Watch Dogs: Ghosts of London escrita por BadWolf


Capítulo 11
Não É Tão Simples Assim


Notas iniciais do capítulo

Voltei depois de uns dias bem corridos. Espero que estejam bem.
E a velha Raposa está de volta, mas algo me diz que esse revival de fixer vai custar caro...
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806320/chapter/11

  A caixa dos correios já estava lacrada sobre sua mesa. Com um canivete, Aiden cuidadosamente a abriu, revelando exatamente o que Jordi havia explicado no telefone: tratava-se de restos de um drone de pequeno porte. Dava para ver a marca de tiro na asa dele, mas não foi isso que chamou mais a atenção do justiceiro. Separando e desmontando as peças com uma chave de fenda, o vigilante notou um detalhe curioso: não havia marcas ou números de série em nenhuma de suas peças. Não que fosse incomum raspá-las para ocultar sua procedência, mas era nítido que a composição daquelas peças não tinha origem industrial, muito menos fabricação em série. Elas soavam notavelmente... Feitas à mão. Trabalho praticamente artesanal. Que tipo de gente constrói um drone artesanal quando há tantas opções de peças no mercado? Certamente alguém que não quer ser rastreado de qualquer jeito.

            Conectando os restos de drone ao seu computador, Aiden pôde acessar seus recursos remotamente. Mesmo o sistema dele era também único, desenvolvido por alguém fora do mercado, mas a linguagem era semelhante às que Aiden já conhecia. Foi um pouco difícil conseguir “quebra-lo”, mas a experiência de Aiden conseguiu ajuda-lo, permitindo ao hacker finalmente explorar as funcionalidades do drone.

            Era um drone de observação, com uma rudimentar câmera acoplada que felizmente ainda funcionava. Transmitia informações a um raio curto de distância, que poderia ser melhor potencializado se esse drone usasse peças de tecnologia mais avançada. Mas um dispositivo o fez se atentar: era semelhante a um lança-míssil, mas nada de projéteis. Deve ter sido destruído na explosão, ou estava vazio quando foi abatido.

            -Você é uma criatura estranha. Espero que me leve até seu dono... Ou melhor, o esconderijo dele. – conversou Aiden com o estranho aparelho inanimado ao lado de seu computador. Começou a rastrear os códigos e alinhar as coordenadas. Por sorte o drone mantinha um histórico de conexão. Como estava atrás do esconderijo do proprietário, Aiden buscou por uma informação peculiar: a carga de bateria. O drone tinha uma bateria pouco autônoma e isso exigia que ele fosse carregado com bastante frequência. Tudo que precisava agora era agrupar todas as coordenadas dos locais onde o drone foi recarregado e torcer para que uma delas o levasse até o local que desejava saber.

            Era uma quantidade massiva de dados, entretanto. Levaria algumas horas para concluir. O que fez Aiden pensar se não seria bom visitar seu pai no hospital. Pai...  Era muito estranho chama-lo assim. Havia se acostumado a uma vida inteira sem um pai, e por bons motivos, e agora ele aparece, e para completar, precisando de minha ajuda... O vigilante não conseguia deixar de se perguntar se todo seu esforço para salvá-lo realmente valia a pena. Alguém como ele merecia viver depois de tudo que fez? Não foram poucas as vezes que o hacker chegou a pensar em simplesmente abandonar o contrato, dar uma desculpa qualquer a Jordi e simplesmente deixar com que a Natureza, Lei do Mais Forte ou o que que seja cumprisse seu desígnio e eliminasse seu pai de uma vez, mas ao pensar no quão triste Maddie ficaria por ter que perder seu tio dessa maneira, quando já perdera os pais na infância... Não. Estou fazendo isso por Maddie, apenas por ela. E mais ninguém.

Mas logo parou para pensar. Ir até o hospital seria loucura. A julgar pela notícia no jornal, ele certamente já estaria em custódia pela polícia, e tudo que ele não poderia fazer era bater de frente com o pessoal da Albion agora. Precisava se concentrar em conseguir o dinheiro, e logo.

            Sentiu o telefone vibrar no bolso.

            -Aiden. – ouviu Nicki do outro lado da linha. Era bom ouvir a voz dela, mas não depois de todo o vexame da noite passada.

            -Er... Oi, Nicki. – disse, Aiden não conseguindo disfarçar sua própria vergonha.

            -Aiden, eu sei que te disse coisas horríveis essa madrugada e... Me desculpe. Eu vi na televisão a foto do nosso pai e o envolvimento dele com uma explosão e... Enfim, meu irmão. Você estava certo. Aposto que você caiu na bebida porque teve esse choque e não posso te culpar por isso. Estou até agora assustada só de saber que ele está vivo, imagine você, que conviveu por mais tempo com ele, que ele foi mais presente na sua vida... E também nas vezes em que você tentou proteger nossa mãe das surras que ele dava nela, e que você acabava também apanhando junto...

            -Nicki... – pediu Aiden, com a voz embargada. Ouvir sua irmã comentar sobre aquelas coisas, coisas que ele tinha optado por esquecer há muito tempo de tão dolorosas, fazia tudo voltar à sua mente.

            -Desculpe, Aiden. Eu fui muito insensível com o seu sofrimento. De novo. Fiz isso com a Lena e de novo fiz isso com o nosso pai. Me perdoe pelo meu excesso de fúria. Quero saber como você está lidando com tudo isso.

            -Nicki... É muito pior do que você está pensando. Eu... Nos últimos tempos, eu estava trabalhando com ele, no caminhão que explodiu. Inclusive estava na hora da explosão e posso te assegurar que ele não tem nada a ver com isso. Aliás, eu mesmo o socorrei e o levei até o hospital.

            -Caramba, Aiden! Mas por que justo você se reaproximou dele? Você sempre sentiu um ódio enorme dele.

            -Pois é, ele.. Ele me enganou.

            -Mas como ele conseguiu te enganar? Você sempre foi tão esperto, meu irmão...

            -Eu não o reconheci. Não sei se isso ocorreu devido a ter sido tão pequeno quando saí de Belfast, ou se é alguma sequela do coma, mas eu não consegui reconhecê-lo. Eu consegui um emprego com ele e trabalhei todo esse tempo ao lado dele, sem fazer ideia de que estava trabalhando o tempo todo com nosso pai. Tudo porque ele mentiu. Ele se apresentou com um sobrenome falso, na verdade o sobrenome da falecida esposa dele. Sim, nosso pai se casou de novo e...

            -Eu não quero saber dos detalhes da vida dele, Aiden. A vida da nossa mãe foi um inferno durante todo o tempo que morávamos na Irlanda. Você lembra como era a nossa casa em Belfast? Uma boa casa, até empregados nós tínhamos! A nossa mãe dizia que a família dela era bastante abastada, e graças ao canalha do nosso pai ela precisou fugir carregando duas crianças pequenas para o outro lado do oceano com...

            -Com um punhado de dólares dentro de um pote de biscoitos, sim eu me recordo bem do que ela sempre dizia sobre a fuga. Mas há um detalhe nisso tudo, Nicki. Nosso pai está.. Diferente. Não sei o que aconteceu com ele, mas ele mudou muito. É um cara bem mais tranquilo, nem mesmo é de beber até cair como antes.

            Aiden ouviu um silêncio do outro lado da linha.

            -Isso significa que... Que você o perdoou, é isso?

            Inalando profundamente, Aiden continuou.

            -Perdoar é uma palavra muito forte, Nicki. Mas acho que todo mundo merece uma segunda chance. Eu também fiz muita gente sofrer, inclusive você, e agora estou tentando reconstruir a minha vida, deixar o passado para trás. E pelo pouco que convivi com ele, tudo indica que ele fez o mesmo.

            -Eu... Eu preciso pensar melhor a respeito. Eu era menor que você, mas ainda lembro das coisas daquela época e... Não sei se estou pronta para reencontrá-lo.

            -Tudo bem, Nicki. Eu respeito a sua decisão. Leve o tempo que for necessário, e... Enfim, é muito bom falar com você. Aliás, como está a fazenda? Sei que não deveria ter deixado tudo para trás da forma como fiz, mas... Posso até dizer que gostei de lá. É sério, Nicki.

            As risadas de Nicki ao fundo da linha fizeram Aiden rir junto. Há muito tempo não fazia isso, pensou.

            -Eu nunca te imaginei como um fazendeiro, Aiden. No fundo, sabia que não ia dar certo, mas foi bom ter você do meu lado depois de tanto tempo, sabe, sem as brigas, as desconfianças e... Olha, as porteiras da minha fazenda sempre estarão abertas para você. Sempre.

            -Para uma visita, quem sabe?

—Mas é claro! Só preciso te deixar longe das vacas!

Os dois riram.

—Um dia, tenho certeza de que poderemos conversar melhor sobre nossas vidas, e sobre outras coisas também. Quanto ao que aconteceu na noite passada...

            -Esquece isso, Aiden. Já superei.

            -Mas eu não. Eu realmente me sinto envergonhado por ter te importunado àquela hora da madrugada. Prometo que nunca mais vou fazer isso. Quanto à minha... “Mudança”... Espero provar para você que mudei de verdade, que não estou fazendo promessas vazias como antigamente. Eu fiz uma promessa a Jackson de que largaria essa vida e pretendo seguir com ela até o fim. Por vocês dois.

            -Eu... Fico muito feliz em ouvir isso, Aiden. Muito mesmo. Mas ao mesmo tempo, tenho tanto medo de no fim, você nos decepcionar. Não falo tanto por mim, mas pelo Jackson. Ele ama você, e a descoberta sobre as coisas horríveis que você fazia o deixou... Traumatizado. Ele nunca vai te contar sobre isso, mas foram anos de terapia até que ele superasse tudo que passou em Chicago. E você, com essa sua nova postura de dizer que vai fazer tudo diferente... Está gerando muitas expectativas nele. Eu só... Enfim, estou com medo de que você destrua tudo novamente e que no fim, reste apenas eu para juntar sozinha os cacos de Jackson.

            O computador de Aiden apitou. O processamento dos dados havia sido concluído. Quanta hipocrisia, pensava Aiden. Ele, falando de ser um novo homem para sua irmã claramente desconfiada, enquanto estava prestes a virar o mesmo mercenário de aluguel do passado...

            -Eu compreendo o seu medo, Nicki. Eu já te decepcionei tantas vezes... Só o que posso te pedir é um voto de confiança, apenas isso. Tenho noção da responsabilidade de que exerço na vida de Jackson, e é principalmente por ele que decidi largar essas coisas que eu fazia no passado. Agora, preciso desligar. Mais tarde a gente se fala, tá bom?

            -Tudo bem, Aiden. Tchau, e vê se se cuida.

            -Tchau, Nicki. – disse, desligando e deixando o telefone de lado. Voltou suas atenções ao computador. Explorando os dados refinados, Aiden pôde ver com mais clareza a informação que necessitava.

            -De acordo com a plotagem, há 88% de recargas de drone em um único local no último mês. Demais locais são aleatórios, espalhados por toda Londres. Mas esse local, hum... Em Brixton? Rá! Não pode ser mera coincidência!

            Calibrando o computador, a localização em Brixton apontava para nada menos que o conjunto de prédios onde o próprio Aiden morava.

            -Porra, esse cara está aqui, é isso? Não dava para ter sido mais fácil. No fim das contas, até que faz sentido. Há muitos ilegais morando aqui, o que torna esse lugar perfeito para se esconder. Eu mesmo posso afirmar isso...

            Pegou o telefone.

            -Jordi? Parece que achei o esconderijo. Deu um pouco de trabalho, mas consegui. E agora?

            -Sabia que isso seria brincadeira de criança para o bom e velho Aiden Pearce. Bom, agora vem a parte mais... Complicada.

            -Sabia que você não tinha me contado tudo. O que mais preciso fazer?

            -Bom, o meu cliente disse que requer uma prova de que você achou o local certo.

            -Deixa eu adivinhar... Preciso pegar alguma coisa desse local para provar que eu realmente encontrei o local certo, é isso? E sem ser detectado, se quiser estar vivo para receber a grana. Ótimo. O que ele quer que eu pegue?

            -Ele me mandou uma imagem. Não sei bem o que é, mas... Enfim, eu vou te enviar.

            Imediatamente uma imagem chegou na caixa de e-mails de Pearce. Ao abrir, o vigilante ficou completamente confuso. Deu zoom, arrastou a imagem, mas pouco pôde concluir.

            -Isso é algum tipo de bracelete, é isso?

            -Sim, mas se atente ao símbolo que está nele.

            -Hm... Parece uma águia, sei lá. É engraçado, pois tenho a impressão de ter visto esse símbolo em algum lugar. Hunf, já lidei com todo o tipo de gente. Não me surpreenderia se já tivesse topado com essa tal “organização ultrassecreta” alguma vez em meus trabalhos de mercenário.

            -Parece que os caras são bem perigosos. Andei sondando com o cliente e descobri que eles são conhecidos pela furtividade. Matam você antes que consiga piscar os olhos. Sugestão: vasculha o lugar, pega esse troço e dá o fora, sem olhar para trás.

            -Pode deixar, Jordi. Tudo que mais quero é terminar logo esse serviço.

            Desligando a ligação e fechando o computador, Aiden suspirou. Olhou para o relógio. Passava das quatro da tarde. Ainda não havia anoitecido. Não sabia os hábitos do dono do esconderijo. Poderiam ser noturnos ou diurnos, mas sua intuição lhe dizia que com certeza, a julgar pelas informações de Jordi, o tal dono do local deveria agir à noite, o que deixava seu esconderijo acessível a essa hora. Precisava agora esperar.

            Sentou no sofá, bebeu uma cerveja e cochilou. Foi acordado pelo despertador. Nove da noite. Em seu celular, havia uma mensagem de Jackson, perguntando se ele estava bem, e uma de Maddie, dizendo que ela finalmente tinha conseguido visitar Schmitz – quer dizer, seu pai – e que ele estava bem, ainda que sedado pela medicação. Resolveu não responder ninguém. Precisava se manter concentrado agora.

            A primeira coisa que fez foi ir até a mala onde mantinha, trancafiado, seu sobretudo e boné dos tempos de vigilante. Aiden Pearce nunca se enxergou como um super-herói. Algumas vezes, talvez, como um vilão, principalmente das pessoas ao seu redor que acabavam sofrendo as consequências pelas suas escolhas, mas vestir novamente aquele seu velho sobretudo depois de tanto tempo longe dele... Foi uma sensação diferente. Talvez porque, no fundo, já não era mais o mesmo Aiden Pearce que o vestia – ainda que estivesse usando-o para fazer as mesmas coisas que prometera se abster.

            -É temporário. – disse, em um esforço de convencer a si mesmo.

            Saiu do apartamento. Deixou ajustado ao celular uma espécie de rastreador, que funcionava como uma bússola. A cada vez que o sinal se intensificava naquele corredor, mais forte a “bússola” ressoava em seu ouvido. Caminhou corredor a corredor, tentando disfarçar seu real propósito para não dar qualquer bandeira do que exatamente estava fazendo, afinal o dono do esconderijo poderia estar muito perto de si. Subiu e desceu escadas, até encontrar o andar correto. Já era um avanço. Ficava um andar acima. Andou, se guiando pelo sinal, e ao mesmo tempo não deixando de ficar atento ao que acontecia em cada apartamento. Um deles, havia um casal discutindo enquanto uma criança chorava. No outro, um homem assistia sozinho a um programa de culinária. Em outro, um cara embalava drogas sintéticas que comprou da internet. E em outro, um genuíno ménage à trois parecia estar acontecendo. Aiden não fazia ideia do quanto sua vizinhança poderia se mostrar tão aleatória assim.

            Quando o sinal começou a disparar desesperadamente, o justiceiro cessou seus passados. Estava diante de um apartamento fechado. Buscou por câmeras, mas não conseguiu. Havia uma câmera de notebook conectado à rede, mas estava com uma fita crepe a tampá-la. Que espertinho. O jeito era fazer da moda antiga: bater à porta para ver se tinha alguém.

            E foi o que fez. Deu três batidas à porta. Logo foi atendido.

            -Lucas? – surpreendeu-se Aiden, ao se dar de cara com o rapaz.

            -Oi, Aiden. Não esperava vê-lo à minha porta. Tá tudo bem? Você parece meio pálido.

            -Não, tá tudo bem comigo. É que... Eu não sei se você viu o noticiário...

            -Ah, vi. O senhor Pearce, tem notícias?

            -Você sabe do sobrenome verdadeiro dele, então...

            O rapaz suspirou, passando seus dedos por meio de sua careca. Naquele mesmo instante, Aiden viu sua manopla. Exatamente a mesma que estava na foto que Jordi o enviou. Um frio horrível na espinha lhe passou. Claramente Lucas estava correndo perigo, e se prosseguisse com isso, Aiden seria o maior responsável por trazer ameaças até sua porta. Nunca antes na vida o justiceiro se sentiu tão incerto quanto ao que fazer.

            -Olha, espero que não fique chateado comigo. Quando comentei com ele que você estava procurando emprego, ele me perguntou seu nome. Quando disse que você se chamava Aiden Pearce, ele começou a me fazer muitas perguntas.

            -Perguntas? Mas que tipo de perguntas?

            -Se você era americano, com cara de mau encarado, ar esquisitão... Logo percebi que ele parecia te conhecer muito bem. Aí ele me contou que você é um hacker.

            As mãos de Aiden, uma delas sobre o celular, começaram a estremecer. Precisava disfarçar.

            -Eu larguei essa vida há muito tempo, Lucas.

            -Não precisa se justificar, Aiden. Todos nós temos os nossos próprios segredos, relaxa. Mas então, ele me contou que era seu pai, e que nunca teve coragem de se aproximar de você. Sabe, eu conheço o Sr. Pearce desde que cheguei à Londres. Ele é um cara maneiro, e mesmo que tenha feito muita coisa errada na vida, ele se endireitou. Não fica puto, mas foi ideia minha ele mentir para você.

            -Porra...

            -Admita, se não tivesse acontecido assim, você jamais daria uma chance a ele, nem mesmo para uma conversa. Mas você pôde ver quem ele verdadeiramente é agora, não pôde?

            -Uhum. Escuta, Lucas... Você me ajudou muito desde que cheguei a Londres e eu sou muito grato a você. Mas você se meteu em uma história que não lhe diz respeito. Saiba que é só por causa da minha gratidão a você que eu não enfio a mão na sua cara.

            -Relaxa, cara. Só estava querendo ajudar pai e filho a se reconciliarem. Se você não está enxergando por essa perspectiva, azar o seu. Agora, se me dá licença... Trabalhei hoje o dia todo e o que eu mais quero é descansar agora.

            -Beleza, então.

            Despedindo-se de Lucas, Aiden ouviu o telefone tocar.

            -Agora deu para bancar a babá comigo, Jordi?

            -Chame isso de “contenção de danos”. Você estava indo para a toca do lobo, ou melhor dizendo, o ninho da águia. Tudo que precisava era de alguém bancando a retaguarda. Mas então, achou o local?

            Com telefone em punho e olhando para a câmera do prédio – Aiden tinha certeza de que Jordi estava espionando seus passos através delas – o vigilante deu de ombros.

            -Sim e não. Acho que vou ter que abandonar o contrato.

            -O quê?!

            -Isso mesmo que você escutou. Não vou me meter nisso.

            -Porra, Aiden! Você não disse que estava precisando de dinheiro? E quando literalmente uma grana fácil dessas cai do céu, você simplesmente não resolve nem colocar a mão nela?

            -É uma questão de princípios, Jordi. Não posso me envolver nisso.

            -Agora você me chateou, cara... Passar bem!

            E desligou em sua cara. Natural, pensou Aiden. Ele era mestre em frustrar expectativas.

            Voltando para casa, nenhuma outra alternativa vinha à mente senão ter que fazer o que menos gostaria: recorrer à Jackson e Nicki. Sua irmã tinha muitos motivos para não querer saber de qualquer reaproximação com seu pai, mas Aiden a conhecia bem o bastante para saber que ela seria incapaz de simplesmente deixar seu próprio pai, por mais canalha que tivesse sido com eles, morrer em um leito do hospital por falta de dinheiro. Enquanto abria a porta de casa com suas chaves, Aiden pensava no que poderiam fazer. Com sorte Nicki poderia ter algum tipo de economia, ou um carro que pudesse vender rápido, ou...

            Deteve-se, tão logo sentiu uma lâmina gélida a roçar sobre seu pescoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora o negócio complicou para o Aiden...
Quem será o "dono" da lâmina? Ou seria "dona"?
Como o Aiden vai fazer para sair dessa?
Nada que um próximo capítulo não esclareça.

Obrigada por acompanharem até aqui e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Watch Dogs: Ghosts of London" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.