Watch Dogs: Ghosts of London escrita por BadWolf


Capítulo 10
Velhos Hábitos Nunca Morrem


Notas iniciais do capítulo

Oi!

Demorei um pouco a postar devido a uns problemas, mas vou tentar continuar postando com frequência.
Vamos ver como o Aiden vai encarar esse reencontro com seu pai.
Já aviso que é só o começo de seus problemas.

Boa leitura!



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 Acordou, arrependido de fazê-lo porque foi o mesmo que ser marretado triplamente na cabeça. Sentia-a pesada. Não ficava tão bêbado assim há muito tempo, e uma coisa poderia concluir: estava velho demais para isso. Não era uma simples ressaca, pois mais parecia ter sido atropelado por um trem. Acordou sozinho, sem despertador, mas não tinha certeza se foi acordado pelo simples raiar do dia, ou pelo incomum e apetitoso cheiro de bacon frito que se espalhava por seu apartamento. Tentou se levantar, mas custou duas tentativas, pois a tontura levou a melhor sobre si. Ainda sentado à cama, buscava se situar. Lembrava-se das coisas da noite passada com clareza: da explosão do caminhão, do hospital... De Schmitz... Ou melhor dizendo, seu pai, agora em um leito de hospital, entre a vida e a morte. As ideias faziam sua cabeça doer mais ainda. Não era hora de pensar nessas coisas, decretou.

            Havia uma jaqueta cinza sobre uma das cadeiras. Era de Jackson, teria reconhecido à distância pelos ares de modernismo descolado dela.  Já de pé, caminhou até a cozinha, guiado pelo cheiro de comida que agora fazia seu estômago roncar.

            -Que bom que você acordou, tio. Estou fazendo um café da manhã reforçado para você. – comentou Jackson, fritando ovos em uma frigideira. Sobre um prato, havia torradas, ovos fritos e bacon. Mas o que mais espantou Aiden foi uma jarra de café fumegante.

            -Obrigado, Jackson. Hum... Café. Foi você quem comprou isso?

            -Sim. Estranhei não ter café no seu armário, por isso fui até o mercado enquanto você dormia e comprei para você. Não sei o quanto de açúcar prefere, por isso deixei sem açúcar.

            -Eu sou péssimo em preparar café. Acabo tomando café da manhã na rua mesmo. – comentou Aiden, enchendo um copo com café e bebendo-o sem açúcar.

            -Minha mãe sempre disse que você era péssimo na cozinha. Pelo jeito não mudou muito. Aliás, o seu apartamento ficou bem da hora! Nem parece aquela coisa medonha e nojenta que o Wrench usava como esconderijo.

            -Acredite, o mais difícil foi tirar o cheiro de maconha impregnado nas paredes. Nossa, que dor de cabeça... – alisava as têmporas Aiden.

            -Você deve estar com uma ressaca daquelas. O que te fez beber tanto?

            -Hunf, é complicado. Depois eu te explico com calma.

            -Entendi, você não quer me explicar. Sabe, pensei que você iria parar de me tratar como se eu fosse uma criança, mas pelo visto, você não mudou nisso nem um pouco. Nem mesmo depois de tudo que aconteceu... Sabe qual é o seu problema, tio? Você deveria compartilhar mais as coisas que se passam com você, ao invés de querer segurar toda a barra sozinho.

            -Jackson, dá um tempo. Tudo que não quero é discutir com você agora, será que não deu para perceber? – resmungou, massageando a cabeça e deixando o cabelo ainda mais desgrenhado.

            Carregando um prato com torradas, ovos e bacon frito, Aiden levantou-se da mesa e caminhou até uma poltrona, em frente a TV. Colocou o prato sobre um criado-mudo ao lado da poltrona e a ligou. Passava o jornal da manhã.

            “Uma explosão no coração de Londres fez rever na população o terror dos atentados atribuídos ao grupo Dedsec. A polícia investiga as causas da explosão em conjunto com a Albion. Até o momento, o que se sabe é que o condutor do veículo, Alan Pearce, tem um profundo histórico de ligação com o grupo terrorista irlandês IRA...”        

            -Puta merda! – exclamou Aiden, apavorado com a proporção que aquela explosão já havia tomado. Não demorou muito para a imprensa descobrir o passado de seu pai.

            -Espere... Esse nome... Eu acho que já ouvi falar esse nome antes... É o meu avô, não é?

            Surpreso, Aiden voltou-se para Jackson, que havia abandonado as panelas para acompanhar o noticiário. Não esperava que seu sobrinho conhecesse tantos detalhes sobre o passado da família Pearce. Era difícil imaginar sua irmã falando a respeito disso.

            -O que Nicki te contou sobre ele, Jackson?

            -Bom, ela nunca gostou muito de falar sobre ele, e eu sempre respeitei a vontade dela. Mas um dia, ela me chamou para conversar e me explicou. Não foi muita coisa, mas me disse que era o suficiente para que eu soubesse quem ele era. Minha mãe disse que meu avô se chamava Alan Pearce, e que minha avó levou você e minha mãe para longe dele, porque o pai de vocês era um bêbado agressivo, envolvido com gente muito perigosa... Só fui entender o que era essa “gente perigosa” aqui na Inglaterra, quando frequentei a escola e tive aulas sobre a Irlanda. Foi a primeira vez que soube o que era o IRA, que era um grupo terrorista e... A partir disso, passei a entender ainda mais porquê ninguém falava sobre meu avô. Ela disse que ele era um cara do mau e que muito provavelmente já está queimando no inferno há muito tempo... Bom, mas pelo jeito ela estava enganada ao menos sobre isso.

            -É, realmente sim... Jackson, por mais louco que possa parecer, eu... Eu estava trabalhando com o seu avô.

            -Como?!

            -Exatamente. Eu estava trabalhando com seu avô há mais de um mês, sem fazer a menor ideia de quem ele era. Inclusive eu estava presente na explosão do caminhão. Mesmo com o passado horrível dele, posso afirmar que ele é inocente. O Sr. Schimitz... Quero dizer, meu pai, jamais explodiria o próprio caminhão dessa maneira.

            -Mas ele não é um terrorista?

            -Já foi. Hoje em dia não é mais. Eu trabalhei com ele por pouco tempo, mas deu para ver que ele mudou muito. Mudou tanto a ponto de eu nem mesmo conseguir reconhece-lo. Não sei o que o fez largar essa vida de terrorista, mas podemos dizer que ele se regenerou.

            -Talvez pelo mesmo motivo que fez você largar a vida de vigilante, tio. Ele simplesmente se cansou de ficar nesse looping eterno de matar e destruir.

            -Hunf, então por que ele não procurou a mim e a Nicki?

            -Você deveria saber a resposta disso, já que fez a mesma coisa comigo e com a minha mãe. Fugindo, sem deixar a gente saber se estava vivo ou morto... Mas acho que sei bem o porquê. No fundo, não tinha coragem de nos encarar depois de tudo que aconteceu. E meu avô deve ter sentido o mesmo. É, parece que vocês dois são mais parecidos do que você pensa.

            -Ainda assim, ele me fez de idiota por um mês. Mentiu para mim, se apresentando com o sobrenome falso da esposa. Mudando ou não, eu não sei se devo perdoá-lo por isso.

            -Todo mundo merece uma segunda chance, não é? Você é o melhor exemplo disso. Acho que você deveria dar uma segunda chance para ele. Bom, eu vou ao banheiro. A sua bebedeira o deixou em um estado deplorável...

            -Não precisa limpá-lo, Jackson... Eu mesmo faço isso depois.

            -Pode deixar, tio. Não custa nada limpar. – disse o rapaz, tomando vassouras e panos. Como sempre, decidido a ajuda-lo de todas as formas. Por vezes Aiden sentia que não merecia um sobrinho como Jackson.

            O telefone tocou.

            -Maddie?! Como você está?

            -Eu estou bem, Aiden. Quero dizer... Apesar de tudo. Meu telefone não para de tocar, todo mundo querendo falar comigo para saber mais sobre esse... Esse passado de terrorista do meu tio, que agora está circulando em todos os jornais! Meu Deus, Aiden! Sempre achei que meu tio tivesse algum podre, mas terrorista do IRA?! No fim, você estava certo mesmo... Ele é mesmo seu pai.

            -Sim, Maddie. Ele é realmente o meu pai. E... Me desculpe pela grosseria da noite passada. No fim, você não teve nada a ver com toda essa farsa dele. Só foi mais uma vítima nessa história.

            -Está tudo bem, Aiden. Você estava nervoso. Mas estou te ligando para dar notícias dele. Sei que você tem todos os motivos do mundo para odiá-lo pelo que ele fez com você, mas pensei que talvez você quisesse saber que ele está bem. Os médicos conseguiram estabilizá-lo.

            -Que bom. Que bom mesmo. Muito bom saber disso. – disse Aiden, depois de um suspiro de alívio.

            -Mas há um problema: a cirurgia infelizmente ainda é necessária. Os médicos estão cobrando 50.000 ETOs para operá-lo.

            Aiden sobressaltou-se com o valor absurdo.

            -Mas porquê tudo isso, Maddie? Ele não consegue ser operado pelo NHS?

            -Infelizmente não, Aiden. Parece que a Lei mudou e, meu tio, por ser considerado inimigo público do Estado, não tem direito a ser hospitalizado gratuitamente pelo NHS. Estou tendo que pagar por todas as despesas médicas dele. Meu cartão de crédito já estourou só para bancar a internação de alguns dias dele no hospital.

            -Puta merda! E os médicos deram um prazo para ele ser operado?

            -Sim... – após uma longa pausa, tudo que Aiden ouviu foi um choro de Maddie ao fundo. – Três dias. Três dias para que ela seja operado, do contrário ele... Ele...

            -Calma, Maddie. Escuta. O caminhão tinha um seguro, não tinha? Podemos usar a grana do seguro para pagar essa cirurgia...

            -Eu já pensei nisso, Aiden, mas o seguro recusou o pagamento. Disse que a explosão foi provocada por meu tio e que, portanto, ele não tem direito a ser ressarcido. Não é uma conclusão difícil de chegar, dado o passado dele.

            -Caralho... E o apartamento dele? Dá para vender?

            -Não dá, pois é hipotecado. Tem o meu, mas não sei se vou conseguir vender a tempo. Coloquei um anúncio na internet, mas ninguém se interessou ainda. Fora meu apartamento, não temos nenhum outro bem nesse valor para vender tão depressa. Não sei o que fazer...

            -Calma, Maddie. Escuta, eu... Eu vou dar um jeito. Prometo a você que vou fazer o que for necessário para conseguir levantar essa grana. Depois eu te explico melhor, está bem? Preciso desligar. Até mais.

            Ao desligar o telefone, Aiden percebeu estar sendo observado por ninguém menos que Jackson. Braços cruzados e semblante risonho, a encará-lo. Claramente ouviu a ligação quase inteira.

            -Hm.. Quem é essa tal de Maddie?

            -Uma amiga.

            -Uhum. Parece que você tinha razão quando me disse que muita coisa tinha acontecido nos últimos tempos. Até arranjou uma namorada...

            -Ela é enteada de seu avô, Jackson.

            -Bom, até onde eu sei, isso não a torna sua parente nem impede que ela seja sua namorada. Você deveria se ver no espelho, Aiden. Está mais vermelho que um tomate. Mas tudo bem, não vou ficar bancando o chato com esse assunto, pois deu para ver que isso te deixa desconfortável. Mas qual é o lance? Você precisa de grana? Se quiser, eu posso...

            -Não precisa se preocupar, Jackson. Eu tenho umas economias guardadas dos meus tempos de mercenário. Vou dar para Maddie conseguir bancar a cirurgia de seu avô. – mentiu Aiden. Nada mais tinha daquela vida, nem um trocado sequer. Mas ia dar seu jeito.

            -Caramba, mas o que ele tem?

            -Quando o caminhão explodiu, ele teve um infarto. Mas o NHS recusou a trata-lo gratuitamente por causa de uma dessas leis absurdas criadas recentemente com a ajuda da Albion. O passado no IRA fez o seu avô ter o status de inimigo do Estado, e por isso ele não pode ser tratado como um cidadão comum perante as leis inglesas, nem mesmo para ser operado emergencialmente. Enfim, mais uma vez o passado de seu avô agindo como uma chibata bem no lombo dele.

            -Que merda. Se precisar de qualquer ajuda, é só me ligar. – disse Jackson, vestindo sua jaqueta. Despedindo-se de Aiden, o jovem deixou o apartamento, deixando Aiden sozinho mais uma vez. Com Jackson longe o bastante dali, Aiden correu para o telefone. 50.000 ETOs era uma grana difícil de conseguir. Honestamente, levaria uma vida inteira. Mas ilegalmente... Uns três ou quatro serviços de contratos como fixer talvez resolveriam. Portanto, ele só tinha uma única pessoa a quem recorrer.

            -Alô, Jordi?

            -Fala, Aiden. Enjoou de comer peixe com fritas e decidiu voltar para a América, é isso?

            -Longe disso, Jordi. Olha, estou precisando de uma grana...

            -O que todo mundo sempre precisa. Mas você não tinha largado essa vida?

            Aiden suspirou. Nunca antes se sentiu tão derrotado.

            -Eu consegui largar essa vida, sim. Mas surgiu uma emergência e preciso levantar uma grana bem rápida. Enfim, desde quando você faz inquisições para me mandar contratos? Vai querer saber se estou inadimplente também?

            -Calma lá, Aiden. Pode deixar que não toco mais no assunto. Tenho uns três contratos aqui em Londres que pagam bem e que ninguém aceitou até agora. Sabe, os mercenários em Londres são bem fraquinhos, não gostam muito de sujar as mãos como os ianques. Um deles inclusive paga muitíssimo bem. 50.000 ETOs.

            -Bem a porra que eu precisava, Jordi! O que tenho que fazer para descolar essa grana? Invadir uma base militar? Sequestrar o Primeiro-Ministro? Matar um empresário bem-sucedido?

            Jordi riu ao telefone.

            -Que nada, Aiden. Tudo que tem a fazer é descobrir um esconderijo.

            -Você só pode estar de sacanagem comigo, Jordi. Só isso? Aposto que tem mais coisa aí...

            -Tem sim, e é por isso que meu cliente está pagando bem. Parece que envolve algum tipo de seita, uma organização secreta maluca, mas só em dar os detalhes, os mercenários londrinos recusam. Pelo visto, só alguém de fora pode dar conta, mas com todas as restrições à entrada de estrangeiros na Inglaterra, fica bem difícil importar mão-de-obra. Por isso o valor de recompensa tão alto.

            -Tá bom, eu acho o tal esconderijo. E é só isso mesmo?

            -Há mais um detalhe aqui. Se matar o proprietário do esconderijo, você ganha mais 50.000 ETOs adicionais. Mas ele disse que é melhor evitar um confronto direto com ele.

            -Porra, mas quem é que ocupa esse esconderijo, o Osama Bin Laden? Tudo bem, vou me ater ao que esse seu cliente quer e achar esse maldito esconderijo. Só me interessa pegar esses 50.000 ETOs e cair fora. Ele tem alguma pista para que eu possa começar?

            -Só o que ele tem são os restos de um drone que foi abatido por ele e que pertence ao proprietário desse esconderijo. Segundo me disse, colocou um pessoal dele para hackear esse drone, mas não conseguiram. Mas acho que isso não é nada que o grande Aiden Pearce não consiga extrair. Estão em uma agência de correios em Londres, para pronta-retirada. Vou te passar o código postal e o endereço para você retirar. Ah, e... Aiden?

            -Sim?

            -É bom ter você de volta. – e desligou.


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Notas finais do capítulo

Jordi é um psicopata, mas acho que gosta do Aiden, até o vê como algo próximo de um amigo.
Gostei da participação dele na DLC por telefone, e penso que o Marcus merecia ter algo assim, mas com o Aiden.
Nossa, parando pra pensar aqui, o Marcus iria ficar fazendo várias perguntas ao estilo "de fã para ídolo" com o Aiden.
Próximo cap: ninguém aqui é bobo, né? Aposto que já devem saber que tal "seita" é essa - até porque a capa da fanfic já entregou tudo... - então vamos ver como será esse "trabalho", e se o Aiden vai conseguir levantar a grana.
Obrigada pela leitura e deixem reviews!



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