POV BELLA

Meu sol me deixou aqui deitada a sua espera, contudo tinha como consolo o cheiro da sua camisa e do seu lençol, o ultimo era fraco, afinal Jake dorme comigo quase que toda noite no meu quarto, então é a minha cama que esta inundada do seu aroma.

O sono já dominava a minha consciência, rapidamente me encaminhei para o mundo dos sonhos, bem que sem o meu sol ao meu lado, sem duvida estaria logo dentro de um pesadelo. Assim aconteceu: encontrava-me no meio da floresta de Forks, usando meu habitual conjunto jeans e blusa de flanela larga, estava só. Andei um pouco, na verdade tentei porque cai e escorreguei, desistindo de procurar alguém. Olhei a minha volta só havia neblina, que deixava tudo sombrio, também tinha o frio que era penetrante até os ossos. 

Virei meu rosto para os lados, girei meus calcanhares, não havia um barulho sequer, isso deixava tudo muito sinistro. Nada mais me restava que não fosse gritar pelo meu lobo e eu fiz isso em plenos pulmões. Contudo nada, absolutamente nada aconteceu. Não sabia o que fazer, aquilo era confuso.

O frio congelante agora fazia meu queixo bater violentamente contra meus dentes, meus dedos tanto dos pés quanto das mãos adormeceram já meus batimentos diminuíram, as pálpebras pareciam pesar. De repente um vulto negro saiu do meio do manto verde, como um borrão ele parou na minha frente, ficando centímetro do meu rosto, logo reconheci aquela vestimenta negra longa. Era da guarda dos Volturi. Sua voz era sombria enquanto falava.

-Você será uma vampira interessante. – O hálito frio encostando-se com meu rosto fizeram as minhas pernas falharem. – Possui um talento único, será um desperdício não torná-la uma de nós.

Não sabia o que falar ou fazer, o clima frio mais o toque gélido daquele vampiro faziam meu cérebro e corpo não trabalharem. Encarei o seu rosto e para meu espanto só consegui enxergar os olhos vermelho sangue no meio da escuridão do capuz. Logo um arrepio passou por todo meu corpo.

De repente um uivo cortou o silêncio, isso não fez o vampiro se mexer, agora surgiu naquele breu a minha frente um sorriso infantil que eu já vi ao vivo e em meus pesadelos também. Como num passe de mágica os traços angelicais e o cabelo loiro de Jane surgiram na minha frente. Minha respiração suspendeu.

-Ninguém vai tirar de mim o meu objetivo. Aro mandou levar você até ele e assim o farei.  – Sua voz inocente a tornava mais maligna. – Nem seu cachorro vai consegui te salvar.

Nessa hora o lobo avermelhado adentrou com as quatro patas a clareira onde eu me encontrava junto com a vampira, que agora segurava meus pulsos, virando meu corpo de costa para o seu. Um rosnado furioso escapou de Jake, suas patas cravavam o chão, fazendo pedaços de terra voar, mostrando o tamanho do seu ódio. 

-Nem pense em se aproximar. – Jane ameaçava. – Não há nada que você pode fazer.

Depois de proferir essas palavras pude sentir os dentes da vampira encaixarem no meu pescoço, sugando meu sangue. Imediatamente dor que surgiu no meu corpo irradiando daquele ponto era desconcertante. A escuridão tapava minha visão, que insistia tentar manter o foco em Jake, que agora babava de ódio, notei que ele se preparava para atacar, porém parecia estar esperando por algo.

Quando Jane levantou o rosto da minha pele, seu sorriso debochado era manchado de sangue, isso foi demais para meu sol, que agora trazia seu lobo ao nosso encontro. O veneno corria livre no meu sistema fervendo todo seu caminho, uma agonia dilacerante me cortou isso fez meu corpo cair no chão úmido contorcendo-se 

Eu queria a morte, meu corpo pedia isso, então se o lobo me matasse junto não havia importância para mim. Queria a escuridão que surgiu para mim no começo de tudo, não devia ter saído dela.

Mesmo queimando viva consegui ver meu sol caindo perante o olhar sombrio e doloroso de Jane. O lobo contorcia de dor e chorava baixo, porém seus olhos mantinham-se firmes em mim. Eu queria reagir, mas o fogo queimava dentro de mim sufocando qualquer tentativa mesmo que fosse de pensamento, só conseguia dizer que queria morrer era o meu anseio.

Todo esse tormento era regado com as risadas diabólicas de Jane, o nosso sofrimento era divertido para vampira maldita. Naquele momento eu queria ser uma vampira mesmo, afinal não tinha mais jeito, já estava a caminho da transformação, eu sabia disso porque tinha sentindo uma pequeníssima parte disso quando James me mordeu

Olhar de dor profunda de Jake acelerou a minha transformação, pelo menos isso que eu sentia, pois agora queimação chegou ao limite do insuportável, mas junto eu me sentia forte, o controle do meu corpo enfim estava retornando, junto com uma consciência mental incrível, pois conseguia pensar em duas coisas ao mesmo tempo. Agora eram: lidar com a queimação (que não diminuiu um grau sequer) e que deveria ficar forte logo para salvar meu sol.

E assim num tempo só possível no mundo dos sonhos, a minha transformação foi completa, eu podia afirma isso por dois motivos diversos: o fogo que antes lambia todo meu corpo, agora se concentrava na minha garganta além que meus sentidos estavam aguçados.

Isso fazia os gemidos do meu lobo ser mil vezes mais intensos para mim, dilacerando um pedaço do meu ser, contudo havia muito espaço na minha mente, que parecia apta a lidar com diversos assuntos ao mesmo tempo. Outro aspecto que senti em mim foi um tipo de proteção envolta da minha mente, como um elástico que me protegia. Esse era meu dom vampiresco. No entanto eu tinha um foco muito claro acabar com Jane.

Num movimento único me coloquei de pé, assombrando a infeliz diabólica na minha frente, deixando ela desconcertada. Quando ela me atacou com seu poder nada aconteceu, porém ela ainda mantinha sua maldade no meu sol. Isso gerou em mim ódio homicida, agora eu poderia demonstrá-lo sem medo de ser humana frágil, eu era uma vampira muito poderosa.

Cada gemido de dor do meu amor fez sem ao menos penar meu escudo se expandir até ele. Devidamente protegido, eu podia sentir meu “elástico” esticando até a mente dele, logo o lobo avermelhado se colocou de pé, me encarou um pouco confuso.

Encaramo-nos por um tempo, não sabíamos o que faríamos éramos inimigos mortais naturais, o cheiro de um ao outro que tanto era agradável antes agora incomodava, fazia nossos instintos gritarem para nos atacar mutuamente. Um uivo feroz saiu da sua garganta, notei seus olhos faiscarem incerteza, isso fez um medo surgir dentro de mim: não poderíamos ficar juntos. Ele pareceu ler a minha aflição e chorou baixo. Se pudesse estaria chorando, porém as lágrimas não existiam mais para mim, assim urrei como um monstro que sou. 

Ao ver que seu poder não tinha mais eficácia em nós, Jane se limitou a correr entre as arvores, todavia eu não ia permitir isso. Sai em disparada atrás daquela que me fez perder o meu amor para sempre. Aquela raiva insana fazia eu praticamente voar, quando ela estava próxima a mim, dei um salto nas suas costas e rasguei seu pescoço, desconectando sua cabeça do restante do corpo.

Mesmo tendo minha vingança um vazio dilacerou-me por dentro, uma dor pior de todas que eu já havia vivido: não ter mais Jake na minha vida. Isso era mais abominável do que morrer como acabei de sentir. Com raiva gritei toda a minha dor humana e que tanto queria de volta.

-Bella? – era voz do meu sol ao longe. – Amor acorda, por favor.

-Ahhhhhhhhhh – Senti meu corpo arqueando para frente.  

Olhei a minha volta, eu estava suando muito, me encontrava no quarto do meu sol, tinha retornado a realidade, meu peito subia e descia mostrando meu medo e minha respiração falha. Meus olhos encontraram o rosto do meu sol, da minha vida, aflitos pedindo calma, enquanto tirava os fios colados no meu rosto com carinho. Sem pensar fiz o que meu ser ansiava me joguei nos seus braços, apertei seu tronco com maior força pateticamente humana que eu tinha. Seu cheiro me inebriou me deixando em paz.

-De todos os seus pesadelos, nunca vi você urrar desse jeito. – ele falou no meu ouvido. – você esta suando. O que você sonhou dessa fez?

Ao perguntar o conteúdo do meu sonho um pequeno quebra-cabeça se encaixou dentro de mim: Será que um dos motivos dos Volturi em vim até Forks era o meu possível poder? Isso é impossível. Ou não?

-Bella? – Meu sol me chamou.

-Jake sonhei com Jane. – eu falei afastando meu rosto para olhá-lo nos olhos. – Ela me transformava em vampira.

-Não vou permitir isso. – Ele falou entre dentes e um leve tremor surgiu. – Nem que tenha que morrer por isso.

-Não diga isso, por favor. – Agora as lágrimas inundaram meus olhos. – Não suporto imaginar você sofrendo.

-Nada disso vai acontecer. Eu te garanto. – Seus olhos negros mostravam uma determinação incrível. – Você sempre será a minha mulher, a menina do lobo.

-Ela vinha atrás de mim, do meu poder. – Eu falei atônica, ainda tentava encontrar alguma lógica naquele sonho. – Ela tinha vindo transformar-me em vampira por causa do meu poder.

-O que você esta falando minha vida? – A ruga de confusão cortava a testa de Jake.

-Quando se transforma em vampiro uma qualidade marcante humana pode se transformar em poder, num dom. – eu falava mecanicamente tentando arrumar todas as informações desconexas dentro de mim. – A única coisa bizarra que eu tenho diferente de todo mundo é a minha mente protegida aos ataques mentais, como diria Edward minha mente trabalha numa freqüência diferente do restante.  

-Ok meu amor. – Jake também estava confuso. – E o que isso tem haver com seu sonho?

-Talvez os Volturi apostem numa possível habilidade minha quando me transformar em vampira.

Olhar de Jake ficou momentaneamente perdido, era evidente que estava se lembrando de algo importante, ele balançou a cabeça num sinal positivo, ele tinha alguma informação. Antes que eu o perguntasse falou:

-Lunna me contou que Aro esperou por Jane e o seu irmão, interessado no possível “tesouro” que eles seriam para os Volturi.

Isso nos pegou de surpresa: Será que Aro tinha também esse plano na sua visita? Aquilo gelou meu corpo, agora o tremor percorria minha pele, arrepiando meus pêlos. Ao perceber Jake me abraçou e encontrou meus lábios, que corresponderam a calma desse gesto.

-Bells, vou sempre te proteger. – Sua boca ainda era próxima a minha.

-Eu te amo Jake. – Falei num sussurro.

-Não mais do que eu amo você. – agora seu sorriso perfeito me abrilhantou.

-Isso é uma briga injusta. – eu respondi. – Prometa que sempre estaremos juntos.

-Até mesmo quando seu coração parar de bater. – ele me respondeu.

-Sempre.

Nossos corpos já estavam colados, ansiando se encontrar, porém o simples fato de estarmos um na companhia do outro supria qualquer necessidade física. Além de que já tinha assustado Billy e Rachel com meus gritos horrendos, não queria atrapalhar mais o seu sono. Ainda por cima tinha muita coisa nova dentro de mim. Jake lógico entendeu o meu momento e se deitou ao meu lado, prendendo-me no seu abraço.

Seu calor irradiava toda minha pele, acolhia todo meu ser por completo, era como uma força de que tudo fiaria bem se estivéssemos assim, juntos. Ele alisava as minhas costas, eu por minha vez acariciava seu peitoral, ficamos assim até o sono chegar. Notei que meu sol logo dormiu, no entanto antes de me entregar ao peso das minhas pálpebras, tive uma idéia do que faria amanhã: falarei com Lunna.   

 
O tempo passou rápido demais para mim, na verdade nenhum tempo era suficiente ao lado do meu sol, sempre ansiava por mais e mais minutos e horas. Quando abri meus olhos encarei Jake deitado de frente para mim, com rosto relaxado, seu braço repousava na minha cintura, agora era sempre assim, tínhamos q manter algum tipo de contato físico, mínimo que ele fosse.

Fiquei perdida naquela visão do meu sol ressonado ao meu lado, ele estava tão calmo e sereno, até passando um ar desprotegido. De repente um flash cortou a minha mente: O lobo avermelhado contorcendo de dor sob olhar de Jane. Depois a voz de Edward falando que os lobos morreriam em um embate contra os Volturi. Em seguida a frase de Lunna ficou ecoando na minha mente: Isabella, não se preocupa não permitirei ele se machucar. Ele voltará para você são e salvo, eu te dou minha palavra.

No entanto a figura minha de vampira me trouxe um desejo de possuir aquele poder de proteção, que o bloqueio da minha mente protegesse Jake contra a fúria da vampira mais maligna que já havia conhecido, nem Victoria era tão sádica. Porém teria um preço muito caro essa minha transformação, perderia meu amor para sempre, além que eu amava a minha vida agora, cada batida do meu coração deixa-me realizada com a possibilidade de viver tudo sempre ao lado do meu Jacob Black.

Em meio aos meus devaneios senti a mão de Jake apertar minha cintura e puxar para me aproximar dele, fui sem a menor resistência, até ajudei ficando com corpo mole, ele afundou seu rosto nos meus cabelos, me arrepiando. Quando nossa pele se encontrou um sorriso maravilhoso brincou nos lábios dele e um gemido de preguiça surgiu, as mãos dele passearam tranquilamente pelo meu corpo provocando ondas de calor em mim. Afundei meu rosto no seu pescoço logo fiquei inebriada pelo seu cheiro único, meu gesto arrepiou meu sol e a manha aumentou.

-Já não sei mais acordar sem ter você ao meu lado. – ele falou com sua voz mais rouca por causa do sono. – Estou feliz que nosso casamento esta chegando.

-Estou ansiosa para que chegue logo. – eu disse.

-Que bom ouvir isso. – Sorriso bobo, que normalmente esta na minha face, agora pertencia a ele. – Estou louco para podermos ter a liberdade de ficarmos sempre juntos.

-Eu te amo. – Eu falei toda feliz

Essa frase era única que exprime de maneira pequena o enorme amor que sinto por Jake, resumia em parte toda a minha felicidade. E como essas três pequenas palavras iluminavam o seu rosto de maneira única, isso era a maior recompensa que poderia haver para mim. A resposta sempre era a mesma ou mais perfeita do que já foi dita por ele.

-Eu te amo mais do que fosse possível alguém amar. – Ele falou encostando a boca na minha.

Nossas línguas eram tão familiarizadas uma com a outra já, que não havia o que pensar, era somente deixar fluir o que sentíamos, elas se acariciavam com muito amor e cuidado. Meu sol sempre esteve certo, era só deixar acontecer o que era ansiado por nós, tinha impressão que nunca acabaria a nossa sede de nos amar. O beijo era intenso, como sempre é, pois ele pode ser até calmo, porém é tão profundo de sentimentos que se torna algo sempre singular.

As mãos do meu sol exploravam meu corpo sem menor pudor, ficando em contato com a pele embaixo do pijama que eu ainda vestia, isso deixava o meu desejo inquieto, todavia havia necessidades humanas a serem atendidas tanto por mim quanto por ele, afinal nós dois éramos humanos. Ao encerrar nosso beijo, um ronco apareceu no meu estomago, assombrando nós dois.

-Tem gente que esta andando muito com os lobos. – Ele disse dando um beijo delicado na ponta do meu nariz.

-Se eu comer como os lobos, eu estarei enorme de gorda até o casamento. – Ri da minha profecia. – Realmente sinto mais fome perto de você, acho que isso é contagioso, estou com medo. – Fiz uma debochada cara de medo.

-Já falei que te amo de qualquer jeito. – agora seus beijos percorriam a linha do meu queixo. – Bells, você é perfeita de qualquer jeito.

-Sei. – Falei rindo. – Sou a mulher mais linda do mundo? – ele assentiu. – Jake, você é cego meu amor? Você já viu as mulheres além de mim?

-Não e não tenho interesse, afinal a única que tem minha atenção é você.

Ao final dessa declaração que inundou meu ego de auto-estima foi inevitável beijá-lo com todo amor e felicidade que transbordada de dentro de mim. O braço dele prendia meu corpo colado no dele, conseguia sentir todo seu corpo querendo o meu, que também já estava ansioso para se fundir. Porém agora o protesto do estomago foi do meu sol, foi um som muito alto não podia ser ignorado, parecia um monstro raivoso. Isso me fez rir enquanto meu sol bufou irritado.

-Vamos comer. – Ele pegou a minha mão e nos levantou. – Antes que nossos estômagos se rebelem roncando mais alto do que agora.

-Vou trocar de roupa. – notei ele ficar parado. – Jake? Você poderia sair para eu me trocar?

-Esta falando sério? – ele arqueou a sobrancelha. – eu já vi tudo que você acha que pode esconder.

-Você promete ficar quietinho e ficar só olhando? – eu falei ironicamente.

-Entendi. – ele veio e me deu um selinho e saiu.

Ri sozinha da naturalidade que havia entre nós, nossa relação é leve e tranqüila, somos transparente um para outro não há um fingimento entre nós, podemos ser como realmente éramos. Eu podia ser Bella Swan com toda insegurança e loucura que meu sol me ama desse meu jeito errado de ser, não era necessário nenhuma mudança.

Coloquei minha calça jeans, uma blusa regata branca, calcei meus tênis, arrumei meu cabelo num arco. Sai e fui para cozinha, lá estavam além de Jake: Billy, Rachel e Paul (que não saia da casa dos Black´s). Dei um bom dia coletivo todos me responderam.

-Bella, você esta bem? – Perguntou Rachel preocupada, olhei para ela confusa. – Ouvi você dar uns gritos horripilantes a noite.

Acho que todo sangue que havia no meu corpo cobriu meu rosto esquentando-o pela minha vergonha, meu pesadelo me colocou numa posição constrangedora.

-Desculpa. – eu falei quase num sussurro. – não queria ter assustado vocês.

-Não tem pelo que se desculpar. – Billy falou calmamente, seus olhos negros mostravam preocupação.

-Bella, não eu quero deixar você envergonhada. – Respondeu Rachel. – Só fiquei preocupada, quase entrei no quarto, seus gritos eram agonizantes para mim. Mas Jake falou que sabia o que fazer.

-Ela deve ter sonhado com o horroroso do seu irmão. – Paul fez piada, lógico um rosnado alto saiu do peito do meu sol.

-Tive um pesadelo que eu me transformava em vampira. – Não sei por que mais as palavras simplesmente saíram e um tremor de medo, devido a lembrança da dor física e emocional percorreu meu corpo.

-Você é muito estranha. – comentou Paul assombrado, Rachel deu um cutucão e Jake rosnou.

O silencio imperou no ambiente, os três me encararam assustados, aquilo me deixou mais querendo sair dali correndo tamanha a minha vergonha. Contudo as mãos quentes do meu sol logo me buscaram, mostrando que não precisava temer por nada, ele estava ali por mim, como sempre esteve em todos momentos que mais precisei.

-Estou aqui por você. – ele sussurrou no meu ouvido.

-Eu sei. – Falei agradecida.

-Agora tudo esclarecido. – Jake falou para todos e parou seu olhar severo em Paul. – Não quero mais perguntas e muito menos comentários idiotas.

-Você não é o meu Alfa. – Respondeu Paul debochado, agora Rachel o encarava com a mesma feição do meu sol, logo o seu namorado falou. – Ok, ficarei calado.

-Acho bom. – Rachel repreendeu. – Não queria deixar você constrangida, perdoe-me, só fiquei preocupada com você. – Havia a mesma sinceridade nela que era tão característica do seu irmão.

-Entendo. – falei com a voz falha, pigarreei e continuei com mais firmeza. – Agradeço a preocupação de vocês.

-Agora vamos comer. – Billy ordenou.

Dessa forma a hora seguinte foi tranqüila e bem família, parecia que o mal estar tinha sido dissipado com a ordem de Billy. As provocações entre meu sol e Paul continuaram, mas nada tinham haver com meu pesadelo, eram sobre as coisas de lobo. Ao terminamos a refeição ajudei Rachel arrumando a mesa e na cozinha lavando a louça.  Conversamos mais sobre alguns detalhes do casamento, já estava tudo acertado, só faltava chegar a data, agora restavam mais seis dias: Será que eles demorariam para passar?

Ao finalizar arrumação o abraço de Jake me suspendeu do chão, assustando-me um pouco. Ele riu da minha surpresa, seu riso era lindo, amo som que ele faz, além que é impossível não acompanhá-lo. Sua mão enlaçou a minha e fomos em direção  

-O que vamos fazer hoje? . – ele perguntou animado, depositando um beijo na minha bochecha. – O que você acha de andarmos de moto? Será que meu sogro irá me matar?

-Quero te pedir uma coisa antes. – disse antes que ele continuasse com os planos infinitos.

-O que você quiser.

-Preciso conversar com Lunna. – Ao terminar Jake me encarou desconfiado.

-Sem querer parecer enxerido: qual será pauta?

-Meu sonho. – eu fui honesta, bem, em partes. Eu tinha uma teoria.

-Só isso? – Às vezes ser totalmente transparente meu sol era inconveniente.

-Você acha que vou falar mais o que com ela? – eu tentei argumentar.

-Bells, te conheço sei quando você pensa que consegue esconder algo de mim. – ele alisava meus cabelos, mas seus olhos negros havia uma seriedade absurda. – Sei o quanto seus sonhos têm significados para você e tenho medo de você inventar alguma coisa.

-Você vai me levar até lá? Ou vou ter que chamá-la até aqui. – Eu falei já irritada.

-Te levo. – Ele começou a caminhar.

Seu rosto ficou com a máscara que tanto odeio, contudo não deixaria quilo abalar meus planos, pois eu precisava conversar com a única pessoa que realmente conhece bem os Volturi e que tinha me prometido zelar o meu sol. Não sei muito bem por que, mas eu confiava naquela mulher, sabia que ela o amava e queria o seu bem, já provou isso algumas vezes.

Jake pegou minha mão e me chamou com gesto para irmos andando até a casa do Clearwater, onde a loba estava hospedada. O passeio foi tranqüilo, nossas mãos entrelaçadas, logo o clima ficou leve entre nós, conversávamos sobre nosso futuro. Meu sol contava que se esforçaria muito para conseguir finalizar seus estudos em um ano, para assim irmos juntos para faculdade.

-Não vou deixar você ir sozinha para faculdade. – ele falou me abraçando, porém continuamos a andar. – Já imaginou um monte de marmanjo que daria em cima de você lá sozinha?

-hahaha- eu ri das especulações dele. – E você acha que as mulheres não vão ficar de olho em você?

-Elas podem olhar a vontade. – Ao terminar de falar minha sobrancelha já se arqueava que não gostando daquela historia, isso arrancou um sorriso debochado dele. – Porque a única que é dona do lobo aqui é você.

-Acho bom. – Eu falei como uma criança birrenta.

-Para não ter brigas iremos os dois juntos, um tomando conta do outro. - Jake falou depositando um beijo estalado na minha bochecha.

Nossos momentos sempre eram leves assim, lembrei de um tempo que sempre havia uma tensão horrível entre nós, quando eu tinha retornado de Volterra, que Edward tinha proibido de ver o meu sol. Foi a primeira vez que o vazio da ausência do Jake apareceu no meu ser, só de lembrar da sensação oca que havia no meu peito faz minha respiração ficar pesada. Porém agora tudo mudou, radicalmente, eu estava aqui ao lado da minha verdadeira escolha, que foi feita pelo meu corpo e meu coração, isso sem duvida era o meu paraíso na terra.

Em meio a nossa conversa, regada com risos, implicâncias, beijos e cainhos, ouvimos uma movimentação eram gargalhadas e palavras de ordem, pareciam estar em um tipo de brincadeira. Consegui identificar as cinco vozes que vinham daquela agitação: Leah, Dan, Seth, Lunna e Embry.

Encarei meu sol que tinha um rosto debochado, lembrava um adulto à espera da travessura que as crianças estavam aprontando, mas havia um divertimento. Então um comentário surgiu dos seus lábios:

-O que eles estão aprontando?

Nessa hora nossos olhos encontraram o que eles estavam fazendo: piruetas. Fiquei abismada como eles voavam em saltos fantásticos, daqueles vistos em olimpíadas, mas tudo parecia muito fácil para eles. Quando retornei minha visão para meu sol, notei-o rindo, seus braços me envolveram e ficamos vendo os loucos. Seth chamou Jake para participar da brincadeira.

-Vou ficar vendo vocês se matando. – Jake respondeu. – Vamos ficar aqui observando vocês.

Voltei minha atenção ao bando que corria e pulava um nas costas dos outros ou davam ajuda com as mãos para pegar altura e impulso. Lunna falava com eles como deveria colocar o pé e flexionar os joelhos para conseguir realizar um determinado tipo de salto, Leah foi a primeira a tentar. Ela correu pulou nas costas de Embry e deu um mortal invertido. Seu corpo contorcia com facilidade.

Cada hora eles inventavam saltos e mais saltos, só se via os meninos voando juntos com as garotas, fiquei impressionada a destreza deles. Era invejável, como queria poder tentar isso, pois parecia muito divertido, no entanto com meu jeito estabanado e nada atlético, quebraria meu pescoço na primeira tentativa.

Era impressionante como Leah estava feliz, era uma faceta desconhecida por mim, até que pelos meninos, ela era muito linda sem sua carranca de amargura, ela não perdeu seu humor negro e implicava com os meninos sem parar, que reviravam os olhos com seus comentários, contudo sorriso era presente no seu rosto, a deixando mais bonita.

Agora eu tinha reparado as vestes das duas lobas: as duas usando shorts jeans diferenciavam eram as blusas, Leah com uma regata bege de barriga de fora, sem nenhuma gordura aparente, já Lunna tinha uma regata preta que escondia seu corpo, contudo quando essa fez uma manobra, levantando o braço um pedaço de uma tatuagem apareceu, uma ponta, não consegui identificar o que era.

As risadas ecoavam pela floresta, era impossível não acompanhá-los, além que eles estavam muito felizes juntos, isso sempre foi algo que admirei nos lobos, eram uma família unida e que se divertiam muito. Algo chamou minha atenção: Seth, que cada dia perdia mais as feições de menino e os traços de homem se concretizava, ele sempre estava próximo a Lunna, rindo para ela de uma maneira... apaixonada. Sem duvida, isso era algo surpreendente para mim.

Sue apareceu e chamou os meninos para comer, quando seus olhos encontraram os meus ela também nos convidou. Por educação agradeci e falei que já tinha comido, entretanto Jake aceitou o convite. Todos riram da rapidez com que meu sol respondeu a Sue.

Caminhamos entre os meninos agora, que cumprimentaram meu sol e a mim de maneira carinhosa tão característica deles. Aproximamos-nos de Lunna que ria com Seth, dando um pequeno soco no ombro dele, ao perceber a nossa chegada os olhos azuis dela pousaram em nós.

-Bom dia para vocês.

-Bom dia Lunna- eu falei. – Vocês realmente sabem se divertir.

- Quem inventou isso? – Perguntou Jacob para A loba.

-Eu sou culpada. – ela levantou as mãos para cima. - Esses meninos ficaram me perturbando para ensinar algumas coisas que sei de saltos e Parkour.

-Eu me divertir muito. – Seth falou empolgado.

-Notamos. – Jake falou rindo. – Precisamos conversar com você Lunna.

-EU. – enfatizei bem a pequena palavra. – preciso falar com você.

Ela encarou meu sol por um segundo, tentando desvendar alguma coisa, mas suas esferas da cor do mar me encaram solicita.