Brisa da Tempestade escrita por Isabela_Ulian


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Princípio




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-Capítulo I- Agradecimentos Inconvenientes

    Elihandrë se sentia absurdamente confortável. Isso era muito estranho, pois a última vez que se sentira desta maneira, ela era apenas uma criança. Em toda sua maioridade, ela nunca se sentira em um lugar tão macio, tão fofo e tão quente. Geralmente, ela acordava em um chão duro, uma relva seca ou na melhor das hipóteses, em uma cama esburacada de um Inn barato.

    Justamente por isso, Elihandrë levantou-se de um pulo, abrindo os olhos, mas sentindo uma forte pontada no estômago. Seus olhos percorreram o aposento onde estava: uma cama de lençóis brancos, assim como o dossel. As parede eram azul-claras e havia alguns móveis encostados na parede. No entanto esta não estava sozinha. Havia uns cinco homens vestindo as túnicas da Cathedral Square e sua melhor amiga, ShootingStar estava ao seu lado, absurdamente irritada.

    -Star!?

    -Pqp Eli! Tudo o que eu te ensinei foi em vão!? Você não aprende nunca, né!?

    -Mas...

    -Sem mas!

    Então ela se recordou rapidamente do que acontecera.

    -Anduin! Onde está Anduin!? Eu fui atingida tentando salvá-lo!

    -Com tudo que eu te ensinei, você podia ter salvado o príncipe E ter se salvado!

    -Pô, salvar o príncipe não é suficiente!?

    -Blá, blá, blá! – O olhar de Star aos olhos de Elihandrë queimava absurda e malignamente. Mas era o jeito dela de expressar preocupação.

    -De qualquer forma, - Só então Elihandrë se deu conta da presença de Wrynn, sentado em uma poltrona mais afastada. Naquele momento ela corou de vergonha. – Você salvou o meu filho, e não é apenas Stormwind que tem uma dívida a ser paga com a senhorita, mas eu pessoalmente devo lhe agradecer da forma que acharmos adequado. – Sua voz não era mais daquela forma que fazia com que você o admirasse, mas de uma forma sincera, calma e até mesmo serena.

    Por alguns momentos, Elihandrë o encarou surpresa. O que ele estava fazendo ali? Melhor, porque ela estava sendo tão bem cuidada!? Em qualquer outra situação, deixariam que ela morresse! Porque este cuidado nesta altura do campeonato!?

    -Foi um prazer, meu rei. – Respondeu abaixando o olhar – Servir à Alliance é apenas meu dever, e sinto-me satisfeita por ter o feito com mérito. – Tentou se levantar, mas sentiu uma enorme dor e vertigem.

    -Calma, calma... – Disse um healer. Não pode se levantar agora. Quando foi ferida as paredes de seu estômago se quebraram e há suco gástrico em seu sangue, além de sangue em seu estômago e uma ferida não cicatrizada.

    Só então Elihandrë percebeu que usava um roupão branco felpudo.

    -Onde estão as minhas roupas!? – Perguntou indignada.

    -Nós a estamos lavando para a senhorita, no...

    -Por quê!? – Perguntou envergonhada e indignada. – Eu podia lavá-la eu mesma!

    -Eu achei que seria melhor se fosse lavada. – Disse Star, deixando Elihandrë irritada – Afinal, aquilo estava mais sujo que a boca do Tank!

    -Algumas pessoas não têm a conveniência de ter alguma coisa para lavar a roupa todo dia! Ou melhor, algumas pessoas não têm a conveniência de ter um palácio à disposição!

    -A qual é, você que escolheu viver no meio do mato!

    -Eu não...

    -Star tinha me dito que vocês discutiam bastante. – Disse Wrynn – Mas devo admitir que vocês duas podem causar dor de cabeça até mesmo a um monge.

    Ficamos em silêncio, eu ficando cada vez mais vermelha e Star segurando o riso.

    -Você não tem onde morar, Elihandrë? – Perguntou Wrynn.

    “Ah não!” Pensou Eli.

    -Não que eu não tenha onde morar, senhor...

    -Você tem algum lugar onde pode ficar sem pagar? Ou talvez, pagando um aluguel?

    Não pude deixar de rir descaradamente, apesar da vergonha.

    -Pagar um aluguel!? Eu mal tenho dinheiro para me manter em um Inn! Vivo de ações na Auction House e missões bem sucedidas!

    -Então você não tem casa nem dinheiro?

    -Não disse que não tenho dinheiro! – Continuou apressadamente – Tenho dinheiro, trabalho muito por ele, mas tenho que gastá-lo quase todo em cuidados em meus pets e em manutenção a minha armadura.

    -E casa?

    -Eu... – Resmungou – Não preciso de casa.

    -Bom então, eu vou lhe dar uma proposta, - Disse Varian Wrynn sério – venha morar no keep, conosco.

    -O que!?

    -Ela aceita! – Disse Star alegremente.

    -Não! – Disse – Não! Nunca! Eu recuso!

    -Não gosta de minha morada? – Perguntou Wrynn surpreso.

    -Não foi o que disse. – Respondi apressadamente – Eu apenas não posso aceitar!

    -Claro que pode! Ela já aceitou! – Continuou Star com um assustador sorriso em seu rosto.

    -O que..?

    -Então está feito. – Disse Wrynn – Vou mandar que um soldado traga seus pets para cá. Tem alguma outra coisa de valor?

    Elihandrë não respondeu. Estava muito pasma para fazê-lo. Apenas o encarava incrédula.

    -Ela tem algumas roupas guardadas na minha casa. – Disse Star – Vou trazê-las para cá eu mesma... – Star fez uma cínica cara ensaiada e continuou – Coitadinha, deve estar sentindo dor... Apliquem mais um pouco de anestésico.

    E assim, Elihandrë apagou mais uma vez, depois da mais estranha negociação de sua vida.

**

    Elihandrë acordou assustada, e, em um gesto automático, levou a mão ao estômago. Sua barriga estava cuidadosamente enfaixada por baixo do roupão branco. Ainda estava no keep de Stormwind, e o sol se punha na janela. DarkSirius, Wraëm e Allaïs, seus pets, dormiam ao seu redor e ela suspirou pesadamente.

    Abriu uma gaveta da cômoda, e viu todas as suas roupas cuidadosamente dobradas, inclusive as vestes de festa, que costumava guardar na casa de ShootingStar. Isso não podia ser um bom sinal.

    Bebeu água em um copo no criado mudo ao lado de sua cama de casal e tentou organizar as ideias, quando reparou em um pequeno bilhete dobrado cuidadosamente, com a conhecida caligrafia de Star.

    “De nada!”

     Elihandrë xingou e jogou o bilhete em uma das gavetas. Abriu uma porta quando viu que havia um banheiro naquele quarto. Seu reflexo descabelado, pálido e com o rosto amassado de tanto dormir a fitou preocupada. Ela não podia continuar morando no keep de Stormwind.

     Desenfaixou cuidadosamente sua barriga e reparou na linha quase-cicatrizada na altura de seu estômago. Ficaria marca... Mas Elihandrë gostava de cicatrizes. Fazia com que ela se lembrasse o porquê de treinar, o que aconteceria com ela se fosse descuidada... Como fora naquele momento.

    Lavou o rosto com água fria e vestiu uma túnica branca. Caminhou para a outra porta e a fechou com um baque suave. Apesar de querer sair imediatamente de Stormwind, ela ainda tinha o que fazer naquela caótica cidade: Coletar o dinheiro ganho em suas ações e agradecer aos membros da Cathedral Square por terem cuidado tão bem dela.

    Terminou de coletar o dinheiro e foi a Cathedral Square agradecer humildemente. Os membros disseram que era a obrigação deles, e Elihandrë segurou a língua quando considerou a ideia de resmungar algo como “Bem, então onde vocês estavam durante as guerras?” Mas não. Apenas sorriu timidamente e saiu da Cathedral Square.

    Voltou ao keep depois de comprar uma bolsa maior. Estava pensando em onde guardaria todas aquelas roupas... Star não aceitaria sua fuga ao keep. Talvez as vendesse... Talvez gastasse algum dinheiro extra no banco para guardar os vestidos de material fino...

    Chegou ao keep e começou a guardar suas coisas, enquanto conversava com seus pets.

    -Sim eu sei que aqui é confortável! – Disse – Mas não é nosso lugar.

    Allaïs, a rara tigresa, que trabalhara com seu pai e agora era guardiã de Elihandrë, rosnou.

    -Eu sei, eu sei... Eu também não gosto de colocar vocês com aqueles desconhecidos... – Elihandrë se referia aos homens que cuidavam de seus pets quando estava em viagem. Ela só conseguia levar um pet por vez. Geralmente era Wraëm ou DarkSirius... Allaïs já era um tanto velha, apesar de ser, aos olhos de Elihandrë, sábia.

    Wraëm estirou-se na cama de casal e deu um baixo rugido.

    -Ah, pare de ser dramático! – Disse Elihandrë virando os olhos – Parece até que você dorme sobre seda todo dia! – Elihandrë fechou sua bolsa e estava prestes a trocar a túnica por seu velho set meio leather meio mail. Ainda estava guardando dinheiro para completá-lo inteiro como mail... Mas era caro.

    Estava colocando suas botas quando ouvi uma batida na porta.

    -Entre. – Murmurou, e um guarda entrou.

    -Com licença, Lady Elihandrë, - Ok, desde quando Elihandrë era uma Lady? – O rei lhe convida para um jantar com a nobreza.


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