A Realeza das Víboras escrita por Maeva Warm


Capítulo 2
Cartas


Notas iniciais do capítulo

Vinda Rosier - Poppy Corby-Tuech
Evan Rosier - Dean Geyer
Druella Rosier - Lili Simmons



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Os dias transcorreram em tranquilidade e, não fosse o fluxo de corujas a entrar e sair do quarto à direita no piso superior, a residência construída no centro de uma clareira passaria por um imóvel abandonado sem a necessidade de feitiços.

Além das correspondências que trocava com o docente, o mais velho dos herdeiros Riddle recebia atualizações de seus colegas mais próximos e que conquistaram um pouco de sua confiança. A última carta, ainda aberta em sua escrivaninha, trouxe leve preocupação ao jovem.

No momento em que batidas foram ouvidas no cômodo, Tom estava relendo, talvez pela quinta vez, as anotações referentes à Vinda Rosier em seu diário.

— Se não for importante, pode ir embora.

A sentença do rapaz soou como uma permissão, já que a maçaneta foi girada e a porta abriu-se, revelando a figura de sua irmã caçula.

— Tommy, Aggie e eu precisamos ir ao Beco. Nossos pais não retornaram e os vestidos podem demorar a ficar prontos.

Sem tirar os olhos do diário, a mente de Tom rapidamente elaborou um plano de emergência para o problema que tinha em mãos. O efeito era provisório, mas lhe permitiria sondar a real situação daquela que estava mais próxima de ser seu braço direito.

— O que acha de ir até Paris?

As sobrancelhas escuras franziram, demonstrando a cautela que começava a tomar a caçula. Ainda que ir até alguma das boutiques parisienses fosse a opção mais adequada para superar as expectativas postas pelo pai de ambos (uma vez que as lojas parisienses eram os locais frequentados apenas pelas mais elegantes mulheres, desde as jovens estudantes de Beauxbatons até as ligadas à cargos em órgãos internacionais), Susan sabia que a gentileza do irmão escondia algum interesse pessoal.

— Se papai permitir, seria maravilhoso.

Um breve menear de cabeça de Tom foi o sinal de que a garota deveria ir. O tronco masculino, de poucos músculos, voltou-se mais uma vez para a escrivaninha. Três pergaminhos foram abertos sobre a madeira, no qual o primeiro era um comunicado de onde pretendia ir e o pedido para que o patriarca enviasse a permissão ao ministério; o segundo continha o pedido para realizar a viagem, via chave de portal, com os irmãos menores e foi destinado ao Ministério da Magia; já o terceiro exigiu um pouco de esforço por parte do recém-nomeado monitor chefe.

Vinda, ao contrário da maioria das donzelas que conhecia, não estava interessada em romances. Palavras afáveis não seriam o suficiente para atrair a atenção da morena de olhos esverdeados. Os olhos azuis cobalto passaram mais uma vez pela carta aberta, procurando alguma informação adicional nas entrelinhas das palavras escritas por Evan, primo de Vinda.

— A lealdade de Vinda não foi totalmente conquistada… Discurso agradável… Sujeitar os sangues-ruins… — Murmurando alguns fragmentos do relato, Tom sorriu de lado ao encontrar sua brecha. — É claro! Minha melhor serpente não se contentaria com pouco.

A mão de dedos longos e finos abriu o tinteiro, mergulhando a ponta da pena no objeto quadrado para logo escrever a principal carta.

 

"Cara Vinda,

Estive esperando por notícias suas até agora. Soube que está considerando permanecer na França em nosso último ano letivo.

Não a julgo!

Diante de bruxos covardes e traidores de seu próprio sangue, eu também escolheria permanecer em meio aos mais evoluídos.

Contudo, gostaria de pedi-la apenas que auxilie-me na difícil tarefa de conduzir minhas irmãs às compras.

O professor Slughorn dará um baile na data de 30 de agosto e convidou membros respeitáveis da sociedade londrina, além dos alunos que participam do Clube do Slug.

Como sabe, os alunos têm direito a um acompanhante. Confesso que estou levemente interessado em convidar alguém. É lamentável que a única à altura de estar ao lado de um legítimo herdeiro de Slytherin, monitor chefe e futuro lord, escolheu seguir por outros caminhos, ainda que sua presença seja garantida graças ao Clube. Portanto, contentar-me-ei se tiver sua preciosa ajuda somente com as vestes de minhas irmãs.

 

Aguardo sua resposta,

L.V.

 

P.S.: Surpreendeu-me saber que seus anseios se limitam em subjulgar. Minha admiração e confiança foram conquistadas por entender que desejava eliminar os usurpadores. Infelizmente, isso a tornou indigna de ser a futura lady."

 

Ainda sorrindo, o jovem lacrou o último envelope e levou as três cartas consigo até o poleiro onde as corujas de cada membro da família descansavam. Usou a coruja de seu pai para enviar a carta destinada a eles, pois ele poderia utilizá-la para entregar a permissão, facilitando as coisas para o primogênito; a de sua mãe foi utilizada para enviar o pedido ao ministério e a do rapaz foi destinada à França.

Embora estivesse satisfeito com os possíveis resultados de seu movimento, Tom Riddle mantinha suas expressões neutras. Nem mesmo o sorriso anterior encontrava-se em seus finos lábios. Seus pais levariam mais dez dias para retornar e suas decisões atrás das cortinas poderiam ser feitas com uma liberdade maior, quase a mesma que ele possuía no período em que passava no castelo mágico.

Suas feições foram alteradas apenas no momento em que a correspondência, enviada pela família Crouch, encontrou seu destino final nas chamas crepitantes da lareira.

O franzir de sua testa sinalizava seu desagrado para a temporada da morte, como seus seguidores apelidaram o período em que bailes eram organizados no intuito de formar alianças através de casamentos arranjados.

Oras, o primogênito Riddle considerava a oferta dos Crouch um insulto! Seus critérios eram um pouco diferentes de seu pai, uma vez que o jovem buscava desposar uma donzela elegante e inteligente, enquanto o patriarca visava o poder e fortuna que a união poderia proporcionar. 

Se Elinor Crouch fosse minimamente graciosa ou ambiciosa, o rapaz ainda poderia considerar o cortejo. Contudo, a jovem corvina possuía uma leve corcunda, como consequência de seu andar curvado, e tinha como sonho criar hipogrifos no interior de Gales.

Nada digno da futura lady das trevas.

Com a possibilidade de uma negativa da parte de Vinda, o moreno retornou ao seu quarto para ler seu diário e enviar uma carta para Elizabeth Burke. A última era uma candidata tão forte quanto a Rosier, tendo a seu favor a loja de artefatos que herdaria, bem como os contatos de clientes importantes. Entretanto, a Burke perdera a nomeação na monitoria para Dorea Black, o que lhe dava desvantagem e era um tanto selvagem quando cumpria as ordens que o Riddle lhe dava. O oposto da Rosier, que era tão elegante quanto uma ninfa ao executar suas ordens.

Ele não amava nenhuma das duas, é claro. Mas os três amavam o poder, a magia e odiavam com cada célula de seus corpos todo aquele que não fosse ligado à magia.

A carta para Elizabeth fora mais fácil de escrever, afinal, bastava oferecer-lhe uma dança em meio ao caos. O tipo de gesto que, secretamente, Tom achava adorável.


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