Teoria do Caos escrita por Thea


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Beco Diagonal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809492/chapter/5

Capítulo 5 - O Beco Diagonal

1971

Tinha sido tão surpreendentemente fácil convencer a mãe de Lily que ela pensou se deveria se preocupar se estavam sendo negligenciadas. Ela sequer tinha questionado a história quando Minerva McGonagall explicou tudo, apenas perguntou se Lily queria ir e, recebendo um aceno, informou as meninas que, para todos os efeitos, se alguém perguntasse, a ruiva tinha conseguido uma bolsa num internato particular.

Não era de todo mentira. Elas só teriam que omitir a parte da magia.

Ir até o Beco Diagonal – Minerva tinha explicado como chegar até lá pela Londres trouxa para que Lily pudesse comprar os materiais – tinha sido outra questão.

A mãe não podia sair do trabalho para levar ela e elas não sabiam se Petúnia podia entrar no tal local ou se era um daqueles lugares que só se entrava com autorização. Optaram por não arriscar, até porque a mãe delas não estava nem um pouco disposta a mandar duas crianças sozinhas até Londres.

A solução foi Eileen Snape. 

Severo também tinha que comprar seus materiais afinal.

Eileen era uma mulher séria e com aparência cansada. O mesmo tipo de aparência que a mãe de Lily costumava ter enquanto ainda era casada com o pai dela. Não havia muita felicidade exalando dela, com exceção de quando olhava para Severo.

As duas crianças estavam empolgadas com a situação. Lily praticamente dava pulinhos e Severo, apesar de mais quieto na presença da mãe, tinha um enorme sorriso no rosto.

— Agora escutem, os dois – a voz de Eileen soava calma, mas imperativa quando os três pararam em frente a estação de metrô que tinham acabado de usar – para entrar no Beco Diagonal vamos ter que passar por um lugar. Não quero nenhum dos dois falando com ninguém. As pessoas aqui podem ser bem estranhas. Entenderam?

Eles assentiram.

Lily sabia bem que a mãe do amigo, apesar de bruxa, não tinha muito contato com o mundo bruxo desde que tinha se casado. O pai de Severo, ela também tinha percebido, não era muito fã de bruxos. O menino sempre fugia para a casa de Lily quando o pai estava em casa.

Não demorou muito antes que parassem novamente, dessa vez em frente a um barzinho sujo. 

As pessoas que passavam apressadas nem olhavam para aquele lado. Os olhos delas corriam da grande livraria a um lado à loja de discos no outro como se nem conseguissem ver o lugar. 

— É encantado – Eileen disse notando a curiosidade no olhar da menina – o olhar dos trouxas tende a evitar esse lugar. Se não fosse assim qualquer um poderia entrar, não?

A menina assentiu olhando a pequena placa acima deles que dava nome ao lugar: O Caldeirão Furado. Eles não pararam, entrando e passando direto pelo lugar mal iluminado até um pequeno pátio murado.

— Chegue um pouquinho para trás – a mulher pediu tirando a varinha do bolso – Três para cima... dois para o lado.

Ela bateu na parede três vezes com a ponta da varinha e o tijolo que tocou estremeceu, então torceu-se. No meio apareceu um buraquinho, que se foi alargando cada vez mais. Um segundo depois se viram diante de um arco que abria para uma rua de pedras irregulares que ia até perder a vista. As duas crianças estavam boquiabertas.

— Ótimo, você guardou sua carta, Lily? – ela perguntou . 

A ruiva tirou o envelope da bolsinha que carregava.

— Vamos seguir a lista na ordem, é mais fácil. Bem vindos ao beco diagonal.

☙✿❀✿❧

1991

Harry ainda estava boquiaberto enquanto andava. Ele desejou ter oito olhos, virando a cabeça para todo o lado enquanto caminhavam pela rua, tentando ver tudo ao mesmo tempo.

— Vamos no Gringotes primeiro pegar o dinheiro – Remus avisou enquanto caminhavam entre as pessoas tomando o lugar, apontando para frente. Um edifício muito branco se erguia acima das lojinhas e parado diante das portas de bronze polido, usando um uniforme vermelho e dourado, havia um duende. 

Harry piscou surpreso. Nunca tinha visto um duende pessoalmente.

— Já teve algum roubo aqui? – o menino perguntou se lembrando do roubo que tinha sido noticiado no jornal a alguns dias.

— Não que eu saiba, mas só um louco tentaria roubar o Gringotes, Harry – Remus contou – É um lugar seguro para guardar qualquer coisa que você quiser.

Dois duendes se curvaram quando eles passaram pelas portas de prata entrando no grande saguão de mármore. Harry não pode deixar de notar alguns olhares sobre Remus enquanto se dirigiam ao balcão. O homem fingiu não notar.

— Bom-dia – disse a um duende desocupado. – Viemos sacar algum dinheiro do cofre do Sr. Harry Potter.

— O senhor tem a chave?

Remus concordou tirando uma pequena chave de ouro do bolso.

— Muito bem, parece que está tudo em ordem – o duende não demorou para chamar outro que os guiou na direção de um carrinho que Harry se arrependeu de entrar no momento em que aquilo começou a se mover.

Parte de si, se fosse honesto, tinha achado emocionante a velocidade e as voltas eram quase como andar de montanha russa, mas o barulho do carrinho era irritante. Estava tentando lembrar sobre qual a diferença entre uma estalactite e uma estalagmite quando o carrinho parou. O duende destrancou a porta, de onde saiu uma grande nuvem de fumaça verde e enquanto ela se dissipava, Harry ficou sem respirar. Dentro havia montes de moedas de ouro. Colunas de prata. Pilhas de pequenos nuques de bronze.

Sabia que os pais tinham deixado dinheiro para ele, Remus já havia comentado, mas aquilo?

Havia tanto dinheiro ali que Harry não achava que seria capaz de gastar em toda sua vida. Ou mesmo em duas vidas.

Remus deu uma risada.

— Sua mãe teve a mesma reação quando descobriu quanto dinheiro seu pai tinha colocado na sua poupança da escola. Sendo honesto eu tive a mesma reação também.

— Poupança da escola? – destacou para ver se tinha entendido bem.

— Não faço ideia do que tem no cofre dos Potter, mas só vai ter acesso a ele depois que atingir a maioridade.

 

Harry achou que não podia ficar mais chocado, mas estava bem enganado.

Remus ajudou ele a pegar uma boa quantidade de dinheiro, o suficiente para ele comprar todos os materiais e ainda ter o suficiente para o resto do ano letivo. 

O Lupin tinha esperança que ele fizesse boas amizades como ele tinha feito e que tivesse uma vida tranquila ao máximo possível, mas não podia desconsiderar a possibilidade do menino ter herdado a atração por problemas do pai e era sempre bom se precaver caso acabasse quebrando o trem antes de chegar a Hogwarts.

☙✿❀✿❧

1971

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS 

Uniforme 

Os estudantes do primeiro ano precisam de

Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas) 

Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário 

Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar) 

Uma capa de inverno (preta com fechos prateados) As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu nome. 

Livros 

Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes: 

Livro padrão de feitiços (1 a série) de Miranda Goshawk 

História da magia de Batilda Bagshot 

Teoria da magia de Adalberto Waffling 

Guia de transfiguração para iniciantes de Emerico Switch 

Mil ervas e fungos mágicos de Fílida Spore 

Bebidas e poções mágicas de Arsênio Jigger 

Animais fantásticos & onde habitam de Newton Scamander 

As forças das trevas: Um guia de autoproteção de Quintino Trimble. 

Outros Equipamentos 

1 varinha mágica 

1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2) 

1 conjunto de frascos 

1 telescópio 

1 balança de latão 

Os alunos podem ainda trazer uma coruja ou um gato ou um sapo. 

LEMBRAMOS AOS PAIS QUE OS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO NÃO PODEM USAR VASSOURAS PESSOAIS.

Lily leu a lista mais uma vez enquanto andavam.

— Falta o uniforme, a varinha e… você vai comprar um bichinho? – a ruiva questionou o amigo enquanto carregavam uma pilha de livros cada e os restantes dos equipamentos flutuavam atrás deles, encantados pela mãe de Severo.

— Vamos comprar logo os uniformes de vocês – ela interrompeu com um olhar para o menino que claramente era um “não”.

Snape murchou um pouco.

— Tudo bem, eu também não vou – Lily tentou, falando baixinho só para ele – Sapos me assustam, minha mãe não me deixaria ter um gato e tenho um pouco de medo das corujas.

Eileen entrou na loja Madame Malkin primeiro e os meninos a seguiram, logo sendo recepcionados por uma mulher baixa, gorda e sorridente. 

— Hogwarts, queridos? 

Madame Malkin, Lily supôs. Ela colocou os dois em um banquinho, um ao lado do outro e enfiou uma veste comprida pela cabeça de cada, começando a marcar a bainha na altura certa.

Uma garota de cabelos longos ondulados e negros já estava sendo atendida.

— Vocês também são do primeiro ano? – ela perguntou olhando pros dois com um grande sorriso e recebendo um aceno em confirmação – vocês são os primeiros alunos do primeiro ano que eu encontrei desde que cheguei aqui! Eu fiquei muito empolgada quando recebi a carta, derrubei as coisas em três lojas antes da minha mãe cansar e me deixar aqui. Ela foi comprar o resto das coisas sozinha.

— Ela é bruxa também? – Lily não pode deixar de perguntar.

— Sim, meu pai também, os seus não? 

— Minha mãe sim, meu pai não. Ela é nascida trouxa.

A menina a olhou com curiosidade.

— Nunca conheci uma nascida trouxa, é verdade que vocês jogam quadribol no chão?

— O que é quadribol? – Lily se viu obrigada a perguntar.

Severo deu de ombros, sabia as regras do jogo tanto quanto ela. A menina arregalou os olhos abrindo um sorriso enorme e começando a explicar um jogo complexo que envolvia vassouras voadoras e uns três tipos de bolas. 

Lily pensou que podia dizer que parecia uma mistura de futebol americano e beisebol, mas não sabia como explicar aquilo para a menina porque o único jogo que já tinha assistido com o pai e conseguia explicar as regras básicas era o futebol comum.

— Eu vou entrar pro time no ano que vem – a menina declarou – eu sou muito boa batedora. Espero ir para Grifinória ou vou ter que jogar contra o meu irmão. Não que eu ligue muito, mas ele é muito bom também. Já sabem para que casa querem ir?

— Não pensei sobre isso – Lily admitiu. 

Se alguma das casas aceitasse ela já ficaria muito feliz.

— Minha mãe era da Sonserina, quero ir pra lá também – Severo informou

— Meu irmão disse que atualmente a Sonserina só tem purista, não sei se é uma boa não.

— O que são puristas? – Lily questionou.

— Pessoas que acham que só bruxos de sangue puro são bruxos de verdade. Acho eles um bando de idiotas e meus pais também. Mas suponho que existam idiotas em todos os cantos – ela deu um pequeno sorriso pra Snape tentando não desanimar ele pela casa.

Madame Malkin terminou com ela e a menina saltou do banquinho.

— Eu sou Marlene McKinnon, a propósito. E vocês?

— Lily Evans. Ele é Severo Snape.

— É um prazer. Vai ser bom conhecer alguém no trem. Talvez eu procure vocês dois.

E com um aceno ela saiu correndo até a mãe, já parada na entrada da loja.

☙✿❀✿❧

1991

— Só falta sua varinha – Remus declarou quando eles saíram da loja caldeirões – e comprar seu presente de aniversário. É semana que vem já.

—  Você não precisa...– Harry se apressou em dizer, mas foi interrompido.

— Eu sei que não preciso, mas eu vou – o homem respondeu, ponderando – vejamos, que tal assim: eu compro um dos bichinhos que você pode levar para Hogwarts e fica sendo seu presente de aniversário. De acordo?

Os olhos de Harry se iluminaram, mas ele logo hesitou. 

Não queria confiar em deixar um bichinho no mesmo lugar que Duda. Ele poderia arrumar alguma falsa alergia só para implicar e pior, o animal podia se ofender. Além disso, sua tia não era muito fã de animais.

— Ele pode ficar no seu outro quarto durante as férias, na minha casa, o que acha? – Remus sugeriu notando a hesitação e Harry não pode evitar abraçar o tio em gratidão.

Vinte minutos depois, eles saíram do Empório de Corujas e Harry carregava uma grande gaiola com uma bela coruja branca como a neve, que dormia profundamente, a cabeça debaixo da asa. Tinha escolhido o nome no momento em que a viu: Edwiges.

Diferente do resto dos animais que tinham se afastado quando Remus entrou, ela não parecia incomodada e esse foi um dos motivos que fez ele gostar mais dela.

O Lupin checou a lista uma última vez antes de declarar:

— Agora só falta a varinha.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Teoria do Caos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.