Suspirei.

Como ela ainda me fazia uma pergunta dessas?

Eu já tinha dito que não, e falava a mais pura verdade.

Bom, não gostava dele. Não do jeito que ela queria que eu gostasse, mas, sim, como amigo.

- Não, eu já disse que não, Alice. Eu gosto dele como amigo! Não cisme com isso, por que não tem chance. – eu respondi.

Ela fez biquinho.

- Não me magoa, Bella. Sabe, é que eu consigo imaginar vocês um do lado do outro com um coraçãozinho em volta. – ela disse e eu franzi a testa. Um coraçãozinho em volta?

Suspirei.

- Tudo bem. Desculpe. Mas que não tem chance é verdade.

- Ah, mas meu irmão é tão bonitinho. – choramingou.

Suspirei.

- Mas isso não...

- E tão legal!

- Alice, eu tô falando que...

 - Você não acha?

- Ah, estou cansada, vou tomar um banho. Tudo bem? – falei, suspirando.

- Ta. – ela disse e deu de ombros. Ela é bipolar, só pode!

Uma semana depois:

Eu procurava por todo o pátio, era a única hora que eu podia falar com ele na escola. O recreio. Mas eu não o encontrava.

Cara, aonde ele se meteu?!

Procurei nos corredores, no pátio, olhei em todo lugar, até no banheiro feminino –por que nunca se sabe aonde ele pode estar se agarrando com uma vadia.

Mas nada.

Até que finalmente eu vi uma figura alta, forte e de cabelos loiros.

O reconheci na hora.

Ele falava com uma garota que eu não conhecia –mas também não queria conhecer- e sorria bastante.

Suspirei. Eu preciso criar coragem.

Você deve saber de quem eu estou falando.

Scott, é claro. Precisava urgentemente falar com ele.

Respirei fundo, contei até dez e lá fui eu!

Cutuquei suas costas.

Ele se virou.

- Bellinha! Quanto tempo! E aí? Como você ta? – ele perguntou, não tinha interesse de verdade. Eu nem respondi. Apenas o encarei com ódio.

- Bom...- fez e puxou a garota.- Essa é minha amiga, Kate. Kate essa é Bella. –ele gesticulou de acordo com sua fala.- E Bella esta é Kate.

A garota era morena, alta, magra. Bonita, na minha opinião. Poderia ser modelo.

Dei um sorriso falso.

- É um prazer. –disse para a garota.- Agora, Scott, eu posso falar com você?

Ele sorriu.

- Que falta de educação, Bella. Não vê que eu estou ocupado?

- É, é. Que seja. É um assunto importante. Tenho certeza de que Kate pode esperar cinco minutos.

Ele olhou para a garota.

- Já volto.

Eu o arrastei para um lugar mais vazio.

Ele me prensou contra parede.

- O que você pensa que está fazendo? –perguntei, incrédula. –Não foi para isso que eu te chamei! Se afasta!

Ele riu, mas não se afastou.

Eu o empurrei com tanta, mais com tanta força, que ele quase caiu no chão.

- Tudo bem. –ele suspirou. –O que você quer?

Vacilei.

- Er... Eu tenho uma notícia nada boa... Hum... É que... Er...

- Ta, diz logo.

- Bom, há um tempo, nas férias, acho que você se lembra, você me estuprou...

Ele arregalou os olhos.

- Não, não, não. Não foi nada disso. Eu não te estuprei. Você fez sexo comigo por que quis.

  Que cara de pau.

- Não, não foi isso! Você me arrastou para um motel e...

- Você concordou!

- Concordei o caramba! Eu estava bêbada! –tentei me acalmar. –Olha, como eu tava falando, você me...

- Eu não!

- Scott, caramba! Me deixa acabar de falar! Agora não faz diferença nenhuma se você me estuprou ou se eu concordei com aquilo, por que eu estou grávida! –gritei, mas logo em seguida arregalei os olhos, tapei a boca com a mão, e olhei para os lados, nervosa. E se alguém tivesse ouvido?!

Ele arregalou os olhos.

- VOCÊ O QUÊÊÊ?!? – ele respirou fundo, mas não adiantou. –COMO ASSIM ESTÁ...

Coloquei a mão em sua boca.

- Cala a boca, seu bosta! Se alguém te ouvir, estamos fritos!

Ele assentiu e eu abaixei a mão.

- Você não pode estar falando sério...

Revirei os olhos, impaciente.

- Não? –peguei um dos testes de resultado positivo em minha bolsa.

Ele olhou, incrédulo.

- Um teste não significa nada, se você não... –ele começou, mas parou quando viu que eu tirava outros três testes de resultado positivo da bolsa.

Seu olhar era estrangulado.

- Todos deram positivo, seu... Seu... Ah! Nem existe uma palavra ruim o suficiente para te xingar. Seu cretino, vagabundo, seu merda, idiota, canalha, seu...

- Dá para calar a boca? –ele me interrompeu.

Abri a boca, ofendida.

- Quem você pensa que é?

Ele não me respondeu.

- Você não espera que eu me case com você, não é? –perguntou, me olhando seriamente.

Arregalei os olhos e ri, sem humor.

- Só se eu fosse louca! Além do mais, em que você poderia ajudar? É claro que não quero que você se case comigo! Ficou doido? Até parece que não me conhece.

Ele suspirou, um pouco mais aliviado.

- Graças a Deus! É por isso que eu te adoro, vadia! E aí? O que você vai fazer? Abortar?- ele não perguntou isso. Diga que ele não perguntou.

- É CLARO QUE NÃO! Quem você acha que é para me fazer uma pergunta dessas?! Eu não quero você por perto, isso não significa que eu não goste do meu filho! Seu doente!

 Nessa hora, vi alguém se aproximar.

Arregalei os olhos ao perceber que era Edward.

- Bella? –ele ergueu uma sobrancelha. –Scott?

É, eles se conheciam. Que ótimo!

- Edward! –arregalei mais os olhos.

- Espera! –disse Scott e riu. –É namorado dessa vadia, Edward? –e riu mais.

- O quê? -Edward perguntou.

- Nada. Ignora ele! Scott, cala a boca.

- Não quer que ele saiba, não é? –perguntou Scott.

- Ele sabe! –gritei. –E isso não é da sua conta!

- Sabe o quê? –perguntou Edward.

- Ela está grávida. –respondeu Scott, mas ainda me olhava fixamente. –De mim.

Edward me olhou.

- Por que não me disse que ele era o pai? – perguntou, cauteloso.

- Você não perguntou! Eu nem sabia direito se vocês se conheciam e... Ah, quer saber?- eu sai dali em passos largos, puxando Edward comigo.

Ouvi Scott rir.

Já longe de Scott, e com mais pessoas por perto, Edward me puxou, me fazendo parar de andar.

- Bella...

- Ah, minha cabeça está a mil!

- Bella, se acalma. O que houve?

Suspirei.

- Eu falei pra Alice de quem eu tava grávida por que ela perguntou, mas eu não falei pra você por que você não perguntou, ué! Eu não sei, Edward, eu não sei. Acho que eu vou acabar me matando! Eu tento disfarçar minha tensão, minha raiva e tudo mais tentando parecer uma garota animada! Mas minha cabeça ta explodindo! Eu tenho que estudar para tudo que é matéria! Principalmente Ciências! Você se lembra quanto é difícil Ciências no primeiro ano do Ensino Médio?! Nós temos três tipos de Ciências diferentes! Ciências, Biologia e Química! Eu sei que você também tem, mas você já tá acostumado! E não tem que se preocupar em como vai criar uma criança depois, ou como contar pro pai mais vagabundo que já existiu nesse planeta, e...

- Bella, Bella, Se acalma. Espera! Bella, respira. –ele disse.

 Tentei me acalmar e lágrimas caíram de meus olhos.

Encostei-me na parede e fechei os olhos, tentando me acalmar, mas estava difícil.

Era tanta coisa para uma pessoa só! Qual é! Eu só tenho quinze anos, lembra?

- Bella, se acalma. Me desculpe se mais uma pergunta era demais para você.

Suspirei –um suspiro que foi interrompido por um soluço- e abri os olhos.

- T-tudo bem. Eu tô bem.

- Bom... –fez, mas parou. –Não precisa se fazer de garota animada e de bem com a vida só para, ah, sei lá, para não ficarmos com pena de você. E, bom, me desculpa. Eu só fiquei meio chocado com esse lance do Scott.

- É, eu imagino, mas... E-eu não sou a pessoa boa e meiga que você pensa que eu sou! Eu sou a errada da família! Por que você acha que minha mãe me expulsou de casa? Ah, isso é muito complicado! Eu queria ser essa pessoa que eu aparento ser, mas... Mas... Ah, sei lá! –mais lágrimas. –A vez com Scott sequer foi minha primeira vez! E eu vou me ferrar na escola! Eu tô toda embaralhada! Eu...

- Bella... –ele me interrompeu. –Eu não disse nada! Se acalma! Eu te ajudo a estudar, se quiser, mas se acalma. Eu sei que você não é uma santa. Todos –eu, meus pais, Alice- sabemos que você não é perfeita. Ninguém é! Mas se acalma, tá? Por favor.

 Contei até dez na cabeça, isso me acalmava um pouco e, dessa vez, não foi diferente.

Sorri, já um pouco melhor.

- Tudo bem.

- Viu? É só ficar calma, O.K? Você sabe que pode contar comigo e com Alice para qualquer coisa.

Suspirei.

- Obrigada.

Ele me abraçou, e, nessa hora, vi uma garota se aproximando.

Loira, alta, bonita.

Tanya.

Eu me afastei de Edward. Eu sei, é frescura –ta, mais ou menos-, por que ele apenas estava me dando um abraço de amigo em uma hora em que eu realmente precisava de um, mas era uma reação automática.

- Edward? –perguntou Tanya. –Bella?

Por que eu tinha a impressão de que ela não gostava de mim?

- Hã... Oi, Tanya. –disse Edward.

- O que estão fazendo aqui? Já começou a aula após o recreio. –ela disse e eu arregalei os olhos.

Jura?

- Ai, meu Deus! Já? Mas agora era Biologia! Ah! Ótimo! Eu vou ficar de recuperação esse trimestre. Merda! Merda!

Edward suspirou.

- Então... Por que está aqui? –perguntou para Tanya.

- Eu tinha ido ao médico. Cheguei agora.

- Ah, ta, então, é melhor você se apressar, senão fica complicado entrar no meio da aula. Além do mais, agora sua aula é de Literatura e você sabe como o Sr. Doof é...

Tanya arregalou os olhos.

- É verdade! Tchau, amor. Tchau, Bella. –ela deu um rápido selinho nele, acenou para mim e correu para sala, desesperada.

Cara, eu não quero nem saber como é o Sr. Doof...

- Esse Sr. Doof é tão ruim assim? –perguntei.

Tudo bem, eu disse que não queria saber, mas não consegui ficar sem perguntar.

Ele riu e negou algo com a cabeça.

- O pior.

Meus pensamentos voltaram para a aula.

- Droga! É Biologia! –eu já ia sair correndo, mas fui puxada por Edward.

- O professor não vai te deixar entrar, além de que, você ta precisando relaxar um pouco, Bella. Tenta esquecer da escola.

Bufei.

- É fácil falar!

Ele balançou a cabeça.

- Eu disse que ia te ajudar nos estudos, não disse? –ele perguntou e eu confirmei com a cabeça. –Mas, para conseguir se concentrar na escola, precisa estar bem-descansada. –ele colocou a mão no bolso, tirando de lá a chave do apartamento. –Vá para casa, descanse. Hoje á tarde eu te ajudo com Ciências.

Ele estendeu a chave para mim.

Suspirei, desanimada.

Mas, pensando bem, ele tinha razão.

Sorri.

- Tudo bem.

Peguei a chave e sai da escola, enquanto ele ia para a aula com o Sr. Doof.

Injusto! Por que a tolerância de atraso dos mais velhos era mais alta que a nossa?

...