Brisa da Tempestade escrita por Isabela_Ulian


Capítulo 10
Capítulo 9 - Para Northrend!


Notas iniciais do capítulo

acho que vocês vão perdoar pelo atraso quando virem o tamanho do capítulo ;p
Espero que gostem



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-Capítulo IV-
Para Northrend!

Elihandrë acordou no lugar onde mais desejava... Aquecida entre os fortes braços de Varian.

Espreguiçou-se e colocou o robe negro sobre as roupas virou-se uma última vez, na porta, e se deu com Varian dormindo tranqüilo, na mesma posição. Beijou rapidamente seus lábios e saiu apressada.

Vestiu o set e saiu correndo do keep. Depois, nos portos, pegou um barco até Darkshore, e por último, um hipogrifo para Run’ Theran. Atravessou o portal, e logo estava em Darnassus.

Era uma cidade tão mais calma que Stormwind... As sentinelas lhe sorriram, e logo estava no Temple Gardens.

-Elihandrë! – Disse Tyrande – Abrindo um caloroso sorriso – Chegou em boa hora! Acabei de dar minha benção no casamento de Star e Tank!

Tank a encarou sério e apreensivo, e Star, estava meio que sem ânimo. Casar-se com Tank seria o maior sacrifício que faria por Darnassus.

Uma vez sozinhas, Star suspirou. – Me perdoe Eli... Mas eu tinha que aceitar.

-Ele é detestável, Star! – Resmungou – De-tes-tá-vel!

-Eu posso aprender a gostar dele...

-Eu não posso, e não vou!

-Eli... – Disse-lhe Star suplicante – Não há outra pessoa... Eu não posso... – E começou a chorar, abraçando a amiga – Eu tenho que fazer isso por Darnassus! Eu não posso deixar que Nevä ganhe o trono!

Star teria que primeiro, se casar, e depois, batalhar com Nevä, para ganhar o trono... A batalha seria facilmente vencida, e o maior sacrifício seria este.

O motivo para que tivesse que se casar? Shootingstar não era filha de Tyrande, mas de sua irmã. Quando a rainha percebera o que sua filha tinha se tornado, procurou algo melhor para Darnassus... E encontrou sua desaparecida sobrinha, princesa Shootingstar. Herdeiros não diretos do trono deviam casar-se para tê-lo.

-Eu sei... Eu sei... Mas você podia ter encontrado algo melhor... Sua tia aceitaria outros homens...

Mas Star não respondeu, e continuou chorando como uma criança...

...Uma criança que nunca fora.

**

Varian acordou com um sorriso no rosto, e tateou a cama... Mas a encontrou vazia.

Fechou a cara e se sentou... Não havia bilhete... Nenhum indício da presença de Elihandrë exceto a lembrança de seus doces lábios em sua pele.

Tenso, como sempre esteve, vestiu seu set depois de tomar uma ducha fria.

Mal saiu de seu quarto, um guarda lhe entregou uma carta.

“Nobilíssimo Rei Varian Wrynn de Stormwind;

Bom dia, e que a Luz de Elune guie os caminhos para Stormwind. Informo-lhe através desta que minha sobrinha, Lady Shootingstar de Darnassus, está mais um passo a frente de sua coroação. Hoje a matutina, recebi a notícia de que está noiva do então conhecido como ‘Tank’.

Meu caro Varian, só tu sabes como confio em vossa sabedoria, e como Shootingstar valoriza vossa amizade. Peço que venha o mais rápido possível para Darnassus, para conhecer e admitir (ou não) este ‘Tank’ na corte da Alliance. Por favor, traga seu adorável filho Anduin, e não se preocupe em procurar Elihandrë, ela já está conosco.

Os meus melhores desejos,

Tyrande Whisperwind,
High Priestess of Elune.”

Varian prendeu a respiração e contou até dez. Então Star iria mesmo se casar com aquele cretino.

Por mais que odiasse deixar Stormwind sozinha, não podia deixar que Tank ficasse muito a vontade junto à corte.Deixou seu mais confiável general tomando conta da cidade, e foi aos portos, acompanhado de Anduin, animado. Ele amava Darnassus.

Mas antes de sair, passou em uma joalheria e pegou – até que enfim pronta – sua encomenda.

As sentinelas os acompanharam até os Temple Gardens, e lá encontrou uma pensativa Tyrande.

-Adorável, como sempre. – Disse Varian reverenciando-a.

-E como sempre, galante. – Retrucou dando um tapinha em seus ombros.

Os olhos perspicazes de Varian vasculharam o local, procurando por Tank e Elihandrë, enquanto os outros convidados chegavam.

O mais tenso, era o fato de que todos cumprimentavam Varian por seu... Ganho. Como ninguém sabia muito sobre Tank o assunto foi diretamente direcionado para Elihandrë.

-Estive conversando com um dos meus homens... – Disse Bronzebeard – E lhe perguntei sobre Elihandrë. Acreditam que ela recuperou o tesouro de Uldaman? E não quis levar nem ao menos uma peça?!

-Não brinque! – Respondeu Jaina – Eu já a vi em Theramore uma vez, lutando com meus homens, nas docas... Mas, há muitos elfos em minha cidade...

-Ela já se infiltrou em Gnomeregan! – Disse Mekkatorque – E me trouxe valiosas informações.

E Varian não podia deixar de sorrir, algo que fazia com pouca freqüência quando próximo aos seus companheiros de batalha.

-Mas no fim... – Disse Tyrande – Sempre ficou nas sombras, deixando que outros levassem crédito pelo que fez.

Velen, então, suspirou – Isso sempre acontece, não?

Todos ficaram calados, até Tyrande quebrar o silêncio.

-Com licença... Façam-se a vontade, vou buscar Shootingstar.

E os olhos perspicazes de Varian foram os primeiros a identificar Tank, envolto nas sombras, em um canto do Temple Gardens. Decidido, abriu um sorriso cruel e pediu licença a seus aliados.

-Meu rei... – Murmurou Tank extasiado – Foi o primeiro a perceber minha...

-Cale-se. Sabe por que vim para cá falar-lhe a sós? – Perguntou segurando em seu pescoço, e o erguendo do chão. Tank engoliu em seco – Ah sim, você sabe... O único motivo para não matar-te é que estamos em um lugar muito puro... Um lugar tão puro que não merece seu sangue sujo para sujá-lo.

-Senhor... Por que... Tanto... – Murmurou sufocando.

-Se você tocar de novo em Elihandrë... Ou, se ela expressar o menor desejo de ver sua cabeça em uma bandeja de prata... – Ele, repentinamente, ficou sério – Farei questão de terminar com sua vida usando nada além de minhas mãos. Já fui um gladiador, e sei como fazê-lo.

Tank fez que sim com a cabeça.

-Agora... Aja naturalmente, como se nada tivesse acontecido.

**

-Eli, você está escondendo algo de mim. – Disse Star suspeita, enquanto Elihandrë amarrava o vestido em suas costas – Te conheço muito bem...

-Star... – Disse Eli pesando as palavras – Sabe que não consigo mentir para você, então lhe pergunto: Você quer ao menos um pouco de felicidade no seu casamento?

-Sim...

-Então não me pergunte nada. – Respondeu dando um pequeno nó – Vamos fazer da mesma forma que você fez comigo quando éramos crianças... Você escondeu o fato que o orfanato tinha falido, para que eu continuasse feliz. E eu estou te escondendo algo para que continue feliz. Certo?

Star suspirou. A ignorância era uma benção e uma maldição.

-Ok...

-Ótimo... – Elihandrë olhou Star de longe, se admirando. O longo vestido era verde e azul-noite, bordado em prata. Um pequeno diadema de prata rodeava sua fronte, com a marca de uma pata de gato em sua testa e não usava sapatos. Ela estava, realmente, linda.

Elihandrë usava algo bem mais simples: Um vestido tomara que caia em formato de coração, bem justo até a cintura, revelando a cintura fina e avantajado busto, e descendo em uma saia leve até suas coxas, cor de uvas, sem nenhum bordado ou estampa. Os sapatos altos de cor negra realçavam suas pernas, e os cabelos presos em um coque alto revelavam inocentemente seu pescoço e ombros nus.

Tyrande bateu a porta e encarou sorridente sua sobrinha – Mais um passo para o futuro de Darnassus. Se algo acontecer comigo... Você será rainha.

Star sorriu – Mas nada acontecerá, tia. Então, apenas governarei ao seu lado.

Tyrande abriu ainda mais o sorriso e voltou-se para Elihandrë – Você fez Varian sorrir espontaneamente. – Disse Tyrande, até mesmo um tanto espantada – É... Incrível... Está de parabéns, Elihandrë Moonbean.

Elihandrë corou e agradeceu, e deixou Shootingstar e Tyrande descerem primeiro.

**

Todos cumprimentaram Star, e depois de algum tempo, veio Tank. Ele evitava falar muito... O olhar de Varian não lhe permitia. Limitava-se apenas em assentir e agradecer aos parabéns.

Algum tempo depois, Elihandrë desceu, tentando agir discretamente... Mas mal Varian a viu, e já se encaminhou para sua direção.

-Foi embora sem me avisar... – Murmurou puxando-a para perto pela cintura e fazendo-a caminhar ao seu lado.

-Se eu demorasse demais... – Respondeu – Acabaria não indo.

Só então ela percebeu que toda a nobreza estava presente.

-Hum... Varian... – Disse se afastando um pouco, e sendo puxada de volta.

-O que?

-Pode... Soltar-me?

-Não. – Respondeu Maroto – Tenho que exibir minha linda namorada.

Elihandrë sorriu – Eu sou sua namorada?

-Não, o Mekkatorque. – Respondeu revirando os olhos – Acho que não fiz o pedido oficial... Vamos deixar isso para mais tarde... Agora, as apresentações...

-Não! Eu... – Mas calou-se quando se aproximou demais dos Líderes.

-Calma Eli... São só pessoas... Exceto o Velen. – Brincou.

Por educação, continuaram tentando conversar com Tank. Mas ele não permitia, e acabou isolado... Star conversava com Bronzebeard, e, depois de algum tempo foram conhecer Elihandrë.

Velen a encarava da cabeça aos pés, e ela se sentia um tanto incomodada com seu olhar. Bronzebeard a encarava com um sorriso gentil e até mesmo acolhedor. Mekkatorque estava com um sorriso bobo e ficava olhando para cima a todo o momento. Tyrande continuava a de sempre, e sua presença já não era desconfortável para Eli. Star a fitava com um olhar determinado e até mesmo zombeteiro, por causa de sua timidez.

Era uma reunião mais fechada, e apenas a nobreza de mais alta patente esta reunida...

Anduin estava conversando com duas sentinelas, com um esquilo no colo, observando seu pai ao longe. Por mais incrível que parecesse, ele não sentia ciúmes de Elihandrë... Pelo contrário! Ele gostava da presença da elfa, fazia com que se pai ficasse feliz...

O almoço foi servido, e todos comeram... Bronzebeard bebeu mais do que devia... E ficou espalhando por aí que Elihandrë e Shootingstar eram suas melhores amigas.

Era incrível que na Alliance, os reis pareciam estar mais unidos... Mesmo com Velen quieto em seu canto, sem falar muito...

Foram convidados a ficarem até tarde em Darnassus... Mas poucos podiam. Tinham as próprias cidades para governar e reinos para cuidar. No fim, ninguém pode ficar.

Elihandrë se despediu de uma cansada, e até mesmo cabisbaixa Shootingstar, sem antes tê-la convidado a visitar seu novo quarto. Star forçou um sorriso e voltou ao Temple Gardens.

Elihandrë, Varian e Anduin voltavam para Stormwind de barco... Só Deus sabe como Varian odiava viajar de barco. Sentia um freqüente enjôo e tensão, ainda mais quando seu filho e sua namorada estavam presentes. Ele sempre se lembrava do ataque das nagas...

Mas, graças aos céus, chegaram inteiros à Stormwind, Varian, de fato, muito enjoado, Elihandrë preocupada e Anduin rindo com o estado do pai.

**

Elihandrë sabia que a vida de Shootingstar seria um inferno ao lado de Tank... Mas não havia muito que fazer... Suspirou pesadamente e saiu do keep discretamente, usando uma capa negra escondendo seu corpo e rosto. Era mais fácil fazer o que era preciso desta forma.

Os dois guardas a seguiam como sombras silenciosas e protetoras, também envoltas por capas negras.

Caminhou até o Trade District, e terminou suas ações.

-Dama Negra... – Sussurrou um menininho entre a multidão – Você... Você é Elihandrë?

Elihandrë pegou discretamente na mão do menino e o guiou, com os guardas, para uma taberna vazia.

-Sim, eu sou. – Abaixou a capa – O que precisa?

-Aqui, esta carta... – E entregou o envelope – Um elfo me mandou entregar. – E estendeu a mão, esperando a gorjeta. Elihandrë deixou duas moedas de prata e encarou o envelope.

“Para Elihandrë Moonbean, elfa de Stormwind,
                --Um amigo de vossa mãe, Alëerina, gato nas sombras.
                É expressamente importante que você leia
sozinha.

Elihandrë arfou. Um amigo de sua mãe...

-Lady Elihandrë? – Perguntou um dos guardas – A senhorita está passando bem?

Elihandrë engoliu em seco e fez que sim com a cabeça.

**

Sozinha no silêncio de seu quarto, Elihandrë fitou o envelope mais uma vez. Podia ser apenas uma brincadeira de péssimo gosto... No entanto, poucos chamavam sua mãe de Gato nas Sombras, era quase que seu codinome Druid.

Receosa abriu o envelope, esperando uma piadinha... No entanto, a carta era de caráter sério.

“Lady Elihandrë, elfa de Stormwind,

Só Elune sabe o quanto estive a procurando. Levou um bom tempo para os Druids de Cenarion Enclave a encontrarem. Quando vimos seu rosto no jornal, a associamos diretamente com Alëerina.

Sua mãe, como já deve saber, era uma poderosa Druid... E provou seu valor diversas vezes. Isto foi o suficiente para que confiássemos em sua família o mais poderoso objeto de toda Azeroth. Não vou falar muito sobre isto nesta carta, temo que caia em mãos erradas.

Varian irá para Northrend semana que vem. Arranje uma forma de ir com ele, e me encontre no inn de Dalaran, de manhã.

Deve estar se perguntando se deve confiar em mim... Bem, faça a seguinte pergunta a Varian: “O que você mais odiava em Crimson Ring?” e ele irá responder que era a falta de atendimento médico.

E, se não for incômodo, peço que isto fique apenas entre nós.

Afetuosamente,
Broll Bearmantle.”

-Eli? – Disse a voz de Varian batendo na porta.

-Um minuto! – E guardou a carta na gaveta do criado-mudo, apressada, para depois abrir a porta.

Mal abriu a porta, Varian já entrou e a puxou pela cintura, para cima, tirando seus pés do chão e mantendo seu rosto na altura do dele.

-Oi.

Elihandrë suspirou e afundou a cabeça em seu pescoço, o peso do mundo em suas costas. Não apenas pela carta, que revelaria algo sobre sua mãe, mas também sobre o que estava escondendo de Star.

-O que foi Eli? – Perguntou se preocupando, pegando-a no colo gentilmente e colocando-a no divã, em cima dele – Alguém fez alguma coisa? Falaram alguma coisa que você não gostou?

-Não... – Murmurou, ainda com o rosto escondido em seu pescoço.

-Então o que aconteceu?!

Eli engoliu em seco e tentou pensar no que podia falar a ele. Nada sobre a carta, naturalmente, mas talvez pudesse se abrir um pouco sobre o problema de Star...

-Star... – Murmurou – Indo viver com aquele maldito Tank...

Varian estreitou os braços em volta de Eli... Como ele odiava aquele homem!

-Eu sei que você nunca guardou segredos dela... – Respondeu Varian, medindo as palavras – Ainda assim... Bem, você sabe que Darnassus precisa de uma boa rainha, e Star seria a mais qualificada para tanto... Mas às vezes, Eli, quando se é um rei, é preciso por a própria felicidade a baixo do que o reino. Eu, por exemplo... – Disse tomando seu rosto e fazendo com que o fitasse – Me casei com Tiffin. E este foi um dos maiores sacrifícios que fiz.

-Por quê? – Respondeu Eli pasma.

-Pelo simples fato de que ela era fútil, estúpida e absurdamente obtusa. – Varian suspirou – Casar-me com alguém do povo me traria ibope. O povo teria mais confiança em mim... Então encontraram Tiffin, uma moça frágil e bonita, no entanto burra e inocente demais.
                “Tive que aprender a gostar dela, e com algum esforço, depois que nosso filho nasceu, acabei formando uma amizade com ela. Ela me ajudava a controlar meus acessos ocasionais de raiva e eu a ensinava etiqueta e etc.”
                “Quando ela morreu... Bem, eu me senti absurdamente culpado. Culpado por não ter a amado, por não ter sido sua família... Entrei em uma funda depressão por causa da culpa...”
                “E então já deve saber a história, Crimson Ring e blá, blá, blá, ate estar aqui agora...”

Eli ficou quieta por um momento, e depois perguntou tensa, com medo de acabar se machucando...

-Eu sou algum tipo de sacrifício, Varian? Para ganhar uma aliança com os Night Elves ou...

Varian bufou puto da vida e revirou os olhos – Por favor, Elihandrë! – resmungou – Se fosse um sacrifício, acha que eu faria tanta questão de tê-la por perto? Ou a apresentaria aos outros reis?

Eli corou envergonhada – Então você gosta mesmo de mim?

-Eu não gosto de você Elihandrë. – Respondeu, fazendo com que Elihandrë arqueasse as sobrancelhas – Eu amo você.

E então, cuidadosamente como sempre, segurou seu rosto com ambas as mãos e fechou os olhos, sentindo a respiração acelerada de Eli... Ele amava aquele respirar suave e delicado... Ele amava sentir sua pulsação acelerada, quando beijava seu pescoço, quando colava seu peito no do dela... Ele amava tudo em Elihandrë... Primeiro, vagarosamente, juntou seus lábios nos do dela, sentindo o calor de seu hálito... E apenas depois, a beijou delicadamente, como se fosse uma peça rara de porcelana.

O beijo terminou cedo demais, a mão de Eli no peito de Varian, e a outra em volta de seu pescoço.

-O seu coração nunca acelera... – Comentou Elihandrë arfante.

-Em compensação, o seu... – E com este comentário, pareceu que tinha acelerado ainda mais. Varian jogou a cabeça para trás e começou a gargalhar.

-Você tem bastante controle sobre seu corpo. – Comentou Eli.

-De fato. Aliás, daremos continuidade a seu treinamento daqui a duas semanas.

Elihandrë engoliu em seco.

-Mas não se preocupe, desta vez não vamos te sacanear. Eu vou te ensinar a lutar de verdade.

-Você?

-Sim, quem mais?!

-Você é um Warrior! E eu sou Hunter! Isso não faz muito sentido.

-Você vai aprender a lutar... Da sua forma, só que melhor.

-Como?

-Lutando contra um rival de verdade. – E ele a encarou sugestivamente.

-Varian, eu não estou entendendo aonde você quer chegar... – Murmurou.

-Você lutará contra mim.

Elihandrë arregalou os olhos, espantada – Você tá me zoando, né?

-Não.

-Varian, como você espera que eu lute com você?!

-Vou pegar leve, relaxe.

Elihandrë continuava pasma. Lutar contra Varian seria quase que um suicídio. Ela já o vira em batalha antes,no keep.

Varian estava brincando com o cabelo de Elihandrë, sem perceber o receio dela. Lembrou-se da carta, e resolveu perguntar, ver se podia confiar na carta...

-Varian... – Murmurou.

-Sim?

-Eu não fiquei muito tempo em Crimson Ring, apenas um dia... – Ele a encarou apreensivo.

-Sorte sua. Mas qual é seu ponto?

-O que você mais odiava lá? –Perguntou inocentemente, tentando esconder.

-Por que a pergunta?

-Curiosidade... – Mentiu descaradamente.

Elihandrë definitivamente não sabia mentir, mas estava fazendo seu melhor. Afinal, era algo sobre sua mãe.

Varian sustentou o olhar de Eli por algum momento, mas no fim, não viu mal algum na pergunta.

-As pessoas morriam o tempo todo. – Disse – E sabe o que faziam? Nada. Não havia nenhum médico, ninguém para ajudar aqueles feridos, que não morriam no campo.

Elihandrë sentiu a ira na voz de Varian e estremeceu. Mas, pelo menos, sabia que a carta era confiável.

-Desculpe... – Sussurrou Eli.

-Sem problema. – Respondeu recuperando a calma.

Agora era encontrar uma forma de ir para Northrend com Varian... Mas ele não sabia que Elihandrë sabia que ele iria, então ela teria de ser sutil.

-Vai fazer algo semana que vem? – Perguntou.

-Na verdade, irei... – Disse Varian – Por quê?

-Sei lá...  A gente poderia viajar para algum lugar mais calmo, sabe?

Varian riu – Vou para um lugar que pode ser tudo, menos calmo.

-Posso perguntar para onde?

-Você pode perguntar qualquer coisa. – E sorriu puxando-a para mais perto – Vou para Northrend.

-Northrend?

-Isso mesmo.

-Nunca fui para lá... – Varian pescou a indireta.

-E nunca irá! – Disse – Lá é um lugar horrível, Elihandrë! Frio, melancólico e sujo! Sujo daqueles demônios da Scourge!

-Eu não tenho nada contra a Scourge... – Murmurou Elihandrë – Muitos Death Knights já se juntaram a Alliance.

Varian bufou – Estou falando dos servos do Lich King. Aqueles que não se libertaram. Todos tão monstruosos quanto o próprio rei.

-Eles estão sob o comando do rei! Não é culpa deles.

Varian sorriu cruelmente – A pesar de não ser culpa deles... Continuam assassinando nossos homens sem dó ou piedade.

Elihandrë não pode contestar, desta vez.

-Ainda assim, Varian... Eu tenho tanto direito de ir para Northrend quanto qualquer um de seus humanos.

Varian me fitou tenso – Por favor, Eli! Não insista!

-Varian, acho que você não sabe uma coisa sobre mim.

-O que?

-Quando eu quero uma coisa, eu consigo. E agora, eu quero ir para Northrend. Se você vai colaborar ou não, é sua escolha.

-Onde você arranjaria uma armadura adequada para o frio? – Perguntou erguendo a sobrancelha.

-Compraria com noventa por cento de desconto de Muradin.

Varian estreitou os olhos – E onde arranjaria dinheiro?

-Star me deve de algumas apostas. – Blefou, mas ele pareceu acreditar.

-Mando fechar os portos para você!

-Eu entro escondida em uma caixa de carregamento.

-Eu ordenaria que eles revistassem tudo!

-Então eu pagaria para um Mage me tele transportasse para lá.

-Eu mataria o cara depois!

-Então eu pegaria o teleport com alguém neutral.

-Eu te tranco dentro do quarto! – Gritou com uma veia saltando da testa.

-Eu pulo a janela.

-Há, é alto! Você quebraria a perna ou algo do tipo.

-Eu escalei uma montanha, Varian! Pular uma janela seria piada.

-Então eu te amarrava na cadeira!

-Meus pets arranhariam as cordas até ela se soltarem.

-Eu prendia seus pets!

Elihandrë riu – Tente!

Frustrado, Varian grunhiu – Elihandrë Moonbean, como seu rei, eu ordeno que você não vá para Northrend.

Elihandrë sabia que era a última cartada dele, que usaria apenas como último recurso, e suspirou... Uma hora ou outra, ele cederia. Era questão de tempo.

Elihandrë, ignorando o fato de que Varian estava tremendo de raiva, se aproximou e tocou rosto delicadamente com os dedos, chegando mais perto vagarosamente. Ele fechou os olhos teimosamente, como se resistisse a algum tipo de tortura.

-Varian... – Murmurou gentil e sedutoramente.

-Não!

-Varian... – Repetiu, mordendo os lábios, justamente quando Varian cometera o erro de abrir os olhos e ver seu rosto tão próximo do dele.

-Não... Posso!

-Pode sim... – Sussurrou provocantemente em seu ouvido.

Varian parou de tremer, e Eli sabia que estava quase na hora que ele cederia.

-Eli... E se você se machucar? – Sussurrou temeroso.

-Eu não vou me machucar... Eu nunca o deixaria sozinho...

-Eli... – Sussurrou – Eu... Eu não posso te perder agora...

-E você não irá. Eu prometo.

Varian fitou aqueles maravilhosos olhos perolados e suspirou um sim. Ele não podia mandar nela, sempre soube disso... Por mais que tentasse fazê-la ver que era perigoso... Não conseguia.

-Ok, mas tenho condições.

-Como quais? – Disse Elihandrë suspirando.

-Não adianta Elihandrë, terá que seguir minhas regras. Ficará em minha companhia vinte e três horas por dia, não nem saber de você sumindo de repente. Não quero precisar me preocupar com você. E, se por acaso, tiver que ir a algum lugar sozinho, você ficará com a minha melhor escolta, de no mínimo trinta guardas.

Elihandrë sabia que nesta situação, o melhor seria ceder.

-Ah, e outra coisa! Eu vou te comprar a armadura contra o frio. E nem adianta contestar! Entendeu?

-Não entendi o porque de vinte e três horas por dia.

Varian abriu um sorriso maroto – Bom, se você quiser pode ser vinte e quatro... Desde que você não se importe em tomar banho comigo...

-Deixa quieto... – Murmurou corando furiosamente até a raiz dos cabelos – Vinte e três horas estão ótimas.

**

-Varian, eu não vou lutar nem nada! – Disse Elihandrë irritada enquanto ele escolhia a armadura – Porra Varian, você está exagerando!

A pesada armadura tinha tudo o que um Tank iria precisar. Resistência ao frio, – claro – no entanto, havia alguns requisitos a mais, como centenas de pontos de stamina, de força e qualquer outra coisa que faria um guerreiro experiente suspirar.

-E se um urso te atacar?

-Eu não ia ficar com você vinte e três horas por dia?! E qual é, eu não preciso de uma armadura dessas pra matar um urso!!!

-Não conteste!

O um quarto Dwarf, Henin observava deliciado as moedas de ouro que Varian gastava sem pensar duas vezes.

Mas, no fim, a única coisa que incomodava Elihandrë era o dinheiro que Varian estava gastando nela. Nem em um milhão de anos ela conseguiria pagar aquela divida. Mas... A armadura tinha um balanço perfeito, não impedia seus movimentos, como a maioria. Era resistente, mas maleável... Era simplesmente perfeita.

-E só. – Disse Varian terminando de prender a calça nas pernas de Eli – Agora calce as botas.

Elihandrë suspirou e obedeceu. A dívida valeria à pena?

Suas pernas fortes, o busto definido, a cintura fina... Por mais incrível que parecesse, estavam sendo exibidas através das camadas de tecido, pele e metal. A armadura branca quase que reluzia, e Elihandrë suspirou, tanto pela perfeição quanto pelo preço do set.

-Ficou ótima em você... Além de ser a coisa mais protetora que vai encontrar por aí.

-Ok, são oitocentas mil, seiscentas e noventa e sete moedas de ouro.

Elihandrë podia jurar que sentiu seu coração gelar.

Varian o encarou de uma forma que Elihandrë desconhecia, como se o pressionasse.

-Mas... Mas para o rei de Stormwind... Faço um terço do preço!

Varian riu e colocou a quantia na mesa do anão, e seus olhos brilharam.

O anão a empacotou e Elihandrë saiu cabisbaixa da loja, no consulado anão de Stormwind. As sacolas seriam enviadas ao keep mais tarde, para não comentarem.

-Droga Varian, como eu vou te pagar tudo isso?!

Varian revirou os olhos e bufou.

-Foi um presente. Fala que você não gosta?

-Eu gosto de presentes, exceto quando eles custam duzentos e sessenta e seis mil, oitocentos e noventa e nove moedas de ouro!!!

Ele sorriu – Fez os cálculos rapidamente.

Mas ele continuou percebendo o olhar preocupado de Eli.

-Sério Eli... – Murmurou – Foi um presente. É um prazer te proporcionar tudo que você precisa.

-Varian, entenda... O que eu posso te dar em retorno?

E ignorando que estavam no meio de vários cidadãos, Varian puxou-a a beijou ardentemente,enquanto vários dwarves faziam sinal de positivo, batiam palmas e riam.

-Isso. – Disse voltando a caminhar, alegre, reverenciando os dwarves.

-Aí sim que vão me chamar de prostituta... – Disse ficando vermelha.

-Relaxe, Eli. A gente nunca...

-Shiiii! – Disse tapando a boca dele.

Varian riu com a nóia de Elihandrë.

-Então, vamos ver um grifo agora? – Tentou.

-NÃO!

Varian suspirou – Mas uma hora ou outra você vai precisar de um grifo! E quando...

-Varian Wrynn! Se continuar tentando me dar presentes caros, eu vou ir morar com a Star!

Ele levou a ameaça a sério e ficou quieto.

**

Estava tudo pronto para a viajem. Varian e Elihandrë esperavam pelo navio atrasado, nos portos. Os cidadãos ficavam circulando ao redor do monarca, com receio de perguntar-lhe o que pretendiam em Northrend e porque estava levando Elihandrë consigo. Ambos encaravam o horizonte, os cabelos soltos de Elihandrë sendo lançados ao vento, graças a marina.

Uma criança, sem receio, se aproximou, sendo repreendida pelos olhares dos adultos.

-Você é Elihandrë. – Afirmou sem receio, e Eli encarou a menina. Devia ter uns seis, sete anos...

Eli sorriu o mais gentil que pode – Isso não foi uma pergunta. – Respondeu.

Tímida, a menina estendeu a mão, lhe oferecendo um buque de flores.

Elihandrë pegou cuidadosamente, quase as esmagando por causa das luvas metálicas que usava – É muito gentil de sua parte. Qual vosso nome?

Varian encarava Elihandrë apreensivo... Muitas pessoas estavam observando.

-... Bem Maria, são lindas flores, muito obrigada. – Disse sorrindo – O que posso fazer para agradecer?

Maria encarou Elihandrë temerosa – O orfanato está precisando de ajuda. A dona estava com vergonha de pedir ajuda, mas... Bem, eu acho que você podia ajudar.

Elihandrë encarava pasma a criança, pedindo ajuda diretamente para ela.

-Maria, querida... Eu... Eu não sou rainha de Stormwind, não tenho poder de mudar muita coisa... – Sussurrou abaixando-se.

-Eu sei... Mas você é namorada do Valoroso Rei Varian Wrynn.

-Eu vou falar com ele, então. Acho que é só isso que posso fazer.

-Obrigada, Dama Elihandrë! Você... A senhora... – Logo se corrigiu – Pode nos visitar?

-Mas é claro.

A menina sorriu e saiu correndo.

Elihandrë levantou-se e fitou Varian, que a fitava com um olhar admirado e apaixonado.

-O que? – Perguntou corando.

-Nada. – Respondeu sorrindo – Mas a partir de agora, eu não serei o único a te amar. E beijou inocentemente seus lábios – Logo sua popularidade com o povo irá melhorar – Sussurrou.

Depois de alguns minutos, um navio se aproximou... Mas ao contrário do que se esperava, não era o típico navio que os levaria a Northrend.

Varian, inesperadamente, ficou rijo e encarou as palavras gravadas na madeira...

Wood Maiden.


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Notas finais do capítulo

Eeeeentão, um cap. tão grande merece rewiews?



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