“Agora nós estamos aqui novamente

Em cima do seu telhado

Eu me importo se formos lá para baixo hoje à noite

Estamos juntos pela última vez

e isso começou recentemente...”

Der Letzte Tag - Tokio Hotel

Eu estava no quarto, arrumando a minha mala. No dia seguinte, partiria com a minha família para Chicago, EUA, e não estava nada contente com isso.

Minha mãe entrou no quarto.

- Nicolle, já terminou de arrumar suas coisas?

Olhei para ela com a cara mais emburrada do mundo e respondi:

- Ainda não.

Ela se sentou ao meu lado e passou a mão nos meus cabelos castanho claros que caíam sobre os olhos, tentando fazer eu me sentir melhor.

- Filha, não fique assim. Você vai adorar Chicago. - sua voz era macia e tranqüila.

- Não quero ir para Chicago. Quero ficar aqui, em Magdeburgo. - suspirei.

- Eu sei... Por causa dos seus amigos, não é?

- É.

A campainha tocou e minha mãe desceu correndo para atender.

- É o Bill. - ela gritou.

- Diga para ele subir.

Ouvi o som de passos na escada e Bill entrou no quarto.

- Er, oi. - disse ele.

- Oi - respondi, fazendo um esforço para sorrir.

Ele se sentou ao meu lado e me observou colocar as roupas dentro da grande mala preta.

- Você vai embora mesmo, não é? - perguntou, colocando as mãos dentro do bolso de seu moletom azul marinho.

- Vou para Chicago.

- Chicago? Ahn?

- Bill, por acaso você faltou à aula de geografia, é?! - comecei a rir. - Vou morar nos EUA.

- Acho que faltei mesmo! - ele também riu, mas depois voltou a ficar sério. - É bem longe daqui...

- É mesmo, fazer o quê. Meu pai quer expandir os negócios para a América do Norte, por isso eu, minha mãe e ele vamos ter que nos mudar para lá. - expliquei. - E eu não sei por quanto tempo...

Bill tirou do bolso uma correntinha dourada e sorriu.

- Trouxe isto para você.

Me levantei e ele colocou a correntinha no meu pescoço. Tinha um pingente de estrela, onde estava escrito Wir sind traümer (Nós somos sonhadores).

- Bill, é linda! - sorri, tocando o pingente dourado.

- Sua mãe já tinha me contado que você ia embora, então comprei antes de vir aqui e...

O abracei forte, impedindo-o de terminar a frase.

- Vou sentir sua falta. - falei, e pude sentir uma lágrima escorrer da minha face.

- Também vou sentir a sua. Promete que não vai se esquecer de mim? - perguntou Bill, olhando nos meus olhos.

- Você é inesquecível! - comecei a rir. - É claro que não vou me esquecer de você, seu bobo. É o meu melhor amigo.

Ele sorriu e pude ouvir minha mãe chamando novamente.

- Nicolle, o Tom também está aqui.

- Ah, o seu irmão! - falei, soltando-o do abraço. - Vamos lá embaixo!

Descemos as escadas correndo.

- Era para o Tom vir comigo, mas ele teve um imprevisto e por isso se atrasou. - disse Bill, dando de ombros.

Tom estava sentado em uma das cadeiras da sala. Ele se levantou para me cumprimentar.

- Nic! Er... Passei aqui só para te dar um oi, antes de você ir embora - disse ele.

Tom não era do tipo que gosta de abraços, mas mesmo assim eu o abracei.

- Awn... Também vou sentir sua falta.

Então, mamãe entrou na sala interrompendo tudo.

- Querida, eu sei que você quer se despedir dos seus amigos, mas ainda tem que terminar de arrumar a mala e...

- Tá bom, mãe. - bufei. - Adeus, meninos.

- Adeus não, mas em breve - disse Bill, tentando me animar.

Sorri, abracei os dois novamente e abri a porta.

- Tchau! - Tom acenou, e seu irmão fez o mesmo.

- Tchau.

Fechei a porta e voltei para o quarto. Olhei a estrela que balançava no meu pescoço e senti uma dor imensurável no coração.