Histórias do Multiverso escrita por Universo 9611


Capítulo 9
Zeus (Universo 961)


Notas iniciais do capítulo

Os personagens deste capítulo, suas aparência e parte de suas histórias foram inspirados em antigas divindades da religião, mitologia e folclore da Grécia Antiga, e atualmente são personagens de domínio público, podendo serem usados por qualquer pessoa. Não obstante, as versões exclusivas que aparecem neste capítulo são personagens com histórias originais, criados por mim.



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Cronos segurava Zeus pelo pescoço com força o suficiente para transformar carbono em diamante e apenas não o quebrou por causa de sua anatomia divina.

— Você se superestimou demais ao achar que tinha alguma chance contra mim. — Falou o Senhor do Tempo, que era completamente calvo, mas possuía uma longa barba negra na altura de seu umbigo.

O líder dos titãs estava nu, deixando todo o seu corpo exageradamente musculoso à mostra enquanto enforcava seu filho mais jovem, o qual tinha cabelos negros e trajava uma armadura agora bastante avariada. Os olhos de Cronos brilharam em roxo quando ele soltou seu descendente e tudo, com exceção do próprio titã, ficou assaz lento, o que fez Zeus cair devagar enquanto seu pai sorria malignamente, preparando-se para realizar uma demonstração de seu poder.

Cronos acertou Zeus na barriga com seu joelho, usando tanta força que o neto de Gaia foi arremessado a milhares de quilômetros longe, destruindo árvores e inclusive atravessando a rocha sólida de uma montanha, saindo pelo outro lado desta em poucos segundos — "segundos" do ponto de vista de Cronos, uma vez que o tempo estava bastante desacelerado para ele, para Zeus, tudo ocorreu em uma fração da metade do tempo de um piscar de olhos, e seu cérebro divino mal terminou de processar ainda que seu genitor tinha soltado seu pescoço —, onde o titã já o esperava flutuando no ar para desferir outro poderoso golpe, desta vez com os dois punhos juntos contra o peito de Zeus, jogando-o contra o chão e criando uma imensa cratera.

O brilho arroxeado desapareceu dos olhos castanhos do consorte de Réia, o tempo voltou a correr normalmente e Zeus repentinamente sentiu toda a dor excruciante dos ataques de Cronos, que agora possuía um sorriso sádico, ainda levitando acima da cratera.

"Faz tanto tempo desde a última vez que eu não precisei me conter em uma luta", pensou o deus do tempo, lembrando-se da luta contra seu próprio genitor, Urano, que terminou com Cronos destronando-o ao castrá-lo com sua foice.

— CRONOS! — Briareu gritou o nome de seu irmão mais novo, chamando sua atenção.

O hecatônquiro possuía um tamanho colossal e uma aparência aterradora: cinquenta cabeças deformadas e cem braços musculosos. Briareu agarrou uma montanha inteira como quem carregava uma pedra grande, mas não tão pesada, e a arremessou em grande velocidade contra Cronos, atingindo-o em cheio.

Um terremoto violento foi sentido por todo o planeta, causado pelo impacto daquela montanha ao atingir o solo e ser destruída. Apesar do poderoso projétil que o atingiu, ainda assim o titã saiu dos escombros, um pouco desorientado, sujo de terra e de seu próprio sangue dourado, mas em condições de lutar.

Cronos era uma força da natureza e não iria permitir que nada pudesse parar sua ira sobre aqueles que ousavam lhe desafiar.

— Vai se arrepender amargamente de ter saído do Tártaro, Briareu. — Cronos saltou, voando contra seu irmão mais velho e estendendo sua mão, chamando sua arma mais característica e mortal: a foice com a qual ele castrou Urano.

A foice voou até ele, quebrando a barreira do som enquanto fazia isso, alcançando sua mão quando ele já estava próximo de Briareu, bem no momento para iniciar seu ataque, cortando e amputando alguns braços do hecatônquiro, que revidava com dezenas de socos consecutivos, cada golpe tão ou mais forte quanto a força daquela montanha que havia caído sobre Cronos instantes atrás. Entretanto era perceptível que o líder dos titãs iria retalhar todos os membros e cabeças de Briareu antes que caísse, e ao perceber isso, o filho mais velho de Gaia agarrou seu irmão em um abraço mortal e gritou:

— AGORA, ZEUS!

O algoz de Urano somente teve tempo virar o rosto e ver seu filho mais jovem estender os braços para o céu.

— AAAHH! — O grito de Zeus foi como um trovão. O maior de todos os trovões, ouvido em todas as partes do mundo.

O raio que caiu sobre Cronos e Briareu foi tão poderoso que o chão abaixo deles tornou-se uma gigantesca cratera por as rochas evaporarem, a terra tremeu de forma apocalíptica e grandes pedaços de pedra voaram em todas as direções, inclusive para fora do planeta. A luminosidade do relâmpago fez com que a noite parecesse ter tornando-se dia, o cheiro de ozônio impregnou todo o lugar por quilômetros e um grande incêndio iniciou-se, mas este último logo se apagou com a chuva intensa que se seguiu.

Caindo de joelhos, Zeus estava totalmente exausto ao usar todo o seu poder neste último ataque. A única coisa que o deus conseguia ouvir era o forte som da chuva, uma vez que estava zonzo e sua visão embaçada.

— Não… — Zeus murmurou em descrença quando recobrou sua visão e viu seu pai, com a pele severamente queimada, mas ainda em pé, cambaleando em sua direção.

— Eu disse, criança petulante… Não há como uma criatura digna de pena como você me vencer. — Cronos chutou seu filho no peito, derrubando-o no chão antes de, mais uma vez, agarrá-lo pelo pescoço. — Eu colocarei a sua cabeça em uma estaca e o farei contar para mim a história de sua vergonhosa derrota por toda a eternida… ARGH!

Hades atravessou as costas de Cronos usando seu bidente, que saiu pelo peito do titã, sujando Zeus com o sangue de seu genitor.

— Seu resto de vômito, eu irei… — O filho de Gaia não pôde terminar sua ameaça por ter sido decapitado por sua própria foice, que Hades portava em sua outra mão.

A cabeça ainda viva do filho mais jovem de Urano e Gaia rolou no chão com uma expressão atônita, totalmente descrente de que havia sido derrotado desta forma.

— A Titanomaquia chega ao fim após dez anos de guerra. — Hades anunciou. — A maioria dos outros titãs já caíram. Poseidon e os ciclopes estão lidando com os que ainda estão de pé.

Zeus arfava, esgotado da batalha e incapaz de dizer palavra alguma. O mais novo dos filhos de Réia apenas sorriu para Hades, que, depois de empurrar o corpo decapitado de Cronos para cair do lado oposto à cabeça, disse a Zeus: 

— Nós vencemos, irmão.

Com o fim da Era dos Titãs, o vácuo de poder do mundo foi preenchido por Hades, Poseidon e Zeus, que tornaram-se conhecidos como os Três Grandes. Não obstante, surgiu a necessidade de dividir o mundo em partes, e decidir quem governaria qual parte do mundo.

Veio de Zeus a ideia de decidir na sorte, em um dos jogos mais antigos do mundo: o mais jovem dos três deuses pegou três pequenos gravetos de tamanhos diferentes e, sem revelar seus tamanhos, os estendeu para seus irmãos. Aquele deus que pegasse o maior graveto ficaria encarregado do céu e governaria os demais deuses, aquele que pegasse o graveto menor ficaria com o Mundo Inferior e protegeria a entrada do Tártaro, e aquele que ficasse com o graveto restante dominaria os mares e suas criaturas.

Enquanto que em outras realidades paralelas, seja de forma honesta ou trapaceando no jogo, Zeus se tornaria o soberano dos céus e viveria como o Rei dos Deuses, no Olimpo, no universo desta história, foi Hades quem pegou o graveto maior, enquanto coube a Zeus e Poseidon os domínios dos mares e do Mundo Inferior, respectivamente. Hesitantemente, Zeus entregou a Hades o raio, recebendo de Poseidon o tridente que controlava as águas e causava os terremotos.

A filha do titã Oceano, Métis, que foi o primeiro amor de Zeus, ficou extremamente feliz ao descobrir que ele tornou-se o novo Senhor do Mares, e um casamento entre eles logo foi realizado.
     No ano seguinte à Titanomaquia, Hades e Gaia chegaram a um acordo: os titãs seriam condenados a passar apenas algumas décadas ou séculos presos no Tártaro, dependendo de seus crimes e ações antes e durante a guerra, e após cumprirem suas penas, seriam libertados e poderiam juntarem-se ao novo panteão de deuses. Esse acordo impediu que nesse universo ocorressem eventos como o nascimento de Tifão e a Gigantomaquia, embora todos soubessem que dificilmente Cronos seria libertado.

Foi neste mesmo ano que nasceu Makaeleu, o primeiro filho de Zeus e Métis, a criança que nunca teria nascido em outras realidades onde Zeus era o Rei dos Deuses, pois estaria destinado a destronar o próprio pai assim como ele destronou Cronos, e Cronos destronou Urano.

Os Três Grandes reuniam-se no Olimpo anualmente para comemorar o aniversário do fim da Titanomaquia.

— É bom vê-lo, irmão. — Disse Hera em uma dessas reuniões, sorrindo para Zeus.

— Igualmente. — Respondeu Zeus, o Deus dos Mares.

A cada encontro, Zeus passou a nutrir sentimentos por sua irmã, e por anos ele pensou em divorciar-se de Métis para ficar com Hera, sempre pensando demais e hesitando, até que um dia ele realmente decidiu tomar uma atitude, nadando até a superfície em alta velocidade e saltando no ar de forma tão impressionante que aterrissou já no alto do Monte Olimpo, onde procurou por sua irmã em vários lugares, até finalmente encontrá-la em um imenso jardim de Deméter.

— Hera. — O Rei dos Mares a chamou.

— Zeus? — Hera sorriu, mas parecia desconcertada, o que não foi percebido por Zeus. — O que faz aqui?

— Existe algo que eu preciso lhe dizer. Eu…

— Zeus! — Poseidon surgiu, inconscientemente interrompendo a declaração. — Que bom que estás aqui. Hera, já lhe contou das boas notícias?

— Ainda não… — Respondeu a deusa, com a voz baixa.

— Quais são as boas notícias? — Zeus quis saber.

— Hera e eu iremos nos casar! — Poseidon revelou alegremente, entretanto Zeus não reagiu da forma que o deus do Mundo Inferior esperava. Sentindo o chão tremer, e sabendo que o tremor era causado por Zeus, Poseidon questionou: — Há algo de errado, irmão?

— Não, desculpe. — Os tremores pararam. — Isso é… É realmente uma ótima notícia!

— Está tudo bem? Sabe que pode sempre contar comigo. — Poseidon falou, segurando no ombro direito de seu irmão mais jovem.

— Sim, eu estou feliz por vocês. — Mentiu, dando seu melhor sorriso, conseguindo convencer Poseidon como o bom ator que ele era. — Só estou com muita coisa na cabeça, muito trabalho governando os mares…

— Ah, eu nem consigo imaginar como deve ser difícil governar um local tão aberto e tão cheio de seres. — Poseidon disse. — O Mundo Inferior parece claustrofóbico à primeira vista, mas pelo menos é fácil de manter tudo em ordem.

— Eu preciso retornar ao oceano agora. — Disse Zeus.

— O casamento será daqui a dois meses, em meu reino. — Poseidon informou. — Esperamos por você e sua família.

— Estaremos lá. — Zeus respondeu antes de partir.

— O que ele queria? — Perguntou Poseidon à Hera, curioso.

— Eu não sei, ele… Não chegou a dizer. — Hera sabia, ou melhor, tinha alguma ideia, mas nada disse.

Após o casamento de Poseidon e Hera, Zeus cada vez mais se tornou amargurado, isolando-se em seu reino pelos anos seguintes. Seu humor somente piorou quando chegou a notícia de que Hera teve seu primeiro filho com Poseidon: Ares.

As discussões e brigas com Métis foram tornando-se mais frequentes com o passar dos dias, com agressões chegando a ocorrerem de ambos os lados, resultando em destruição e reparos constantes do palácio submerso, tamanha a violência. Mesmo na superfície, sentia-se os tremores e os humanos primitivos e nômades, que sequer conheciam o fogo ainda, contavam histórias às suas crianças, explicando que quando o mar e a terra se agitavam era porque Zeus e Métis estavam brigando.

— O que há de errado com você? — Métis questionou. — Há anos que não é mais o mesmo. Você nem olha para o nosso filho, e ele está ficando igualzinho a você!

Zeus começou a trair sua esposa com a bela Anfitrite próximo à época em que Hades anunciou seu casamento com Deméter. O relacionamento extraconjugal durou alguns anos, até que Métis descobriu e conseguiu livrar-se da amante de seu marido permanentemente, de forma que Zeus nunca conseguisse suspeitar de seu envolvimento.

Décadas se passaram e, por insistência de Gaia, os titãs Crio e Hipérion foram libertados do Tártaro, juntando-se ao panteão olímpico de Hades.

Poseidon estava certo quando dizia que o Mundo Inferior era mais simples de se administrar do que os oceanos, entretanto também era verdade que Poseidon não era eficiente em seu trabalho de deus dos mortos, e um caos surgiu no submundo, só resolvendo-se quando Ares passou a cumprir os deveres de seu pai, ganhando por isso a alcunha de Deus dos Fantasmas.

Denatheus, filho de Hades e Deméter, tornou-se o Deus da Eletricidade e ficou conhecido por ser extremamente filantrópico, conseguindo convencer seu genitor a permitir que Prometeus dividisse o fogo com a humanidade. Com isso, em pleno século cinco antes de Cristo, os povos helenos já possuíam energia elétrica e viviam uma verdadeira Era de Ouro sob o domínio de Hades, uma vez que nessa realidade nunca existiu Perséfone, e portanto, ela nunca foi sequestrada, fazendo as estações do ano nunca existirem e a primavera ser eterna na Grécia.

A despeito do mundo quase perfeito de Hades, Zeus odiava tudo isso e realizou uma reunião secreta em seu palácio, na qual estavam presentes Poseidon, Hera, Ares, e os anfitriões Zeus Métis e Makaeleu.

— Por que Hades permanece na luz, sendo adorado pelos mortais enquanto nós ficamos escondidos e somos temidos? — Zeus iniciou seu discurso com este questionamento. — Hades pode ter sido aquele que "venceu" Cronos, mas foi somente porque nós estávamos lá para ajudá-lo!

O deus dos mares segurou a mão de sua consorte.

— Foi Métis quem envenenou Cronos para que ele vomitasse nosso irmãos, foi Poseidon quem derrubou vários titãs usando o tridente que eu tenho em mãos agora, e fui eu quem enfraqueceu Cronos. Tudo o que Hades teve que fazer foi dar o golpe final.

— Nós deveríamos ter o mesmo respeito. — Concordou Poseidon. — Ele não é melhor que nós, somos iguais!

Zeus acenou positivamente, mas na verdade ele não se importava com igualdade, tudo que o invejoso filho mais novo de Réia queria era sentar-se no trono do Monte Olimpo e se declarar o Rei dos Deuses.

Logo uma teomaquia se iniciou, mas Hades já era muito mais poderoso do que os seus irmãos e sobrinhos, pois havia acumulado magias e conhecimentos dos panteões de outras partes do planeta ao longo dos séculos.

— Zeus, retorne ao seu reino agora! — O Rei do Olimpo ordenou. — Quando você se acalmar, eu prometo que ouvirei suas queixas e, juntos, nós entraremos em um acordo, pacificamente.

O marido de Métis apenas ficou mais irritado por Hades ordená-lo retornar ao seu reino da forma que um pai ordena seu filho a ir para o quarto de castigo.

— Por favor, ouça nosso irmão, Zeus. — Héstia implorou. — Não há necessidade de uma guerra em nossa familia.

— Nós ficamos nas sombras por muito tempo, Hades! — Makaeleu gritou, apoiando seu pai cegamente, uma vez que aquela era a primeira vez que Zeus dava-lhe atenção.

— Foi Zeus quem dicidiu que os reinos fossem divididos na sorte, e todos concordaram com o que receberam. — Hades relembrou.

— Mas não mais! — Zeus sentenciou: — Seu reinado termina agora, irmão.

Hades suspirou em decepção.

— Você não me deixa escolha…

Zeus avançou contra Hades com seu tridente em mãos para atacá-lo.

— Crio! — O consorte de Deméter chamou.

O titã surgiu detrás de Hades, soprando Zeus e seus aliados para longe. Poseidon resistiu ao poderoso sopro de Crio, mantendo-se em seu lugar ao fincar seu bidente no chão, mas acabou por se transformar em uma estátua de gelo.

Os rebeldes, formados por seres do oceano e criaturas do submundo, levantaram-se e tentaram reagrupar, mas apenas foram surpreendidos pela presença do titã Hipérion e de seu filho Hélio, que surgiram acima deles com uma onda de calor insuportável, que os fez caírem novamente.

Humilhado com uma derrota tão rápida, Zeus foi sentenciado por Hades a passar um século no Tártaro, assim como seu filho Makaeleu. Os demais deuses rebeldes foram perdoados, como prova da benevolência do Rei do Olimpo.

— Hahaha! Vejam quem está aqui! — Cronos zombou de Zeus. — Se estas correntes não me segurassem, eu esmagaria sua cabeça e assistiria ela voltar a crescer!

— Cronos… Confesso que ver sua cabeça rolar pateticamente pelo chão foi muito satisfatório para mim. — Admitiu o caído deus dos mares. — Mas hoje eu lhe faço uma proposta: Junte-se a mim e você terá de volta o mundo sob o seu comando novamente, com o bônus de vingar-se contra aquele que colocou-lhe aqui.

— Haha! — Cronos riu em desdém, mas curioso, perguntou: — E o que você ganharia em troca?

— Apenas ver a cabeça de outro inimigo rolando aos meus pés.

— Temos um acordo, filho. — Cronos sorriu malignamente. — E como pretende nos tirar daqui?

— Apenas aguarde… — Foi a resposta de Zeus.

Sem escolha, foi o que o algoz de Urano fez, o que ele já fazia há muito, muito tempo preso ali. Apesar do acordo, Cronos pretendia também torturar e destruir Zeus assim que se vingasse de Hades.

O caído deus dos mares não sabia se levou horas ou anos — o tempo passava de forma estranha e confusa dentro do Tártaro, como se o próprio tempo evitasse aquele lugar e apenas "vazasse" ocasionalmente ali —, mas os portões finalmente foram abertos e a libertação de Zeus e seu filho chegou na forma de Ares, o deus dos fantasmas.

— Os titãs virão conosco. — Avisou Zeus quando Ares o desacorrentou.

— O quê?! — Ares o questionou, incrédulo.

— Eu disse que os titãs virão conosco. — Zeus frisou, não permitindo que o sobrinho voltasse a questioná-lo.

Ares hesitou, mas apenas acenou positivamente e ajudou Zeus e Makaeleu a libertarem Cronos, seus irmãos e sobrinhos.

Muito acima deles, embora ainda no Mundo Inferior, Poseidon e Métis formaram um grande exército de fantasmas, esqueletos, cadáveres animados, criaturas marinhas, monstros e guerreiros meio-peixes, todos esperando apenas que Zeus retornasse e os liderasse rumo ao Olimpo.

— Por que você os libertou?! — Poseidon gritou quando viu Zeus ao lado dos titãs.

O filho mais novo de Cronos e Réia levou seu irmão para um canto mais afastado e argumentou:

— Com Cronos do nosso lado, Hipérion e Crio irão abandonar Hades na hora, e Hélio, Selene e Eos seguirão o pai.

— Você não pode confiar em Cronos. — Poseidon contra-argumentou.

— Eu sei, e não confio. — Finalizou Zeus.

Métis entregou a seu marido o tridente dele, Zeus beijou sua esposa e ergueu a arma para incentivar as tropas:

— À GUERRA!

— À GUERRA! — O exército gritou em resposta.

Foi uma grande surpresa para Hades quando milhões de guerreiros saíram de cada caverna conectado ao submundo, e de cada praia, rumo ao Olimpo, para uma segunda teomaquia. O Rei dos Deus ficou furioso ao ver Zeus e perceber que Poseidon o traiu outra vez.

— O que faremos? — Deméter perguntou ao seu esposo.

— Enterrarei todos na foça mais profunda e inalcançável do Hades e os esquecerei lá. — Hades se armou com seu raio, lançando-o contra o exército inimigo e matando centenas de guerreiros com um só tiro.

Zeus surgiu no céu e arremessou seu tridente contra seu irmão mais velho, no entanto Hades se esquivou facilmente, apenas inclinando-se para lado, em nenhum momento olhando para a arma que quase o atingiu, mas sim mantendo seu olhar de desprezo fixo em Zeus. Entretanto, assim que o tridente fincou-se no chão, iniciou-se um violento terremoto que fez Hades perder o equilíbrio.

Aproveitando o momento de guarda baixa do Rei do Olimpo, Zeus rapidamente voou em sua direção e praticamente o atropelou, agarrando-o e o empurrando contra construções, árvores, rochas e qualquer outra coisa que estivesse no caminho. Quando Hades se recuperou e os dois iniciaram um combate físico, ondas de choque devastaram tudo ao redor deles a cada soco e chute que desferiam um contra o outro, em uma luta que se assemelhava ao que se esperaria de um embate entre dois Supermen que não se continham.

Crio apareceu e pretendia ajudar Hades, mas antes que pudesse fazer algo, ele recebeu uma joelhada repentina nas costas e caiu no chão.

— Crio, seu traidor! — Gritou o titã que o atacou.

— Jápeto?! — Crio exclamou, atônito.

— Os titãs! — Hades não podia acreditar. — Zeus, a que ponto você chegou?

— Este mundo será meu… — Zeus estava cego pela sede de poder.

— Errado! — Cronos apareceu, portando sua foice, e a atravessou em Hades e Zeus ao mesmo tempo. — Este mundo retornará ao seu líder legítimo. AARRGH!

O filho de Urano foi atingido por uma forte corrente elétrica vinda do filho de Hades. O ataque de Denatheus também acertou Zeus e Hades, mas aproveitando a surpresa de Cronos com o ataque, o deus dos mares ergueu sua mão, chamando seu tridente, o qual assim que chegou ao seu alcance, foi usado para realizar aquilo que ele queria ter feito há séculos, mas Hades lhe tirou a chance: decapitar Cronos.

A cabeça do titã ficou incrédula, não conseguindo acreditar que, pela segunda vez, havia sido surpreendido por uma ataque pelas costas seguido de um filho seu cortar sua cabeça.

Os deuses irmãos caíram no chão com a lâmina da foice de Cronos ainda atravessando as costas de Hades, saindo por sua barriga e perfurando a barriga de Zeus. O mais novo dos dois se afastou, livrando-se da lâmina e tentando pressionar a ferida em sua barriga com a mão, buscando estancar o sangramento.

Denatheus aterrissou em frente ao seu tio, preparado para lutar e proteger seu pai, mas Zeus fez um sinal, expressando que não queria lutar, avisando:

— Um ferimento feito pela lâmina de Cronos não cicatriza naturalmente. Leve seu pai para longe daqui.

O filho de Hades e Deméter hesitou, mas obedeceu, ajudando seu genitor a retirar a foice de suas costas e levando-o para longe em alta velocidade pouco antes de Jápeto se aproximar de Zeus, arrastando o corpo de Crio pelas pernas.

— Você os deixou escapar…

— E decapitei Cronos. — Zeus apontou. — Vai ficar do meu lado ou prefere voltar ao Tártaro com ele?

— Eu prefiro passar mil anos no Tártaro a me juntar a vo… — Jápeto foi cortado ao meio verticalmente pelo tridente de Makaeleu.

— Os aliados de Hades caíram, pai. Assim como os titãs traidores. — Makaeleu informou. — Céos foi o único titã que manteve-se fiel a nossa causa.

Zeus sorriu.

— No fim das contas, ele realmente é merecedor do título de titã da inteligência.

Makaeleu ajudou seu pai a deixar o campo de batalha e Métis curou seu marido, que se tornou o novo soberano da Grécia, apesar desta estar em grande parte destruída após a guerra. Não demorou para que a ganancia de Zeus o levasse a estender seu reino para outros lugares, conquistando civilizações e panteões do mundo inteiro.

Hades e Denatheus desapareceram, provavelmente escondidos entre os mortais, longe dos olhos de seu irmão conquistador.

O segundo filho de Métis foi uma menina que Zeus nomeou Atena e foi criada como uma guerreira estratégica para um dia ser a conselheira de guerra de seu pai, o autoproclamado Imperador dos Deuses.

Eventualmente não havia mais nenhum lugar no mundo para ser conquistado, e nem ninguém que pudesse desafiar a autoridade de Zeus, que acreditou que a sua existência iria tornar-se entediante a partir daquele ponto, mas foi neste momento que convenientemente surgiu ali um novo ser.

— Quem é você? — Zeus questionou o recém-chegado.

— Meu nome é John Pear. — Apresentou-se o estranho homem de bigode grosso e que usava roupas do século vinte. — Eu não sou deste universo, vim de uma realidade em que todos os seres humanos se tornaram deuses.

— Então existem outros universos?

— Sim, e eu estive observando o seu mundo há algum tempo, interessado na sua história. — Contou. — Infelizmente ela está chegando ao fim e por isso eu decidi intervir neste final.

— O que você quer dizer com isso? — O Imperador dos Deuses perguntou, impaciente.

— Veja, você já conquistou o seu mundo, e agora? Faz parte de você o desejo de conquistar. — John dizia. — Eu lhe ofereço a chance de conquistar milhões de outros mundos, a chance de derrotar muitos outros deuses, incluindo versões diferentes de você mesmo, o que acha disso?

— O que você ganharia com isso?

— Apenas o privilégio de fazer parte da sua história épica de conquistas já é o suficiente para mim.

Zeus desconfiou do recém-chegado, mas não achava que John Pear poderia representar perigo a ele. Além disso, somente a possibilidade de continuar a expansão de seu império era tentadora demais para o deus.

— Eu aceito!

Ficou decidido que Métis, Poseidon, Ares e Céos ficariam no comando do Universo 961 enquanto Zeus partiria com Makaeleu, Atena e John Pear para as outras realidades.

— Leve-me a esses outros deuses. — Zeus disse a John, cujo corpo tornou-se um portal roxo, levando eles dali.

E essa foi a origem do Zeus Conquistador, uma versão alternativa de Zeus cuja ganância por poder não poderia ser saciada com menos do que todas as formas de vida do Multiverso ajoelhadas diante dele.


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Notas finais do capítulo

Críticas e sugestões são sempre bem-vindas!