelho-escuras, e cada pet se acomodava nestas, mas todos estavam bem animados e agitados. Ela quase podia ouvir os pensamentos dos felinos “Por Elune, como você pode ter ficado tanto tempo longe desse cara?!” Olhou feio para a preguiça deles e deixou a porta aberta, enquanto abria a outra porta.

Elihandrë teve que se apoiar na parede para não desmaiar de susto. Lá estava um enorme banheiro todo de mármore, com uma gigante PISCINA vazia que tinha vários e gigantes peixes marmóreos decorativos ao seu redor. Fechou a porta rapidamente antes que sofresse um ataque de asma.

A penúltima porta dava, finalmente, para um quarto de dormir. Uma cama enorme preenchia quase todo o espaço, os lençóis de seda e camurça azul-escura balançando sobre o suave vento que escapava da sacada. Um dossel azul-claro cobria toda a extensão da cama – que poderia ser maior que uma king size – o piso de carpete, também azul, acariciava seus pés enquanto ela observava as paredes azul-claras.

Suspirou pesadamente e resolveu ver a última porta. Para sua surpresa, ela deu para uma escada redonda de ouro rodeada por vitrais. Curiosa, subiu, dando com um terraço... E uma porta.

Seria mais uma extensão para seu quarto? Logo percebeu que era uma porta como aquela que dava ao seu corredor. Hesitante, abriu-a dando de cara com uma gigante antecâmara. Tinha quase certeza que era outro aposento. Relutante, fechou a porta, e desceu as escadas, voltando para seu enorme quarto.

Temerosa, entrou em seu enorme banheiro. Acendeu as velas nas paredes e examinou os peixes. Cada qual com a boca aberta, e com um tipo de manivela perto das barbatanas. Curiosa, abriu à primeira, e um jato d’água foi espirrado das bocas dos peixes, formando um arco de água morna até a piscina. Quanta água seria gasta enchendo aquilo?! Fechou-a rapidamente. Quando percebeu que três peixes não soltavam água, e virou a manivela destes. O primeiro soltava uma densa espuma branca, o segundo um pequeno fio de xampu e o terceiro outro pequeno fio de algo que parecia sabonete líquido.

Balançou a cabeça, assustada com o exagero. Vasculhou o banheiro, e encontrou um armário com várias toalhas brancas e felpudas, além de um roupão. Finalmente encontrou um chuveiro. Suspirou de alívio e percebeu que este também tinha várias torneiras. Mas como já conhecia o sistema que devia ser semelhante ao da banheira, conseguiu tomar seu banho tranquilamente.

Saiu do enorme banheiro usando nada além de seu roupão, e caminhou até o closet. Observou a altura da lua no céu e percebeu que devia ser umas onze da noite. Vestiu um confortável vestido roxo-escuro que comprara com Star e ficou descalça.

-Você está linda. – Disse lhe a familiar voz de Varian quando abriu a porta do closet. O próprio estava apoiado em um dos divãs.

Eli corou mais uma vez e logo questionou – Não acha que este quarto é um pouco... Exagerado?

-Hum... Só um pouquinho... – Murmurou sorrindo – O meu é maior.

-A banheira no banheiro... Gasta muita água. – Afirmou.

-É... Mas acredite, não é um crime ambiental. Pegamos a água dos córregos, filtramos, usamos em todo o sistema hidráulico do keep. E depois filtramos de novo e devolvemos aos córregos.

Eli suspirou e sentou-se no sofá.

-Parece que tem um quarto no andar de cima...

-Sim... – Disse abrindo um enorme sorriso – É o meu.

E foi o dia em que Eli mais corou. Lembrou-se da frase de Star “Exceto as ligerines. Comprei pensando no Varian, e não vou deixá-lo sem a melhor parte”.

-Eli..? – Perguntou preocupado – Você está ficando roxa... – Eli fez que sim com a cabeça e engoliu em seco. Não satisfeito, ele tomou seu pulso e pressionou levemente, sentindo a pulsação rápida.

Ele a fitou por alguns momentos, até perceber que fora por causa de sua timidez. Jogou a cabeça para trás e começou a gargalhar. Mas então, de repente, parou e olhou firmemente para Eli, que mantinha a cabeça baixa.

-Elihandrë... – Murmurou tomando o rosto rosado entre as mãos – Eu nunca faria nada com você. Eu sempre pediria permissão...

Elihandrë o encarou e sorriu gentilmente.

-Eu sei.

E aquelas duas palavrinhas foram necessárias para que um confortável silêncio se espalhasse pelos dois.

**

Elihandrë acordou em sua imensa cama e se espreguiçou. Sentou-se e percebeu um pequeno bilhete, dobrado cuidadosamente em cima de seu travesseiro.

“Vista-se adequadamente para uma caçada. Estamos esperando-a na sala de jantar. \t\t\t\t\t\t Seu Varian.”

Perguntou-se o que estava acontecendo, e, depois de escovar os dentes, prendeu os cabelos em um rabo alto e vestiu seu velho set.

Desceu os lances de escada e caminhou até a sala de jantares, dando com Varian, Anduin, Star e...

-SHUMURI! – Eli literalmente pulou em cima do amigo.

Shum estava bem mais alto que ela, mas mais baixo que Varian. Também estava bem mais forte e musculoso, as velhas roupas ficando até mesmo um pouco justas sobre a pele esverdeada. Uma barbicha crescera em seu queixo e os longos cabelos verde-escuros estavam presos nas costas.

-Hey Elizinha! – Disse retribuindo o abraço – Há, agora sou mais alto que você!

Shum era o mais novo dos amigos, e Star e Eli foram quase que suas mães/irmãs.

Varian pigarreou ciumento e Eli se separou de Shum.

-Então, para onde vamos? – Perguntou curiosa demais.

-Hoje vai começar nosso treinamento, titia Eli! – Disse Anduin animado.

-Vai treinar com meu filho, os mesmos treinamentos, só que em maior carga. – Disse Varian bagunçando os cabelos do príncipe – Vamos ver se sobreviverão!

**

-Anduin, um bom rei deve ter a força para carregar uma pesada armadura no corpo. Por isso, deve ter força muscular. Hoje, começaremos seu treinamento físico. – Disse Varian entregando-lhe duas sacas de um quilo de pedras cada uma.

-Elihandrë, você precisa ser forte! – Disse Star, e lhe jogou três sacos de dez quilos cada – Agora corre!

E lá foi Elihandrë correndo com as três sacas com Anduin ao seu lado.

**

Depois de terminar a corrida por Elwynn Eli se jogou no chão, o corpo todo dolorido.

-Não acha que está exagerando com a Eli? – Disse Varian vendo-a estirada no chão.

-Nã-nã-ni-na-não! – Cantarolou Star – É para o bem dela.

Varian suspirou e começou a segunda parte do treinamento.

-Bom, Anduin, você deve aprender a confiar nas pessoas certas. – Disse Varian ficando em baixo de uma escada – Pule, se confiar em mim.

Anduin pulou corajosamente e Varian o pegou.

-Você sempre pode confiar em seu pai – Disse abrindo um sorriso – Mas apenas sua família e seus amigos são confiáveis, e às vezes seus amigos podem te trair. Por isso, tenha cuidado.

-Venha Elizinha, você pode confiar em mim! – Disse Star saltitando embaixo da escada de Eli, que tinha o triplo do tamanho da de Anduin.

Elihandrë a encarou temerosa e suspeita, e fez que não com a cabeça.

-Não confio em você Star! – Disse Eli cruzando os braços e mostrando a língua – Eu sei que você não vai me pegaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar – E foi empurrada por Shumuri, caindo com estrondo no chão.

Star concertou seus ossos quebrados em alguns minutos, enquanto dizia:

-Se você tivesse mostrado confiança em mim, eu a pegaria, mas como não, Shum a empurrou! Confiança gera confiança Elizinha!

-Vai tomar no cu, Star! – Disse massageando a cabeça – Se eu pulasse você não teria me pego, e teria dito “Nunca confie em ninguém!”

Star sorriu malignamente – Há sempre uma lição a ser aprendida!

Mas no fundo, Eli sabia que Star estava apenas sacaneando-a. Sempre confiara em Star.

**

-Agora, vamos ver o quão fisicamente aptos estão! – Disse Varian sorrindo – Anduin faça vinte abdominais.

-Eli, cem abdominais! – Disse Star sorrindo malignamente.

Eli revirou os olhos e começou. Seria mais fácil se Anduin não estivesse ali. E começou.

-Anduin, pode parar um pouco para respirar – Disse Varian compreensivamente quando Anduin chegou no quinze.

Eli estava no cinqüenta e sete quando começou a sentir falta de ar.

-Não pare, Elihandrë! Em uma batalha não há descanso!

-Eu... Não... Preciso... De força... Física... – Murmurou – Eu... Tenho... Meu... Arco...

-É, mas e se o cara chegar muito perto?

-Eu... Ataco... Meu... Pet...

-Vai deixar o pet fazer todo o trabalho sujo?!

-Eu... Consigo... Lutar... Mas... Abdominal... É... Foda...

-Você me envergonha, Elihandrë!

**

Estava entardecendo quando a penúltima parte chegou.

-Um rei deve ter força e cuidado, Anduin! – Disse Varian – Então, deve subir as escadas infinitas. – E apontou para os exatos dois mil e setecentos degraus incrustados na montanha.

-Eli, prove que é uma boa Night Elf! Escale a montanha!

-Porra Star! – Resmungou Eli, irritada, descabelada imunda de terra e toda dolorida – Tem uma escada do lado!

-É, mas você deve subir pela montanha!

Elihandrë ficou vermelha de raiva. Isso não era treinamento! Isso era sacanagem da Star! Mas segurou a língua e continuou.

-Onde está o equipamento de escalada? – Perguntou.

-Não há equipamento, querida! – Disse Star – Use as unhas!

Enquanto isso, Anduin começava a subir. Varian observava apreensivo ambos, e Eli começou a escalar.

No início fora até que fácil. Já fizera isto antes, quando teve que se infiltrar em um acampamento em The Barrens. Mas lá, havia equipamento.

Sentia o suor escorrendo por seu rosto, e fazendo com que seus olhos ardessem. Mas continuou subindo, agarrada nas pedras. Analisou o solo ao seu redor e lançou o braço à uma raiz, agarrando-se, e apoiando seus pés onde suas trêmulas mãos estavam apoiadas.

-Vamos lá, Eli! – Disse Star do solo, mas Elihandrë segurou sua vontade de olhar para baixo, e continuou subindo, agarrando em cada lugar possível.

-Star... – Murmurou Varian tenso – Eli está muito no alto... Se cair, será morte.

-Ela não vai cair. – Disse Star, mas logo se preocupou.

Eli puxou mais uma raiz, mas esta estava podre e se soltou, deixando Eli pendurada apenas por um braço.

-ELIHANDRË! – Gritou um desesperado Varian de baixo – DESÇA!

Mas Eli apenas respirou fundo e continuou subindo.

-Shootingstar! – Rosnou Varian – Vá buscá-la! – Disse – Entre na sua flight form e vá buscá-la!

Achando que era o mais prudente, o fez, e voou alguns quilômetros até Eli, que parara.

-Vamos Eli... – Disse Star – Vou te levar para baixo...

-Não... – Murmurou – Agora eu vou terminar! – E continuou escalando. Faltava pouco agora... Alguns metros até chegar ao topo.

Star a encarava apreensiva, e logo, com Shumuri, Varian e Anduin – que parara para observá-la – como testemunhas, Elihandrë alcançou o topo.

Cansada, Elihandrë se jogou na grama e ofegava, de tão cansada.

Star abriu um enorme sorriso. Ela sabia que Eli seria capaz.

**

Eli inaugurou a banheira naquele dia, mergulhando-se na água quente, esperando que esta destravasse os músculos doloridos. Aquele treinamento não tinha nada a ver com combate... Devia ser apenas uma brincadeira de mau-gosto de Star...

Ou talvez, ela realmente precisasse melhorar sua resistência... Nunca tivera músculos desenvolvidos, e sem seu arco e um machado absurdamente leve, não conseguiria ser a guerreira que é. Conseguia resistir a baixas e altas temperaturas, era muito determinada... Mas em questão de força... Era zero a um.

Quando se sentiu completamente relaxada, secou-se e vestiu seu roupão. Vestiu a ligerine azul-escura e o robe também azul, de cetim, que ganhara de Star. Era assim que ela dormia.

Estava indo dormir, quando sentou em outro bilhete. Xingou esperando que fosse alguma piadinha de Star, quando viu que era de Varian.

“Estou te esperando no terraço. Venha vestida para dormir. \t\t\t\t\t\t Seu Varian.”

De repente, o sono passou e Eli foi correndo colocar um pijama mais decente. Infelizmente, a palavra decente não fazia parte do vocabulário de compras de pijama de Star, e acabou apenas vestindo um blusão branco e um shortinho, com o robe negro sobre as roupas.

Subiu as escadas, e lá estava Varian esperando-a, usando nada além de calças de moletom negras, revelando seu definido abdômen. Eli ficou quase que um minuto inteiro apenas olhando para Varian, em uma seqüência que ia de seu abdome, para seus lábios, e para seus olhos.

-Hum... – Disse Varian analisando – Linda, como sempre. – E sorriu, reverenciando – Senhorita, daria o prazer de ser minha acompanhante esta noite?


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Notas finais do capítulo

Eaeeee? Mereço rewiews?



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