Reencontros e Recomeços escrita por ancientsoulwriter


Capítulo 3
02 - Jantar, champanhe e estrelas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ^^



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E bem ali onde estávamos

Era solo sagrado

(Holy Ground - Taylor Swift)

...

Freddie chegou uma hora atrasado naquele dia. Ele pôde perceber alguns olhares quando entrou pela porta da empresa, mas como ele era o chefe, ninguém ousava falar nada, apesar de a imagem de empresário autoritário passar bem longe de sua real personalidade.

Por sorte, não havia muito o que fazer naquele dia, tinha apenas uma reunião às dez, alguns contratos para assinar e emails para responder.

Após o primeiro compromisso, foi até sua sala e tentou se concentrar nos papéis a sua frente, mas assim como na reunião, da qual só tivera sucesso devido a curta duração, sua mente o traiu e sua concentração foi levada até á dona dos cachos dourados que vira pela manhã.

Mas, o que ele poderia fazer? Foi uma surpresa reencontrar Sam, ainda mais naquelas circunstâncias. Não podia negar que estava ansioso para revê-la desde que Carly lhe contara sobre seu retorno. Na verdade, queria a muito tempo se reencontrar com ela, mas nunca tivera coragem de entrar em contato depois da última vez em que se viram, e logo depois a faculdade começou e a rotina fez a distância entre eles aumentar.

Mas nem mesmo a distância diminuiu o amor que ele sentia por Sam. Era inacreditável, mas parecia que o tempo em que passaram separados só fez aumentar o sentimento.

Uma loucura, mas não tem como falar de Samantha Puckett sem mencionar pelo menos um pouco de loucura.

 

Uma batida na porta o fez sair de seus devaneios.

—Pode entrar! -ele disse, simplesmente, enquanto fingia estar concentrado nos papéis.

—Com licença, senhor Benson. -a secretária disse enquanto abria a porta, parando no batente dela- O senhor Gibson está aqui e disse que tem urgência em lhe falar.

—Obrigado, pode mandar ele entrar, por favor.

Ela apenas assentiu e Gibby entrou na sala, indo se sentar em uma das cadeiras na frente da mesa de Freddie.

Gibby Gibson era um dos amigos mais antigos de Freddie, Sam e Carly mas principalmente de Freddie. Os dois faziam várias aulas juntos na escola e acabaram se aproximando por serem sempre zoados pelos valentões.

Ironicamente (ou não) principalmente por Sam.

—E ai Gibby, o que quer? -perguntou Freddie.

—Bom dia pra você também. -ironizou -Eu estava passando aqui perto e decidi entrar pra conversar um pouco.

—E não passou pela sua cabeça que eu poderia estar atolado de trabalho? -disse, apontando para a pilha de papéis em sua frente.

—Trabalho esse que parece estar intacto, né? - deu uma risadinha- Tem certeza de que estava trabalhando?

—Eu estava... na verdade, tentando, não estou conseguindo me concentrar...

—Toma café!

—Já tomei, quase uma garrafa inteira, mas está muito difícil.

—Tá, isso parece realmente preocupante! Já pensou em ir ao médico?

—Não se trata de médico.

—Se trata do que então?

Um silêncio tomou conta do ambiente.

Valeria a pena contar para Gibby que a causa de sua falta de concentração tem nome, sobrenome, cabelos loiros e olhos azuis?

Ele era um de seus amigos mais próximos, mas o que entendia de amor? Todos seus relacionamentos fracassaram e ele ainda se lembrava de quando o amigo ajudara sua mãe em um plano para acabar com seu namoro com Sam, anos atrás.

Gibby não sabia disso, mas Freddie descobrira pouco tempo depois de Carly voltar da Itália, ela disse que precisava confessar algo do passado que ainda pesava em seus ombros em forma de culpa e contou sobre o plano e sobre como Gibby a convenceu de participar. Freddie ficou muito bravo no início, mas depois entendeu que seus amigos haviam sido manipulados pela mãe. Marissa Benson não era a pessoa mais fácil de se lidar e era muito boa em transformar pessoas em marionetes pessoais. Principalmente crianças e adolescentes.

No entanto, considerando que mesmo após descobrir o pior erro dos amigos a amizade permanecia intacta, decidiu se abrir.

—Da Sam! -disse, simplesmente e percebeu que Gibby arregalou os olhos.

—Como assim?

—Eu vi a Sam essa manhã...

—A Sam? Ela está aqui em Seattle?

Freddie revirou os olhos.

—Não, na fábrica de bolo gordo lá no Canadá. É claro que é aqui em Seattle!

—Calma, também não precisa falar assim! -deu uma risadinha- Mas por qual motivo ela está aqui? É por causa do jantar de hoje a noite?

—Sim! Ela chegou ontem e hoje eu a encontrei quando estava saindo do meu apartamento, ela estava saindo do apartamento do Spencer. Pelo que deu a entender ela dormiu lá porque reclamou do sofá do Spencer e da Inez. -deu uma risadinha.

—E pelo visto continua a mesma, não é?

Freddie assentiu, ainda sorrindo. 

—Mas ela está diferente também. Mais amadurecida, mais bonita...

—Legal...

Outro silêncio se instaurou no ambiente, Freddie encarava um ponto qualquer da sala, talvez esperando o amigo voltar a dizer alguma coisa, enquanto Gibby pensava. Até que o Gibson decidiu arriscar uma pergunta:

—Cara... você ainda gosta da Sam?

Freddie ficou em silêncio durante alguns segundos.

Aquela pergunta era séria?

—Bom, considerando que eu literalmente acabei de dizer que não consigo me concentrar nessa papelada por causa dela e desde que a Carly me contou que ela viria para o jantar eu não consigo parar de pensar nela, assim como não consegui durante todos esses anos, então, sim Gibby, eu ainda sou completamente apaixonado por ela!

—Então meu amigo, sua chance é agora! Não desperdiça, tá? Aproveita que ela está aqui, fala com ela no jantar de hoje, diz como se sente.

—E é exatamente isso que eu pretendo fazer. Samantha Joy Puckett não vai fugir de mim de novo!

—Esse é o meu garoto! Quem dera você tivesse essa atitude na época do namoro... mas tudo bem porque éramos todos adolescentes.

Freddie apenas revirou os olhos e jogou uma caneta no amigo, que deixou escapar uma risada.

 

                               {...}

 

Quando Sam chegou ao 14B, apartamento de Carly, viu a amiga tomando um smoothie de frutas e assistindo algo na TV. A cumprimentou e subiu para o quarto, estava exausta demais para conversar naquele momento e se perguntou como Carly estava tão bem disposta... vai ver ela não havia exagerado tanto na bebida quanto pensava, concluiu em pensamento.

Após fazer as higienes decidiu tomar um banho gelado, um ótimo remédio pra ressaca e após voltar para o quarto, tomou um remédio para aliviar as dores que sentia nas costas e na cabeça e decidiu cochilar por uns trinta minutos.

 

Acordou uma hora depois com batidas na porta que por sinal estava aberta.

—Quer ir ao shopping? -perguntou Carly, em sua animação de sempre.

Sam abriu os olhos bem devagar, tentando raciocinar aonde estava e quem ela era, e então olhou para a amiga.

—É... pode ser... -esfregou os olhos- fico pronta em 10 minutos!

Carly saiu do quarto e Sam lentamente se levantou. Escolheu uma roupa confortável que consistia em calça jeans preta, blusa branca, jaqueta de couro e coturno. Os cabelos iam ficar soltos, como sempre, e maquiagem era dispensável.

 

No caminho, Taylor Swift mais uma vez marcava presença dentro do carro, dessa vez com uma música do álbum Midnights, o mais recente dela. Porém, Sam permaneceu em silêncio, apenas absorvendo o ritmo enquanto pensava no reencontro que tivera de manhã. Passado o choque, sem mais nenhum resquício de álcool no cérebro, ela agora conseguia pensar com mais clareza no que aquilo significava.

Sentira saudades de Freddie durante todos esses nove anos, era louco pensar que nem mesmo a distância conseguira acabar com aquele sentimento que ela carregava desde sempre, afinal, não houve um dia em que não quisesse estar em sua presença.

Ela ainda se lembrava de quando ele fora em Los Angeles vê-la. Ela havia ficado em um misto de sentimentos e emoções. Sentira surpresa, felicidade, raiva, tristeza... isso porque o reencontro não saíra como o esperado. Na realidade, Sam nem ao menos sabia que ele estava na cidade.

 

Sentiu quando o carro parou, haviam finalmente chegado ao shopping. As jovens desceram do carro e entraram, o primeiro lugar que foram fora a praça de alimentação, isso porque Sam não havia comido nada além daquela maçã e já estava mais do que na hora do almoço.

Sam havia pedido um hamburger com batatas fritas e refrigerante Blue Dog. Já Carly, havia optado por uma salada, macarrão e suco de maracujá.

—É incrível como você cresceu mas seu paladar continua o de uma adolescente. -disse Carly, descontraída enquanto dava um gole no suco.

Sam revirou os olhos.

—Se for pra criticar minha alimentação então nem precisa falar nada!

—Calma sua boba, não precisa falar assim.

Sam apenas deu uma mordida enorme no hambúrguer.

Carly observou os gestos da amiga, ela estava um pouco diferente... não havia falado nada o caminho inteiro, não sentiu vontade alguma de escolher a música que tocaria no carro, havia dormido por uma hora antes de saírem de casa...

Talvez ainda fossem efeitos da ressaca, mas Shay era esperta o suficiente para saber que quando uma pessoa toma banho gelado e dorme, automaticamente a ressaca vai embora, como o sono quando alguém toma café.

—Sam... está tudo bem? -ela perguntou, soltando os talheres no prato.

—Sim, por que não estaria? -a loira respondeu, sem tirar a atenção do pacote de batatas fritas, já pela metade.

—Eu não sei... me diz você! -deu um gole enorme no suco.

Sam finalmente olhou para ela, e pôde perceber que a Shay estava realmente aflita, realmente preocupada com ela.

Droga! Essa é uma das coisas em que Carly era especialista, ela sabia quando alguma coisa estava errada com os amigos e pessoas próximas. E seu instinto nunca falhara sob Sam!

(Com exceção de uma única vez muito específica).

Ela sabia que não iria adiantar nada esconder seus sentimentos da amiga, o jantar marcado às oito iria entregar isso por ela.

Não tocar nesse assunto seria o melhor a se fazer por agora, mas como evitar o inevitável? Nem mesmo os maiores gênios da história conseguiram isso!

—Eu... -fez uma pausa e respirou fundo- Eu vi o Freddie hoje de manhã...

Carly sorriu aliviada e toda a tensão desvanceneu de sua face. 

—Ufa! Pensei que fosse algo mais grave!

Sam arqueou as sobrancelhas.

—Como o que?

—Ah, eu sei lá... bateu em alguém e agora querem te processar, esqueceu de pagar alguma conta em Los Angeles, essas coisas... você sempre foi polêmica e apocalíptica.

Sam riu sarcasticamente.

—É você está muito engraçadinha hoje Carlotta Shay... estou me segurando aqui para não quebrar essa sua cara de princesa! -deu um gole no refrigerante.

Carly abanou o ar com a mão direita enquanto voltava a mexer com os talheres no prato.

—Mas e aí... como foi reencontrar ele? Sentiu muitas borboletas no estômago?

—Ah, foi... normal, bom... -sorriu- ele está tão diferente! Mas ao mesmo tempo continua o mesmo... eu não sei explicar!

—Você ainda é apaixonada por ele, não é?

Sam ficou em silêncio por alguns segundos, deu uma olhada rápida para o lado direito, onde uma criança andava em um daqueles animais motorizados cujo nome Sam não sabia. Comeu a última batatinha e se concentrou em terminar o refrigerante. Em seguida, olhou novamente para a amiga.

—Sim, eu ainda amo aquele nerd tecnológico fissurado por Guerra nas Galáxias! Pode me processar agora.

Carly deu um gritinho, animada, e bateu palmas como uma adolescente emocionada depois de ver uma comédia romântica.

—Então o que você esta esperando? Se declara logo, aproveita o jantar de hoje!

Sam deu uma risadinha.

—E ele ainda me ama por acaso?

—Sim, ele ama! Dá para ver nos olhos dele amiga, ele é louco por você!

—E como você tem tanta certeza?

—Ele simplesmente não deu certo com mais ninguém depois de você! -olhou para os lados, se aproximou lentamente para a frente da amiga e diminuiu o volume da voz- E cá entre nós, uma vez eu vi ele entrando no email dele e a senha era o seu nome.

Carly retomou sua posição inicial na mesa, mas Sam franziu o cenho, pensativa e até um pouco confusa com a fala da amiga.

 

                               {...}

 

Quando a noite caiu, Carly e Sam arrumaram a mesa e terminaram de preparar os pratos que seriam bem simples; macarronada com almôndegas recheadas, frango frito, salada e mousse de chocolate para a sobremesa. Pensaram em chamar Spencer para fazer seus famosos tacos de macarrão mas ele estava muito ocupado naquela tarde.

Quando a situação na cozinha ficou sob controle, subiram para tomarem banho e se arrumarem. Sam achou aquilo um exagero, tendo em vista que não iriam receber ninguém especial, apenas velhos amigos. Carly rebateu dizendo que os velhos amigos são pessoas especiais. A loira apenas bufou e aguardou sua vez de tomar banho, enquanto isso, aproveitou para escolher a roupa.

 

No andar debaixo, Freddie se encontrava em uma encruzilhada; não sabia qual camiseta Sam iria gostar mais, a listrada de azul ou a branca lisa. Riu ao constatar que naquele momento estava revivendo uma situação do passado onde ele tinha um encontro com Melanie, irmã gêmea de Sam, mas achava que era Sam e queria encontrar uma camiseta da qual ela abominaria.

E agora ele estava lá, fazendo a mesma coisa anos depois. A única diferença é que na situação atual ele queria conquistar a mulher, não afastá-la. E para isso precisava causar uma boa impressão.

Pensou em mandar uma mensagem para Carly pedindo conselhos, ela o havia ajudado com isso na situação passada, poderia ajudar na situação presente também.

Colocou as duas camisas uma ao lado da outra na cama, tirou uma foto e enviou para a amiga e em seguida digitou "qual das duas você acha que a Sam vai amar mais?". A Shay demorou quase vinte minutos para responder, mas quando o fez digitou um monte de "haha" e em seguida disse que a branca lisa era mais propensa para a situação mas se ele estava mesmo a fim de impressionar Sam, então a listrada azul faria isso melhor. Além de com certeza passar uma sensação de nostalgia.

Freddie agradeceu o conselho da amiga e continuou a se arrumar. Pensou em levar algo para dar de presente a loira mas achou exagero então decidiu levar algo que agradasse tanto ela quanto Carly e todos os presentes do jantar; Champanhe Don Perignon.

 

Em menos de vinte minutos se encontrava em frente a porta do apartamento de Carly. Tocou a campainha e sorriu ao ver os cachos loiros tão familiares a sua frente quando a porta foi aberta. Sam estava de costas para ele, falando alguma coisa com alguém que já se encontrava dentro do apartamento, poucos segundos depois ela virou o rosto e arregalou um pouco os olhos ao vê-lo.

O Benson não pôde deixar de achar adorável a cena e sorriu mais uma vez.

—Oi Freddie.

—Oi Sam. Trouxe isso aqui.

Ele entregou a garrafa e percebeu que a loira havia gostado do gesto pois dera um sorrisinho. 

—Champanhe... valeu, Benson!

Ela sorriu e chegou para o canto, dando passagem para que ele entrasse e fechou a porta. Freddie teve um ímpeto de abraçá-la mas Sam parecia um pouco ansiosa, mal fechou a porta e já correu para os fundos da cozinha falar alguma coisa com Carly.

Percebeu que Spencer já se encontrava lá e foi cumprimentar o mais velho. Ele estava sentado em uma das banquetas da bancada da cozinha, observando as garotas. Por estar de costas, não viu quando Freddie chegou.

—E aí Spencer!

O Shay virou para o lado, sorriu e o abraçou.

—Freddinho! Como você está moleque?

—Estou bem -ele se sentou na banqueta ao lado- você sabe o que elas estão tentando fazer?

—A Sam inventou um drink que consiste em vodca, limonada, vinho branco e ginger ale. Ela chama de "Los Angeles". -deu uma risadinha e fez aspas com os dedos ao mencionar o nome- Mas a Carly não toma ginger ale e agora a Sam está brava porque não encontra nada para substituir. As duas começaram a discutir e por causa da distração as almôndegas recheadas queimaram e elas tiveram que fazer outras. Bom, na verdade, eu tive que fazer outras porque elas começaram a discutir ainda mais por conta das que queimaram. Mas agora parece que se entenderam...

Freddie olhou a cena; Sam estava concentrada no drink e Carly arrumava a mesa. Não pôde deixar de reparar em como a loira estava linda. Seus cabelos estavam um pouco escovados e por isso os cachos não estavam definidos. Ela usava um vestido vermelho de alcinha que ia até os joelhos, e nos pés uma rasteirinha de pedrinhas. O visual estava tão angelical, que por um segundo pensou estar vendo Melanie, mas logo reparou em como suas sobrancelhas franziam quando estava concentrada em alguma coisa, o movimento fazia com que ela comprimisse os lábios de um jeito que apenas Sam sabia fazer. 

E caramba, como isso era sedutor!

Praguejou em pensamento quando a campainha tocou e o barulho o fez sair de seus devaneios, maravilhosos, diga-se de passagem. Pensou em atender mas Spencer havia sido mais rápido, então ele se virou de costas para a bancada; era Gibby. O moreno cumprimentou todos os presentes e depois se juntou a Spencer e Freddie.

 

Meia hora depois, com todos os convidados presentes, o jantar enfim foi servido. Carly se sentou na ponta, Sam a sua direita, Freddie a sua esquerda, Spencer ao lado de Sam e Gibby ao lado de Freddie. Pareciam ter voltado para 2007 e isso era... emocionante.

—Carly, você está chorando? -perguntou Sam, ao observar a feição da amiga.

Carly enxugou a pequena lágrima que caia de seu olho direito e em seguida sorriu, segurando a mão da amiga.

—Sim, mas é de felicidade! Depois de onze anos eu mal posso acreditar que estou na presença de todos vocês de novo. -fez uma pausa e serviu sua taça com vinho rosé- Eu gostaria de iniciar esse jantar agradecendo a cada um que se dispôs a vir, mesmo com suas obrigações e rotinas, isso significa muito para mim, de verdade! E para deixar registrado, eu gostaria de propor um brinde -segurou sua taça e a ergueu- eu sei que normalmente as pessoas fazem na metade do jantar, mas, por aqui nunca seguimos essas regras não é?

A fala da Shay fez todos na mesa rirem, e logo todas as taças estavam posicionadas perto.

—Um brinde aos amigos verdadeiros e as doces memórias! -disse Carly.

—UM BRINDE! -todos gritaram em uníssono e em seguida bebericaram o líquido da taça, com exceção de Sam, que havia bebido tudo em um só gole.

Começaram a comer e a conversar. Gibby contou algumas de suas piadas que fez todos da mesa rirem. Carly contara da vez em que foi a um show da Taylor Swift e esbarrou na mãe dela sem querer. Sam e Freddie trocaram olhares algumas vezes e a essa altura a primeira garrafa de vinho rosé havia se acabado.

—Ainda estou chocado que você trabalhou como babá! -disse Freddie para Sam.

—Você foi o segundo a saber disso bobão.

—Mesmo assim esse fato ainda me choca. 

—Eu daria tudo para ver a Sam cuidando de criança. -disse Gibby. 

—Ah, não era nada demais... eu mandava e elas obedeciam!

—Legal, e quanto tempo você pretende ficar em Seattle, Sam? -perguntou Spencer. 

—Ainda não sei... 

—Seria legal se você passasse uma longa temporada aqui. -disse Freddie.

—Concordo! -disse Carly.

—É? Ah então... acho que eu posso ficar até o final das minha férias, em agosto. 

—Yay! -comemorou Carly, enquanto batia palmas e em seguida olhou para o irmão.- E por que a Inez não veio, Spencer? -perguntou, enquanto cortava uma de suas almôndegas recheadas.

—Ela precisou viajar a trabalho.

—O que ela faz? -perguntou Sam, se servindo de mais frango frito.

—É galerista, está cuidando de uma exposição no Van Gogh Museum, em Amsterdã. -Spencer respondeu.

—Legal!

—E o que você faz, Sam? -perguntou Gibby, enrolando macarrão no garfo.

—Detono homens no tribunal!

O Gibson arregalou os olhos em admiração.

—Você é advogada?

Sam assentiu.

—Caramba, que legal! Nunca te imaginei seguindo uma profissão assim.

—Obrigada pela parte que me toca Gibbey! -ela disse ironicamente.

Freddie, que acompanhava a conversa em silêncio enquanto se concentrava na comida em seu prato, não pôde evitar de se sentir enciumado pela interação entre Sam e Gibby e franziu o cenho, pensando no que poderia fazer para interferir na conversa.

—Não é meio irônico uma pessoa com ficha criminal passar para o lado das leis? -ele perguntou, em tom provocativo, e sorriu de canto ao notar que havia uma expressão brava no rosto de Sam.

—É, até que sim... mas, eu percebi que estava me tornando alguém igual a minha mãe, o que sempre foi meu maior medo, e me caiu a ficha de que eu precisava ser melhor que ela e meus parentes, então decidi entrar para a faculdade, e por incrível que pareça eu senti uma conexão com o curso de Direito. Foi tudo muito rápido, sabe quando as crises existenciais surgem do nada? Pois é... Carly, me passa a salada? 

—Poxa Sam, que legal! -disse Spencer, enquanto se levantava para pegar mais bebida. 

—É legal mesmo, parabéns pela evolução Puckett. -disse Freddie, e o comentário fora verdadeiro. 

—Obrigada, Benson!

Sorriram um para o outro e novamente trocaram olhares. Um clima agradável se instaurou entre eles, e todos os presentes na mesa perceberam. 

—Bom gente, o papo está muito bom mas, e quanto a sobremesa? -Gibby quebrou o silêncio após razoáveis segundos. 

—Vou pegar! -disse Carly. 

Mesmo com a movimentação, Sam e Freddie continuavam se encarando, e era incrível como isso não se tornava nunca algo constrangedor entre eles. 

 

 

                               {...}

 

Quando terminaram de comer, Gibby sugeriu que ligassem o karaoke, ideia que ganhara Spencer como primeiro apoiador. Logo, Carly se juntou a eles e ligou o aparelho. Apenas Sam e Freddie decidiram ficar de fora da brincadeira, a loira com a justificativa de que não estava no clima e o moreno apenas disse que alguém teria que arrumar a cozinha. 

Sam estava tentando guardar alguns pratos já limpos e secos no armário, porém este era muito alto, e digamos que apesar de sua força física, ela não era tão alta. 

—Deixa que eu te ajudo. -disse Freddie, pegando os pratos da mão dela e rapidamente os guardando em seu devido lugar. 

—Valeu! -ela sorriu fraco e se dirigiu a bancada, a fim de colocar as garrafas vazias de bebida no saco de lixo. 

—Estava muito bom o drink que você fez. -ele disse, voltando a lavar os copos e taças na pia. 

—Sério? Jurei que ninguém ia gostar, por eu ter substituído o ginger ale pelo licor...

—Engano seu, ficou muito bom. Arrisco dizer que até melhor se você tivesse colocado o ginger ale!

—Você não sabe do que está dizendo, com o ginger ale teria ficado perfeito! Eu vivia fazendo esse drink na época da faculdade e todo mundo que tomava dizia isso. -ela fez uma pausa- Você por acaso  tomou ginger ale? 

Ele ficou em silêncio por alguns instantes

—Não. -respondeu. 

—Rá! Então está explicado, nerd!

Ela se virou de frente para ele, que já havia terminado seus afazeres na pia e a encarava. Sam não soube dizer se ele havia se virado no mesmo instante que ela ou se ele já havia feito isso antes dela. 

—Bom... acho que terminamos aqui! -disse ela- Vamos lá ficar com o pessoal?

—Não! -ele disse em um tom de voz um pouco elevado demais, algo que não era sua intenção e fez com que Sam arqueasse as sobrancelhas, confusa.- É, quero dizer, não precisa... sabe? Nem eu nem você estamos a fim então... que tal ficar um pouco lá fora? Quero que você me conte mais sobre a sua vida e eu... também quero contar mais sobre a minha pra você. Faz tanto tempo que não nos falamos, acho que precisamos disso, não é? 

—É... pode ser! -ela concordou e então sorriu. 

 

                              {...}

 

A saída de incêndio nunca esteve tão agradável. Com a reforma feita a um ano atrás, a segurança havia aumentado. Fora que a noite estava linda, Sam observava a lua, as estrelas... pareciam ter sido tiradas de uma pintura de um museu famoso. Engraçado, nunca havia ligado muito para essas coisas, até conhecer algumas pessoas em Los Angeles. Cat Valentine e Tori Vega, por exemplo, eram amantes da natureza e da astronomia (que tecnicamente são a mesma coisa), sendo essa primeira a típica amiga astróloga. Cat sabia tudo sobre os astros, signos, ascendentes, horóscopos... 

Sentia falta delas. 

—Olha o que sobrou. -a voz de Freddie a despertou de seus devaneios, e ela sorriu. 

—O champanhe que você trouxe. 

—Sim, e eu consideraria uma grosseria não termos consumido, mas acho que ele estava destinado a algo melhor.

—O que, exatamente? -ela perguntou, em um tom provocativo e ao mesmo tempo sincero. Esse era o charme de Samantha Puckett; você nunca sabe quando ela está realmente jogando. 

—Nós! 

Se sentaram lado a lado na escada e ele serviu duas taças, entregando uma a ela. 

—Um brinde aos reencontros! -ele disse. 

—Um brinde!

Bateram as taças e deram o primeiro gole. 

—E então... o que você têm feito da vida, Freddork? 

—Sou gerente da Pear Store aqui em Seattle. 

Ela arqueou as sobrancelhas.

—Sério? Pensei que já tinha montado sua empresa de tecnologia, você vivia me falando que era seu maior sonho. 

—É, de fato... mas, ainda tem tempo, sabe? 29 anos... não é como se tivéssemos na casa dos sessenta ou algo assim. -deu uma risadinha. 

Sam o acompanhou na risada e então ficou em silêncio por um tempo. 

—É engraçado como as coisas mudam, não é? Quando somos crianças, adolescentes, dizemos que vamos fazer um monte de coisas como se tudo fosse fácil, mas quando de fato chegamos na idade adulta vemos que nem tudo é simples e rápido. O sucesso vem de forma lenta! -deu mais um gole na bebida.

—Sim, mas sabe que eu acredito que é até melhor assim? Geralmente tudo que vem muito fácil e rápido não dura muito. 

—Verdade! Por isso eu odeio elevadores. 

Sam disse isso no ímpeto, sem pensar antes no peso daquelas palavras. Elevadores tinham uma relevância em sua história com Freddie; fora em um deles que terminaram o namoro, mesmo que essa não fosse a real vontade de ambos. 

Ela pensou em se desculpar, mas no rosto de Freddie não havia nada além da expressão terna de sempre. Como ele conseguia lidar com isso tão bem? Pensou ela. Por fim, apenas desviou o olhar para o céu e bufou, ajeitando a franja. 

—Eu ainda não tive a oportunidade de te dizer o quão linda você está essa noite! -ele disse, observando as expressões da mulher alterarem quando o elogio fora proferido. 

Ela olhou para ele e mais uma vez; azul no castanho, castanho no azul. O tempo parecia ter parado para eles, não se ouvia mais nada, não havia mais nada ao redor, os batimentos cardíacos se aceleraram e o magnetismo se fez presente, os aproximando até que apenas as respirações fossem ouvidas. 

Na química, quando dois elétrons opostos se atraem, eles se atritam. E com as pessoas não é diferente. Sem que percebessem, os lábios se encontraram, e um beijo calmo foi iniciado. O gosto clássico dos lábios rosados de Sam se misturou no sabor do champanhe, e Freddie jurou que aquilo poderia enlouquecê-lo. Sua mão direita encontrou a cintura dela e a esquerda segurou delicadamente seu rosto. Sam, por sua vez, se encontrava em êxtase pelo o que estava acontecendo ali, suas mãos foram de encontro aos braços do homem cujos lábios ainda possuíam o mesmo gosto do qual ela se lembrava, se emocionou por finalmente poder senti-lo novamente. Sentia-se uma boba por estar quase chorando de felicidade, mas esse era o efeito que Fredward Karl Benson causava em si. 

E ela amava! 


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Notas finais do capítulo

Cat como a louca dos signos é algo que faz muito sentido na minha cabeça kkkk.

Sempre achei que a Sam seria uma excelente advogada, principalmente porque ela é muito boa em argumentar, por isso nunca perde uma briga.

Espero que tenham gostado do capítulo! ♡



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