As Loucas Confissões de Jessica Summer escrita por Miss D


Capítulo 14
Quem quer jogar 'Pancada'?!


Notas iniciais do capítulo

GENTE, EU VOLTEI!
Depois de muito, muito, muito tempo de abandono da Jessica, um comentário me encorajou a postar esse capítulo, que estava semi-pronto já fazia muito tempo.
O que me desmotivou, na verdade, foi o reconhecimento que algumas histórias sem nexo e escritas de forma desleixada ganham, enquanto a Jess fica aqui, mendigando comentários. (Que, mesmo sendo poucos, eu amo a todos).
Enfim, por aqueles que leem a história, cá estou eu. Boa leitura! ;)



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Tudo o que eu queria era ter ficado na minha caminha, onde é muito mais seguro, sonhado que conhecia a Beyoncé e só acordado uma hora mais tarde.

Bem, no meu caso, querer JAMAIS é poder.

Não é minha culpa se eu fui dormir tarde ontem. É culpa do computador. É tudo culpado DELE. (Eu sei, isso é uma tremenda babaquice, não é?). Ah, e do engraçadinho do relógio, também. Parece realmente que relógios NÃO VÃO COM A MINHA CARA.

Porque eu tenho certeza que só me sentei um pouquinho naquela cadeira, na frente do monitor. Certeza absoluta. Não posso ter ficado tanto tempo assim lá. Eu nem percebi o tempo passar. Na verdade, o tempo nem pareceu passar.

Se é que ele passou mesmo.

O grande problema foi… Bem, foi algo muito importante, até… Sério. Era uma pesquisa para Arte (A disciplina mais sem propósito humanamente possível. E inumanamente também) sobre os artistas do Impressionismo Francês e…

Certo, não vou mentir para você. Eu não fiquei até tão tarde pesquisando sobre Claude Monet – quem quer saber quem foi esse cara? É, ele foi um revolucionário, ou qualquer coisa assim. Mas então eu pergunto: E DAÍ? O que EU tenho a ver com isso? Pelo amor de… De qualquer coisa! Foi na França. Lá, no outro continente, na Europa. Por que eu quero saber de uma coisa que nem aconteceu no MEU continente, e que foi no século... Sei lá qual século foi! Está vendo? Não serve para nada!

O homem nem fazia arte de verdade. Sério, eu não sou nenhuma artista, nem nada, mas até eu desenho melhor do que ele. Você já viu alguma das telas dele? O que ele chama de “retratar uma paisagem” é o que eu chamo de pegar um pincel e ficar mergulhando na tinta e fazendo-o pular pela tela, mais ou menos – BEM para menos – do jeito que é o panorama.

Quer dizer, tinha realmente uma página do Google aberta, com a pesquisa lá e tudo isso, os resultados embaixo, mas… secretamente… havia uma página aberta onde eu estava lendo uma… fanfiction.

Bem, eu já admiti. É isso aí. Esse foi o grande problema. Porque era uma fanfic SUPER legal mesmo, e escrita direitinho – você não tem NOÇÃO das coisas que a gente pode encontrar em algumas. Das palavras, na verdade. Ou tentativas delas – não estou falando mal de ninguém, quero deixar isso bem claro. Não sou nem de longe a melhor aluna de português da minha classe.

É claro que era pequena. Minúscula, honestamente. Não devia ter mais de sete capítulos (Sete capítulos. Ah, é. Ou você está mesmo muito cega, Jessica, ou não tenho certeza do que é. Nem na China que a fanfic tinha sete capítulos. Eram TRINTA E QUATRO). Que seja. Era pouco (Arrã).

Eu nunca iria ficar lendo até tão tarde, você sabe, porque sou uma pessoa totalmente consciente sobre a quantidade de horas que uma menina deve dormir (ou quantidade de cintadas que vai levar da mãe se for para a cama muito tarde) – principalmente porque dormir é totalmente um dos meus maiores hobbies. Depois das fanfictions, claro –, mas o computador me forçou. Estou falando sério. Ele quase colocou uma arma na minha cabeça ameaçando atirar se eu não ficasse. Tenho certeza que você entende. Os computadores geralmente fazem isso.

Porém, a minha mãe não entendeu muito bem o meu lado, sabe. Quando é que a minha mãe me entende, aliás? A culpa NÃO É minha. O computador me obrigou a ficar lá até tão tarde.

Não que fosse realmente tarde. Era , você sabe, duas e quinze da manhã.

Mas eu não faço isso sempre. Ir dormir tarde, quero dizer. Não que eu tenha qualquer frescura de “sono de beleza” ou coisas desse tipo. É só que… Bem, eu costumo ir dormir na hora.

Então eu fui dormir. E acordei cinco minutos depois com o despertador tocando como um louco no meu ouvido.

O dia já não começou muito bem.

O melhor de tudo – além de ter que ir a escola a pé em plena manhã de segunda-feira, enquanto ainda estou caindo de sono – é que, quando eu cheguei à escola, minha primeira aula era de Educação Física. Beleza.

Não me leve a mal, você que gosta dessa aula, mas qual é a utilidade dela mesmo? Eu tenho quase certeza de que quando virar adulta, não serei jogadora profissional de nada, nem ginasta, nem lutadora, nem nada disso. Então, para que serve essa aula, só me diga isso?

É. Isso mesmo. Para fazer com que pessoas como eu sejam humilhadas.

Sabe, tenho certeza que quando eu chegar a um escritório ou qualquer outro lugar para fazer uma entrevista de emprego, ninguém vai chegar para mim e perguntar assim: “Bem, agora quero que você me explique as regras do voleibol e os principais lances” nem “Como se chama a falta que acontece quando uma pessoa dá mais de dois passos com a bola, no basquete?”. Portanto, não existe NENHUMA utilidade para essa matéria. Não mesmo.

Mas é claro que nós somos OBRIGADOS a fazer. Essa aula, quero dizer. Não temos escolha. Nunca temos escolha. Ah, não. O que é simplesmente injusto.

E o melhor de tudo é que eu estou super cansada. Dormindo em pé. Só que é claro que a professora não está nem aí. Porque sabe o que ela diz quando eu pergunto se posso não fazer a aula hoje?

– De jeito nenhum. É você quem precisa da nota, e não eu, lembra? E na aula passada você já não fez aula porque estava com cólica.

Bem, na verdade eu não estava realmente com cólica, mas podia ficar, se jogasse.

Mesmo implorando para que a professora me deixe fora da aula de hoje, ela me obriga a participar. Depois me perguntam por que eu acho os professores seres malignos e sem coração.

Seguimos em fila indiana até a quadra – onde eu provavelmente vou pegar uma insolação por estar tostando no sol quente. Como se alguém se preocupasse realmente com a minha saúde.

Diferente de todos os outros dias de aula, dessa vez a professora não fala que os garotos podem jogar futebol e as meninas, vôlei. Ela tem algo melhor (Ela quis dizer mais maquiavélico) preparado para nós.

– Hoje – começa ela, e parece estar tendo um prazer doentio ao fazer isso – vamos fazer um jogo de Queimada. Larissa e Luís, vocês escolhem o time – ela apontou para os dois no fim da fila.

Algo que é necessário saber sobre a Larissa: ela é bonita. O que automaticamente significa que também é chata. Entenda, pessoas bonitas sempre são chatas e frescas. É uma conta simples.

Ela e a panelinha dela acham que comandam a escola. O que me dá nojo. Só porque você é linda, ruiva, tem um corpo perfeito mesmo aos treze anos, tem todos os garotos aos seus pés e milhões de amigos da elite dos populares, isso quer dizer que você é o máximo?

Tá. Talvez queira dizer.

Eu espero a minha vez de ser escolhida por um deles pacientemente – sempre sou a última. E, na verdade, não sou efetivamente escolhida, sou mais para empurrada. Literalmente.

Quando acontecem esses fatídicos dias onde todos têm de jogar, sempre me coloco no fundo, para que todos os outros sejam escolhidos antes de mim e então a professora diga que eu não preciso jogar. Normalmente dá certo.

Observo enquanto todos os outros garotos e garotas vão saindo do meu lado para fazerem parte de uma das duas equipes. Então é a vez da Larissa, falta apenas um no time dela e só sobrei eu.

Tem que ser carma, não é possível!

– Professora, a gente não pode ficar sem um no time e depois contar um jogador duas vezes? – pergunta alguém da equipe da Larissa.

Estou tão acostumada com isso que nem faço caso.

– Não, vocês têm que...

– Então a gente fica na desvantagem, mesmo – pede outro.

– A Jessica tem que jogar, de qualquer forma. Ela fica no time de vocês, e acabou.

Prevendo minha morte dolorosa, caminho até meu lugar. Hoje definitivamente não é o meu dia.

Onde eu estou só têm patricinhas e aqueles garotos manés do grupo dos populares. Aparentemente, alguém aqui pensou que era para escolher convidados de uma festa, e não jogadores.

Olho para a outra equipe. Claro. Estou morta.

Luís, muito mais esperto que a não-me-toque da Larissa, escolheu verdadeiros jogadores de Queimada. Sabe aqueles caras com olhar malvado, mãos enormes e músculos acentuados? Então, eles estão encarando a gente neste momento.

Ai, minha nossa. Vamos morrer. Vamos ser massacrados. Não que eu me importe com os outros, mas eu não quero ser massacrada.

E, meu Deus. Minha calça está me MATANDO. Literalmente. Eu saí com tanta pressa de casa que peguei a primeira que encontrei. Por acaso, era uma que eu estava doando, já que a minha gordura fica sufocada dentro dela.

Para melhorar ainda mais o meu dia, claro. Eu realmente tinha, precisava ter pegado justo essa.

Sério. Ser gorda me ESTRESSA!

Uma coisa de interessante sobre o jogo Queimada é que... Bem, ele é um jogo interessante no geral. Você só tem que jogar a bola com toda força, acertar uma pessoa e, com sorte, deixar um hematoma bem bonito no corpo dela. E, para evitar esse tipo de coisa, tem que ficar correndo igual a um louco ou então ser bom o bastante para agarrar a bola e abater algum jogador do time adversário. E eu não sou um desses.

A propósito, não, minha escola não tem uma enfermaria.

Minha história com esse jogo é muito antiga. Data dos tempos pré-históricos da pré-escola. Quando a minha professora do pré colocou todo mundo na quadra, explicou as regras, e nos instruiu a jogar. Todo o tormento começou ali.

Coisas que podem acontecer com você aos 6 anos de idade, no prezinho:

► Não estar acostumado a lidar com dinheiro (ou nem saber o que isso é) e chegar na moça da cantina com a mão estendida esperando que ela lhe alguma coisa, daí ela te diz que ali tem que pagar e dá uma balinha de 5 centavos de consolação;

► Achar que 2+2 é igual a cinco;

► Falar liquidifiquicador ao invés de liquidificador (o que é bem mais difícil, vamos combinar);

► Perguntar para a sua mãe de onde vêm os bebês, e ela te dizer que o papai planta uma sementinha na barriga da mamãe, e então surge você (e isso só te faz ficar imaginando como você sai da barriga, de qualquer jeito);

► Ser levada à quadra para aprender a jogar Queimada, levar uma bolada na cara que faz o seu nariz sangrar (destruindo, assim, qualquer chance que você tinha de virar um grande atleta, jogador de qualquer coisa) deixando um grande trauma na sua cabecinha infantil de 6 anos.


Então, esse último item aconteceu especificamente comigo – já que os outros acontecem quase com todo mundo. Eu simplesmente fiquei com tanto medo de jogos e bolas de jogos que nunca mais quis chegar perto de uma. E é isso que me faz correr para trás de alguém sempre que eu sou obrigada a participar de coisas assim.

Como hoje.

Estou tão cansada que minha visão está embaçada. Sério, vou processar minha professora por abuso de autoridade. Tecnicamente, ela não pode colocar alguém no meu estado caótico de saúde para jogar, pode?

Como minha imaginação sempre trabalha de forma diferente da realidade, imagino a cena como um daqueles filmes épicos em que tem batalhas sangrentas... Tipo Tróia ou Cruzadas. É mais ou menos assim, tirando que as pessoas do time em que eu estou estão mais preocupadas com as unhas e o cabelo do que com o triste fim de sua pele perfeita. Sério. Por que eu não fui escolhida pelo outro time?!

Obrigada, Deus, porque ninguém pode invadir o time adversário, porque senão isso pareceria mais ainda com os filmes, o que não seria nenhum pouco legal (Meu bem, você vai morrer. Aceite isso). Eu não vou. (Está bem, ficar em coma... Tanto faz).

A Professora chama o Luís e a Larissa para o meio da quadra para tirarem par-ou-ímpar e ver quem ficará com o que. Para o meu total espanto... A gente ganha. E, não me surpreendendo, a Larissa pede para escolher o lado do campo com que vai ficar ao invés. É isso. Vamos mesmo morrer.

Todos se posicionam em seus respectivos lados, e eu já vou recitando mentalmente a tão conhecida oração...

Ouço o apitar da professora... E me apavoro.

A segunda coisa que consigo notar é que não consigo notar coisa alguma. Estou correndo de um lado para o outro, desviando de pessoas e me escondendo atrás de outras. Uma menina alta e bonita me dá uma cotovelada quando tento usá-la como escudo. Fazer o que? Eu quero sobreviver, obrigada.

O outro time parece não saber o significado da palavra amistoso, porque isso é a última coisa que eles estão sendo conosco. É sério, parece que eu estou vendo um daqueles documentários do National Geographic, com os leões correndo atrás dos cervos. A diferença é que aqui tem uma bola sendo arremessada como se saísse de um canhão.

O que me deixa um pouco mais surpresa é que o meu time não é assim tão ruim. Pelo contrário, ele é incrivelmente experto, com a estratégia formada. A diferença é que ninguém me avisa que a estratégia é TODO MUNDO SER QUEIMADO E DEIXAR SOMENTE A MIM NA QUADRA, correndo como uma louca.

Da bola. Com aqueles jogadores saídos da tropa de elite. Nossa, que legal. Sério.

Enquanto eu estou correndo – esbaforida, devo dizer, MORRENDO, quase tendo um ataque cardíaco, penso incansavelmente: por quê? Por que eu tenho que passar por isso? Eu bem que podia estudar em uma escola especial, onde as pessoas não tivessem que passar por nada assim.

E quando eu percebo, sim, a minha situação fica realmente PRETA. Sabe por quê? Já viu aquela parte nos filmes em que a pessoa está lá, na maior depressão, e então ela, idiotamente, pergunta a ninguém em especial: “será que isso pode ficar pior do que já está?”, e então, como mágica, realmente PIORA?

Bem, na minha vida é realmente assim. Pois, a medida que aqueles engraçadinhos vão tacando aquela bola com toda a força contra mim, e eu fico correndo a quadra inteira que nem uma desesperada com problemas mentais, eles riem de mim. Sério. Até que se ouve um rasg! E posso jurar que num raio de DUZENTOS QUILÔMETROS, não existe UM ser humano que não está rindo.


Coisas que você não quer nem se lembrar mas que podem acontecer e acontecem frequentemente numa aula de Educação Física:

A sua menstruação mancha a sua calça.

► Você torcer o tornozelo chutando o chão, ao invés da bola.

► A bola atingir a sua cara acidentalmente

► Você sofrer bullying por não saber jogar direito

► Você RASGAR A CALÇA no meio de um jogo de queimado.

Ah, não. Eu não posso ACREDITAR que, além de tudo o que já acontece comigo, tem mais isso agora. (Pode acreditar, querida. Eu já falei, é melhor você pedir para alguém benzer você, porque o negócio está realmente FEIO. Só pode ser macumba!).

Sabe o que é? Para a minha incrível sorte, agora existe um rasgo de aproximadamente doze centímetros na parte traseira da minha calça, mostrando a minha calcinha gigante de patinhos.

Por um momento, eu não consigo realmente ABOSERVER o q está acontecendo comigo. Sabe? Má sorte tem limite, e para mim, já passou e faz é tempo desse limite. Não posso CONCEBER isso. Não dá.

É, realmente. Foi exatamente isso o que aconteceu: eu estava jogando Queimado, e abriu um rasgo no meu lindo traseiro.
É por isso que eu falo para a minha mãe: é mais seguro estudar em casa. Ela não me escuta. Agora eu só venho estudar aqui novamente depois da minha plástica de corpo inteiro. Não quero nem saber.

No entanto, é claro, precisa haver o grand finale, e esse ainda não foi. As pessoas começam a rir sem parar, só que a bola já foi arremessada na minha direção, exatamente no ângulo em que me abaixo para olhar o tamanho do estrago na minha roupa. E é quando a bola atinge a minha BOCA — já comentei que eu uso APARELHO? Pois é!

A única coisa que dá para perceber, além da dor na parte inferior dos meus lábios, é que eles estão inchando sem parar. E as pessoas estão saindo correndo, cada uma para o banheiro específico, de tanto RIR.

DE MIM.

É isso que eu falo: os psicólogos estão certos. As pessoas PRECISAM das experiências acadêmicas para seu crescimento individual. Por exemplo, neste momento meu lábio está crescendo bastante individualmente. Então eu acho que eles devem estar certos, não é?

Sem comentários.



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Legal? Vocês riram muito, ou não? Faz jus à toda a loucura da Jessica? Espero que sim!
Não vai matar ninguém deixar um review, vai? Espero ler alguns!
BeijoSMiss Doll ;*