Reencontros e Recomeços escrita por ancientsoulwriter


Capítulo 6
05 - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Heyy, depois de 84 anos eu volteiii!
Quem gostou bate palma quem não gostou paciência.

Tenho apenas dois pronunciamentos a fazer:
1) O capítulo de hoje está tiro, porrada e bomba. Se preparem!
2) Leiam as notas finais, é importante.

Boa leitura! ♡♡



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Talvez você não tenha me traído, mas ainda é um traidor

(Traitor - Olivia Rodrigo)

 

...

Nos dias que se seguiram, Sam e Carly passaram muito tempo juntas; fazendo compras, assistindo séries, almoçando e jantando em bares e restaurantes e marcando presença na The Eras Tour. Isso porque, quando Freddie entrasse de férias, Sam planejava passar mais tempo com ele. 

O casal estava fazendo planos, mas ainda não tinham chegado a um acordo. Ela queria ficar em Seattle, ele queria passar pelo menos uma semana em alguma cidade pequena ali perto, aonde eles pudessem ficar sozinhos. Sam não podia negar que até apreciava a ideia, mas havia ficado tanto tempo longe de sua cidade natal, que sentia que ainda havia muito a redescobrir do lugar. 

Fora que agora eles estavam praticamente morando juntos, já que Sam não via mais motivos para continuar no apartamento de Carly após ter reatado com Freddie, principalmente agora que a amiga estava se entendendo com Griffin, era completamente natural que ela as vezes quisesse ficar sozinha com ele. É claro que Carly fez drama após Sam ter tomado a decisão, dizendo que Freddie estava roubando sua melhor amiga de novo, o que gerou apenas um revirar de olhos do Benson e um dedo do meio levantado de Sam. Mas no final das contas ela entendeu a situação, no entanto exigiu que a amiga a visitasse todos os dias, o que Sam aceitou de bom grado. 

 

E quando Freddie finalmente entrou de férias, levou Sam para jantar após o expediente; no primeiro lugar que a levou em seu primeiro encontro como um casal, anos atrás. Eles conversaram durante o jantar, ora bobagens, ora assuntos importantes. Depois andaram pela cidade, que estava tão iluminada que poderia facilmente vencer em uma competição contra Paris na categoria cidade da luz. E quando chegaram em casa, foram direto para o quarto, onde trocaram amassos e fizeram amor a noite inteira. 

Ao amanhecer, Freddie observava Sam dormindo serenamente em seus braços. Quem a visse assim poderia jurar que se tratava de um anjo, o rapaz sorriu com esse pensamento. 

E foi então que algo lhe surgiu a mente, um assunto do qual ele já pensava há semanas; "não seria melhor contar a ela a verdade por trás daquele plano de sua mãe?"

É claro que é sempre melhor deixar certas coisas no passado, porque trazê-las para o presente pode prejudicar o futuro. Mas, ainda assim, Freddie não achava certo ele ser o único naquele relacionamento a saber de algo tão importante sobre o mesmo. 

Não era justo com Sam, muito menos com o amor que ele sentia por ela.

E ela por ele. 

 

—Bom dia... 

A doce voz sonolenta de Sam o retirou de seus pensamentos, e seu sorriso aumentou ao ver aquele mar azul que ele tanto amava, olhando para ele. 

—Bom dia amor. 

Ele deu um beijo na testa dela e ela apenas se aconchegou mais no peito do namorado, o abraçando. 

—A gente pode ficar o dia inteiro aqui? Está tão bom... 

Ele riu. 

—Seria incrível baby, mas alguém precisa se alimentar. 

—Você pode fazer o café e trazer pra cá, eu amo comer as coisas na cama! 

—Só as coisas? 

Ele perguntou, em um olhar e tom de voz maliciosos. Sam franziu o cenho e deu um tapa no peito dele, mas não pôde evitar de dar uma risadinha. 

—Safado! 

—Você é mais, amor! 

Ela olhou para ele com uma expressão que se pudesse ser traduzida com uma frase seria "estou perdida". E então deu um selinho demorado nele, se sentou na cama e fez um coque no cabelo, o expulsando da cama logo em seguida. Freddie revirou os olhos mas se convenceu. 

—O que eu não faço pela minha princesa Puckett... -ele murmurou, ao deixar o aconchego da cama. 

 

                              {...}

 

Meia hora depois estavam sentados na cama com uma bandeja no centro. Freddie havia preparado panquecas com mel e morango, bacon, torradas e café; o dele com leite, sem açúcar, e o de Sam com leite, gelo e caramelo. 

—Sabe uma das coisas que eu mais amo em você? -Sam perguntou, enquanto dava mais uma mordida na panqueca. 

—O que? -ele respondeu, tomando mais um gole do café. 

—Dos seus dotes culinários! Quem diria que por trás daquele nerd que não parecia enxergar nada além de tecnologia e coisas geek, super protegido pela mãe, escondia esse chef de cozinha incrível! 

Ela terminou de falar e finalizou a panqueca, dando um selinho rápido no namorado, que riu com o comentário. 

—Eu amo quando você me elogia por isso!-deu uma mordida no bacon- quer saber um segredo? 

—Óbvio! 

—Quando eu estava aprendendo a cozinhar, eu me lembrava de você! Na verdade, sempre que eu cozinho eu lembro de você, mas quando eu ainda estava aprendendo era um pouco mais especial porque, mesmo com a distância, eu me sentia proximo à você! Quando eu inovava em algum prato, me perguntava se você iria gostar do que eu estava preparando, se ia ter uma expressão de aprovação no seu rosto, se você se atiraria nos meus braços e me encheria de beijos dizendo que a comida estava deliciosa... ou se você odiaria e me insultaria de novecentas maneiras diferentes...

Dessa vez fora Sam quem riu. 

—Você é mesmo um bobo, Benson... mas é o meu bobo! Eu amei saber desse segredo -bebeu um pouco mais o café- e adivinha; eu também tenho um! Quer saber qual é? 

Ele apenas assentiu e deu um beijo na bochecha dela, que continuou a falar;

—Quando eu comecei a fotografar, eu sempre me lembrava de você quando pegava em uma câmera, mesmo que fosse de fotos e não de filmagens. E até hoje é assim!

—Não sei porque eu ainda me surpreendo com essa conexão que a gente tem. -ele disse, sorrindo. -Eu também amei saber disso, cuteness! 

Sam olhou para Freddie com o mesmo olhar apaixonado que sempre aparecia quando estava com ele, encarou aquele rosto que tanto amava, sorriu e então o beijou. Freddie, por sua vez, enlaçou a cintura dela e quando o ar se tornou escasso, desceu os beijos pela clavícula e pescoço da namorada, que deixou escapar alguns suspiros baixos. 

Foi então que ele retornou à racionalidade. 

 

Se afastou dela e colocou a bandeja de café da manhã, que a essa altura se encontrava ausente de qualquer coisa alimentícia, na mesa de cabeceira. Suspirou, retomando fôlego, e então segurou as mãos dela, olhando profundamente em seus olhos. 

—Amor eu, preciso te contar uma coisa... 

Sua voz exalava preocupação, algo que incomodou Sam. Ela franziu o cenho de leve e se preparou para o que viria a seguir, seja lá o que fosse. 

—O que foi? Aconteceu alguma coisa? É algo grave? 

—Mais ou menos... tem algo que aconteceu quando éramos adolescentes, na época que namoramos pela primeira vez, que eu descobri recentemente e cheguei a conclusão de que é melhor você também saber. 

Sam bufou, impaciente. 

—Fala logo, Benson, você sabe como eu odeio quando enrolam e não chegam a um ponto! 

—Ok... lembra quando a minha mãe armou pra separar a gente revelando pra mim que você tinha sabotado a minha inscrição para aquele acampamento?

Sam rapidamente mudou de expressão e abaixou a cabeça. 

—Sim... não tem como eu esquecer, eu me arrependo disso até hoje. 

Freddie sorriu fraco, fez carinho na mão dela, em um gesto reconfortante, e prosseguiu:

—Então... nós nunca entendemos como ela tinha descoberto isso, ela chegou a dizer que vasculhou algumas coisas minhas, mas nós nunca acreditamos nisso porque nunca fez sentido. Mas tudo bem, fomos focando em outras coisas, seguindo as nossas vidas. -fez uma pausa e suspirou- Até que a Carly voltou da Itália ano passado e me chamou pra conversar, e nessa conversa ela me confessou que o Gibby tinha se aliado a minha mãe pra ajudar ela a separar a gente, e convenceu ela a participar, pedindo para ela revelar algo que você fez e que eu não soubesse, que me fizesse terminar com você. E foi aí que ela contou da inscrição pra minha mãe, e o resto, bem... você já sabe. 

 

Um silêncio se fez presente no quarto. Sam não sabia o que pensar, muito menos o que dizer, se encontrava em choque. A sensação que tinha era que o tempo havia parado, que Freddie havia terminado de falar antes mesmo de concluir a frase, pois fora nesse instante que seu corpo perdeu a capacidade de se manter firme e lúcido. Todas essas sensações acompanhavam uma dor terrível, que atingia seu ser profundamente, bem mais do que em órgãos como o coração, atingia sua alma

Nunca fora ingênua o bastante para acreditar que nunca seria traída, isso era algo que já aceitara que poderia acontecer, principalmente pelo fato de ter nascido no ambiente em que nasceu. O clã Puckett protege os seus apenas quando convém, Sam sabia disso muito bem, e o maior exemplo que tinha era o de sua mãe; Pam sempre defendeu e protegeu Melanie mas nunca fez o mesmo com ela, apenas pelo fato de Melanie sempre ter sido um exemplo, a única esperança da família, ao passo que Sam era o espelho perfeito dos Puckett, principalmente de sua mãe. Exceto pelo fato de que Sam jamais faria qualquer tipo de distinção entre seus filhos.

Mas sempre tivera certeza de que a traição jamais viria de seus amigos, principalmente daquela que sempre fora como uma irmã, figura materna... tudo! Carly era a responsável por apresentar a Sam uma realidade completamente diferente daquela que fora inserida ao nascer. Com ela, conheceu o que era de fato uma referência de família, se interessou em ir a escola, se esforçava para não ir presa, descobriu o amor e vários outros sentimentos positivos, se motivou a pensar em um futuro... em outras palavras; Carly Shay salvou Sam Puckett! Carly Shay era o anjo da guarda, a fada madrinha de Sam Puckett!

Então... por que a trairia? Isso não fazia sentido para ninguém, mesmo para alguém tão desajustada e hilária como Sam. 

Sentiu quando uma lágrima escorreu de seu olho direito, sentiu o olhar preocupado de Freddie sob si, -ainda que estivesse cabisbaixa-, e sentiu quando todas aquelas informações se tornaram o equivalente a uma bola de neve dentro de seu estômago, que a fez precisar correr para o banheiro. 

—Sam? -Freddie chamou a namorada, estranhando ela ter se levantado e começado a correr- SAM? -e chamou novamente, ao perceber que ela havia se trancado no banheiro. 

Freddie estava transtornado. Nunca tinha visto Sam naquele estado. 

Começou a bater repetidas vezes na porta ao perceber que ela estava chorando e... vomitando? Suas batidas aumentavam a cada vez que um barulho era proferido naquele espaço. 

—Sam meu amor, abre essa porta, eu estou morrendo de preocupação aqui, deixa eu te ajudar! Sammy... 

Os barulhos de expelição já haviam cessado, mas os de choro apenas aumentavam. Freddie parou de bater na porta, mas continuou insistindo para que Sam a abrisse.

Ele poderia arrombar, havia aprendido a fazer isso com ela, há muito tempo. Mas ele sabia que por mais que Sam agora se abrisse mais com as pessoas que confiava, havia momentos onde ela preferia se trancar e chorar sozinha. Muitos não entendiam isso, mas ele certamente sim. 

Porque há certas situações que são impensáveis a cada ser humano, e uma delas com certeza é sofrer uma traição de alguém que se confia cegamente. Principalmente quando essa confiança é construída desde a infância, ou adolescência. 

E Freddie sabia que Sam jamais pensara que Carly e Gibby pudessem ser capazes de algo assim. Sobretudo Carly, elas eram como irmãs, ele sabia que o que realmente estava machucando a namorada era saber que a Shay estava envolvida nisso. 

Por isso ele a deixou desabafar sozinha, respeitando o espaço que silenciosamente ela pedira. 

Alguns minutos se passaram e os barulhos de choro se esvaneceram, agora o que Benson ouvia era barulho de descarga seguido por água correndo, imaginou que Sam talvez estaria lavando o rosto, a boca... se recompondo, como ela sempre fazia após sofrer uma queda. 

 

Se afastou da porta quando a ouviu sendo, finalmente, destrancada. 

Sam parou no batente e encarou o namorado. Ela estava com os braços cruzados e um semblante péssimo; olhos vermelhos, bochechas inchadas, o cabelo desgrenhado, a franja grudada na testa... e seu olhar era de profunda decepção. 

—Chama a Carly e o Gibby aqui. Agora! 

Sua voz soou firme, e Freddie não teve outra escolha a não ser pegar o celular e discar o número dos amigos. 

 

 

                              {...}

 

—Há quanto tempo você sabe? -Sam perguntou, ao pegar uma xícara de chá que Freddie a ofereceu. 

Uma hora havia se passado, o casal agora se encontrava na sala, aguardando os amigos chegarem. Os dois atenderam o telefonema de Freddie, que apenas os disse para irem ao seu apartamento com urgência. Carly disse a ele que havia dormido na casa de Griffin e por conta disso se atrasaria, e Gibby disse que já estava a caminho, -apesar de não ter entendido o que ele faria lá-.

Sam estava um pouco mais calma, havia tomado um tranquilizante, trocado a camisa de Freddie -que havia se tornado seu pijama na última noite- por uma calça de moletom e camisa de banda. Freddie, por sua vez, também trocou de roupa e fez um chá para a namorada, que aceitou de bom grado. 

Ele sabia que ainda teria que responder as várias perguntas que ela lhe faria, mas por ora apenas se concentrava em cuidar de Sam, o choque dela ao saber da notícia foi bem maior que o dele. É claro que na época se sentiu decepcionado com os amigos, também sentiu raiva e tristeza... mas de algum modo para ele foi um pouco mais fácil a descoberta, não sabia dizer o porquê, mas suspeitava de que era pelo fato de que nunca fora exatamente apegado aos amigos como Sam era. Em outras palavras; nunca os colocou em um pedestal ou algo parecido. A reação que Sam tivera no quarto confirmou suas suspeitas; era bem provável que ela tivesse dependência emocional em Carly, e por conta disso sempre colocou a amiga em uma posição exageradamente elevada em sua vida, quase como a de uma santa de devoção. 

Mas Freddie não julgava Sam por isso, ele sabia de toda a trajetória das duas, sabia que a vida nunca a tratou bem, sabia que as coisas sempre foram complicadas para ela... inevitavelmente a amizade com Carly a salvou. Ele entendia isso, porque o salvou também, a diferença é que apesar de todos os problemas em sua vida, a dependência que ele sentia em Carly diminuiu com o tempo, ao ponto de se tornar inexistente. Ao passo que com Sam foi completamente o oposto; aumentou gradativamente com o tempo. 

Fechou os olhos em lamentação ao constatar que ainda havia uma longa jornada pela frente. 

—Desde o ano passado, quando a Carly voltou, -ele respondeu, se sentando ao lado dela no sofá, que deu um longo gole no chá. 

—E por que não me contou a mais tempo? 

—Porque é algo muito delicado, amor, eu sei que para você saber de algo assim seria algo difícil de aceitar e lidar... não estou dizendo que você é fraca, é só que você e a Carly tem uma história antiga, vocês se conheceram primeiro, bem antes de eu chegar, ela sempre foi como uma irmã para você e...

—Eu já entendi, nerd. -ela respondeu, o cortando. 

—Mas, -ele voltou a falar- já tem um bom tempo que eu estava pensando em te contar, logo quando voltamos, mas com tanta coisa acontecendo eu acabei não contando. Mas reconheço que devia ter te contado bem antes, antes mesmo de você voltar... você me perdoa? 

—Não, porque não tem o que eu te perdoar. Apesar de tudo, só tem duas pessoas que devem fazer essa pergunta, e uma delas com certeza não é você. 

Ela deu um longo selinho nele, como se estivesse selando o que dissera. 

 

A campainha tocou. Sam e Freddie trocaram olhares, a loira voltando a se sentir apreensiva. Freddie então se levantou e abriu a porta sozinho, ao passo que Sam permaneceu sentada no sofá, mas logo se levantou ao ver as pessoas que entraram pela porta. Franziu o cenho ao ver uma certa morena. 

—O que aconteceu? Por que chamaram a gente aqui em pleno sábado de manhã? -perguntou Gibby. 

—O que deu em vocês, hein? -perguntou Carly, em tom de brincadeira. -Decidiram se casar de repente? que nem o Billy e a Camila?, a Sam está grávida?, querem juntar alguém?... 

A raiva tomou conta de Sam, que cerrou o punho para não voar no pescoço da morena. 

—Não é nada disso, Carly, o assunto é realmente sério e seria muito legal da sua parte se você não fizesse piada, por acaso eu e a Sam estamos rindo? 

Freddie tomou a frente da situação, sua expressão estava séria e Carly imediatamente se calou, engolindo em seco, como uma criança faz ao levar bronca do pai. 

—Me desculpa... 

Ela tentou dar um abraço em Sam, mas a loira recuou. 

—Tá legal, o que vocês estão escondendo? -Carly novamente perguntou, já sentindo o amargo gosto do nervosismo em sua boca.

Freddie sinalizou para que os amigos se sentassem, o que eles prontamente obedeceram; Carly e Gibby se sentaram na ponta esquerda e Sam e Freddie, que estavam de mãos dadas, se sentaram no meio. 

O Benson suspirou antes de começar a falar. 

—Serei direto; contei pra Sam o que vocês fizeram anos atrás, na primeira vez que namoramos. 

Carly arregalou os olhos e levou as mãos a boca, atônita. Gibby também arregalou os olhos, demonstrando um pouco menos de emoção que a Shay, mas ainda assim surpreso e chocado, pois ele nem ao menos sabia que o ocorrido havia chegado ao conhecimento de Freddie, ele pensava que esse era um segredo enterrado. 

—O-o-oque? -gaguejou ele, reflexivo. 

—FREDDIE, VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO! -Carly gritou, se levantando. 

—NÃO ACREDITO, VOCÊ CONTOU PRA ELE? -Gibby perguntou a morena, indignado, também se levantando do sofá. 

—E não podia contar? Por acaso isso era um segredo que deveria permanecer eterno? -Sam se manifestou, com uma calma anormal para ela.

Carly e Gibby, que estavam prestes a trocar farpas, olharam para a loira. Vergonha, medo, insegurança, raiva, tristeza sendo manifestados em suas expressões. 

—Eu sinto muito, Sam. -disse Carly. 

—É, eu também. -a loira respondeu, com desdém. -Eu só tenho três perguntas; o que se passou pela sua cabeça, Gibby, quando decidiu se aliar a Marissa? O que você pretendia, Carly, em se deixar ser persuadida por esse cara? E porque decidiu só anos depois contar a verdade ao Freddie e não contar pra mim? 

Um silêncio mortal se fez presente naquela sala, ninguém ousava dizer nada, apesar de duas delas saberem muito bem o que dizer. Freddie alternava seus tensos olhares para a namorada e os amigos. A vontade de se manifestar estava presente, mas se segurou, sabia que esse era para ser um momento apenas entre Sam, Carly e Gibby, apesar de ele também estar envolvido no assunto, Sam era a única que não sabia do plano e Gibby o único que não sabia que Carly o contara sobre o mesmo. 

Uma confusão! 

—Ninguém vai falar nada? O gato comeu a língua de vocês? -Sam quebrou o gelo, com a voz já não tão baixa. 

Carly respirou fundo e se sentou de frente para a amiga, novamente. Gibby pensou em fazer o mesmo, mas resolveu permanecer de pé, ainda reunia coragem para encarar a situação. 

—Olha, Sam, primeiro eu quero te dizer que nunca foi fácil conviver com esse segredo, isso pesava a minha consciência toda dia, principalmente quando eu ia dormir. Quando eu voltei eu decidi contar, pelo menos para o Freddie, o que realmente aconteceu, como forma de tentar aliviar essa sensação horrível! E eu só não te contei porque ficamos sem contato durante um tempo, e quando você voltou, eu não quis te aborrecer com esse assunto. Já passou tanto tempo, também...

Sam deu uma risadinha debochada. 

—Então eu não era digna de saber? Sendo que era algo que me atingia? Porra Carly, sabe como esse incidente ajudou a estremecer o nosso relacionamento? Eu e o Freddie podíamos estar casados hoje em dia se não fosse a merda dessa armação! Tanta coisa não teria acontecido, eu não teria ido pra Los Angeles, nós não teríamos ficado tanto tempo sofrendo com a ausência um do outro! Como você, minha, nossa melhor amiga, pôde fazer isso conosco? Puta merda! 

Carly abaixou a cabeça e Sam fez o mesmo, limpando uma lágrima que insistia em cair de suas íris azuis. Apertou a mão de Freddie com mais força. 

—E o que te fez fazer isso? Você fez de graça, só porque estava se sentindo excluída, ou porque teve algum outro motivo realmente sério? 

—Eu... fiz por pura pressão, o Gibby e a senhora Benson praticamente me colocaram contra a parede, até eu não ver mais alternativas. 

—Ah fala sério, Shay, você tem cara mas todo mundo sabe que você não é santa! -Gibby se pronunciou, após um longo silêncio. 

Carly fechou os olhos e respirou fundo, permanecendo o olhar em sua amiga. 

—Ok, eu também fiz porque estava me sentindo excluída, como você mesma sugeriu! Sei lá, vocês estavam tão próximos, saindo tanto juntos... nós éramos um trio e aí do nada vocês começaram a namorar e viraram uma dupla. De repente eu não conhecia mais vocês, não tinha mais piadas internas com a Sam, a Sam não ia mais tanto lá pra minha casa, vocês não desabafavam mais comigo... era como se eu fosse invisível, a coadjuvante da minha própria história!

Freddie levantou as sobrancelhas, desse detalhe ele não sabia. 

—Como é? -ele se manifestou, não escondendo o choque que essa informação lhe causou. 

—Caralho... -disse Sam, um pouco reflexiva. 

—Por que você omitiu essa parte de mim, Carly? -perguntou Freddie. 

—Porque eu fiquei com medo de você me odiar ainda mais...

—Bom, você sabe que eu gosto de sinceridade... pensei que você estava sendo cem por cento sincera aquele dia. 

Dessa vez foi ele quem apertou a mão de Sam com mais força. 

—Me desculpa... 

Ela disse e voltou a abaixar a cabeça. 

—Olha, na época a gente desconfiava que você estava com inveja do nosso relacionamento, por estar sempre reclamando dos nossos atrasos para o iCarly, mas eu nunca realmente levei esse pensamento a sério, eu achava que você não seria capaz disso. Mas hoje eu vejo que eu e o Freddie sempre estivemos certos, mas que eu não queria enxergar. Que idiota! -disse Sam. 

Outro silêncio predominou o ambiente. Carly continuava cabisbaixa, secando as inúmeras lágrimas silenciosas que caiam. Sam tinha o olhar perdido no ar, como se tentasse buscar na memória qual seria o próximo passo daquela "lavagem de roupa suja", ou talvez estivesse apenas revisitando todos os acontecimentos passados que os fizeram estar naquela presente situação. E Freddie, alternava o olhar para o rosto da namorada e suas mãos unidas. Uma parte sua se sentiu culpada por ter iniciado essa situação, mas seu lado racional novamente o lembrou que era necessário. 

Então olhou para Gibby, que estava... mexendo no celular? 

—E você Gibby, não vai responder a pergunta da Sam? Vai ficar parado aí mexendo nesse celular enquanto a gente lida com esse clima tenso? 

O Gibson guardou o dispositivo no bolso da calça e olhou para o amigo. 

—A culpa não é minha se vocês decidiram desenterrar o passado... eu não sou obrigado a lidar com isso! 

Sam ergueu o olhar, a raiva predominando suas expressões. 

—Não adianta me olhar desse jeito, Puckett, eu não tenho mais medo de você! 

Dessa vez foi Freddie a ser dominado pela raiva, não estava conseguindo acreditar na reação que o amigo estava tendo.

—Fala logo, Gibby, por que se aliou a minha mãe? Eu sempre fui seu melhor amigo, por que me prejudicou dessa forma? 

Sua voz se exaltou e Gibby fechou os olhos e respirou fundo, se aproximando dos amigos, mas sem sentir a mínima necessidade de se sentar. 

—Ok... já que insistem tanto em saber, eu vou falar, e já adianto que ao contrário da Carly o meu motivo é cem por cento justificável, por isso não estou nem aí se vocês me perdoarem ou não. 

—Desembucha logo, Gibson! -disse Sam. 

—Depois que vocês dois começaram a namorar, eu me tornei o saco de pancadas de uma certa loira -olhou diretamente para Sam- tudo que você, Sam, fazia com o Freddie, você começou a fazer comigo. Você me batia, me empurrava, me zoava a troco de nada, já que eu nunca fiz nada pra você. No início eu até relevei porque você sempre me zoou, mas com o tempo isso passou dos limites, e eu fui ficando cheio disso. -fez uma pausa para tomar fôlego- Eu só queria que isso acabasse, e se possível, me vingar de você! Aí quando a senhora Benson me procurou porque suspeitava de que alguma coisa estava errada com o Freddie, eu contei á ela do namoro, e usei como prova aquelas fotos ali. -apontou para dois porta retratos que estavam na rack da televisão, eram fotos de Sam e Freddie juntos; na primeira, Sam estava fazendo uma careta fofa e Freddie sorrindo pra ela, e na segunda, Freddie estava com o braço ao redor do pescoço da loira e ambos estavam sorrindo um para o outro. 

—Então foi por isso que você tirou aquelas fotos? -Freddie perguntou, chocado, mais um detalhe que passou longe de seu conhecimento. 

Gibby apenas assentiu. 

—Eu estou sentindo tanta vontade de te quebrar agora, seu baleia! -disse Sam, raivosa, quase se levantando do sofá mas sendo impedida por Freddie, que sussurrou em seu ouvido que se ela fizesse isso seria pior. Bufou, inconformada. -Cara, você usou a gente! 

—Não, Sam, você me usou quando decidiu me transformar no seu saco de pancadas pessoal só porque decidiu namorar a sua principal vítima. Eu só me vinguei! Mas se serve de consolo, eu me arrependi a tempo, por isso tirei a sua sogrinha do estúdio quando o Freddie estava prestes a terminar com você e a Carly não deixou. -olhou para Freddie- E foi por isso eu te dei força pra você reconquistar ela quando ela voltou, Freddie. Eu também sinto peso na consciência até hoje! 

 

Silêncio. 

Novamente ele reinou naquela sala, dessa vez de uma forma mais longa e mais definitiva do que as outras. 

Nenhum dos quatro amigos sabiam qual seria o próximo passo, se haveria um de fato. Era evidente que após as grandes revelações virem a tona, o futuro daquela amizade de tantos anos estava ameaçado, a fragilidade daqueles laços havia se apresentado, as feridas parcialmente fechadas foram abertas, as cicatrizes completamente fechadas se abriram. Ninguém ousava se manifestar!

E após o que pareceu ser uma eternidade, pôde-se ouvir um suspiro de Sam; ela seria aquela a se arriscar a se pronunciar, a primeira que falaria após a próxima fase daquela amizade se iniciar. 

—Bom, eu acho que o melhor a fazer por agora é cada um seguir o seu caminho, ficarmos um tempo afastados, e ver como as coisas se ajeitam. 

Todos olharam para ela, e ninguém ousou fazer nenhuma objeção. 

—Eu concordo com a minha namorada, está muito cedo para falar em perdão ou qualquer outra coisa que signifique deixar essa história no passado, nós quatro precisamos de um tempo para digerir tudo isso. -Disse Freddie, que recebeu um olhar acolhedor de Sam. 

—Eu também concordo. Dizem que o tempo cura tudo, espero que algum dia vocês consigam me perdoar, principalmente você Sam, e que possamos recomeçar. Eu não quero perder nenhum de vocês! -disse Carly. 

—É. É o melhor mesmo. -disse Gibby. 

Os quatro se entreolharam, como se estivessem se lembrando de todos os momentos passados juntos; era uma despedida silenciosa de uma grande amizade, ainda que não definitiva. 

E então, calmamente, Carly segurou a mão de Sam, que milagrosamente não exitou, e pela primeira vez durante toda aquela conversa, olhou nos olhos da Shay, que deu a ela um meio sorriso, que quase foi retribuído, se não fosse a mágoa que Sam sentia no momento. E então, a loira soltou sua mão, e a morena entendeu a deixa para se levantar do sofá, e então, deu as costas, abriu a porta e saiu do apartamento. 

Gibby fez menção de fazer o mesmo, mas então, se lembrou de algo e olhou para Freddie. 

—Por que nunca me disse que você sabia? -ele perguntou, e Freddie imediatamente respondeu:

—Porque eu não queria que a nossa amizade ficasse abalada. E a propósito, eu já te perdoei! 

Gibby arregalou os olhos, por essa ele não esperava. 

—E consegue manter esse perdão depois de hoje? 

—Talvez... não sei. Tinha alguns detalhes que eu não sabia, entende? 

—Entendo sim, cara. Fica bem! 

—Você também, cara! 

E então ele saiu. 

E Sam e Freddie novamente ficaram sozinhos naquela sala silenciosa. 

 

Olharam para baixo; suas mãos ainda estavam unidas, e eles nem haviam se dado conta disso. Foi inevitável um pequeno sorriso não surgir em seus lábios quando seus olhares se encontraram. 

Se abraçaram e Freddie começou a acariciar os longos cachos de Sam, que permitiu que mais lágrimas silenciosas fossem derrubadas, molhando a camisa do amado.

A conexão que compartilhavam era de fato admirável, e naquele momento funcionava como uma promessa; eles iriam ficar bem. 


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Notas finais do capítulo

E aí? Tenso, né?
Pois é, esse capítulo foi de cem a zero muito rápido ksksk.

Eu sempre achei que a Sam tinha muita dependência emocional na Carly, e eu quis abordar isso aqui.
Não sei se alguns de vocês também pensam assim, mas >> pra mim << isso fica muito evidente em vários momentos da série, pois há situações onde a Sam leva muito em consideração a opinião da Carly, a ponto de afetar algumas decisões dela, algo que não condiz muito com sua real personalidade. Como por exemplo: o próprio término Seddie. A Sam e o Freddie terminaram após ouvirem a Carly falar merda para o Spencer e a namorada dele, alegando que eles não estavam tendo um relacionamento nada normal. E, como ela já havia anteriormente dito coisas parecidas pra Seddie, eles tomaram isso pra sí, PRINCIPALMENTE A SAM, pq foi ela que começou o diálogo que resultaria no término. O Freddie até chega a tentar confortar ela dizendo que não era deles que a Carly estava falando, mas a mente dela já estava tão manipulada, que ela só se convence de que o melhor seria eles terminarem, como forma não apenas de ter paz (pq praticamente todo mundo era contra o namoro), mas também pq as opiniões da Carly são consideradas meio que "sagradas" pra ela.
Enfim, esse é apenas um dos motivos pelos quais eu não gosto da Carly, mas é claro que tem muito mais, se deixassem eu poderia facilmente fazer um slide no PowerPoint explicando os outros exemplos (bem no estilo tribunal msm).

Bom, o próximo capítulo vai demorar um pouco mais que esse devido a outros projetos de escrita que eu tenho, mas espero que tenham gostado, me deixem saber suas opiniões, por favor.

Bjinhuuuss! ♡♡

(Ps: antes que me perguntem, sim, nessa fic eu desconsiderei completamente aquele beijo horroroso de creddie em iGoodbye! ^^)



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