Oblivion escrita por Gabrielus


Capítulo 10
Cervo




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A última vez que eu vi uma pintura...

Desenhada artisticamente em um arranha-céu.

Poucos olhares estavam à sua altura,

E eu cogitaria que fui deixado ao léu.

 

Para pertencer a um instante...

Das ruas, sons vacilantes de carros, buzinas,

E um cheiro de fumaça constante,

Acionavam a natureza pura do dia-a-dia.

 

Senhoras com vestidos e roupas cinzentas,

Homens de terno em inquietude particular.

Tudo parece tão rápido e singular,

Que me perco ao acompanhar as contendas.

 

Turbas barulhentas se sobressaem sob a tarde,

O relógio ressoa lá longe um alarde.

Muitas pessoas correm e têm no rosto uma gravidade,

Escondida somente por impassíveis olhares.

 

Esse tom melancólico me tira vontades,

Mesmo enquanto observo a pintura.

Ela tem traços de vermelho, azul e púrpura,

E é tão única nessa selva rústica.

 

Cansados e afoitos trabalhadores à procura,

De um lugar alçado próximo à Ruptura.

Quantos esqueceriam um dia de labuta,

Por uma vida curta sob sóis de uma cidade dura.

 

Perdida nos confins de um interior...

Decerto, lá pode haver mais sentimentos que o amor.

Onde vida e prazer se misturam,

A dor e pesar amiúde.

 

Quantos sentimentos mais você pode precisar?

Aqui, olhando paisagem ímpar,

Você pode pensar ter conquistado quase tudo,

Porém, o que há fora desses muros?

 

Perspicaz, a pintura a minha frente se transforma...

Em um devaneio adolescente de outrora.

O que procura, flor fora de rota?

História, escuta, afeto, sentido ou mora?

 

Sonhei sonhos impossíveis de sonhar,

Nessa turba cinza, desolada e melancólica.

Pouco há de me orgulhar,

Pois é quase hora de minha fuga estoica.

 

Dando as costas, retiro-me silente,

Como um vento fraco ou brisa quente.

Essa gente um dia pode entender meu significado,

Enquanto parado, admirava pinturas em quadro.

 

Alguns me perdem por aqui,

Outros me procuram em atacado.

Resido pouco em cidades,

Aqui me sinto afastado.

 

Estou um pouco chateado...

Quando irão notar que me perdem,

Enquanto labutam, incansável,

Sob essa tarde de maio.

~Gabriel.


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