A Realeza das Víboras escrita por Maeva Warm


Capítulo 3
Lojas


Notas iniciais do capítulo

Peço imensas desculpas pelo sumiço, explicando apenas que muitas coisas aconteceram nesses 14 meses. Como comunicado em minha outra fanfic, esse capítulo já estava pela metade, restando apenas algumas finalizações, para ser postado. Só que foram muitas crises, além da descoberta do TEA, para administrar e deixei a escrita de lado. Não sei se retornarei a postar com frequência, mas tentarei, ao menos, um capítulo por mês.



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Embora fosse um dia com clima ameno, as duas jovens usavam casacos, luvas e meias-calças enquanto aguardavam que o irmão mais velho delas chegasse com a chave de portal para levá-las à Paris. Ainda que a desconfiança estivesse como um gato adormecido em seus interiores, pronta para emergir ao menor sinal de perigo, era inegável a animação nas faces juvenis.

Passada a sensação nauseante, resultado do transporte, os quatro irmãos caminhavam pelas ruas singelas, mas que não deixavam a desejar em passar o ar romântico característico dos vilarejos bruxos franceses. O mais velho conduzia o pequeno grupo até a casa de chá na esquina do segundo quarteirão, onde a jovem usando um vestido longo, leve e cor de vinho estava sentada em uma das mesas posicionadas no lado externo.

— Boa tarde, Vinda! — Tão sutil quanto uma cobra rastejando, Tom curvou o tronco e pegou a mão feminina, coberta pela luva rendada, com a dele para levar aos lábios e depositar um singelo beijo no dorso. — Perdoe-me o atraso. O ministério demorou em validar a carta de meu pai.

— Não se preocupe, Tom. — Para decepção das duas jovens, a anfitriã não possuía o forte sotaque francês ao falar. Era necessário um bom ouvido para perceber as sutis entonações que indicavam as origens da morena. — Cheguei há menos de cinq minutes. Creio que podemos iniciar nossa jornada. Ou as mesdemoiselles estão muito cansadas?

Com a negativa das mais novas, Vinda levantou-se da cadeira com elegância, apanhando a bolsa de mão na cadeira ao lado. Não tardou em aceitar o braço masculino que lhe era oferecido, enlaçando-o com o seu e pondo-se a caminhar em direção à rua transversal a que os visitantes vieram.

— Mesdemoiselles Riddle, possuem algum modelo em mente? — A voz de Vinda fez-se presente novamente e a bruxa teve de olhar para trás, visto que as irmãs permaneceram caladas. — Melhor irmos ao atelier de Madame Miller. Ela é a melhor modista de Paris e saberá valorizar a beleza das mesdemoiselles.

— Precisamos apenas de vestes, Vinda. — Tom interrompeu o monólogo da mais velha, ganhando a atenção de todos. — Nosso pai pretende fechar alguns negócios no baile e ordenou que estivéssemos a altura. Agatha e Susan usarão joias familiares. Como sou responsável por meus irmãos, é minha missão proporcionar o melhor para elas. Afinal, ambas serão apresentadas como as herdeiras das famílias Riddle e Gaunt.

— Uma ocasião extraordinária! — Devido aos anos de convivência com Tom, os três irmãos entenderam que a situação era uma bajulação para com a senhorita e o objetivo fora alcançado. — Deveria ter me avisado antes, Tom. Marquei apenas uma hora com Madame Miller, pois pensei em oferecer mais opções às suas irmãs. O baile é em alguns dias, por quê não pede aos seus pais que as deixem hospedadas em minha casa? Levá-las-ei para terem os melhores tratamentos de beleza. Ficarão tão belas quanto veelas!

A sombra de um sorriso surgiu nos lábios masculinos, suas irmãs poderiam coletar informações tanto sobre Vinda quanto sobre a movimentação do bruxo das trevas que ganhava mais espaço na Europa. Além, é claro, de obter uma maior aprovação do patriarca e, por conseguinte, consolidar sua credibilidade para a escolha da futura senhora Riddle. A voz um tanto tímida de Agatha, mais por temor à reação de seu irmão quanto sua intromissão do que, necessariamente por acanhamento, fez-se presente e poupou o primogênito de buscar uma resposta convincente. Os mais novos eram tão sorrateiros quanto o mais velho, afinal.

— Mademoiselle Rosier, perdoe-me a intromissão, todavia, creio que não será de bom tom se meu irmão enviar uma carta ao nosso pai com tal pedido. Ele pode entender que Tommy está abusando de sua benevolência para conosco e rejeitar qualquer argumento. Na atual conjuntura, apenas a senhorita tem o poder de fazê-lo.

O mais velho dos Riddle surpreendeu-se com a atitude de sua irmão do meio, percebendo que teria certo trabalho em reorganizar seus planos ao chegar em casa. 

— Oh, oui, mademoiselle Riddle! Tens toda a razão! Façamos o seguinte, enton. — Ainda com o braço entrelaçado ao do rapaz, a jovem Rosier parou subitamente sua caminhada, bem como suas palavras, ao perceber a sombra da nuvem escura aproximando-se. — Depressa, vamos à boutique de Madame Miller. Tom e eu podemos utilizar magia, contudo seria extremamente arriscado deixá-los à mercê de possíveis confrontos.

A voz, outrora animada com a expectativa dos preparativos das mais novas, agora soava fria e séria. Os passos dos cinco tornaram-se menos espaçados, levando pouco mais de um minuto para chegar na loja delicadamente decorada em tons pasteis e flores de cores vibrantes. O sino da entrada foi agilmente silenciado pela bruxa francesa, que tratou de fechar a porta assim que a caçula Riddle passou pela porta clara. Ao perceber a aproximação de uma das atendentes, apenas uma palavra foi pronunciada em francês, agora sim carregada com o característico sotaque.

— Recherche!¹

A palavra parecia algum código entre os bruxos franceses, pois a atendente logo pegou a mão das duas garotas e as puxou para o interior da boutique.Os irmãos as seguiram de imediato, entretanto a Rosier segurou o primogênito Riddle pelo pulso, um pedido silencioso para que o mesmo estivesse na linha de frente com ela. Dezoito minutos se passaram no mais absoluto silêncio, até que a sombra dissipou-se e as primeiras lojas reabriram suas janelas e portas. Ainda sem entender o que ocorrera ali, Tom manteve-se atento à sua anfitriã, a qual respirou aliviada e seguiu o caminho feito pela atendente.O interior da boutique tornou a ficar movimentado e o maior precisou sentar-se em uma poltrona no canto, os olhos azuis cobaltos atentas às três mulheres que os acompanhava. Agatha e Susan estavam visivelmente satisfeitas, encantadas e empolgadas com as compras. Sussurros eram trocados diante do tecido cranberry aberto diante delas. O moreno poderia apostar que as irmãs estavam aguardando algum conselho da Rosier quanto à exigência do pai sobre a cor do vestido de Susan e toda e qualquer simbologia por trás. Vinda estava inquieta. Apesar do sorriso singelo e das expressões calmas, os dedos brancos e de unhas tingidas de um rosa bebê ainda tremulavam de forma sutil. Ela estava nervosa. Os usurpadores não pareciam ser o verdadeiro motivo para sua permanência na França.

O tempo agendado pela morena findou-se e todos saíram com seus trajes encomendados, inclusive Tom, para seguir até a casa dos Rosier em território francês. Da boutique, o trajeto deu-se até o que parecia uma casa abandonada, mas que se tratava de um local para locação de coches. Assim que o palacete tornou-se visível aos olhos dos viajantes, a voz feminina mais uma vez quebrou o silêncio.

— Enquanto refrescam-se, escrever-lhe-ei ao monsieur Riddle sobre a permanência das mesdemoiselles. Monsieur Thomas, caso lhe seja agradável, o convite lhe está estendido. Tom, já bem sei que tens compromissos na capital inglesa e que lhe exigem o comparecimento físico, portanto não pegá-lo-ei em calças curtas.

Todos os gestos da morena eram observados e analisados pelos Riddle mais novos, ficando mais evidente os motivos para que o irmão mais velho dos mesmos investisse na jovem bruxa. Ela demonstrava, cada vez mais, ser a donzela perfeita a qual Tom Marvolo Riddle tanto buscava para ocupar o lugar de Lady Riddle. Por esse motivo, os três sorriam.


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Notas finais do capítulo

¹ Recherche = Busca, buscar.

Sem menção de personagens nas notas iniciais pelo fato de não ter separado quais seriam mencionados nesse capítulo.

Comentários são sempre bem-vindos.



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