No Limiar dos Mundos escrita por Claen


Capítulo 8
Uma Cena Inacreditável




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Apavorada, ela buscou novamente alcançar o taser, mas arma de choque ainda estava longe, caída há quase um metro de distância. Naquele instante ela viu a tela de seu celular, que também jazia no chão, se iluminar, e o aparelho começar tocar. Era Miguel. Ela até conseguiu pegar o telefone, mas com a nova investida do seu agressor, acabou deixando o aparelho cair outra vez e a tela trincou, mas ele continuou tocando insistentemente.

Ela precisava de ajuda e estava em pânico, principalmente por não saber o que o homem queria. Definitivamente, não parecia ser um assalto. Ela lutava desesperadamente e, com os braços imobilizados, ela tentava chutá-lo de todas as formas que conseguia, mas era inútil e ela já começava a temer pelo pior, porque já não tinha mais forças para resistir. Porém, quando estava quase se dando por vencida, ela sentiu que a pressão exercida pelos braços de seu agressor tinha começado a diminuir.

Ela não conseguiu ver de início, mas alguém havia surgido por trás dele e o imobilizado com um mata-leão, deixando-o sem ar novamente por algum tempo, e fazendo com que ele finalmente a soltasse.

Ao se ver livre, a primeira reação da moça foi a de se afastar o mais rápido que pôde. Mesmo com toda a dor que sentia no tornozelo torcido, ela correu. Seus sapatos já haviam ficado pelo caminho e ela mancava, mas continuou seguindo em frente. Somente quando estava há uma distância relativamente segura é que a vendedora parou e se virou para ver o que de fato estava acontecendo, mas o que ela viu a deixou perplexa.

Um homem desconhecido havia vindo em seu auxilio. Ele não era tão grande quanto o agressor, mas parecia ser forte e, graças a ele, Heloísa estava livre. Assim como o agressor, o novo homem misterioso também vestia preto. Um blusão com capuz, jeans desbotados e um tênis velho e sujo.

O agressor, infelizmente, tinha conseguido se desvencilhar do golpe de estrangulamento, e os dois homens agora trocavam socos e chutes como se fossem mestres de artes marciais, daqueles tipos só vistos nos filmes de ação. Heloísa tinha quase certeza de que era impossível alguém ser capaz de fazer aqueles movimentos na vida real, mas lá estavam eles, provando o contrário bem diante de seus olhos.

Durante a luta intensa, os capuzes baixaram e ela pôde ver melhor um pouco dos dois. Com alguma dificuldade, ela viu que eram dois homens aparentemente jovens, de cerca de 30 anos. Os dois tinham a pele clara, mas o agressor era maior e mais forte. Tinha cabelos loiros, quase raspados, e um olhar furioso. Já o outro, um pouco mais franzino, tinha a pele ainda mais pálida, contrastando com os cabelos pretos e lisos, levemente compridos, que encobriam suas orelhas e seus olhos. Nenhum dos dois dizia uma palavra, apenas se enfrentavam como se fossem velhos inimigos.

Apesar de todo o medo que sentia, Heloísa continuou assistindo àqueles dois homens desconhecidos trocando socos e pontapés por sua causa. Parecia hipnotizada pela cena e só voltou a si quando ouviu uma voz conhecida que a alegrou. Estava distante, mas era Miguel, que corria em sua direção, também surpreso ao ver aqueles homens brigando ali perto.

Ela tentou correr mais um pouco para alcançar o irmão rapidamente, mas já não conseguiu mais. Quando finalmente se encontraram, eles se abraçaram e ela começou a chorar.

— Você está bem, Helô?! – perguntou ele, desesperado ao ver o estado da irmã.

— Estou. – respondeu ela entre lágrimas e soluços, sem conseguir sem muito convincente.

— Vamos sair daqui então!

— Deixa eu pegar as minhas coisas.

— Tá doida? Depois a gente pega, vamos embora!

Miguel tinha razão, aquela não era hora de se preocupar com bens materiais e Heloísa concordou com ele. Os gêmeos pretendiam fugir imediatamente para casa, mas acabaram não conseguindo, porque algo ainda mais inusitado do que toda aquela situação chamou a atenção deles.

A curiosidade, a única coisa mais forte que o medo, fez com que eles se voltassem novamente para a briga que acontecia ali próximo, mas eles tinham realmente um bom motivo para fazê-lo. Qualquer um teria feito o mesmo.

Enquanto caminhavam o mais rápido que conseguiam rumo à casa, uma forte luz branca azulada surgiu repentinamente por trás deles e iluminou todo o lugar. A luz em si não era algo tão surpreendente, mas sim de onde ela emanava.

Assim que se viraram, viram claramente que a luz vinha da palma da mão do rapaz de cabelos compridos e em questão de segundos, ela tomou a forma de uma pequena esfera de aproximadamente 20 centímetros. Ela era muito brilhante e parecia ser feita de pura energia, e assim que ela encostou na barriga do agressor, ele e a esfera desapareceram no mesmo instante e a escuridão da noite voltou a tomar conta do lugar.

Os irmãos não conseguiram evitar e soltaram um grito com o susto, pois não faziam a mínima ideia do que tinham acabado de testemunhar. Os dois se olharam com os olhos arregalados, sem entender o que tinha sido aquilo.

— V-você viu aquilo, Helô? – perguntou Miguel, gaguejando.

— Eu... vi. – respondeu Heloísa sem muita reação, quase que anestesiada. – Mas o que foi que eu vi?

— Eu não sei... Ele sumiu?

Enquanto os dois ainda tentavam absorver o que tinha acabado de acontecer, perceberam que o rapaz de cabelos compridos agora começava a vir na direção deles. Ele estava nitidamente cansado e, apesar de tudo, não parecia representar uma ameaça, mas Miguel não tinha a menor intenção de permanecer ali, muito menos de se aproximar daquele homem estranho, que tinha a capacidade de evaporar as pessoas.

— Ele está vindo pra cá, Helô! Vamos para casa. – disse o professor, puxando a irmã pelo braço, mas ela não estava conseguindo acompanhá-lo. Não conseguia acompanhá-lo principalmente por causa da dor no tornozelo, mas também porque, apesar de estar terrivelmente assustada, ela queria agradecer ao rapaz misterioso por tê-la ajudado.

— Vocês não precisam correr. – disse o estranho, já bem próximo dos irmãos. – Eu vim para ajudar vocês, Miguel.

Aquela tinha sido a primeira tentativa de comunicação do estranho, mas a única coisa que Miguel conseguiu pensar naquele momento foi: “mas como é que esse cara sabe o meu nome?”


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