ORDO DEORUM - O Legado Divino escrita por luniwrites


Capítulo 4
Capítulo IV - Fernando


Notas iniciais do capítulo

Eai, como vocês estão?
O capítulo de hoje ficou mais curtinho porque nos últimos dias tenho estado atolada de trabalhos da faculdade então não tive muito tempo para escrever :/ mas agora o fim do período tá chegando então logo vou estar livre YAY!
Sem mais delongas, fiquem com o capítulo! Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803116/chapter/4

Fernando estava tendo um dia bastante normal naquela sexta-feira fria. Ele havia tomado café da manhã com o pai, tinha passeado um pouco, ido ao hospital realizar alguns exames de rotina. Até tinha dado sorte de encontrar com um velho amigo do ensino fundamental, nada fora do normal.

Exceto o fato dele ter visto um monstro ser decapitado bem na sua frente e estar dirigindo a quase cem quilômetros por hora enquanto fugia da polícia com outros cinco adolescentes.

— Eles ainda estão na nossa cola? — Ele perguntou para Luciano, que estava virado para trás no banco.

— É, eles estão.

Fernando sentiu sua espinha gelar.

— Eu sou muito jovem pra ir pra cadeia. — O garoto choramingou. — Eu não quero ir preso por sua causa, Lu. Você é bonitinho, mas o preço é alto demais.

O garoto arriscou olhar para Luciano e o viu abrir e fechar a boca algumas vezes. Fernando sentiu o sangue subir para o rosto e voltou a prestar atenção na estrada com um sorriso tímido no rosto.

— É aqui, vira a direita. — Luciano falou e ele obedeceu.

Nos próximos cinquenta metros o asfalto começou a dar lugar à terra, e logo a picape passou a rodar sobre uma estrada de chão, cercada por árvores.

— Onde você tá levando a gente? 

— Confia em mim. Segue reto depois vira na esquerda. 

Fernando suspirou e continuou seguindo as instruções de Luciano. Olhando pelo retrovisor ele viu que a viatura da polícia ainda estava os seguindo, mas estavam ficando para trás uma vez que o carro deles não era feito para uma estrada como aquela.

Pela primeira vez Fernando ficou feliz de seu pai ter emprestado a picape, não o carro de passeio novo.

— Erin, como vocês estão aí atrás? — Luciano perguntou, se virando para trás no banco.

— Tudo certo, Lu! A ambrósia deu conta do recado, como sempre. — Fernando ouviu a voz da menina ruiva vindo da caçamba da caminhonete.

O garoto mais uma vez se sentiu aliviado por estar dirigindo a caminhonete, “nem a pau que ia caber essa gente toda no Gol do meu pai.

Assim que encontrou uma bifurcação na estrada, Fernando seguiu pela esquerda, assim como Luciano havia dito, e percebeu que as árvores passaram a ficar escassas. Eles estavam chegando numa região rural da cidade.

— Lu, você tem certeza que a gente tá no lugar certo? — Ele falou e olhou rapidamente na direção de Luciano.

— Eu tenho, Fê, confia. Segue reto, a gente tá quase lá.

— E os policiais?

— Nem sinal deles.

Fernando suspirou aliviado. Ao menos as chances dele ser preso haviam caído significativamente.

— É ali na direita. — Luciano apontou para a frente e Fernando olhou naquela direção, levando o carro até lá.

O moreno ficou confuso.

Na direção onde Luciano apontava estava uma propriedade diminuta em comparação com as propriedades vizinhas, onde havia apenas uma casa e um tipo de restaurante ou bar próximo à entrada. Uma placa em frente ao lugar dizia “Suvaco Seco, cachaça caseira”.

Não havia como eles se esconderem dos policiais naquele lugar.

— Não faz essa cara, só dirige.

Fernando se virou para Luciano, que o encarava e assentiu.

O garoto dirigia a picape até a entrada, quando diminuiu de velocidade.

— O que eu disse sobre só dirigir? — Luciano reclamou e pulou para o banco do motorista, espremendo Fernando contra a porta.

— Ei, espera! O que é que você vai fa— Ele não teve tempo de terminar sua pergunta, pois no mesmo instante Luciano pisou sobre o acelerador e tomou o controle do volante.

Fernando ficou atônito, observando o mais novo dirigir pelo terreno acidentado da pequena propriedade em direção à uma grande árvore.

— Lu, você vai bater! — O garoto reclamou, mas Luciano não moveu um músculo. 

Nesse ponto a árvore estava a apenas alguns metros deles, e se aproximava cada vez mais rápido.

— Luciano! Você vai matar a gente! — Ele gritou, enquanto olhava na direção da árvore que devia ter quase três metros de largura. Se batessem contra seu tronco, Fernando sabia que não conseguiriam sobreviver.

Enquanto olhava para o mais novo Fernando podia jurar que viu um pequeno sorriso surgir nos lábios de Luciano.

— Eu amo essa parte! — Erin gritou atrás deles. — Uhuuu!

Fernando fechou os olhos e esperou a dor do impacto. 

Alguns segundos se passaram e ele não sentia nada, apenas o carro tremendo e o corpo de Luciano ao seu lado. Foi quando o motor desligou e Erin riu que ele abriu os olhos.

A primeira coisa que Fernando percebeu foi que ele, de fato, não estava morto.

O garoto olhou para Luciano sentado ao seu lado. O rapaz tinha um sorriso pomposo no rosto e Fernando o deu um soco no ombro com toda a força que tinha, fazendo-o rir e sua mão doer.

— Nunca. Mais. Faça. Isso.

— Fica tranquilo, você tá seguro agora. — Luciano respondeu, e se virou para trás. — Todos vocês estão. Anda, vamos sair do carro.

Fernando abriu a porta e desceu da picape, sentindo suas pernas bambas tremendo.

— Precisa de ajuda? — Luciano perguntou, mas Fernando balançou a cabeça.

Erin desceu com um pulo ao seu lado e sorriu para ele.

— Legal, né? É quase um ritual nosso de iniciação com os novatos de fazer eles pensarem que vão bater na árvore. — Ela riu, depois revirou os olhos. — Como se fosse possível fazer isso, pra início de conversa.

— Que lugar é esse? — Uma outra voz feminina falou.

Fernando procurou pela dona da voz e encontrou uma menina que parecia ter a mesma idade de Erin, provavelmente algo entre quinze e quatorze anos. Seu cabelo era curto, na altura dos ombros, e ela carregava sobre o braço esquerdo um tipo de pássaro que Fernando nunca vira antes. Ela estava descendo da parte de trás da picape com a ajuda de um garoto com os braços cobertos de cicatrizes de queimadura.

— Essa é a base da Ordo. — Luciano respondeu.

— Ordo? — Fernando perguntou a ele.

— Ordo Deorum. Pô, Luciano, cê não falou nada pra ele? — O garoto com as queimaduras falou, e Fernando o viu ajudando outro rapaz a descer da picape.

— Eu tentei, mas vocês viram o que aconteceu lá no hospital, né? Acho que a distração justifica.

— O que você ia me dizer? — Ele perguntou para Luciano, que coçou a cabeça.

— É complicado, vamos devagar. Tristan, por que você não faz as apresentações? Afinal você é o melhor de nós três nisso mesmo.

Fernando se virou para o tal Tristan e o viu empinar o queixo e estufar o peito.

— Já que insiste, caro Luciano. — Tristan sorriu, confiante. — Bom, novatos, é o seguinte: Todos vocês viram aquelas criaturas que encontramos hoje, certo? Perceberam algum padrão entre elas?

— Pareciam ter saído de um livro. — Fernando ouviu uma voz nova, e se virou para o garoto loiro, que havia falado.

— Isso. Aquelas criaturas são o que chamamos de monstros, elas vivem com o único propósito de caçar. E é agora que vocês me perguntam o que elas caçam. — Tristan sorriu, gesticulando com as mãos.

— O que elas caçam? — A garota morena perguntou.

— Muito obrigado, Beatrice! Posso te chamar de Bea? Bom, vou chamar. Enfim. — Ele limpou a garganta e voltou a falar. — Aquelas criaturas caçam semideuses, que são os filhos dos deuses gregos e romanos com mortais, também conhecidos como humanos.

Fernando respirou fundo.

— Vamos dizer que eu acredite nisso, porque aquelas coisas pareciam que queriam caçar a gente? Você disse que elas só caçam esses semideuses, não humanos. — Ele perguntou.

— Não ficou óbvio? — Tristan perguntou. — Se eles estavam atrás de vocês, só pode significar que são semideuses, né!

Beatrice soltou uma risada fraca.

— Uhum, ok. — Ela riu, mas sua voz soou trêmula.

— É sério! — Erin afirmou. — Não acreditam na gente? Nós somos semideuses também, vocês viram que lutamos contra os monstros junto com vocês.

— Eu- eu acredito em vocês. — Fernando ouviu uma voz fraca falar ao seu lado, e se virou para o garoto de longos cabelos loiros.

— Sério? — Tristan perguntou, mas logo balançou a cabeça. — Quero dizer, ótimo! 

— Isso não faz sentido nenhum. — Fernando balançou a cabeça.

— Nós acabamos de dirigir na direção de uma árvore a cem por hora e estamos vivos. E antes disso você ficou cara a cara com um ciclope, que virou uma gororoba de sangue dourado assim que eu o matei. Quer mesmo parar pra falar do que não faz sentido? — Luciano cruzou os braços com uma expressão séria no rosto.

Touché.

— Vamos, venham com a gente, vocês podem ir embora assim que quiserem, tá? — Erin perguntou com um sorriso.

Fernando ficou em silêncio enquanto pensava.

Aqueles adolescentes queriam que ele acreditasse que era filho de um deus? Que loucura. Fernando tinha uma mãe e um pai humanos, duas pessoas incríveis que o sempre o amaram e apoiaram. Ele havia tido uma infância feliz e normal, e sua vida nos últimos dezoito anos vinha sendo exatamente isso: normal.

Mas ele não podia ignorar o que tinha visto.

Aquele monstro, aquela coisa, parecia com um ciclope dos mitos antigos. Luciano havia matado a criatura apenas alguns metros de distância de Fernando, e logo o corpo do monstro se transformou em um tipo de gosma dourada. Ele havia visto Erin e Tristan comerem algo estranho que havia curado suas feridas, quase como se elas nunca tivessem existido.

Essas coisas eram estranhas demais para serem ignoradas.

— Fernando? — Ele ouviu seu nome ser chamado e se virou para Luciano, que o olhava. — Você me conhece, sabe que não gosto de pedir aos outros para fazerem algo por mim, mas dessa vez eu to pedindo. Fica pra conhecer o acampamento. Você pode ir embora depois e se achar que eu sou maluco pode nunca mais falar comigo, mas só dessa vez, faz isso por mim, pode ser?

Fernando sentiu borboletas no estômago.

— O que você não me pede sorrindo que eu faço chorando, Lu? — O mais velho riu. — Tudo bem, eu fico.

Ele observou enquanto Luciano abria um sorriso, algo raro, mesmo durante o ensino fundamental era difícil vê-lo sorrir daquele jeito. Fernando descobriu que gostava daquela visão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?
Estou postando a história em mais outras duas plataformas, mas essa é a única que não tenho sequer um comentário, e não vou mentir, isso desanima. Estou pensando em parar de postar por aqui, visto que não estou tendo retorno, então por favor, se alguém estiver lendo não deixe de comentar! Não precisa ser nada gigante, um simples "gostei do capítulo" já me deixaria mais que contente!
Até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "ORDO DEORUM - O Legado Divino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.