Histórias do Multiverso escrita por Universo 9611


Capítulo 8
Jiyoung Kwon (Universo 2228)


Notas iniciais do capítulo

Os protagonistas deste capítulo, suas aparências e parte de suas histórias foram criados por/inspirados em amigos chamados Emilly Duarte e Breno Cruz (que também serviu de inspiração para "O Aranha", protagonista do terceiro capítulo desta história). Na época em que este capítulo foi originalmente escrito (Meados de 2016), os dois formavam um casal.
Outros personagens incluem Vinicius, baseado em Vinicius Baia (que foi a inspiração para a "Poison Vinny", do capítulo três), Bia, inspirada em Beatriz Andrade (em quem também foi baseada a personagem "Beatrice Kings", do sexto capítulo) e Neto, inspirado em Gilberto Neto.
A pedido da Emilly, a versão dela deste universo é um garoto coreano, o que faz desta história uma romance yaoi sobre um casal que, no mundo real, é hétero. É exatamente o tipo de coisa incomum que eu me sinto motivado a escrever sobre.

Resumo: Em um universo de romance colegial yaoi clichê, Jiyoung vai para uma nova escola.



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Era final de janeiro de 2016, Jiyoung Kwon chegou cedo à sala de aula de sua nova escola, sendo inclusive o primeiro aluno a chegar, podendo assim escolher sua cadeira, optando pelo segundo assento da primeira fileira. O garoto de dezesseis anos era filho de coreanos, embora tenha nascido e sido criado no Brasil por toda a sua vida.

Este era o seu último ano no país sul-americano, pois seus pais retornariam com ele para a Coreia do Sul em julho daquele ano.

Não muito tempo após Jiyoung sentar-se, um garoto branco, de cabelos negros e penteados para cima, entrou na sala. O recém-chegado, que deveria ter a mesma idade que o jovem Kwon, embora mais alto, pendurava em seu ombro apenas uma das alças de sua mochila, parou por um segundo para encarar o menino de ascendência asiática ao perceber que ele era um novato.

— Bom dia. — Desejou Kwon.

— Bom dia. — Respondeu educadamente o outro, antes de sentar-se dois assentos atrás de Jiyoung.

O mais baixo ficou em silêncio, mas após alguns segundos de hesitação, virou-se e se apresentou:

— Sou Jiyoung.

— Breno. — Apresentou-se o garoto branco que não chegava a ser gordo, mas era um pouco mais encorpado do que seu colega de classe, que era mais magro.

— Você também é novato ou já estudava aqui ano passado? — Questionou Kwon.

— Já estudo aqui faz tempo. — Respondeu Breno. — E você veio de onde?

Os dois conversaram por cerca de dois minutos, até que outros estudantes começaram a chegar na sala aos poucos.

— Bereno! — Exclamou um aluno ao entrar e ver Breno, indo até ele e abraçando-o.

— E aê? — Breno disse, mas não retribuiu o abraço. O garoto recém-chegado sentou ao lado dele. — Esse aqui é o Jão.

— Jiyoung. — Corrigiu o descendente de coreanos.

— Sou o Vinicius. — Apresentou-se o outro.

Breno e Vinicius conversaram um pouco, com Vinicius vez ou outra puxando assunto com o novato, fazendo perguntas triviais a ele, para conhecê-lo. Após alguns minutos, o sinal do colégio tocou e mais alunos entraram na sala, juntamente com o professor. Foi um primeiro dia de aula padrão, com o professor apresentando-se e conversando com os estudantes mais do que qualquer outra coisa.

Durante o intervalo, Jiyoung acabou se enturmando com seus colegas de sala, fazendo amizade com Breno e sua roda de amigos, principalmente Bia, uma garota de cabelos curtos e negros, que possuía uma admiração peculiar por asiáticos e suas culturas.

— Então você vai mesmo para a Coreia em julho? Ai, meu sonho é ir lá um dia! — Comentou Bia um dia.

— Quem sabe a gente não se reencontre lá? — Jiyoung sorriu.

Breno se aproximou de onde eles conversavam.

— Minha mãe me mandou convidar meus amigos pra minha festa de aniversário. — Contou. — E como eu não tenho amigos, decidi convidar vocês mesmo.

— Claro, vai ser legal! — Jiyoung confirmou sua presença.

— Quando vai ser? — Bia perguntou.

— Seis de abril, na próxima quarta.

Avançando para o dia da festa…

— Toma. — Neto, outro amigo de Breno, ofereceu uma latinha de cerveja para o garoto de ascendência asiática, numa parte mais afastada das outras pessoas.

— Não, obrigado. — O jovem Kwon rejeitou educadamente. — Eu não bebo.

— Eu também não. — Respondeu Neto, embora em sua outra mão estivesse uma latinha já quase vazia. — Mas hoje é um dia especial.

Jiyoung decidiu aceitar a bebida, provando álcool pela primeira vez e achando o gosto estranho, mas não ruim.

Também com uma latinha de cerveja em mãos, Breno aproximou-se deles, iniciando uma conversa. No entanto, Neto logo os deixou quando sua namorada apareceu.

— Gostando da sua festa? — Perguntou Kwon.

— Nha. — Respondeu Breno. — Eu podia tá upando agora.

Jiyoung sorriu.

— Mas e aí, Jão… Tá de olho em alguma garota?

— Não… — Respondeu, meio sem graça.

— Você por acaso é gay? — O aniversariante foi direto ao questionar.

— Por quê? Tá interessado em mim? — O menor brincou.

— Tá me estranhando? Claro que não.

Os dois garotos permaneceram em silêncio por alguns segundos, com o descendente de coreanos procurando coragem para tomar alguma iniciativa. Foi grande a surpresa de Breno quando Jiyoung puxou seu rosto e o beijou, fechando os olhos, mentalmente temendo que Breno o empurrasse e/ou lhe acertasse um soco, entretanto nada disso aconteceu.

Foi a vez de Jiyoung se surpreender quando Breno retribuiu o beijo, que evoluiu de um simples selinho para um beijo francês.

Querendo afastar-se da multidão, Bia andava sem rumo quando encontrou os dois garotos, e se escondeu antes de ser vista.

"AI, MEU DEUS!", a garota gritou mentalmente enquanto controlava-se para não gritar de verdade. "MEU SONHO SE TORNOU REALIDADE! JINO É REAL!"

Bia pegou seu celular e tirou algumas fotos, saindo correndo dali assim que viu os dois garotos se afastarem.

— A gente…

— Bebeu demais. — Jiyoung interrompeu Breno. — A gente tá bêbado e não sabe o que tá fazendo.

— Faz sentido. — Concluiu Breno, tomando a iniciativa de beijar o outro garoto novamente.

Em outro local da festa, Bia encontrou Vinicius.

— Você não vai acreditar no que eu acabei de testemunhar. — A menina disse ao sentar-se ao lado dele. — Advinha!

— O qu… — No entanto, Bia não deu tempo para Vinicius falar.

— O Breno e o Jiyoung estavam se beijando!

— Mentira! — Vinicius negou, incrédulo.

— É sério! — Ela insistiu. — Eu até consegui tirar umas fotos escondida.

— Só acredito vendo. — Bia mostrou a ele as fotos. — Não acredito!

Vinicius sentiu uma pontada de inveja e raiva surgirem dentro de si, uma vez que gostava de Breno há bastante tempo, mas nunca foi correspondido.

No dia seguinte à festa de aniversário, no colégio, Bia percebeu que Breno e Jiyoung estavam bastante quietos e um tanto afastados, então perguntou, mesmo sabendo a resposta:

— Vocês estão muito calados… Aconteceu alguma coisa entre vocês dois?

— Não! — Ambos os meninos responderam, em uníssono, o que fez a garota sorrir.

— Hummm… Eu tô de olho em vocês. — Bia disse para deixá-los nervosos.

Jiyoung e Breno conversaram normalmente no intervalo, mas continuaram fingindo que nada havia acontecido na noite anterior, e permaneceram assim por mais alguns dias, sendo apenas no dia onze que Breno finalmente teve coragem o suficiente para admitir a si mesmo que estava gostando de Jiyoung, declarando-se para ele e beijando-o próximo aos banheiros da escola. No dia seguinte, os dois garotos assumiram seu relacionamento para seus amigos mais próximos, e Bia os abraçou e gritou de felicidade.

Mas nem todos gostaram disso. O ciúme de Vinicius inflou ainda mais e ele arquitetou um plano desesperado para separar o casal.

Em um certo dia, Jiyoung estava procurando Breno durante o intervalo, e Vinicius aproveitou a oportunidade.

— Oi, Bereno. — Vinicius o chamou ao encontrá-lo.

— Coé.

Vinicius agarrou Breno e o beijou, mas rapidamente afastou-se, o empurrando.

— Breno, por que você fez isso? — Vinicius fingiu estar indignado.

— Como é que é?

— Por que você me beijou? — Mentindo, Vinicius olhou para Jiyoung, que estava atrás de Breno e tinha testemunhado a cena.

Percebendo que Vinicius não olhava para ele, Breno virou-se.

— Jão. Olha não é verdade. Não é o que parece, eu juro! — Ele tentou explicar-se.

Kwon se aproximou de Breno e Vinicius mal conseguiu conter sua ansiedade esperando que o garoto menor fosse bater em Breno ou iniciar uma discussão, entretanto, quebrando totalmente o clichê de cenas assim em fanfics de yaoi, tudo o que o menino de ascendência sul-coreana fez foi beijar seu namorado, sorrir e dizer:

— Eu acredito em você. — Jiyoung pegou a mão de Breno e o puxou para saírem dali, não sem antes virar-se e declarar: — Você é um péssimo ator, Vinny.

Vinicius ficou ali em pé por algum tempo, atônito com seu fracasso.

— Vou sentir saudades quando você for embora. — Breno confessou.

— Se você esperar, em dois anos eu volto e a gente pode morar juntos.

— Eu espero pelo tempo que for, mas não vai ser fácil.

— Pra mim também… Então vamos só aproveitar o tempo que ainda temos, tá bem? — Jiyoung sugeriu, sorrindo.

— Parece bom pra mim. — Breno concordou e beijou seu namorado.

O beijo foi interrompido quando um estranho portal se abriu próximo a eles, e do outro lado, o cenário parecia com uma cafeteria, de chão de lajotas em um padrão de xadrez, e sentado no banco do balcão de atendimento estava um homem jovem, ruivo, usando um paletó de época e segurando o que parecia um cetro contendo um cristal roxo na ponta, observando os dois garotos com a mesma expressão confusa que eles tinham.

Breno e Jiyoung sentiram que algo estava errado — ainda mais errado do que o portal — quando os arredores da escola começaram a assumir sua coloração esverdeada e desaparecer, como se a realidade estivesse deixando de existir. Por puro instinto, eles correram para dentro do portal antes que ele se fechasse.


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Notas finais do capítulo

Eu não consegui pensar em nada natural para colocar cronorita nesse capítulo, então adicionei essa cena final que deveria ser da próxima vez que veremos esses personagens, mas ainda vai demorar um pouco para isso, então desculpa por criar expectativas com esse gancho. Kkkk