A estrada até aqui escrita por MaryDuda2000


Capítulo 8
Crescer muda as pessoas


Notas iniciais do capítulo

Alô, alô! Como vão?
Espero que muito bem.

Bem-vindos a mais um trecho dessa montanha-russa. Boa leitura!



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Minha cabeça girava com tudo que estava acontecendo. Como as coisas chegaram àquele ponto?

A senhora Tsunade ficou desacordada por poucos minutos, porém pareceram longos demais. Ainda assim, aproveitei o pouco de sanidade que parecia ter (ou a falta dela) para que saíssemos dali.

Parecia haver algo obscuro dentre as árvores após o acidente. Os gritos de horror eram igualmente assustadores ao do ano anterior, que dominavam meus sonhos (ou pesadelos) por várias noites. Sem contar que assistir aquilo me dava vontade de ir até lá resgatar Sasuke, todavia não sabia se era real. A única pessoa que podia me esclarecer aquilo estava desmaiada no banco de trás.

Dirigi alguns quilômetros antes de parar o carro num recuo.

O que eu estou fazendo?

Retirei-a do carro, ouvindo-a resmungar. Tempo apenas de prendê-la num poste velho. Não demorou para que recobrasse a consciência e começasse a se debater.

— Senhora Tsunade?

— Algemas? – ela encarou-me, ainda um pouco atordoada. – Anda brincando de policial por aí, garoto?

— Achei entre as coisas do meu pai. O taser foi presente da minha mãe. Nunca se sabe quando lidaremos com maníacos por aí.

— O psicopata aqui é você, não acha? O que pensariam se visse um homem algemando uma pobre mulher numa estrada escura?

— Por sorte, ninguém está aqui.

Aquele lenga-lenga era exaustivo. Eu estava cansado e enlouquecendo com tudo isso.

— Por que está aqui? Por que visita o local do acidente do meu irmão todos os anos? O que sabe sobre a morte de Sasuke?

Ela suspirou, encarando-me. Sua voz, compassiva. 

— Você está em meio a um surto psicótico, Itachi. Por algum motivo, desde àquela palestra, tem me perseguido. Tive que me mudar por medo dessa sua obsessão e agora sequestro?

Suas palavras me fizeram cambalear.

Não. Eu não estava surtando. Ainda não.

— Itachi, imagino o quanto a morte do seu irmão deve doer. Uma perda irreparável, mas essa não é a solução. Me solte e vamos conversar. Você precisa de ajuda profissional.

Eu não estou louco. Eu não estou louco.

Usei o taser em meu braço por alguns segundos e toda aquela onda de choque foi o bastante para me despertar.

Pude vê-la assustada com minha ação. O local onde o aparelho tocou ardia, possivelmente causou uma queimadura, todavia eu tinha minhas ideias no lugar.

— O que a senhora fazia na beira da estrada justo hoje? Por que o acidente do meu irmão repete ano após ano?

Ela parecia preparar mais um de seus discursos de lavagem cerebral quando peguei uma pasta que estava no banco do carona.

— Em meio a pesquisas, descobri sobre a morte de seu irmão há vinte e dois anos. Nawaki, tinha apenas 12 anos na época. – mostrei a foto que consegui num antigo registro escolar. – Ironicamente, ele é a cara daquele menino que andava de bicicleta em frente a sua casa há alguns meses.

— Meu filho. Adivinha como eles se parecem? Genética.

— A causa da morte de seu irmão foi um grande mistério. Achar informação sobre os Senju depois disso foi difícil. Eu entendo de luto, mais do que gostaria, porém... Nem por isso alterei meu sobrenome ou me mudei oito vezes para cidades estrategicamente distantes.

Encarei-a. Tinha conseguido sua atenção.

— Ser de família abastada com certeza ajudou, mas devia ser doloroso demais perder o irmão, a única família que te restava, não é mesmo, dona Tsunade?! Por isso, enquanto ainda estava no campus, afundou-se em todo conhecimento de lendas e misticismo, rendendo uma fama suspeita antes de abandonar a docência e sumir. Desde então, anda com um garoto que continua com 12 anos há mais de uma década. Entretanto, as pessoas desconfiariam de uma criança que nunca cresce ou envelhece. A estabilidade de um lar fixo não era uma opção.

Toda tática de tentar convencer-me de maluco desapareceu. Senti que tinha atingido uma bandeira vermelha naquele momento, pois era algo que doía em mim também. Momentos diferentes, perdas similares.

— Me solte e respondo suas perguntas.

Não a soltei, pelo menos não de imediato.

Senhora Tsunade era esperta e forte. Eu precisava de respostas e aproveitaria minha pouca vantagem antes do sol nascer para conseguir mais informações.

Mencionar sobre Nawaki foi como atingir seu calcanhar de Aquiles. Tentou manter-se orgulhosa, firme, todavia parecia prestes a desabar. 

Os registros sobre a morte de Nawaki eram mínimos porque sua causa era desconhecida pela ciência, um mistério sem solução. Entretanto, sem família, senhora Tsunade ficou ensandecida pela perda, procurou justificativa no oculto, frequentando cartomantes e feiticeiras, até que uma a alertou sobre a alma de seu irmão estar presa e sendo torturada por alguma espécie de ritual macabro.

Aquilo a jogou num vórtex de estudos quanto a culturas pagãs, a fim de explorar diversas ramificações que a permitissem encontrar mais sobre esse suposto ritual, a possibilidade de rastrear a pessoa que o realizara e libertar a alma de seu irmão.

Após quase uma década, chegara a outra descoberta inimaginada. Um feitiço antigo e fragmentado que trazia alguém de volta à vida. No entanto, havia muitas inconsistências e impossibilidades, como a necessidade de ser realizado em menos de 48 horas após a morte, além de precisar do corpo real para que a alma retornasse. Isso, contudo, não a impediu de seguir investigando até criar um feitiço cheio de retalhos, aquele que trouxera Nawaki de volta. Claro, com consequências.

Em meio a seus estudos, senhora Tsunade obtivera muito conhecimento sobre a morte e falhas no processo, como fantasmas, espíritos presos no véu entre vida e morte por inúmeros motivos. Desde então, casos desse tipo pareciam surgir diante dela e, como uma chance de libertar outras almas conturbadas, investigava-os. Disse que era sua maneira de retribuir por conseguir salvar seu irmão.

Foi assim que chegou ao caso de Sasuke. Ao descobrir um histórico de acidentes com distância similar de tempo e no mesmo trecho da estrada, foi conferir, acreditando ser um possível espírito vingativo. Pretendia acabar com esse ciclo de uma vez quando apareci no ano anterior, contudo eu atrapalhara seus planos (e agora mais uma vez).


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Notas finais do capítulo

É, gente. O capítulo deu exatamente mil palavras. Foi além do esperado, todavia era muita informação que precisava ser compartilhada.

Cá está como Itachi se aproximou de Tsunade e descobriu sobre o feitiço que traz de volta à vida. Ele só queria entender como o acidente se repetia ano após ano, mas deu de cara com um abismo que prova que o buraco é bem mais embaixo.

Agora mudando um cadinho de assunto, mas nem tanto, recentemente assisti a um filme na Netflix que gostei e trouxe bastante a vibe de "A estrada até você", com romance, viagem de carro, uma tragédia e final feliz (sem fantasmas ou feitiços). Por isso, fica a dica: Nos vemos em Vênus.

Até!



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