Watch Dogs: Ghosts of London escrita por BadWolf


Capítulo 4
Nitroglicerina Pura


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Hoje arranjei um tempinho para revisar o capítulo e postar, então aproveitem.
Escrever essa fanfic foi quase um "escape" para mim, diante das coisas ruins que aconteceram - e ainda estão acontecendo. Estou muito feliz por poder publicá-la agora. Ela está 90% pronta, eu diria, portanto não esperem por nenhum tipo de abandono. Quem me conhece sabe que costumo publicar sempre com a fanfic finalizada - as poucas vezes que não fiz isso foram pavorosas! - então podem ler sem medo porque vai ter final, sim!

Boa leitura!



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  -Conversando com Maddie?

            Aiden estava prestes a retirar mais uma caixa do caminhão de Schmitz quando decidiu dar atenção a uma notificação que recebeu em seu celular. Era de fato Maddie. Como Schmitz sabia disso, ele não fazia ideia. Talvez as feições mais atenuadas em seu rosto sempre que recebia mensagens dela já estivessem entregando tudo que estava acontecendo entre eles. Uma semana depois de trocarem números, o bendito jantar não foi marcado graças ao que parecia ser mais uma conspiração do Universo para detê-los. Maddie precisou cobrir a escala de sua colega de trabalho do pub e não teria folgas nem tão cedo, o que para ela não era de todo ruim, afinal ela descolaria uma grana extra. Já a última semana estava bastante sobrecarregada para o caminhão de mudanças de Schmitz. Aiden mal tinha tempo para respirar e chegava morto em casa. Só restava uma ou outra troca de mensagens, sem disposição sequer para uma visita.

            -Sim.

            O velho Schmitz soltou uma risada maliciosa.

            -Sabia que vocês iriam dar certo.

            -Estamos apenas nos conhecendo, Schmitz.

            -Aham. Você está com os quatro pneus arriados por ela. Dá para notar. Ela comentou comigo que te convidou para um jantar na casa dela, mas a pobre está trabalhando igual uma louca. E nós também, o que é ótimo para nossos bolsos. Mas não se preocupe, uma hora o tempo vai aparecer.

            Schmitz e Aiden conversavam enquanto subiam as escadas que davam acesso ao apartamento de Edmund Sinclair, um advogado de Miami que havia acabado de ser contratado para um escritório na City. Havia mais e mais caixas, boa parte delas abarrotadas de papelada e livros. Era tanta caixa que já não cabia mais na sala.

            -Sr. Sinclair, por acaso podemos deixar o restante de sua mudança em outro cômodo? Ainda falta um bocado de caixa e já não há mais espaço na sala para transitar. – sugeriu Schmitz.

            -Tem razão. Podem deixar no meu quarto.

            O quarto, infelizmente, era ainda menor que a sala. Os apartamentos em Londres mais pareciam caixas de fósforo, reconhecia Aiden. Como aquele advogado faria para guardar tudo aquilo, só Deus sabe. E só Deus mesmo, pois o advogado claramente estava em pânico com todas aquelas caixas, provavelmente constatando só agora que sua mudança não caberia ali.

            -Aiden, arrasta essa caixa para debaixo da cama dele. Vai ter que ser o jeito. – pediu Schmitz. Com uma pequena caixa sobre as mãos, escrito “CUIDADO FRÁGIL”, o justiceiro não viu alternativa senão se agachar com cuidado e empurrar a caixa para debaixo da cama. Ao fazê-lo, se surpreendeu com um barulho... Estranho.

            -Hmmm....

            -O que foi, Aiden?

            -Está ouvindo esse barulho?

            -Que barulho?!

            -Shh! – pediu silêncio o justiceiro, sendo obedecido por Schmitz. Não tardou alguns segundos até que o caminhoneiro se apercebesse do que era.

            -Por Deus, será que isso... É o que estou pensando?!

            Aiden, que muito provavelmente chegara ao mesmo raciocínio de Schmitz, resolveu não ficar só na especulação e deitou-se ao chão. Arrastou-se para debaixo da cama, e com a lanterna do celular foi surpreendido por nada menos que uma bomba-relógio.

            -Puta merda, uma bomba! Precisamos dar o fora daqui, e rápido! Schmitz?!

            O idoso agachou-se junto a Aiden, e enxergando com a ajuda da lanterna de Aiden, confirmou as teorias do justiceiro.

            -É uma bomba-relógio, sim. Programada para disparar quando o ponteiro do relógio chegar a uma determinada posição. Trabalho das antigas...

            -Essa porra é completamente analógica, não tem nada que envolva rede, criptografia, nada! Caralho, o que você está fazendo?

            Schmitz arrastou a bomba para fora, com bastante cuidado. Assustado, Aiden se levantou e se afastou do idoso. Suava frio, pois aquela bomba, que de constituição tão arcaica mais parecia ter saído do século passado, era algo antigo demais para saber como desarmar. Schmitz a posicionou calmamente no chão. Tirou do bolso seu chaveiro, um canivete suíço. Cortou com cuidado uma capa da bomba, revelando os fios.

            -Se você cortar o fio errado... – alertou Aiden, mas foi silenciado por Schmitz.

            -A gente vai explodir pelos ares, sim eu sei. Agora, silêncio.

            Schmitz fez algo impensável a Aiden: cheirou o explosivo igual um cachorro.

—Parece que essa belezinha aqui tem nitroglicerina o suficiente para explodir uns dois ou três quarteirões, o que só prova que nosso cliente tem uns desafetos nada agradáveis. Agora, vamos ao desarme...

Schmitz analisava os fios com frieza e calma.

—Geralmente o ponteiro do relógio costuma ser configurado para disparar a bomba ao chegar a uma hora exata, e resta cinco minutos para duas da tarde. Pode explodir daqui a cinco minutos, e também daqui a algumas horas, é verdade, mas não é bom esperar para saber. Agora, vejamos...

            Após cortar um fio de cor branca, o relógio simplesmente parou de rodar.

            -Viu só? Menos trabalhoso do que fazer uma chamada de vídeo...

            -Só pode estar de sacanagem...

            -Nem um pouco. A bomba está desarmada agora.

            De repente, entrou no quarto ninguém menos que o dono do apartamento, Edmund Sinclar. Ao observar a bomba no meio do quarto, entrou em pânico.

            -O que diabos é isso?

            -Uma bomba, porra. Que foi desarmada muito provavelmente porque Mr. Schmitz assiste muito Discovery Channel. Agora, pode explicar para gente que porra foi essa?!

            -E-E-Eu não sei de nada, eu juro!

            -Pois é melhor contratar uns bons seguranças particulares, pois claramente alguém está querendo te matar!

            -Eu vou chamar a polícia!

            Ao ver que Sinclair estava prestes a tirar o celular do bolso para fazer a ligação, Schmitz o deteve, segurando-o firme pelo braço.

            -Vai chamar a polícia porra nenhuma! Já desarmamos a bomba para você, e de graça! Tudo para salvar as nossas bundas, e agora você está querendo envolver a polícia na jogada?

            O tom de Schmitz para falar com o tal Sinclar foi incrivelmente... Ameaçador. Aiden nunca o viu falar assim com ninguém. Tão amedrontador que Sinclair basicamente saiu correndo dali, como se sua vida dependesse disso.

            -Duvido que ele pague pela mudança.

            -Fazer o que... – deu de ombros Schmitz, batendo amigavelmente no ombro de Aiden. – Às vezes a gente paga um preço muito alto por ser bonzinho. De todo modo, se a gente não fizesse nada, a essa altura muito provavelmente estaríamos mortos! Agora, vamos para a próxima entrega. Espero que essa seja mais tranquila.

            Aiden e Schmitz desceram as escadas do apartamento juntos. Já não havia qualquer sinal de Sinclair. A essa altura, ele muito provavelmente estaria comprando passagem aérea do primeiro voo de volta a Miami, ou procurando pessoalmente os serviços privados de um mercenário da Albion para protege-lo. De qualquer forma, nem Aiden ou Schmitz ficariam ali para ver o final da história.

            -Como desarmou aquela bomba? E não me venha falar de Discovery Channel, pois aquilo foi uma desculpa só para disfarçar o absurdo fato de que você sabe desarmar uma bomba analógica de nitroglicerina.

            -Você não é o único homem com seus segredos, Aiden Pearce. Agora, respeite os meus e eu respeito os seus. Estamos entendidos?

            Schmitz jamais falara naquele tom com Aiden, jamais. E isso deixou o justiceiro aturdido. Na verdade, Aiden ousara dizer que ninguém jamais falou daquela forma com ele e saiu com todos os dentes da boca. Ambos passaram o resto do dia em silêncio, sem trocar uma palavra sequer sobre o ocorrido com a bomba ou qualquer trivialidade do dia. Fizeram todas as entregas no mais absoluto silêncio e emburrados um contra o outro.

            Ao ser deixado na porta de seu apartamento por Schmitz, Aiden não conseguia deixar de pensar se o velho caminhoneiro, afinal, não suspeitava de seu passado. Ele estava fazendo o possível para agir na linha, com normalidade, mas talvez tenha deixado algo escapar. Mas ainda assim... Se Schmitz tivesse a menor desconfiança a respeito de seu passado criminoso, dificilmente ele estaria ainda empregado. Schmitz já havia deixado claro o quanto odiava bandidos, e em especial justiceiros. Achava que a existência de justiceiros era falha, pois pessoas inocentes sempre morriam no processo, e mesmo reconhecendo todas as falhas da sociedade, ainda confiava que o sistema, um dia, haveria de cair. Falava mal do governo, mas não do governo vigente, e sim do “governo” em si, no sentido mais amplo da palavra. Aiden chegou até a desconfiar que ele tivesse sido um anarquista no passado, e talvez seu conhecimento de bombas seja uma pista disso.

            Ainda subia as escadas que acessavam seu apartamento quando seu celular tocou. Era Maddie. Havia enviado um áudio.

            -O encanamento do pub estourou, o que significa que não terei expediente hoje. Então, estava pensando... O que acha de um cineminha às oito?

            Aiden sorriu com o áudio. Mal terminou de escutá-lo, e mais duas mensagens chegaram. Era um QR-Code. Tratava-se de ingresso para um filme de ação, chamado “Ataque dos Hackers II”, em seu nome. Poltrona dos fundos, o que foi algo bastante sugestivo. Nunca ouviu falar desse filme e talvez isso nem fizesse diferença naquela noite. Preferia os clássicos, mas para não chegar na sessão cheirando a naftalina, resolveu pesquisar antes, ainda mais por se tratar de uma sequência. Notas medianas na maioria das críticas. Basicamente, um filme pipoca sem levar muito a sério, mas que certamente ficaria melhor na companhia de Maddie.

Recebeu também o endereço do cinema. Ficava em Lambeth, perto da casa dela. Mais uma vez, Maddie tomando a iniciativa em tudo. Assim ficaria mal-acostumado, pensou. Tomou um banho rápido. Não quis repetir a jaqueta jeans. Achou uma camisa de flanela xadrez que ainda não tivera coragem de usar e a vestiu. Não combinava muito com o boné, lamentou, mas teria que servir.

            Quando chegou no apartamento dela, Aiden a encontrou do lado de fora, já estava esperando por ele. Estava bastante arrumada e também com uma maquiagem menos discreta, que parecia realçar mais as feições de seu rosto, e especialmente os lábios. Foram ao cinema a pé, pois ficava a poucas quadras dali. Não chovia, o que era um verdadeiro milagre para uma cidade como Londres naquela época do ano. Ela falava muito sobre como estava cansada da jornada dupla no pub e de que começaria a procurar um novo emprego na semana que vem. Ela perguntou a ele como foi seu dia, e embora todo o episódio da bomba fosse a primeira coisa a surgir na cabeça de Aiden, ele decidiu não comentar a respeito. Duvidava muito que Schmitz contaria a ela o que aconteceu, e por isso respeitaria a vontade de seu patrão.

            -Espero que não tenha escolhido o programa errado, pois você parece estar bastante cansado do trabalho.

            -Está com medo de que eu durma na poltrona do cinema?

            -Acho que sim.

            -Você está me subestimando, Maddie. Ou será que eu devo esperar um filme entediante o bastante para me fazer dormir?

            -Para dormir, diria que não... Mas talvez com uma história vazia demais para não ter que prestar muita atenção nele para entender.

            -Hmm... – limitou-se a dizer Aiden, já entendendo onde Maddie queria chegar. Claramente assistir a um filme naquela noite não era bem a intenção dela.

            O cinema estava vazio. Não havia nenhuma estreia naquela semana e “Ataque dos Hackers II” já estava prestes a sair de cartaz. Era uma sessão em 5D, o que exigia o uso de um capacete que, acoplado ao Optik, prometia dar ao espectador todas as emoções esperadas no filme. Inclusive cheiro.

            -Eu nunca usei essa coisa. – admitiu Aiden, segurando o capacete com certa insegurança. Ao voltar-se para Maddie, notou que ela não fizera qualquer movimento para utilizá-lo. Antes que pudesse perguntar a ela como faria para ver o filme sem aquele capacete esquisito, ela o beijou. Foi tão inesperado que Aiden demorara a reagir. Beijando-a de volta, deixou o bendito capacete cair ao chão. Claramente não iriam precisar dele para entender alguma coisa. Os tiros, explosões e gritos dos personagens pareciam ser o bastante.

            -Incrível como esses hackers são capazes de fazer tudo, não é mesmo? – comentou Maddie, enquanto comia pipoca com a cabeça recostada ao ombro de Aiden. Sem o capacete, o filme não passava de um borrão de vultos, mas ele não parecia ser interessante o bastante para requerer aquela coisa na cabeça. Além disso, deveria atrapalhar bastante para beijar. Sem dúvida o cinema estava se tornando uma coisa cada vez menos romântica, como certa vez leu em um blog na internet.

            -Sim, incrível mesmo. – comentou Aiden com certo sarcasmo. Pela conversa dos personagens, os hackers estavam provocando um blecaute na cidade para escapar da polícia. Algo que parecia ser o grande clímax do filme, mas que Aiden sabia fazer há mais de dez anos, e até mais abrangente do que eles fizeram.

            -Aposto que é tudo mentira.

            -Por que pensa assim? – perguntou Aiden, com notável interesse. Os dedos de Maddie estavam entrelaçados no seu, o que transmitia nele uma boa sensação.

            -Vamos lá, provocar um apagão em uma cidade inteira? Eu sei que a tecnologia avançou muito, mas... Isso também é um pouco de exagero do filme. Não é à toa que ele recebeu notas baixas da crítica e do público em geral.

            Aiden riu.

            -Você me convidou de propósito para assistir a um filme ruim no cinema?

            -Mas é claro! Se o filme fosse realmente bom, eu estaria usando esse capacete e dificilmente teria rolado algum beijo entre a gente com essa tralha na cabeça.

            -Nisso eu preciso concordar. – admitiu Aiden. Trocaram mais um beijo.

            Voltavam para casa, depois da sessão de cinema ter acabado. Agora de mãos dadas. Aiden havia prometido deixa-la em casa, como um bom cavalheiro. Passaram perto de uma esquina quando foram surpreendidos por um homem.

            -O que você está fazendo com esse cara, Maddie? – era o ex-namorado dela, Rooney. Com certeza estava prestes a fazer alguma bobagem, mas não esperava encontra-la acompanhada. Ainda assim, isso não o desencorajou a ser bruto com ela. Aproximou-se, com cara de poucos amigos. Queria soar amedrontador, mas não era o suficiente para inspirar o menor traço de medo em alguém tão experiente como Aiden.

            -Não é da sua conta, palhaço!

            -Eu não te perguntei nada, tiozão. Estou falando com a minha namorada.

            -Eu não sou mais sua namorada! – respondeu Maddie. – Nós terminamos, Rooney! Você precisa aceitar isso!

            -VOCÊ terminou comigo, não eu! Nós tínhamos uma história juntos, Maddie.

            -Se afasta dela! – vociferou Aiden, empurrando-o para trás ao percebe-lo muito perto de Maddie. Seu gesto desencadeou, então, uma briga. Furioso, Rooney tentou dar um soco em Aiden, que desviou e, agarrando seu braço, deu-lhe duas joelhadas na barriga, e por fim um chute que o fez cair no chão. Mas acostumado com brigas como um verdadeiro hooligan, Rooney não se deixou abater pela agressão e rapidamente se levantou. Erguia os braços, em sinal de luta.

            -Última chance de dar o fora daqui. – avisou Aiden, tirando do bolso seu bastão retrátil de defesa pessoal. Maddie assustou-se.

            -Pelo amor de Deus, não briguem! – pedia Maddie, mas era ignorada pelos dois, que imediatamente se atracaram. Foi uma luta suja do lado de Rooney, bem característico de que costumava usar os punhos para lutar na rua, enquanto Aiden utilizava suas velhas habilidades de defesa pessoal. Não foi o suficiente para Aiden escapar ileso. Chegou a levar alguns socos, mas no fim levou a melhor sobre Rooney, que acabou caído no chão, quase inconsciente. Dava para perceber que estava vivo devido a seus grunhidos de dor.

            -Aiden, você está bem? – aproximou-se Maddie, visivelmente preocupada. Não era nada de grave, apenas um corte no canto do lábio, mas parecia ser o suficiente para preocupa-la.

            -Não foi nada. Estou bem.

            -Você está sangrando...

            Aiden limpou rapidamente o corte, mas o sangue continuou a escorrer.

            -Daqui a pouco para de sangrar, não se preocupe. Vamos, preciso te levar para casa logo, antes que esse puto recupere as forças e resolva te perturbar de novo.

            -Está bem. – aceitou Maddie, agarrando-se ainda mais ao braço de Aiden, que apertou sua mão em retribuição. Andavam a passos apressados e muito em breve chegariam ao apartamento dela, e mesmo com a caminhada curta, Aiden não deixava de pensar no que havia acabado de fazer. Agredir um babaca como Rooney era uma coisa da qual há muito tempo ele desejava fazer, mas no fundo ele só torcia para que a surra tivesse sido uma lição para ele, e que enfim ele deixasse a pobre Maddie em paz. Havia, entretanto, a possibilidade de as coisas piorarem para o lado dela, com Rooney se tornando mais e mais agressivo e ela sofrendo as consequências pelo que ele fez. Não iria esperar para ver, concluiu Aiden. Rooney precisava ser parado, e logo.

            Já em casa, Aiden chegou a colocar um pouco de gelo na área do maxilar, mas desistiu. Nunca foi bom nisso e acabava aceitando os hematomas que surgiram das brigas que enfrentava. O corte no canto do lábio já havia parado de sangrar. Muito embora seu corpo cansado do trabalho implorasse por dormir, o justiceiro estava agitado demais para admitir que passaria o resto daquela noite em sua cama. Foi até seu computador e fez algumas buscas.

            Keith Rooney. Uma longa ficha criminal por agressões e arruaça, boa parte delas envolviam brigas em porta de estádio e arredores, coisa bem típica de hooligan. Estava inclusive banido de praticamente todos os estádios da Inglaterra por causa de seu histórico violento. Como uma pessoa tão doce como Maddie pôde ter se envolvido com um cara desses? Aiden não deixava de se perguntar. Mas era como ouvir de sua mãe, certa vez ao questioná-la porque ela se casou com um homem tão violento e ruim como era seu pai: pessoas boas cometem cada estupidez...

            Maddie – ou melhor, Madeleine Schmitz. Pouca coisa havia sobre ela. Fora uma estudante mediana, não passou no vestibular para a faculdade de Letras e gostava de pop. Suas redes sociais tinham poucas postagens, quase sempre nos poucos passeios que ela tinha tempo para fazer, ou festas de família ou do trabalho. Dava para conseguir mais coisa? Sim, Aiden sabia que sim. E apesar da tentação de vasculhar o celular dela a respeito de coisas mais íntimas, ele sabia que isso seria muita cretinice de sua parte.

            Voltou outra vez a Rooney. Viu que o IP de seu Optik quase todas as noites estava na região da Thompson Square. Ali ficava uns apartamentos populares de reputação duvidosa, onde rolava de tudo, desde drogas a prostituição. Um hooligan dificilmente era santo, e para Aiden era possível encontrar algo mais comprometedor de Rooney a ponto de coloca-lo na cadeia por mais tempo do que uma mera troca de socos por um time de futebol.

            Aiden abriu um buraco debaixo do assoalho em seu quarto. Tirou dali uma maleta. A abriu, deixando escapar um leve suspiro. Era seu bom e velho companheiro: seu sobretudo de couro, já surrado pelo passar dos anos, e seu boné, com o símbolo da Raposa. Mas não estavam sozinhos. Debaixo dele, um verdadeiro arsenal de armas e explosivos.

            -Hoje não. – disse, fechando com rispidez a mala.


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Notas finais do capítulo

Parece que Aiden não é o único cheio de segredinhos... O será que o velho Schmitz apronta? E Maddie, estaria envolvida nisso? Hmmm...

Próximo capítulo: um jantar repleto de emoções. Veremos se Aiden escapará ileso ou se vai acabar deixando escapar quem é de verdade...

Até o próximo cap!



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