Um Amor de Natal escrita por Mari Pattinson


Capítulo 5
Dona Esme


Notas iniciais do capítulo

Oi!!

Voltei com mais um capítulo! Não fiquem chateadas com o Edward, aqui vocês vão ter uma ideia do porque ele não beijou a Bella no último capítulo!

Obrigada a: MelBlack, Valk, Zezinha e miss volturi pelos comentários no capítulo anterior!

Espero que gostem desse!

Talvez eu deva lhes alertar para pegar alguns lencinhos...



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10 de dezembro, 16:30h

─ E então você pega o número que deu nessa conta e coloca no lugar do “x”, para descobrir os outros sistemas, deu para entender? ─ ouvi Edward dizer à Alice. Ele tinha chegado da escola em que dava aulas de informática e estava tentando ensinar matemática a ela.

O Senhor e a Senhora Cullen estavam na ONG e Jasper tomando banho. E eu? Tinha acabado de acordar de um cochilo gostoso no sofá.

─ Para que eu preciso saber disso mesmo? ─ Alice resmungou e não contive a risada; parecia-se com os argumentos que meus colegas de sala usavam para explicar seu desgosto em aprender matemática.

─ Alice, se você quiser seu diploma do Ensino Médio, é bom estar à par das matérias ─ falei, levantando-me e ri mais uma vez quando ela me mostrou a língua.

─ Eu quero ser estilista, não matemática ─ ela resmungou mais uma vez, enquanto eu me aproximava da mesa de jantar, sobre a qual os dois discutiam.

─ Mas Alice, a matemática está em tudo! Imagine só, você terá que saber medir suas clientes e comprar os tecidos do tamanho correto ─ Edward exemplificou e concordei, puxando uma cadeira de frente para eles, ainda meio sonolenta.

─ E por algum acaso eu vou precisar saber o que “x, y, z” e o restante do alfabeto significam para tirar umas medidas? ─ perguntou em desafio, erguendo o queixo e olhando de mim para Edward como se fôssemos dois alienígenas.

─ Não sei, não sei como funciona tirar as medidas de alguém, mas sei como esses sistemas funcionam ─ afirmei, apontando para os exercícios ainda não solucionados, que Edward havia preparado para ela.

─ Vocês não acham que já a torturaram demais por hoje? ─ Jasper surgiu de pé ao lado de Alice e olhei-o incrédula; como ele conseguia ser tão silencioso?

─ Me tire daqui ─ Alice sussurrou-gritando e o encarou como se ele fosse a coisa mais linda do mundo todo.

Quase vomitei diante de tanta doçura quando Jasper a pegou pela mão e pediu licença antes de levá-la para o andar superior.

─ Eu vou querer saber o que aconteceu! ─ gritei para ela, vendo-a corar pela primeira vez; Alice, porém, não se intimidou e me mandou um gesto obsceno antes de desaparecer pela escada junto de seu... Ficante?

Alice ainda não tinha me contado sobre suas “intimidades”, porque aparentemente não havia acontecido nada demais entre os dois, embora ela não fosse exatamente boa em esconder todo o desejo que sentia por Jasper.

─ Esses dois... ─ Edward deu uma risada e não pude deixar de acompanhá-lo. Ele olhou para mim por alguns instantes e suspirou.

Nossa relação estava meio estranha, desde a madrugada em que ele tentara me beijar e desistira no meio do caminho. Era como se uma barreira tivesse se instalado entre nós, o que havia reduzido as nossas conversas pela metade e mesmo quando aconteciam, eram sobre assuntos banais ou sobre comida.

Nunca mais havíamos falado sobre nossas vidas ou sobre a ONG, como se aqueles dois temas trouxessem à tona realidades que não quiséssemos enfrentar: o nosso futuro. Eu, com toda a dificuldade que tinha em me abrir, sentia falta de momentos mais profundos com Edward, principalmente porque era sempre tão fácil me sentir à vontade com ele!

─ Quer assistir a um filme? ─ perguntou de repente, tirando-me dos meus pensamentos e surpreendendo-me com sua proposição; não estava esperando um convite daqueles, mas assenti, levantando-me.

Nós nos acomodamos na parte mais longa do sofá – que era praticamente uma pequena cama – e tentei ignorar os arrepios que sentia por tê-lo tão próximo a mim; Edward era naturalmente quente – não de um jeito sexual – o que era muito bom com todo aquele clima frio da cidade.

─ Está com frio? ─ perguntou-me quando estremeci pela terceira vez seguida, depois que nossos dedos se tocaram ao tentarmos pegar o controle da TV ao mesmo tempo.

─ Ah, frio? ─ Franzi o cenho, tentando organizar meus pensamentos e falhando devido à nossa proximidade ─ Frio é aquilo que você sente quando está com pouca roupa num ambiente gelado?

Que idiotice eu estava falando? Pelos céus!

Edward gargalhou com tanta vontade que lágrimas se acumularam no canto de seus olhos. Encolhi-me de vergonha e desviei meu olhar para minha mão esquerda, ainda em contato com a dele por causa do controle remoto.

Ele interpretou meu gesto como uma resposta positiva – ou então realmente estava com segundas intenções –, porque simplesmente colocou o braço direito ao redor de meus ombros e puxou o meu corpo contra o dele.

Desnecessário detalhar como o meu coração disparou e como minha respiração ficou entrecortada, certo? Ele então roubou o controle com a outra mão, ligou a televisão e começou a zapear pelos canais.

─ De que tipo de filme você gosta? ─ perguntou ele, desviando o olhar da TV para mim e eu quase derreti contra seu corpo caloroso.

─ Tem algum desenho animado? ─ perguntei de volta, ganhando uma risadinha e mais buscas ─ AÍ! ─ exclamei assim que vi a juba ruiva mais linda do mundo e a voz majestosa de Simba ressoar pela sala.

─ Você gosta de “O Rei Leão”?

─ Você não?! ─ Eu estava incrédula com aquela possibilidade e fiquei aliviada quando Edward começou a gargalhar de novo.

─ Sinceramente? Eu prefiro a Nala, mas tudo bem. ─ Ele piscou para mim e não pude deixar de rir de sua bobagem.

Ele deslizou a mão direita por meu braço e o acariciou por alguns instantes, fazendo borboletas em meu estômago se agitarem. Eu ainda me sentia muito tímida, porém, e apenas aceitei o gesto, sem saber ao certo como retribuí-lo, enquanto uma parte dentro de mim continuava a me alertar que aquilo tudo era um equívoco, que eu deveria me afastar e não me aproximar ainda mais dele.


...

─ “Final feliz, escrito está, que má situação... Sua liberdade está quase no fim, DOMADO ESTÁ O LEÃO!” ─ Edward e eu cantamos a plenos pulmões enquanto nos deliciávamos com a pipoca amanteigada que ele havia feito.

─ Caramba, Bella, além de linda, gentil e inteligente, você também sabe cantar? O que mais você está escondendo aí dentro? ─ brincou ele, apertando-me levemente contra seu corpo, mas seus olhos... Não pareciam estar envolvidos na mesma brincadeira.

Eu estava confusa, embora parte de mim tivesse se agitado com tantos elogios, ainda tinha o outro lado que trazia todas as minhas inseguranças à tona e não sabia se seria capaz de lidar com ele.

─ Ah, merda, eu estou passando de todos os limites com você, não é? ─ Edward perguntou, abaixando o volume da televisão e tirando o braço de meus ombros; senti-me vazia, com frio, e quis implorá-lo para me abraçar de novo, mas eu não podia.

Em alguns dias, quando não mais precisasse dos cuidados de Carlisle, eu estaria na ONG onde, claro, continuaria a ver Edward, mas tudo seria diferente. Sabia que não poderia me envolver com ele, mesmo que superficialmente, com a certeza de que nos separaríamos em tão pouco tempo.

A verdade, porém, era que eu já estava me envolvendo, mesmo sem perceber, e talvez fosse melhor colocar um ponto final naquela história antes que um de nós se machucasse feio.

─ Me desculpe, eu acho que preciso... ─ murmurei, começando a me levantar do sofá ─ Eu vou subir um pouco ─ completei, evitando encará-lo. Vi, pelo canto dos olhos ele assentindo e comecei a andar em direção às escadas, quando senti meu pulso sendo puxado suavemente.

Virei-me e encontrei Edward com o rosto a poucos centímetros do meu, o que fez meu coração disparar. Ele levou a mão esquerda até a lateral direita de meu rosto – um dos poucos locais que não tinha um hematoma – e acariciou a minha pele.

Seu toque era tão suave e macio que inclinei meu rosto na direção dele, o que o fez sorrir largo.

─ Eu acho... Não, eu tenho certeza de que estou gostando de você... ─ murmurou, fitando-me intensamente com seus orbes verdes. Sentia como se minha alma tivesse deixado o meu corpo e voltado abruptamente; não conseguia acreditar no que estava ouvindo! ─ Desde o primeiro momento em que te vi de pé lá na cozinha, eu quero me aquecer nesses seus olhos castanhos feito chocolate quente... ─ ele mordeu o lábio inferior e corou, ainda me encarando.

“Eu estava esperando o momento certo para te dizer isso, porque não queria apressar as coisas, não queria que você achasse que eu estava impondo algo a você, ou esperando que me desse algo em troca por causa da ONG e tudo mais” ele deu um pequeno suspiro “Mas acho que não consigo mais me controlar”.

Meus olhos se encheram de lágrimas, a última coisa que eu esperava era receber uma declaração feito aquela tão repentinamente.

─ Edward, você deve estar confundindo as coisas ─ sussurrei, perdendo a coragem de encará-lo ─ Você é um homem bom, claro que é, e... Qualquer garota que tivesse a chance de estar com você seria uma garota de sorte, mas, veja bem, esse é justamente o ponto: eu tenho absolutamente nada para te oferecer. Você é um cara completo e eu sou... Completamente quebrada.

─ Eu não quero nada além de você, Bella ─ disse baixinho, ainda acarinhando a pele de meu rosto ─ Mas eu já entendi, você não se sente da mesma forma, não é? Vamos fingir que esse momento nunca existiu e nos poupar de constrangimentos futuros, tudo bem? ─ era nítida a tristeza em seu tom de voz, mas eu não podia fazer outra coisa senão concordar com ele.

E foi o que fiz: eu concordei, e as lágrimas escorreram por meu rosto sem que eu pudesse controlá-las. Queria muito dizer a verdade, dizer que ele estava errado, mas não era justo, porque embora me sentisse péssima com a possibilidade de tê-lo magoado, de saber que ele não merecia aquilo, também sabia que ele merecia menos ainda estar com alguém que mal sabia o que fazer da própria vida. Edward merecia alguém melhor e eu o deixaria livre para encontrar essa pessoa.


19:30h

─ Você fez o que? ─ Alice perguntou-me, assim que terminei de contar sobre mais um capítulo trágico e inesperado de minha vida.

Queria me defenestrar por acabar com os ânimos dela; ela estava super contente e super pronta para me contar o que havia feito com Jasper naquelas últimas horas, mas mudou de ideia assim que entrou no quarto e me viu chorando copiosamente debaixo dos lençóis.

─ Bella, você o está tratando feito criança, como se ele não soubesse decidir o que é melhor para a vida dele! Ele disse que não quer nada além de você e você o deixou entender que ele não é o que você quer! ─ Alice esbravejou, andando pelo quarto de um lado para o outro ─ Isso é covardia!

─ Que diferença isso faz? Quando ele perceber que me tornei um peso na vida dele, como acha que vai me tratar? Imagino que não muito diferente da forma como Renée, Jacob ou aquele velho que me bateu! Você não entende que eu nunca vou poder somar na vida dele? Vou ser sempre a garota resgatada pelos sogros, mais uma que foi ajudada...

─ É isso o que você pensa de mim por eu estar com o Jazz? Não acha que sou mais do que isso, Isabella? ─ Alice me interrompeu e se sentou na cama, de frente para mim; seu tom não era acusatório e percebi que ela não estava brava, embora também não estivesse exatamente feliz.

Eu sei que você é mais, mas... Será que eles sabem? Não quero estar com alguém que, por um mísero segundo pense que estou me aproveitando, ou que me reduza a uma “ex-moradora de rua”.

─ Olhe bem para eles, Bella. Você acha que qualquer um dos membros dessa família pensaria isso de você?

Dei de ombros. Os Cullen eram ótimas pessoas, mas a coisa poderia mudar de figura quando percebessem que os nossos sentimentos por seus filhos eram recíprocos.

─ Meninas, o jantar está pronto! ─ a voz de Dona Esme ressoou do outro lado da porta e em segundos ela estava dentro do quarto, a expressão horrorizada ao me ver banhada em lágrimas ─ Bella, minha querida, o que aconteceu?

Seus olhos preocupados eram idênticos aos de Edward e lembrar-me dele desembestou uma nova onda de choro em mim. Estava péssima por ter rejeitado os sentimentos dele e ainda pior por sentir a necessidade de desabafar com sua própria mãe a respeito do acontecido.

Ela se sentou ao lado de Alice e esperou pacientemente até minha crise de choro passar. Em seguida, segurou minha mão esquerda e perguntou com todo o carinho do mundo sobre o que estava me machucando. Não consegui olhar em seus olhos quando sussurrei minha resposta, apenas encarei os lençóis, constrangida:

─ Eu... Acho que magoei seu filho.

─ Oh! Não vai me dizer que ele, hum... Se declarou para você ─ disse Dona Esme. Arregalei meus olhos, embasbacada. Como ela poderia saber? ─ Bella... ─ deu uma pequena risada ─ Sou a mãe dele e o conheço como ninguém. Vi como ele ficou encantado por você, era óbvio que esse momento aconteceria mais cedo ou mais tarde ─ completou, acariciando minha mão.

“Mas olhe, não precisa ficar constrangida por não sentir o mesmo, essas coisas acontecem, não controlamos nossos próprios sentimentos. Sinceramente, eu achei que você também gostava dele, pela forma como o olhava, mas não se preocupe, ele vai superar” continuou ela, e ergui meus olhos para os dela, ainda surpresa.

E, da mesma forma quando penteara meus cabelos, na primeira noite em que passei naquela casa, eu soube que Dona Esme não acreditava em uma só palavra do que havia dito. Ela simplesmente sabia que eu gostava sim de Edward, mas estava esperando que eu mesma dissesse. E eu não pude mentir para ela.

─ Tem como não gostar dele, Dona Esme? ─ perguntei entre um soluço e outro, as lágrimas novamente rolando em meu rosto ─ Porque se tiver um jeito, a Senhora me avisa pra eu não passar de mentirosa.

Ela deu uma risadinha e passou as mãos carinhosamente pelos meus cabelos.

─ O que é que te impede, exatamente, de dizer a verdade a ele? ─ perguntou-me num tom tão compreensível que me assustei. Parecia que ela sabia exatamente o motivo.

─ Vamos ser sinceras, Dona Esme ─ murmurei, sentando-me também ─ Edward é muito mais, em todos os sentidos, do que eu jamais esperei para mim, a minha vida toda. Que tipo de futuro eu posso oferecer a ele, quando não tenho nada? Quando não sou nada? Ele merece alguém melhor, alguém que possa somar verdadeiramente na vida dele.

─ Você é alguém, Bella ─ afirmou Dona Esme, apertando minha mão carinhosamente ─ Você é uma jovem boa, a quem coisas ruins aconteceram, mas que foi corajosa e lutou com tudo o que tinha e nunca desistiu. Você merece sim o meu filho e se gostar dele o tanto que eu vejo que gosta, tenho em mim que já é uma boa base para vocês tentarem alguma coisa, não acha?

─ Não sei se isso é o suficiente, Dona Esme? O que vai acontecer daqui a um ano, quando eu ainda estiver reconstruindo a minha vida e Edward já estiver a mil passos à minha frente?

─ Se ele for como o pai dele, ele vai dar meia volta e vai te ajudar a completar esses mil passos, para estar sempre ao seu lado e jamais à sua frente ─ respondeu-me; seus olhos cheios de lágrimas pareciam enxergar através de mim, como se estivessem vendo outra coisa ─ E a ONG sempre estará lá para fortalecê-los.

─ Jazz me contou... ─ Alice murmurou baixinho, atraindo nossa atenção para ela ─ Que o foram os pais do Doutor Carlisle quem começaram a ONG, não foi? ─ Ela parecia matutar alguma coisa que eu ainda não entendia.

Dona Esme concordou com a cabeça e deu-nos um pequeno sorriso; Alice a acompanhou e eu as encarei, completamente perdida.

─ Sabe quem foi a primeira, ou, uma das primeiras pessoas a serem atendidas pelo Sr. e Sra. Cullen, pais de meu Carlisle?

─ Não faço a mínima ideia ─ respondi automaticamente e meus olhos se arregalaram quando Dona Esme sorriu mais largo e apontou para si mesma; Alice não parecia tão surpresa quanto eu e entendi seus gestos anteriores.

─ Passei a minha vida toda num orfanato... ─ Dona Esme começou a contar ─ E claro, assim que completei 18 anos, não pude mais ficar lá, então fui para as ruas. Fiz as mais diversas coisas para sobreviver... ─ Seu olhar novamente estava longe, como se estivesse mergulhando em suas próprias lembranças ─ Entendo perfeitamente o que vocês enfrentaram!

“Já estava há meses nas ruas quando os Cullen me acharam junto de meus colegas; nós já estávamos há dias sem comer. Então três sujeitos bonitos e bem arrumados se aproximaram: o Senhor e a Senhora Cullen e seu único filho; encantei-me por Carlisle logo de cara, ele era lindo, educado e estava no primeiro ano da Escola de Medicina. O pai dele, médico já renomado estava atendendo alguns moradores feridos nos arredores e decidiu comprar um pouco de comida para todo mundo”.

“E eles nos alimentaram por duas semanas seguidas, sem qualquer tipo de pretensão ou intenção de nos fazer pagar por aquilo que estávamos consumindo. Ao final da segunda semana, eles perguntaram se não gostaríamos de um abrigo, já que estávamos na metade de dezembro e o frio prometia ser bastante rigoroso naquele ano. Nós aceitamos e andamos pela cidade por cerca de quinze ou vinte minutos para nos depararmos com um galpão enorme perto do “Lago Union”.

Dona Esme fez uma pequena pausa.

─ Claro que, no início, pensávamos que não poderiam haver pessoas tão boas, dispostas a nos ajudar assim, sem exigir nada em troca, mas conforme o tempo foi passando, percebemos que podíamos confiar neles.

“E então o espaço foi crescendo e mais gente como nós foi chegando, e logo a ONG estava de pé. Não sei ao certo como tudo aconteceu, mas, em determinado momento, me vi completamente apaixonada por Carlisle e tendo os mesmos questionamentos que você”.

Ela me entendia. Dona Esme era como eu e Alice, ela sabia de tudo pelo qual já havíamos passado e além, ela também se apaixonara pelo filho dos seus salvadores.

─ Demorei para entender que eu merecia amar e ser amada na mesma proporção, e a Sra. Cullen me ajudou muito nisso. Ela me incentivou a perseguir os meus sonhos e, quando eu estava pronta, me deu sua benção para me declarar à Carlisle. Ele sentia o mesmo por mim e desde então nunca mais nos separamos, isso há quase quarenta anos!

Não pude deixar de sorrir. Aquela era uma história de amor que fugia de todos os clichês que eu já tinha ouvido! Era linda e especial demais!

─ Por isso... Eu te peço para confiar nos sentimentos de meu filho, Bella. Eu te peço para acreditar em si mesma, porque não existe motivo algum para você se desmerecer tanto. E se você acredita no meu amor e de Carlisle, no amor de Alice e Jasper, também não há motivos para desacreditar no amor que você e Edward podem construir juntos.

─ Obrigada, Dona Esme! ─ Eu a abracei apertado e ela retribuiu, rodeando meu corpo com seus braços de maneira protetora e maternal. Alice não demorou muito a se juntar e só nos separamos quando ouvimos uma batida na porta.

─ Cadê a mulherada dessa casa? O jantar vai esfriar! ─ a voz de Jasper soou indignada do outro lado e nós três rimos.

─ Vocês me dão alguns minutos? Quero me recompor ─ pedi, gesticulando para o meu rosto e elas assentiram.

Sentia meus olhos inchados e ainda úmidos e embora soubesse que não haveria muito tempo para me tornar apresentável – fora os hematomas já amarelados em minha pele –, queria algum tempo para me desfazer daquele sentimento de tristeza que tinha tomado conta de mim quando Edward se declarara.

Eu jogaria tudo para o alto, estava decidida e deixar todos os meus medos para trás se isso significasse tê-lo ao meu lado. Porque ainda precisava entender que era merecedora do amor dele, mas eu também tinha esperanças de que ele estaria ao meu lado durante todo aquele processo.


...

Desci as escadas sentindo meu coração disparado. Teria sido tão mais fácil apenas ter sido sincera quando Edward se declarara! Porque quem precisava ser corajosa, quem teria que chamá-lo para uma conversa franca era eu!

Aproximei-me da sala de jantar, vendo a mesa posta, o pessoal conversando e já se alimentando – inclusive Paul e Tyler também estavam ali. Um silêncio se instalou no local assim que entrei no campo de visão deles e todos – com exceção de Esme e Alice – me encararam assustados. Como se não bastassem os hematomas, o meu rosto e olhos estavam inchados e vermelhos, então era claro que eu realmente não estava nem um pouco apresentável.

Meu olhar cruzou com o de Edward; ele estava visivelmente preocupado, embora também tenha reconhecido certa mágoa em suas feições. E eu teria perdido a coragem de chamá-lo para a tal conversa, se o “tique” do forno – indicando que o que estivesse dentro dele já poderia ser retirado – não o tivesse feito se levantar e caminhar apressadamente até a cozinha.

Dona Esme e Alice me olhavam encorajadoras e suspirei antes de segui-lo. Era tudo ou nada...

─ Edward? ─ chamei-o assim que estava perto o suficiente para não precisar falar num tom exageradamente alto. Ele estava de frente para a bancada e, sobre ela, muffins de chocolate recém-saídos do forno.

Ele não me respondeu imediatamente e não sabia se era por raiva ou mágoa, mas assim que virou o rosto na minha direção, vi o quanto eu o tinha machucado.

Eu achava que nos manter afastados era o mais próximo da “coisa certa a se fazer”, o mais justo, mas encarar seus olhos verdes sem qualquer vestígio do brilho que outrora haviam possuído, me fez entender que aquilo estava longe de ser “justo” ou “certo”.

Aproximei-me mais dele e tirei suas luvas térmicas para poder segurar suas mãos nas minhas. Elas estavam aquecidas, pelo contato – mesmo indireto – com o forno e um pouco trêmulas. Encarei-o e entreguei a pequena carta que havia escrito antes de descer as escadas. Eu não sabia se conseguiria dizer tudo o que estava guardado dentro de mim, então achei por bem escrever:

“Quando você disse para nós nos esquecermos do que aconteceu mais cedo, você quis dizer tudo? Porque eu sugiro a gente esquecer só o meu silêncio, só as coisas que eu não disse, só a parte em que eu te magoei... E aí... Se ainda sobrar algum sentimento seu por mim, eu prometo nunca mais mentir pra você. Se você não retirar suas palavras, eu retiro o meu silêncio...

Eu retiro todos os meus medos que, em silêncio, me levaram a mentir para você: toda a minha insegurança, todas as vezes que me senti indigna ou desmerecedora dos seus sentimentos...

Eu retiro o meu silêncio e acrescento todas as sensações boas que você me proporcionou nas últimas semanas: todos os olhares hipnotizantes, todas as risadas, todos os toques e arrepios. Tudo o que eu só poderia sentir ao seu lado...

Porque ninguém nunca fez o meu coração disparar, ou o ar escapar dos meus pulmões tão depressa do jeito que você faz, apenas com um olhar. Ninguém nunca fez meu prato preferido quatro vezes numa única semana e agora eu entendo que não foi apenas porque você tinha condições de fazê-lo.

Se você ainda gostar de mim, me deixe retribuir. Me deixe fazer todos os molhos das suas próximas macarronadas, eu prometo não queimá-los e nem deixar você me distrair enquanto os tiver preparando.

Eu prometo ficar mais focada e aprender todas as suas receitas Natalinas para tornarmos o Natal da ONG ainda mais agradável para todo mundo, eu sei que você vai precisar de bastante ajuda esse ano...

Me deixe tentar ser sua? De todos os jeitos, só eu... Por que você estava sendo sincero quando disse que não precisava de mais nada além de mim, não estava?

Vi quando Edward terminou de ler a carta, mas seguiu mudo, repassando os olhos pelo conteúdo mais algumas vezes e quis ser um super-herói com capacidade de leitura de mentes só para desvendar o que ele estava pensando.

Ele ergueu os olhos para mim e uma nova vontade de chorar me dominou. Edward estava visivelmente emocionado e me olhava do mesmo jeito que horas antes: ainda tinha a mesma intensidade, o mesmo carinho. E joguei-me contra seu peito, no mesmo instante em que seus braços me abraçaram calorosamente.

Eu só preciso de você, Bella ─ sussurrou. Aquilo resumia tudo, era mais do que o suficiente!

Sorrindo, ergui minha cabeça para poder ver seu rosto, mas ele olhava, corado, na direção da abertura na parede. Olhei por sobre o ombro e ali, nos bisbilhotando, estavam as nossas famílias.

─ Você se importa se eu te beijar na frente de todo mundo? ─ perguntou-me em tom baixo. Quando voltei meu olhar para ele, meu coração tornou a disparar com o seu pedido.

─ Beijar? ─ murmurei, meio desconcertada. Como eu falaria para ele que não sabia como fazer aquilo? Seria ainda mais constrangedor na frente de tantas pessoas, mesmo que elas fizessem parte de nossas vidas?

Edward me encarou por alguns segundos e pareceu captar meus pensamentos. Ele então se voltou para o pessoal e gesticulou para que nos deixassem a sós. Ouvi alguns resmungos, mas assim que fui pressionada contra a bancada, entendi que estávamos tão sozinhos quanto uma abertura na parede pudesse evitar que eles nos vissem – o que não era muito.

E então fechei meus olhos, pela primeira vez confiante de que estava fazendo o certo, de que Edward e eu poderíamos ter um futuro juntos. Meu corpo todo se arrepiou quando ele segurou minha cintura com uma das mãos e, com a outra acariciou a lateral de meu rosto. Senti sua respiração bem próxima de meu rosto e não demorou muito para ter seus lábios roçando e se movendo suavemente contra os meus.

Foi um beijo doce e casto; eu não sabia muito bem, na prática, como aprofundá-lo sem deixá-lo demasiadamente molhado e estava aliviada por Edward entender e respeitar os meus limites. Ele novamente rodeou meu corpo com os seus braços e apoiei minha cabeça em seu peito, ainda de olhos fechados, feliz, enquanto me deixava ser envolvida por uma onda de amor e carinho que eu jamais tinha experienciado antes.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Eu amo a Esme com todas as minhas forças e o nome desse capítulo não poderia ser outro (e nem o conteúdo dele). Quase não consegui escrever a cena dela com as meninas de tanto que chorei, mas acho que o produto final ficou bom, haha.

Espero que tenham gostado... O próximo capítulo será provavelmente o último e não sei se conseguirei postá-lo amanhã devido aos preparativos pro Ano Novo, mas eu aviso vocês no meu twitter @maripattinson_

Beijos,
Mari.



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