As Maiores Paixões da Vida escrita por Mari Pattinson


Capítulo 5
Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente! Voltei com o capítulo final de "As Maiores Paixões da Vida".
Eu agradeço a todos que tenham tirado um tempinho para ler essa fanfic, porque apesar de eu ter passado do prazo de postagem, foi muito divertido e importante escrevê-la. Foi quase como um "esquenta" para eu voltar às minhas outras histórias.
Enfim, ainda teremos as cenas extras e os epílogos (não vai dar tempo de vocês sentirem saudades, hehe).
Podem deixar, nos comentários, o que vocês acharam da história, será muito importante para mim.
Nos vemos nas notas finais!
Espero que gostem desse capítulo!



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 CAPÍTULO 4

Domingo, 20 de abril de 2014 – 21:00h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 22°C – predominantemente nublado.

─ Que bom que deu certo o seu plano para a Leah e o Jacob ─ disse Bella enquanto sentávamos nos degraus das escadas da ONG, assim poderíamos descansar um pouco, enquanto o pessoal ainda se deliciava com as pizzas e os chocolates.

─ Melhor ainda que Rosalie não me escalpelou vivo ─ brinquei fazendo-a rir.

Nós – principalmente Bella – havíamos acabado de fazer Rosalie confessar, na frente de Emmett, que não podia beber café. Ele ficou intrigado e perguntou o porquê. Contrariando as expectativas minhas e de Bella, a Loura apenas suspirou e falou que precisava conversar com ele à sós.

─ Foi melhor do que imaginei ─ Bella falou e eu concordei com a cabeça ─ Obrigada por convencer a Dona Carmen a deixar as crianças ficarem por mais um tempo ─ disse ela olhando para mim e sorrindo.

Observei a alegria da Pequenina ao ter companhia por um pouquinho mais de tempo. Ela e Bree pareciam melhores amigas de longa data.

─ Vocês nunca consideraram ter outro filho? Quer dizer, eu sei que o casamento de vocês não é exatamente de verdade, mas... Sei lá, dar uma companhia para Alice ─ indaguei. Além de que, talvez, uma outra criança pudesse tirar o foco de todo aquela preocupação sobre Alice durante o tratamento.

─ Quando Alice ficou doente... E o tratamento começou a não fazer mais efeito – Bella começou a explicar. Ela fechou os olhos, uma expressão de dor em seu rosto lindo; era difícil vê-la daquele jeito! ─ A melhor chance que ela tinha era uma doação de medula.

“Quando eu e Aro descobrimos que não éramos compatíveis, passamos sim a considerar ter outro bebê, mas o que nos balançou foi a questão de que não queríamos colocar num pequeno ser toda a esperança de ser a cura de Alice” ela fez uma pequena pausa e suspirou.

“Não queríamos enlouquecer, criar muitas expectativas e desrespeita-lo. Eu particularmente só conseguia me imaginar em ‘Uma Prova de Amor’¹, como a Sara, e por mais que eu quisesse salvar a vida de minha filha, não queria que isso custasse a qualidade de vida de outro filho meu. E também não sabíamos se Alice aguentaria até que o bebê nascesse...”  a voz dela fraquejou “Você vê? As razões para que tivéssemos outro filho seriam pela saúde de Alice, e mal sabíamos se ela conseguiria sobreviver para ver um irmão nascendo. Não era sobre fazê-la companhia”.

"E quando estávamos prestes a tomar a nossa decisão, recebemos a notícia de que haviam achado uma alma bondosa que era compatível, então desistimos totalmente da ideia de ter outro filho. Infelizmente, nunca saberei quem salvou a vida da minha filha, porque foi um ato anônimo” ela fez outra pausa e arregalou os olhos.

“Hoje é dia 20 de abril! Meu Deus, eu passei esses últimos dias tão imersa nos preparativos da Páscoa que eu mal notei!” disse Bella, os olhos dela marejando e franzi o cenho, não entendendo sobre o que ela estava falando “Hoje... Além da Ressurreição de Cristo, há três anos, é a data em que Alice também renasceu!” ela falou, fungando em seguida.

¹Uma Prova de Amor é um filme de 2009 que conta a história de Anna Fritzgerald, uma menina que foi concebida com o propósito de salvar a vida da irmã (em inglês, esse processo é conhecido como “savior sister”), (Kate, portadora de um tipo de leucemia diferente do da Alice, nessa história), com a doação de sangue, órgãos e outras células compatíveis. Quando Anna se recusa a doar um rim, ela se encontra numa batalha judicial entre o desejo de sua mãe (Sara) em manter Kate viva a qualquer custo, e o desejo de autonomia pela própria vida. Bella tinha medo de acabar agindo como Sara, caso tivesse um bebê que fosse “compatível” com Alice.

─ A doação de medula? ─ perguntei e ela assentiu, permitindo-se tomar pela emoção, os olhos dela estavam banhados em lágrimas ─ Há três anos?

Bella confirmou novamente com a cabeça e meu coração começou a bater mais forte em meu peito, como se quisesse me lembrar de algo que minha mente havia esquecido.

─ Há três anos, quando eu estava quase perdendo as esperanças de que Alice fosse curada, por causa desse ato de amor de uma pessoa totalmente desconhecida, eu pude ter de volta o mais lindo presente que eu já ganhei na minha vida toda, que é a vida da minha filha. O mais louco de tudo isso é não poder agradecê-la... ou agradecê-lo ─ disse Bella, as lágrimas finalmente escorrendo por seu rosto, enquanto algo se clicava em meu cérebro, como peças de um quebra-cabeças se encaixando e de repente memórias vieram à tona em minha mente.

─ Bella, há três anos eu fazia uma doação de células-tronco através do transplante de medula óssea para a filha de um amigo de Laurent...

Qual seria a possibilidade? Nem em um bilhão de anos eu poderia imaginar que Alice poderia ter sido a “beneficiada” pela minha doação. Eu nem a conhecia na época!

─ Edward... O que está me dizendo? ─ Bella sussurrou, uma expressão de surpresa no rosto. Acreditava que o meu não estava muito diferente.

─ Eu... Eu acho que fui eu quem doei a medula para Alice ─ falei, sentindo meus olhos marejando. Será? Será que eu havia ajudado a salvar a vida da Pequenina?

─ Mas... Isso seria... Meu Deus! ─ Bella estava em choque. Eu também estava.

─ Meu pai faleceu esperando um doador; eu era filho único e não era compatível, pessoas próximas também não... ─ expliquei-lhe ─ Quando Laurent me disse que a filha de um amigo dele estava precisando... Não pensei duas vezes, Bella, fui ao centro de transplante no dia seguinte, eu só pensava que poderia salvar alguém, que poderia... ─ a emoção quase não me permitia completar minhas próprias frases ─ Eu não queria uma família passando pelo mesmo que a minha. Na verdade, Laurent levou a mim e a banda para fazermos o teste todos juntos

“Depois de alguns dias, me ligaram dizendo que eu era compatível, mas a menininha ainda precisaria passar por um novo processo quimioterápico antes da doação, não acho que Laurent tenha dito o nome dela e por causa do sigilo do centro eu nunca fiquei sabendo, senão teria me lembrado. Bella, nem em um milhão de anos eu achei que poderia encontrá-la!” a minha voz embargou e algumas lágrimas escaparam de meus olhos.

Eu sabia que Alice era uma criança especial, mas, se minha hipótese estivesse correta, eu nunca poderia adivinhar que estávamos ligados além do que construímos naqueles últimos meses; minhas células deram vida à novas células dela, isso tornava a nossa conexão ainda mais rara!

─ Obrigada, obrigada, obrigada! ─ disse Bella; ela abraçou-me com força e senti sua respiração acelerada contra meu pescoço. Abracei-a de volta, sentindo o seu cheiro floral e suave; Bella suspirou e meu corpo se arrepiou por completo.

─ Eu... Eu disse que eu acho, Bella, não dá para ter certeza ─ falei-lhe, afagando suas costas e percebi como ela se arrepiou.

─ De qualquer forma, você já fez tanto por ela nesses últimos meses ─ sussurrou, erguendo o rosto corado. E estávamos tão próximos um do outro; seus olhos castanhos brilhavam não só pelas lágrimas e eu queria acreditar que era por minha causa para além do sentimento de gratidão.

Bella tocou meu rosto suavemente com a ponta dos dedos e trouxe-o para mais perto do dela, meu coração se acelerou dentro de mim de tal forma que achei que fosse infartar. Conseguia sentir seu hálito quente de chocolate misturado a café e meus lábios chegaram muito perto de experimentarem a textura dos dela pela primeira vez, mas então ela se afastou, as bochechas mais avermelhadas, e olhou ao redor do pátio, como se lembrasse aonde estava.

O que quer que tivesse despertado Bella daquele transe, havia surgido numa hora propícia. Estávamos em público, com crianças – incluindo Alice – por perto, e todos sabiam que ela era casada.

Que tipo de homem eu seria se permitisse que minhas atitudes impensadas pudessem acarretar em certos tipos de comentários que certamente seriam muito mais dirigidos a ela do que a mim – e provavelmente a respeito de seu caráter?

E ainda precisava ser cauteloso, não queria que Bella confundisse a gratidão por eu ter ajudado a salvar Alice – de acordo com as comparações das histórias – com algum outro sentimento que ela tivesse por mim.

Pelo menos, ninguém parecia ter percebido o nosso quase deslize e então, minha mãe entrou no foco de minha visão junto a... Laurent e Aro Volturi. Outra grande surpresa! Meu coração disparou ao notar que por pouco o marido de Bella também não nos pegara no flagra.

─ É realmente um lugar encantador ─ pude ouvir a voz de Aro aos poucos se aproximando e então ele olhou para onde eu e Bella estávamos, o cenho franzido quando viu o rosto vermelho e molhado de sua “esposa”. Ele apressou o passo até estar perto o suficiente de nós ─ O que houve, Bella? ─ ele perguntou, preocupado, ajoelhando-se para encará-la nos olhos.

Ele virou-se para mim e abriu a boca, provavelmente pronto para me xingar, porque era claro que ele havia deduzido que eu era o culpado pelo estado dela, mas, quando ele notou que eu também estava chorando, Aro pareceu ainda mais confuso e comprimiu os lábios.

Minha mãe e Laurent nos olhavam assustados, também sem saberem porque estávamos naquele estado.

─ Eu o achei, Aro ─ Bella murmurou, as lágrimas recomeçando a escorrer por seu rosto ─ Achei quem salvou a vida de nossa filha ─ ela acenou com a cabeça em minha direção e ele arregalou os olhos.

─ Como assim? ─ mamãe perguntou, o cenho franzido em confusão.

─ Sabe a doação de medula que fiz a três anos atrás, mamãe? ─ lembrei-a e ela assentiu, uma expressão de surpresa tomando conta de seu rosto.

─ Foi para Alice? ─ mamãe levou as mãos à boca, os olhos também marejando ─ Oh meu Deus!

─ Bem, nós comparamos as histórias e acreditamos que sim ─ falei, olhando para os olhos verdes de Dona Esme, que já estava bastante emocionada.

─ Edward, eu mal pude acreditar quando Aro disse que estava vindo aqui! ─ Laurent exclamou ─ Se você tivesse me dito antes que estava dando aulas de piano para a filha dos Volturi, eu lhe teria contado o restante da história. Que loucura, você acabar envolvido justo na vida da pessoa a quem salvou! Você foi o doador de Alice. Na época, eu não falei o nome dela porque Aro havia me pedido a maior discrição possível.

Laurent era o único que poderia confirmar aquela história, porque somente ele sabia os dois lados; ele me dissera que a filha de um amigo precisava da doação e eu apenas tentei ajudar. E a filha do tal amigo era Alice!

─ Edward, eu mal posso acreditar! ─ Bella exclamou, ainda chorando ─ Eu passei todos esses anos a procura do doador... À sua procura. Eu só queria poder olhar nos seus olhos e agradecer por ter salvado a vida da minha filha; e olha só há quanto tempo eu tenho olhado neles sem saber que já havia te encontrado! ─ a voz dela estava embargada e me emocionei mais ainda ─ Nada do que eu disser vai poder explicar toda a gratidão que eu senti naquele dia e ainda sinto, porque nada poderia se comparar à vida de Alice. Ela é o ser mais importante de toda a minha vida.

─ Bella, não tem que me agradecer por nada, eu só queria ajudar ─ falei, esquecendo-me totalmente das pessoas ao nosso redor, de seu marido, e pegando sua mão na minha, acariciando sua pele macia, também bastante emocionado com aquela história toda.

─ Você fez muito mais do que isso, você devolveu a alegria à minha casa, Edward... Você me deu minha filha de volta, você tem noção do que é isso?

Aquele não era um momento nada propício, eu sentia que estaria me aproveitando de sua fragilidade e emoção, mas eu queria muito dizer a ela como me sentia de verdade, como eu estava apaixonado por ela e como a queria – e Alice também – em minha vida.

─ Isabella tem razão ─ Aro se pronunciou e pigarreou quando a voz não saiu direta, como se tentasse esconder a própria emoção. E eu me lembrei de mais um motivo para não me declarar ─ Obrigado por salvar a vida de Alice ─ disse ele ─ Tem alguma coisa que posso fazer por você? Não que qualquer coisa que eu te ofereça possa ser comparada ao que você fez, mas...

Eu poderia pedir que ele se separasse de Bella e desse a mão dela para mim, mas era óbvio que seria totalmente irracional e desrespeitoso com a vontade da própria Bella.

─ Eu agradeço, Senhor, mas não...

─ Juilliard! ─ Bella me interrompeu, olhando de mim para o marido e de volta para mim. Franzi o cenho, confuso, e Bella deu um sorrisinho de lado, os olhos ainda molhados pela emoção ─ Custeie a estada e tudo mais que ele precisar enquanto estiver em Nova Iorque.

─ Não... Bella, que absurdo, estou trabalhando justamente para isso ─ protestei, mas ela me ignorou completamente e Aro parecia concordar com ela.

─ Isso é o mínimo que posso fazer ─ afirmou ele e bufei quando eles, Dona Esme incluída, continuaram a conversar como se eu não estivesse ali.

─ É bom ir se acostumando ─ disse Laurent, sentando-se do meu outro lado ─ Mas que coisa, em Príncipe Hans ─ brincou ele. Revirei os olhos ─ Como é que você foi parar na Casa Volturi?!

─ Tocamos na festa de Alice, você não se lembra? Você mesmo me apresentou a Aro! ─ lembrei-o e vi as engrenagens na cabeça dele funcionando.

─ Ah! Isso é verdade. Quem diria, hein! E você “vidradão” na sua patroa né! ─ ele sussurrou, piscando para mim.

Que barbaridade para ele dizer tão perto de Bella e Aro!

─ Laurent, enlouqueceu? ─ perguntei em tom baixo e ríspido. Ele apenas riu.

─ Pensa que não deu pra sentir o clima entre vocês? Ou a ceninha de vocês logo que chegamos ─ ele continuava a sussurrar e fez um biquinho com os lábios, imitando um beijo.

Droga, se ele vira, então Aro também...

─ Não se preocupe, eu estava na frente de Aro, acho que quando ele entrou aqui vocês já tinham tomado distância ─ continuou Laurent, sorrindo maliciosamente ─ Além do mais, a não ser pela questão moral da sociedade, eu duvido que ele se importasse se vocês dois estivessem tendo alguma coisa de verdade.

─ Pare de besteira, Laurent. Eles são casados e eu e Bella não temos nada ─ sussurrei, esperando que aquilo fosse o suficiente para darmos o assunto como encerrado.

─ O que não quer dizer que vocês não queiram ter alguma coisa ─ ele piscou para mim e revirei os olhos.

Voltei minha atenção para Bella, Aro e mamãe, que seguiam conversando sobre eu ser bancado.

─ Olha, eu agradeço muito, mas isso não é necessário! ─ interrompi-os. Mamãe e Bella estreitaram os olhos para mim.

─ Não seja orgulhoso, Edward! ─ mamãe ralhou.

─ Ela tem razão ─ Bella concordou. Mas era claro, elas sempre estavam juntas nos complôs, especialmente quando eram contra mim ─ Olha só, você tem trabalhado duro e nós reconhecemos isso, mas sabemos que não vai ser o suficiente. Aceitar o patrocínio de Aro vai amenizar suas preocupações.

─ Patrocínio?! ─ perguntei, confuso.

─ Para você e para a ONG! Edward, não está prestando atenção na nossa conversa? ─ Dona Esme resmungou, cruzando os braços e fazendo uma carranca.

─ Desculpe, Dona Esme. A culpa dessa vez foi minha ─ Laurent assumiu, erguendo as mãos em rendição. Mamãe revirou os olhos.

─ Okay, vamos nos sentar à mesa para ficarmos mais confortáveis, assim poderemos conversar melhor ─ disse ela e, como bons obedientes que somos, a seguimos até uma das mesas.

─ Papai?! ─ Alice exclamou, surpresa com a presença de Aro. Ele deu um breve sorriso na direção dela; parecia indeciso se deveria se sentar conosco para continuarmos a conversa ou ir até a filha e falar com ela.

─ Por que não vai ficar com Alice um pouco, Aro? ─ sugeri ─ Depois nós terminamos a conversa, não há pressa alguma.

Ele hesitou antes de assentir e se distanciar de nós, caminhando a passos lentos até onde Alice estava sentada com as outras crianças. Bella, ao meu lado, soltou um suspiro de alívio e comentou – mais como um resmungo:

─ Por um momento achei que ele seria sem noção a ponto de ignorá-la.

─ Ele está tentando ─ Laurent disse ─ Depois de tanto tempo, ele precisa se acostumar novamente.

─ É, Laurent, você o conhece melhor do que eu ─ Bella murmurou, em tom irônico, enquanto nos acomodávamos em uma das mesas um pouco mais afastadas, assim poderíamos manter certa privacidade ─ E está sempre defendendo-o.

─ É natural, nós nos conhecemos desde antes mesmo de você nascer, Bella ─ Laurent brincou.

─ Você nem é tão mais velho do que eu! ─ ela exclamou, exasperada, e ele deu de ombros.

─ Ainda assim, são mais de dez anos a mais, minha bonequinha! ─ ele a provocou, fazendo-a revirar os olhos.

─ Eu não sabia que eram tão amigos ─ brinquei e Bella bufou.

─ Ele está mais para um irmão não-gêmeo-mas-com-a-mesma-idade-mental do Emmett ─ foi a vez de Bella provocar ─ Ou seja, tenho três crianças na minha vida.

─ Ei! Vocês estão me chamando? ─ Emmett gritou do outro lado do pátio. Como ele conseguira ouvir Bella? Ele estava com Rosalie, que tinha lágrimas nos olhos e uma expressão de felicidade no rosto ─ Olha só quem acabou de ficar noivo! Quem é a criança agora, hein?

─ UAU Emmett, isso te faz oficialmente um adolescente! ─ Bella provocou e todos rimos de como ela mostrava, cada vez mais, partes de sua personalidade divertida.

Era meio inacreditável que minha prima estivesse noiva, não era nada a cara dela.

─ Fala aí, Laurent, nem tinha te visto! ─ James falou, aproximando-se com Victoria, há muito aliviada pelo número já reduzido de crianças na festa ─ Aliás, nem sabia que você viria!

─ Eu não viria, mas Aro me convenceu. Acabamos de chegar de um voo, eu iria direto para casa ─ disse Laurent, olhando para seu chefe de maneira meio... Explícita. Ele suspirou e voltou-se para nós com um sorriso amarelo. Ah... Eu conhecia aquele olhar.

Como nunca havia visto os dois juntos até aquela festa, eu nem mesmo me dera conta antes. Laurent era assumidamente homossexual; aquele fora o motivo para ele ter terminado seu casamento com Irina, – prima de James, e ponte para que nós o conhecêssemos – mas aquilo já fazia muitos anos.

Sempre achei que o motivo para ele não ter se envolvido num outro relacionamento era porque ainda não havia encontrado a pessoa certa, mas, observando melhor, talvez ele tivesse achado. A questão era: será que Aro também o via daquela forma? Eles pareciam ser bem unidos, mas não sabia até que ponto. Poderia ele também sentir atração por homens? Será que Bella sabia de algo?

Sexta-feira, 25 de abril de 2014 – 15:50h, Aeroclube Volturi, Chicago, Illinois, 20,5°C — céu aberto/ventania.

─ Sejam bem-vindos ─ disse uma mocinha loura de olhos azuis assim que eu e Bella cruzamos a porta de entrada do Aeroclube. Eu conseguia ver, pelas enormes janelas, aviões de diversos tamanhos do lado de fora; era um ambiente bastante impressionante ─ Ah! Senhora Volturi, que alegria recebê-la!

─ Olá Jane, é um prazer revê-la ─ disse Bella, aproximando-se do balcão em que a garota estava e apertando a mão dela. Jane não parecia muito mais velha do que eu ─ Este é Edward Cullen ─ continuou ela, gesticulando em minha direção.

─ É um prazer, Senhorita ─ falei estendendo a minha mão para ela, que sorriu para mim e corou.

─ Obrigada, Senhor... Quero dizer ─ Jane se atrapalhou um pouco nas palavras, desviou o olhar para baixo e por fim apertou minha mão ─ É um prazer ─ falou, dando uma risadinha ─ O Senhor Volturi logo estará livre para atendê-los. Por favor, fiquem à vontade ─ completou ela, suspirando e gesticulando para alguns sofás um tanto afastados do balcão e bem próximos às janelas.

─ Obrigado ─ falei e Jane deu uma risadinha novamente antes que eu e Bella nos dirigíssemos aos sofás.

─ Eu achei que a pobre Jane fosse ter um treco ─ Bella brincou e deu uma risadinha assim que nos sentamos. Eu estava bastante encantado com a visão de tantos aviões!

─ O quê? ─ perguntei ─ Por que?

─ Fala sério! ─ ela exclamou ─ Não pode ser tão ingênuo assim em relação ao seu poder sobre as mulheres. Ou está apenas sendo modesto?

Poder sobre as mulheres? Essa é nova para mim ─ murmurei, ainda confuso.

─ Sim! ─ Bella continuou a afirmar ─ Não vê quantas cabeças quase rodam no pescoço quando você passa? Como as mulheres ficam encantadas com não só a sua aparência, mas todo o seu jeito galanteador e sensível?

Galanteador novamente?

─ Uau, Bella. Eu realmente não costumo notar essas coisas ─ falei com sinceridade.

─ Não é possível, Edward! Você mal notou como afetou Jane? Não percebeu como ela estava “toda” risonha, as bochechas vermelhas e mal manteve contato visual com você?

Será que aquilo tudo poderia indicar que a própria Bella também se sentia afetada por mim? Era uma maneira de ela dizer, com a sutileza que me faltava, que aquela era a forma como ela me via? Seria muito baixo jogar verde com ela para tentar descobrir?

─ Não sou tão observador assim, Bella. E acabei de conhecer Jane, poderia dizer que esse comportamento dela é o “normal” ─ falei, dando de ombros e Bella ergueu uma sobrancelha, ainda parecendo descrente ─ Quero dizer, você, por exemplo, está sempre corando na minha presença e nem por isso eu penso que é porque você está sendo “afetada” por mim.

É, pelo menos daquela vez, eu não estava tentando ser sutil.

E como eu já esperava, as bochechas de Bella atingiram um adorável tom de rosa, ela abriu e fechou a boca algumas vezes, como se não soubesse o que dizer, os olhos meio arregalados com a minha “audácia”.

─ Ah... Er... Olha só agora você só está tentando me confundir! ─ ela resmungou, cruzando os braços e marcando seu busto volumoso e arredondado; o colo dela era lindo e estava marcado pelo decote em forma de gota entre o tecido de sua blusa.

Ela corou mais quando não consegui desviar meus olhos de seu corpo e descruzou os braços, apoiando as mãos nas coxas... Grossas e perfeitas dela. Bella estava sempre linda, mas naquela tarde, especialmente, ela estava impecável, realmente portando a imagem de esposa do dono daquele local. Ela pigarreou, chamando minha atenção, e parei com minhas indelicadezas.

Voltei meu olhar para seu rosto rosado e ela suspirou quando nossos olhos finalmente se encontraram. Aqueles chocolates derretidos que tanto me atraíam, pareciam ímãs e, eu, uma limalha de ferro extremamente magnetizada e...

─ Olha só quem está aqui! ─ ouvi a voz de Laurent soar pelo ambiente. Em segundos ele entrou em meu campo de visão com um sorriso gigante no rosto ─ Edward! Bella!

─ Olá Laurent! ─ eu e Bella o cumprimentamos em uníssono. Ela deu uma risadinha e olhou de soslaio para mim.

─ Aro está livre agora, me acompanhem, por favor! ─ disse Laurent e percebi o tom de “carinho” quando ele pronunciou o nome do chefe.

Nos últimos quatro dias desde a festa de Páscoa, Bella havia me dito que Aro estava se esforçando para chegar mais cedo em casa, para pelo menos jantar com ela e Alice.

Ouvir aquilo me trazia um misto de sentimentos; se por um lado eu estava feliz, porque era claro o quanto a relação de Aro com a Pequenina poderia melhorar e se fortalecer com pequenas mudanças nas atitudes dele, por outro, me ansiava pensar que a reaproximação dele poderia significar que ele queria reassumir outros postos na vida das duas; aliás, na de Bella (porque eu sabia que era importante ele agir como pai da Pequenina e jamais me oporia àquilo).

Eu ainda não sabia se aquele meu pensamento, a respeito de Aro, no Domingo de Páscoa poderia ser verdadeiro; ainda não tinha tido coragem de perguntar à Bella, mas pelo jeito eu estava errado.

Talvez ele a quisesse como sua esposa mesmo, quem poderia julgá-lo? Será que Bella o aceitaria de volta, será que, pelo bem de Alice ela tentaria reconstruir, ou melhor, construir uma relação de marido e mulher com Aro?

Eu e Bella seguimos Laurent por um corredor até nos depararmos com a elegante porta de madeira, já aberta, do escritório de Aro Volturi. Era um cômodo amplo e bem chique, a maioria dos móveis também de madeira e ele estava sentado à mesa. Nos aguardava com um sorriso simpático e logo se pronunciou:

─ Seja bem-vindo, Edward. Olá, Bella. Que bom que vieram, é bom poder discutir o patrocínio de causas que realmente valem a pena...

17:45h, Casa dos Volturi – parcialmente nublado.

─ Eu sei que não queria “ser bancado” quando fosse para Nova Iorque, como um menino mimado e que consegue tudo de mão beijada, mas encare isso como um patrocínio, Edward, porque é isso o que realmente é. Edward, eu já o conheço o suficiente para saber o que está pensando! ─ Bella falou, diante de minha expressão surpresa, enquanto nos acomodávamos no sofá de sua sala.

─ Caramba, Bella, eu achava que a mulher que melhor me conhecia era a minha mãe, mas você está bem perto dela ─ falei e ela deu uma risada adorável.

─ E suas namoradas? Até parece que não teve várias ─ disse ela com uma careta suave em seu rosto... Seria uma expressão de ciúmes?

─ Não tive, pra ser bem sincero ─ respondi, dando de ombros.

Aquele não era um assunto que me deixava desconfortável. Eu estava certo de quem eu era e de como me sentia – não sem antes de ter penado um pouco por causa das “expectativas da sociedade” de que eu fosse um cara “pegador”.

─ Cheguei sim a levar algumas garotas para conhecer a ONG, mas nenhuma delas pareceu tão interessada quanto você...

Ai, Senhor, cadê meu filtro? As bochechas de Bella tornaram-se vermelhas, como usual, e ela mordeu levemente o lábio inferior.

─ O que quis dizer... É que eu não namoraria alguém que não desse importância para as pessoas que eu amo, que não gostasse de conviver com os meninos, sabe? Ou que não me apoiasse em meus sonhos ─ disse, tentando consertar minha falta de noção. Mas, é claro, Bella se encaixava totalmente na descrição contrária a tudo o que eu havia dito, então a minha sutileza caía por terra, só para dar uma variada.

─ Ah, eu entendo. Bem, você tem razão. Uma pessoa que não estivesse disposta a valorizar as suas batalhas e conquistas ou pior, não gostasse daqueles meninos, o que é um incrível absurdo, não mereceria estar com você ─ Bella disse, fazendo uma carranca ─ Como é que alguém poderia não gostar deles? ─ perguntou, em tom indignado.

─ Acredite, tudo é possível ─ comentei e ela suspirou ─ Bella, não precisamos buscar Alice? ─ perguntei, preocupado com a Pequenina quando me dei conta do horário de saída da escola.

─ Ah, não se preocupe, hoje a Sra. Whitlock vai buscá-la para mim. Como eu não sabia a que horas voltaríamos da conversa com Aro, pedi-a para fazer esse favor ─ ela respondeu, sorrindo-me lindamente.

─ Certo... ─ murmurei e bocejei em seguida. A semana havia sido puxada, com eventos todas as noites, inclusive aquela não seria diferente ─ Então, Bella, já vou me adiantando. Tenho que tocar num casamento hoje ─ falei, levantando-me e me espreguiçando.

─ Oh, tudo bem ─ Bella assentiu e por um segundo eu achei que ela estivesse triste com a minha partida, mas, se foi o caso, ela disfarçou bem com um pequeno sorriso.

Bella se levantou e acompanhou-me até a porta. Ela estava cada dia mais linda, cada dia mais espontânea comigo, o que fazia eu me apaixonar por ela ainda mais.

─ Até segunda, então? ─ ela me perguntou e eu concordei com a cabeça.

─ Segunda ─ afirmei, sorrindo para ela que corou novamente.

Segunda-feira seria o dia em que a ONG receberia os primeiros equipamentos de culinária – como fogões, batedeiras, geladeiras – patrocinadas por Aro, que seriam instalados numa das salas vagas. Assim que tudo fosse instalado, Bella começaria a dar as aulas de culinária para os jovens, cerca de metade deles havia manifestado interesse em participar das aulas dela; Bella parecia empolgada e nervosa ao mesmo tempo.

─ Tenho certeza de que vai dar tudo certo ─ falei afagando seus braços suavemente. Bella suspirou e, surpreendendo-me, me deu um abraço apertado.

─ Obrigada por tudo e principalmente por acreditar em mim. Por me mostrar que eu não precisava ficar aqui em casa o dia todo, que há mais do mundo para ver ─ ela murmurou, o rosto delicado apoiado em meu peito e seus olhos chocolate derretidos e brilhantes me encarando.

Rodeei a cintura dela com meus braços, apoiando minhas mãos na base de sua coluna e ela estremeceu e sussurrou meu nome antes de fechar os olhos. Eu começava a acreditar em minha mãe. Até mesmo em Laurent.

Os dois enxergavam coisas em mim e em Bella que eu custava a acreditar. Mas, naquele momento, com ela em meus braços daquela forma, eu acreditava que ela já tinha me dado todos os sinais. Faltava só a cereja do bolo. Ela estava disponível para mim, vulnerável de mente, corpo e alma e eu só precisava me inclinar um pouco para que nossos lábios finalmente se encontrassem.

E então, nós nos afastamos quando uma buzina nos despertou de nossas expectativas; Bella abriu os olhos e os desviou dos meus, dando uma risadinha e corando adoravelmente. Ao abrir a porta, deparamo-nos com uma Alice sorridente acompanhada pela Senhora Whitlock e pelo pequeno Jasper.

─ Príncipe Edward! ─ a Pequenina exclamou animada e eu me derreti por ela. Eu trocaria todos os eventos do mundo só para passar mais um tempinho com Alice e Bella.

E eu percebi que estava completamente rendido e completamente pronto para arcar com quaisquer que fossem as consequências de quando eu finalmente me declarasse para Isabella Volturi – eu esperava que, num futuro não muito distante, ela não mais tivesse aquele sobrenome.

Segunda-feira, 28 de abril de 2014 – 14:00h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 11°C – nublado.

Olá, mulher mais linda que eu já vi na vida Bella.

Infelizmente não poderei ir à ONG hoje. Eu e a banda fomos chamados para cobrir um evento de última hora, é um saco, porque tudo o que eu mais queria era te ver, principalmente te apoiar mais de pertinho e ajudá-la a organizar a Sala de Culinária, mas, de qualquer forma, não se preocupe, dará tudo certo. Nos vemos amanhã na aula de Alice, a não ser que você queira se encontrar comigo hoje à noite.

Beijos, Até lá,

Seu Edward.

Eu apaguei e reescrevi a mensagem várias vezes, pelo menos a possibilidade de editá-la antes de enviá-la me permitia usar o meu filtro com sensatez. Bella me respondeu minutos depois, disse que compreendia e que realmente esperava que tudo desse certo. Era realmente uma droga, mas eu não poderia acompanhá-la no recebimento dos materiais de culinária, como havia planejado. Teria que me contentar com mais um dia sem a presença dela e da Pequenina na minha vida.

Terça-feira, 29 de abril de 2014 – 09:20h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 13°C – parcialmente nublado.

─ Bom dia, Edward! ─ Alice exclamou ao abrir a porta e me deu um abraço apertado.

─ Bom dia, Pequenina! ─ cumprimentei-a, abraçando-a de volta e sorrindo para ela ─ Cadê sua mãe? ─ perguntei, estranhando ao não ver Bella acompanhando-a e me lembrando do dia da primeira aula de piano de Alice, quando Bella pedira para que ela não abrisse a porta sozinha.

Ao contrário, Rosalie estava com a Pequenina, e mantinha um sorriso malicioso no rosto.

─ Ah, mamãe foi ao mercado com o tio Emmett. Acho que eles iam comprar algumas coisas para as aulas na ONG. Eles querem ensinar as crianças como fazer pizzas ─ Alice respondeu.

─ E ela te deixou com essa maluca aí, é? ─ brinquei. Alice deu uma risadinha e tapou a boca rapidamente, mas não passou despercebida por Rosalie, e acabou se escondendo atrás de mim.

─ É, essa “maluca” aqui está cuidando muito bem de Alice, se quer saber ─ Rose resmungou ─ Apesar de que não há muito para ser feito, porque Bella já deixou tudo preparado, estava só arrumando a mesa para Alice tomar o café da manhã.

─ Tudo bem, eu espero Alice tomar café, você pode ir embora assim que ela acabar ─ falei, rindo da cara dela, e Rose estreitou os olhos para mim.

─ Você me paga, Edward Cullen ─ ela resmungou mais uma vez e caminhou em direção à cozinha.

Alice riu, ainda atrás de mim e olhei-a.

─ É sempre assim com vocês dois? Vocês estão sempre implicando um com o outro ─ ela constatou e eu sorri.

─ É o bom de se ter primos quando não se tem irmãos, sabe? A gente briga se divertindo e sabe que se ama e se protege a qualquer custo ─ falei.

─ Ah ─ Alice murmurou, a carinha assumindo uma feição triste ─ Eu não tenho irmãos... Nem primos ─ disse, suspirando e fazendo um biquinho.

─ Bem, nem sempre é preciso ter um parente de sangue pra ter uma relação parecida ─ falei, abaixando-me na altura dela e acariciando seu rosto ─ Um amigo, ou amiga também basta... E pelo que vi, a mocinha anda fazendo vários amigos na ONG, não é? ─ provoquei, piscando para ela, observando a expressão triste se transformar num grande e lindo sorriso.

─ Sim... Principalmente a Bree. Ela é a melhor de todas ─ Alice afirmou e me abraçou novamente, rodeando seus pequenos bracinhos em meu pescoço ─ E eu sei que só conheci ela porque conheci você antes, então muito obrigada por entrar na minha vida! Você fez tudo melhorar, até o meu pai está chegando mais cedo em casa! ─ ela murmurou, deitando a cabeça em meu ombro e fungando.

Senti-me emocionar também. Ela ainda mal fazia ideia de como nossa ligação era especial. Ia muito além do momento em que nos conhecemos presencialmente na festa de aniversário dela, afinal, nossas células haviam se conhecido anos antes; o que acontecera era mais como um reencontro, um (re)conhecimento.

─ Oh, meu Deus, que fofura! ─ Rose falou e fungou em seguida. Olhei para ela, que estava com os olhos marejados e acariciava a sua ainda “intacta” barriga.

Rosalie sorriu para mim, ela parecia bastante feliz. Eu ainda tinha que conversar direito com ela sobre o noivado repentino; por mais que eu estivesse aliviado em saber da boa reação de Emmett em relação à gravidez, não queria que ela se precipitasse e entrasse num casamento apenas pensando no bebê. Ela precisava saber que teria o meu apoio qualquer que fosse a escolha dela.

11:30h, 19°C – nublado

Hello, crianças, cheguei! ─ Emmett exclamou assim que cruzou a porta de entrada da Casa Volturi.

─ Tio Emm! ─ Alice gritou, furiosa por ele tê-la interrompido. Ela estava avançando cada vez mais no piano e a concentração dela era invejável; ela estava quase conseguindo tocar completamente, pela primeira vez, a versão simplificada da música tema de “O Lago dos Cisnes”.

─ Desculpe B2, não fique brava. Meu Deus, Alice, que cara mais feia, cadê a minha princesinha, hein? ─ Emmett a repreendeu e ela bufou.

─ É porque agora a minha aula já acabou e eu não consegui finalizar a música! ─ Alice choramingou e cruzou os braços, fazendo o mesmo biquinho de sempre.

─ Ah, Alicinha, deixa de manha, vai, você tem esse pianão aí pra praticar o resto da sua vida ─ Emmett brincou e Alice bufou novamente. Eu me perguntava aonde estaria Bella... Ela não deveria ter voltado com ele?

─ Er... Emmett, aonde está Bella? ─ perguntei e só aí a Pequenina também se deu conta de que a mãe não estava junto. Ela franziu o cenho, parecendo preocupada.

─ Ah, cara, eu dei uma carona pra Bella até a ONG. Ela disse que achou melhor levar as compras de uma vez pra lá e me pediu para coordenar o dia da Alice... Ela disse que seria um bom treino para... Bem você sabe ─ disse ele, meio constrangido e assenti. Eu sabia perfeitamente do que ele estava falando. Um sorriso quase escapou de meus lábios.

“Cara, não, por favor, não ria de mim. Mas enfim, Alicinha, isso me lembrou, sua mãe mandou você ir para o banho . Por favor, você colabore comigo, sim? Sob pena de eu nunca mais cuidar de você, minha princesa”.

Alice riu da cara do “tio” e levantou-se da banqueta do piano. Ela começou a subir os degraus das escadas, mas parou no meio do caminho e olhou profundamente nos olhos de Emmett antes de dizer:

─ Olha só, eu só não brigo mais com você porque sei que você e Rosalie vão ser pais e que você está tentando muito ser mais responsável. Mas, por favor, da próxima vez que você vier aqui e eu estiver na aula de piano, é melhor você ficar bem quietinho!

─ Alice, Alice! ─ Emmett a repreendeu, cruzando os braços, tentando (e falhando miseravelmente em) ser sério ─ Você vá já para o banho.

Ela deu uma risadinha antes de obedecer ao padrinho, que, por sua vez, assumiu o lugar dela ao piano – sentando-se de costas para as teclas e suspirando.

─ Essa coisa de paternidade é difícil ─ disse ele, olhando-me com os olhos arregalados.

─ Não se preocupe, você ainda tem uns oito meses pra ir se acostumando com a ideia ─ falei, apertando seu ombro de forma amigável. Ele pareceu mais aliviado e sorriu para mim.

─ Tomara que eu me acostume mesmo ─ disse Emmett, levantando-se ─ Vou ajeitar o almoço da B2, quer me ajudar?

─ Claro ─ murmurei, acenando com a cabeça. Era tão esquisito que Bella não estivesse ali naquele momento. Era geralmente naquela hora do dia que a gente conversava amenidades e compartilhava sobre o que havia acontecido no dia anterior e nossas expectativas para o resto da semana.

Era mais esquisito ainda que Bella tivesse decidido ir à ONG tão repentinamente, porque eu sempre dava caronas para que pudéssemos ir juntos até lá. Mas talvez ela realmente achasse melhor já ir organizando tudo...

Terça-feira, 13 de maio de 2014 – 17:20h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 14°C – chuva fraca.

A não ser que ela estivesse me evitando. Teria sido o nosso quase beijo (ou quase beijos) da(s) última(s) vez(es) em que havíamos nos visto? Seria a minha falta de filtro ou a minha tentativa de fazê-la confessar seus sentimentos por mim antes mesmo que eu o fizesse?

Ela já havia começado a dar as aulas de culinária na ONG, tudo parecia caminhar perfeitamente bem, exceto o fato de que quase não nos encontrávamos mais e era sempre porque ela estava indisponível.

Nas últimas cinco aulas de piano de Alice, por exemplo, Bella estava “ocupada demais” (com exatamente o que eu não sabia) para estar em casa, então era Emmett quem estava assumindo as funções de ficar com Alice durante as manhãs e levá-la para a escola – e a Pequenina estava adorando, porque por mais que o padrinho se esforçasse, ele não era tão organizado e tão rígido quanto a mãe, segundo palavras dela própria.

Na ONG, nós também estávamos nos desencontrando muito; quando eu chegava, ela geralmente já estava dando aulas e, mesmo nos períodos livres, Bella preferia passá-los com qualquer um que fosse eu, a não ser que estivéssemos em mais pessoas. Nós nunca mais havíamos ficado sozinhos.

Isso tornava impossível a minha ideia de declarar meus sentimentos por ela.

─ Edward, isso pode ser só coincidência, não pode? ─ Rose perguntou ─ Bella tem mesmo ficado bastante atarefada. Querendo ou não é uma nova responsabilidade, é uma fase de adaptação.

Estávamos na sala de minha mãe e eu havia acabado de contar para as duas sobre o que andava acontecendo nos últimos dias.

─ Tem certeza de que nos contou tudo, Edward? ─ mamãe perguntou com uma sobrancelha erguida.

─ Tenho! ─ resmunguei, bufando.

─ Você não fez alguma besteira fez? ─ Dona Esme seguiu perguntando, estreitando os olhos para mim e eu bufei novamente.

É claro que não! Poxa, mãe! A senhora viu como eu sempre a tratei bem e quando eu finalmente estou preparado para confessar meus sentimentos ela simplesmente some!

─ Você está preparado?! ─ mamãe indagou, parecendo bastante emocionada ─ Edward, você tem certeza, meu amor?

Acenei com a cabeça positivamente, um pouco amuado. Eu tinha certeza, a maior delas para ser sincero, mas agora o motivo daquilo tudo, Bella, estava fugindo de mim como o diabo foge da cruz.

─ Então não desista, ! ─ Rose exclamou, como se fosse óbvio (ou fácil) ─ Se eu fosse ela e tivesse um rapaz como você correndo atrás de mim eu não te soltava nunca ─ completou, um olhar sonhador no rosto.

Realmente, a gravidez – e o relacionamento com Emmett – mudara Rosalie de um jeito que eu jamais imaginaria ser possível.

─ Você quer que eu faça o que? Que eu invada a casa dela à meia noite porque esse é o horário que eu tenho certeza de que ela estará lá?

─ Argh! Como sempre, dramático. Tia Esme, Edward deveria dar aulas de teatro focado em drama e não de música ─ Rose resmungou, fazendo mamãe rir. Eu bufei de novo ─ Deixa de ser bobo, já pensou em ligar para ela e marcar um encontro?

─ É? E dizer o que? “Bella, eu sei que você é casada, mas topa ir a um encontro comigo? É que eu tenho que confessar meus sentimentos para você!”. Olha só, eu acho que o motivo do afastamento dela é justamente esse. Ela deveria estar se incomodando com a minha presença. Deve ter preferido dar uma chance ao casamento dela com Aro, agora que ele está sendo mais presente na vida de Alice ─ murmurei, sentindo-me derrotado.

─ Rosalie tem razão. Filho, você é realmente muito criativo. Não precisaria dizer essas coisas à Bella, muito menos por telefone. Eu não acho que ela voltaria a ter algo com Aro, não depois de ela ter conhecido você. Vejo sim, muito carinho e muita cumplicidade na relação dos dois, mas é isso, não tem paixão nem amor romântico. Acho que não custaria nada se você dissesse para ela como se sente de verdade.

Minha mãe falara aquelas palavras com tanta certeza que eu me perguntei se ela não sabia mais do que permitia transparecer, para além do modo como ela mesma havia observado eu e Bella juntos.

─ Você tem certeza, mãe? ─ indaguei-a ─ Chegou a conversar com Bella sobre isso?

─ Se você acha que eu vou te dizer uma palavra a mais do que eu já disse, você realmente não me conhece, Edward Cullen ─ mamãe brincou e eu revirei os olhos ─ Vou te colocar no cantinho do castigo ─ ela ralhou comigo e nós três rimos.

Eu ainda estava na dúvida se deveria ouvir Dona Esme; o “gelo” de Bella estava me fazendo repensar se eu havia interpretado os “sinais” dela de maneira correta. Talvez eu tivesse me precipitado e ela realmente me visse apenas como um amigo.

Quinta-feira, 15 de maio de 2014 – 08:15h, Quarto do Flat do Edward, Chicago, Illinois, 7°C – chuva fraca/ventania.

O barulho insistente de meu celular me despertou. Ainda estava muito cedo para ser o alarme de despertar. Bocejando, peguei-o da mesa de cabeceira e quase xinguei ao ver o nome de Rosalie piscando na tela. Ela sabia muito bem que não deveria me acordar, eu estava exausto da apresentação da noite anterior.

Desliguei a ligação, coloquei o celular de volta na mesinha e fechei os olhos, tentando dormir novamente. Porém, a Loura era muito insistente e acabei cedendo.

─ Rosalie ─ grunhi o nome dela ─ Que absurdo é esse de me ligar a uma hora dessas? Você sabe que trabalhei ontem até a madrugada! ─ resmunguei.

─ Príncipe Edward, você pode vir aqui? ─ a voz de Alice soou do outro lado da linha, despertando-me completamente e eu me xinguei mentalmente; é claro que se eu soubesse que era ela me ligando eu teria atendido ao primeiro toque!

─ Pequenina, o que está acontecendo? ─ perguntei, levantando-me rapidamente da cama, preocupado com o motivo da ligação de Alice. Ela nunca havia me ligado. Por que ela me pediria para ir à casa dela justamente no dia que eu já lhe dava aula? E mais, por que através do celular de Rosalie? Medo tomou conta de mim, o meu coração acelerou quando eu só conseguia pensar que algo de muito ruim havia acontecido.

─ Por favor, Príncipe Edward, só chegue mais cedo hoje, sim? ─ ela falou e desligou a ligação no mesmo instante.

Desesperado e preocupado, tentei ligar de volta para minha prima, mas sem sucesso; o número de Bella também caia direto na caixa postal, então eu me arrumei e em menos de dez minutos – o que talvez tenha me rendido algumas multas – cheguei à Casa Volturi.

08:23 – Casa dos Volturi

Estranhei ao ver o carro de Emmett – além do de Rose – estacionados na frente da casa. Mas então, talvez Bella já tivesse saído – como nos outros dias – e Alice estivesse com problemas com o padrinho e a professora de matemática. Aqueles dois iriam ver só!

A porta da casa estava entreaberta, o que permitia que algumas gotas de chuva molhassem o hall de entrada. Meu coração disparou novamente ao pensar o pior, por que teriam deixado a porta daquele jeito? Eu nem precisei abri-la completamente, para ouvir vozes – duas, mais precisamente – vindas da sala de estar. Eram de Bella e Emmett. Então ela ainda estava em casa.

─ Olha, B1, deixa de besteira. Ele arrasta um caminhão pra você. E quanto a Aro, você sabe que a relação de vocês é estritamente pela amizade e por Alice, acha mesmo que vale a pena continuar com ele só por causa disso? Já cogitou, alguma vez na vida, pensar em você? Olha só, Alice já está grandinha e convenhamos, está muito mais acostumada com Edward do que com o próprio pai, acho que ela aguentaria um divórcio.

Perguntei-me se seria certo ouvir a conversa alheia ou entrar de vez na casa e me fazer notar, mas então lembrei-me de que Alice me ligara, talvez justamente para que eu a ouvisse. Qual outro motivo seria?

─ Mas justo agora que Aro está se aproximando dela, Emmett? ─ Bella indagou ─ Acha que seria justo? Edward mesmo está indo para Nova Iorque em poucos meses, querendo ou não, ele não passará mais tanto tempo assim com Alice. Ele provavelmente vai esquecer a gente no momento em que pôr os pés lá; ele é jovem e bonito, tem a vida toda pela frente, por que iria querer se amarrar a uma mulher que já tem uma filha e que só agora despertou para a vida?

Eu quis contestar a fala dela, dizer que ela era a mulher mais incrível que eu já havia conhecido e eu estava completa e perdidamente apaixonado por ela; eu amava a filha dela com todo o meu coração – e por mais medo que eu sentisse, estava começando a perceber que a amava também. Oh, Deus, eu amava Bella!

─ Preciso listar todas as suas qualidades pra você enxergar a mesma coisa que todo mundo ao seu redor? ─ Emmett resmungou ─ Bella, pelo amor de Deus, aquele cara é doido por você, todo mundo percebe isso, até a Alicinha! E ele é doido pela B2 também, eu vejo a maneira como ele é atencioso, como ele se preocupa com ela, quantos caras estariam dispostos a cuidar da filha de outro homem?

Finalmente Emmett estava sendo sensato o suficiente numa conversa a ponto de eu achar que Bella o levaria a sério.

─ Exato, Emmett. Eu não sei se ele está! Uma coisa é ele ser desse jeito durante o tempo em que passa com ela, e não o estou criticando, longe disso, mas as responsabilidades que ele tem com ela agora são completamente diferentes das que se ele assumisse um posto de... ─ Bella hesitou e suspirou antes de continuar a sua fala ─ Padrasto, por exemplo.

─ Bella, você nunca vai saber se não se arriscar.

─ Eu não estaria arriscando somente a minha vida, Emmett. Seria mesmo justo com Alice mudar tudo?

─ Você está sendo justa consigo mesma? Permanecer num casamento sem amor por tanto tempo, e agora que finalmente se apaixonou por alguém você quer abrir mão disso? Por alguns quilômetros e dois anos? Vale a pena mesmo?

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava surpreso com a seriedade com que Emmett dizia aquelas palavras. Ele parecia realmente preocupado em ajudar a melhor amiga. E ele dissera que ela estava apaixonada?

─ Emmett, e se não der certo? ─ Bella falou em tom baixo e ouvi-a fungar. Oh, droga, ela estava chorando? Por minha causa? Eu estava quase interrompendo aquela conversa, quando ela continuou ─ E se ele encontrar alguém em Nova Iorque? Se ele perceber que não vale a pena assumir responsabilidades em relação à Alice? Você acha que valeria a pena, fazer minha filha passar por isso? Depois de tudo o que ela já passou com Aro?

“Sabe, eu não duvido da palavra dele quando Edward diz que vai voltar para cá; eu sei como a ONG e as crianças são importantes para ele, mas isso não quer dizer que eu e Alice ocupemos ou iremos continuar ocupando um lugar ‘especial’ na vida dele”.

─ Ele não me parece o tipo de cara que entraria num relacionamento se não tivesse certeza, ainda mais por envolver uma criança no meio, e olha, eu conheço muitos caras assim. Além do mais, valeria sim a pena, um divórcio por você, acima de todo e qualquer motivo, Bella. Mesmo que não fique com ele, porque, como já falei, você já aguentou por tempo demais esse casamento de mentira. Fora que o contrato dos seus pais não impossibilitava um divórcio!

“Você abdicou demais da sua vida pelos outros, Bella. Primeiro por seus pais, sempre se submetendo a eles, até o seu casamento só aconteceu por intercorrência deles! Depois, é claro, teve o nascimento de Alice e os anos de tratamento dela e agora que entrou na ONG, parece que só tem tempo para os jovens de lá! Você também ainda tem o resto de sua vida pela frente, vai continuar cuidando de todo mundo menos de si mesma? É isso o que quer ensinar para Alice?” ele questionou em tom sério e eu estava quase aplaudindo-o, Emmett estava completamente certo. A porta de entrada, porém, escancarou-se com o vento e eu tive que segurar a maçaneta para que ela não batesse contra a parede.

─ Nossa, que frio!

─ Não desconversa não, B1 ─ Emmett murmurou.

─ Não estou desconversando, só estou com frio! ─ ouvi Bella resmungar e passos se aproximarem do hall de entrada. Entrei em pânico sem saber ao certo o que fazer. Deveria sair correndo dali e me esconder? Só voltar no horário da aula de Alice?  ─ Mas quem foi que deixou a porta aber...

Tarde demais, Bella estava ali, à minha frente, com as bochechas vermelhas e os olhos arregalados brilhando em lágrimas, a boca aberta em expressão de susto e eu não simplesmente não sabia aonde enfiar a minha cara.

─ Ah... Bom dia, Bella?

─ Edward... O que está fazendo aqui tão cedo? ─ ela perguntou com a voz um pouco embargada, parecendo ainda em choque. E droga, ela estava mesmo chorando! ─ E todo molhado, você pegou essa chuva? Meu Deus, entre antes que fique doente!

Só então eu percebi que havia me molhado – já que estive ouvindo a conversa deles, durante todo o tempo, do lado de fora da casa.

─ Ah, eu... Sim, obrigado, Bella ─ murmurei, um pouco sem graça e entrei na casa; Bella fechou a porta rapidamente atrás de mim e ainda me encarava. Eu nem sabia explicar o porquê de estar ali mais cedo. Afinal, Alice me ligara e só agora eu começava a entender o motivo.

─ Olá, Edward! ─ Emmett falou, nada surpreso com a minha presença; muito pelo contrário, ele tinha um sorriso brincalhão no rosto e então eu entendi que tudo aquilo tinha sido uma armação entre ele, Rosalie e Alice!

─ Bom dia Emmett! ─ falei estreitando meus olhos para ele, que sorriu ainda mais.

─ Venha aqui, Edward, por favor! ─ disse Bella, gesticulando para que eu a seguisse até a cozinha. Nós passamos por uma das portas e conheci a sua “área de serviço” ─ Olha, é melhor você tirar essas roupas antes que pegue uma gripe. Vou ver se tem alguma peça que sirva em você no quarto de Aro ─ disse ela antes de deixar o cômodo. Quarto de Aro? Nem no mesmo quarto eles dormiam então?

Eu repassava a conversa dela com Emmett na minha cabeça, ele dissera que ela estava apaixonada por mim com tanta certeza que parecia ser mais do que uma mera impressão, será que Bella já havia dito aquilo para ele? Será que fora quando (segundo o que Alice contara) ela dissera que me namoraria?

Estremeci e não foi só pelo arrepio que percorria minha coluna; era melhor mesmo eu tirar aquela roupa molhada antes que eu ficasse doente. Tirei meu casaco e minha camiseta de mangas compridas e coloquei-os sobre a máquina de lavar roupas de Bella. Ela voltou ao cômodo com um montinho de roupas nos braços e corou fortemente o me ver com o torso despido.

─ Eu trouxe algumas peças, veja se alguma delas cabe ─ disse ela, estendendo uma toalha felpuda e uma camiseta azul escuro, e desviando o rosto para a cozinha ─ Desculpe, não sabia que já estaria... Bem... Assim ─ Bella gesticulou na minha direção, ainda sem me olhar.

─ Está tudo bem, eu só tirei a blusa porque já estava começando a sentir frio ─ falei e ela bufou.

─ Ainda não entendi o que estava fazendo lá for na chuva! Sempre que você chega aqui mais cedo sabe que pode muito bem entrar! ─ ela ralhou comigo e finalmente voltou a olhar para mim. Eu já havia me secado (a minha parte superior pelo menos) e me vestido. Bella franziu o cenho e arregalou os olhos, olhando para as próprias vestimentas.

Percebi, então, que ela ainda estava de pijamas (ou seria um conjunto xadrez?); a camisa já tinha poucos botões e o primeiro estava desabotoado – colaborando para a minha “famosa” e fértil imaginação – permitindo-me ver um pouco mais de seu colo.

─ Ah, droga! ─ exclamou ela, corando e abotoando o dito botão (para a tristeza da minha imaginação e alegria do meu filtro) ─ Me desculpe por isso, você chegou mais cedo e...

─ Está tudo bem ─ murmurei, um pouco à contragosto. “Contenha-se, homem!” meus próprios pensamentos soaram.

─ Tem essas duas calças aqui ─ disse ela rapidamente, como se quisesse contornar a situação e entregando-me mais peças de roupa ─ Você pode deixar as suas roupas penduradas naquele varal. Tem pregadores no armário ─ continuou Bella, apontando enquanto falava ─ Vista-se e depois conversamos ─ finalizou antes de sair da área de serviço, fechando a porta atrás de si.

Aquilo estava longe de ser um pedido e eu comecei a desconfiar que ela estava nervosa com a possibilidade de eu ter ouvido a conversa dela com Emmett.

Troquei-me rapidamente e após pendurar minhas roupas úmidas, saí do cômodo; não via mais sinal algum de Emmett na sala e Bella me aguardava sentada à mesa da cozinha; as bochechas ainda coradas e o olhar parecia preocupado.

─ Oi ─ falei, sentando-me ao lado dela. Bella suspirou antes de me encarar.

─ Olá ─ ela murmurou, apoiando o rosto nas mãos ─ Há quanto tempo você havia chegado? ─ perguntou após alguns minutos de silêncio e hesitação.

─ Há algum tempo ─ falei com sinceridade. Estava mesmo na hora de “por os pingos nos is”, nós dois merecíamos aquilo. Era melhor esclarecer tudo o mais rápido possível e assim poderíamos decidir o que fazer.

O rosto de Bella ficou ainda mais vermelho e ela desviou o olhar do meu, encarando a mesa.

─ Então você ouviu... ─ ela não conseguiu terminar a frase, como se a emoção tomasse conta dela novamente. Bella engoliu em seco e percebi que seus olhos se encheram de lágrimas de novo.

─ Eu ouvi sim um pouco de sua conversa com Emmett ─ afirmei ─ Mas é claro que metade do que vocês falaram dá mais margem para eu interpretar do jeito que eu quiser do que, de fato, ter respostas concretas, certezas, vindas diretamente de você ─ esclareci.

Bella suspirou, ainda sem olhar em meus olhos e algumas lágrimas escorreram por seu rosto de porcelana. Eu suspirei antes de continuar. Odiava vê-la daquela forma, mas nós precisávamos conversar.

─ E porque nesses últimos dias você tem estado sempre tão longe... ─ continuei ─ Eu comecei a duvidar se o que eu estava obtendo de você essas semanas todas eram sinais verdadeiros ou apenas a minha mente me pregando peças, me fazendo acreditar que o que eu estava vendo à minha frente tinha um sentido diferente da realidade.

Isabella finalmente olhou para mim, com o cenho franzido, mas pelo menos ela me permitia ver a beleza de seus olhos chocolate. Havia uma mistura de sentimentos neles: tristeza, medo... Amor?

─ Me desculpe ─ disse ela, a voz um pouco falha por causa do choro ─ Eu achei que precisava me distanciar porque precisava esclarecer algumas coisas para mim mesma. Achei que estava começando a confundir o que sentia por você com o sentimento de gratidão por você ter salvado a vida de Alice. Eu precisava ter certeza antes de tomar qualquer decisão.

“A verdade é que...” Bella hesitou e tornou a encarar a madeira da mesa e colocar as mãos sobre ela “Eu sinto sim gratidão pelo que você fez por Alice, mas o que eu estava sentindo por você antes de saber disso, só cresceu depois daquele Domingo de Páscoa”.

─ E o que você estava sentindo por mim? ─ perguntei, envolvendo suas mãos aquecidas entre as minhas. Eu esperava que meu toque a fizesse olhar para mim, novamente, mas ela ficou ainda mais cabisbaixa, encarando o próprio colo e suas bochechas atingiram um novo tom de vermelho intenso.

Bella abriu e fechou a boca algumas vezes e por fim balançou a cabeça negativamente antes de erguer o rosto e me fitar com os olhos chocolate brilhantes em lágrimas, os lábios comprimidos. Meu coração se apertou no peito quando percebi como Bella estava acuada, ela tinha tanto medo de me dizer como se sentia – mas é claro que eu a compreendia. Eu precisava dar certezas a ela.

─ Casa comigo ─ as palavras simplesmente saíram de minha boca e eu senti minhas próprias bochechas esquentando.

Os olhos de Bella se arregalaram e ela parecia em choque.

─ Eu sei que você precisa de certezas, Bella. E quer saber? Eu estou completamente apaixonado por você, eu amo você. Amo nossa Pequenina e quero tê-las em minha vida pelo tempo em que eu continuar vivo ou até vocês continuarem querendo fazer parte dela, o que vier primeiro.

─ Edward... O que?

Bella parecia meio atordoada.

─ Não estou dizendo para nos casarmos agora. Senhor, eu sei que você ainda é casada, mas se você tiver alguma dúvida a respeito do que eu sinto por você e por Alice, quero que saiba que Nova Iorque não vai me impedir de continuar amando vocês duas; você sabe que eu quero voltar para cá, mas não é só por causa da ONG e da minha mãe. Você e Alice acabaram se tornando meus principais motivos.

“Quando cruzei a porta de entrada da sua casa na primeira aula de piano da Pequenina, eu mal podia adivinhar que a atração que eu outrora senti por você durante a festa dela se tornaria o maior sentimento que eu poderia ter por outra pessoa. E claro, por Alice também, apenas de um jeito diferente” continuei e vi os cantos dos lábios de Bella se transformarem num pequeno sorriso.

─ Eu te amo, Edward ─ Bella sussurrou, mordendo o lábio inferior e meu coração se acelerou no peito; não pude deixar de sorrir ─ Mas você tem certeza disso? Você é tão jovem e tem a sua vida toda pela frente, pode se interessar por outra pessoa, igualmente jovem, sem ter que se preocupar com responsabilidades...

─ Bella, você ouviu alguma palavra do que eu disse? ─ interrompi-a ─ Eu não quero outra pessoa; eu não quero uma vida sem responsabilidades. Você e Alice se tornaram a parte mais importante da minha vida ─ falei, olhando profundamente em seus olhos castanhos. Eu só esperava que ela acreditasse em mim.

Bella suspirou e fechou os olhos, como se tentasse absorver toda a nossa conversa. Então ela os abriu e me encarou com um sorriso.

─ Eu só não vou poder aceitar o seu pedido de casamento ainda... Isso porque preciso pedir o divórcio antes ─ ela falou, acariciando as minhas mãos, ainda entrelaçadas às dela ─ Mas eu aceito você, eu quero você ─ murmurou ela e eu sorri.

Desentrelacei nossas mãos e permiti que meus dedos percorressem, pela primeira vez, o rosto delicado e macio – e ainda úmido pelas lágrimas – de Bella. Ela suspirou, fechando os olhos e entreabriu os lábios, como num convite para que eu a beijasse. Inclinei-me na direção dela e antes que finalmente nos beijássemos, ouvi alguns passos se aproximando.

Distanciei-me de Bella e recolhi minhas mãos em meu colo, vendo uma pequena criaturinha aos pés das escadas nos observando com um sorriso. Atrás dela, dois adultos com cara de paisagem – e certamente com muito medo de ouvirem um sermão.

─ Ah, então foram vocês! ─ Bella exclamou, estreitando os olhos para os três ─ Olha, eu só não vou brigar com vocês, porque... ─ continuou ela, olhando do trio para mim ─ Porque eu te amo e eu sei que se não fosse esses três mexendo uns pauzinhos no dia de hoje talvez eu tivesse te deixado ir para Nova Iorque sem nem ter te dado a chance de falar comigo.

─ Ownt! Como vocês são FOFOS! ─ Alice gritou, animada e correu em nossa direção, abraçando-nos apertado pelo pescoço, fazendo-nos rir ─ Eu AMO vocês! Edward, agora você vai poder ser meu pai de verdade!

─ Também te amamos, Pequenina ─ falei e ela nos soltou, sorrindo para nós ─ Bem, Aro nunca vai deixar de ser seu pai ─ expliquei e Alice assentiu.

─ Alice, de qualquer forma eu ainda sou casada com o seu pai ─ Bella falou seriamente, olhando para a filha ─ E enquanto estiver casada com ele, enquanto eu morar sob o mesmo teto que ele, eu e Edward seremos apenas amigos, como fomos até agora.

Ela estava certa, não seria saudável para nós e muito menos para a cabecinha de Alice, vivenciar aquilo antes que Bella e Aro estivessem definitivamente separados. A cena anterior mesmo, não era a mais ideal para ela ter presenciado, se considerássemos que Alice era só uma criança.

─ Mas... ─ Alice tentou contestar, o sorriso murchando no mesmo momento.

─ Sua mãe está certa, Alice, não seria justo com o seu pai. Vamos fazer tudo direitinho; para mim já é o suficiente saber o que sua mãe sente por mim ─ falei, sorrindo para as duas e Bella retribuiu.

Alice pareceu ponderar por alguns instantes, mas acabou cedendo. Emmett e Rose logo se juntaram a nós na mesa para tomarmos café da manhã os cinco juntos.

─ Ah, Alice, eu preciso te contar mais uma coisa... ─ disse Bella, enquanto arrumava a mesa com ajuda de Emmett.

E aquela foi a manhã em que Alice descobriu uma parte muito especial de sua própria história, aquela em que eu fora o seu doador de medula óssea. A Pequenina se emocionou bastante – ela era uma das pessoas mais gratas que eu já conhecera e naquele momento não foi muito diferente.

─ Eu já te amava tanto antes, e agora mais ainda! ─ disse ela, abraçando-me apertado ─ Você é mesmo o meu pai! Se as células do pai e da mãe fazem um bebê e as suas células-tronco deram origem às minhas células-tronco, então isso significa que você também é o meu pai!

Eu nunca havia pensado por aquele ponto de vista, mas é claro que Alice conseguia dar seu toque tão autêntico e especial para tudo.

─ Você é incrível, Pequenina. Eu te amo! ─ falei, abraçando-a de volta e beijando o topo de sua cabeça. Ela suspirou antes de deitar a cabeça em meu ombro e sussurrar um “eu te amo” de volta.

E foi ali que se deu continuidade à nossa história (porque ela já havia se iniciado muito antes de nós três nos conhecermos.

Sexta-feira, 20 de junho de 2014 – 19:00h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 24°C – predominantemente nublado.

─ Edward, pode vir aqui por um instante? ─ Bella chamou-me e eu a segui até o andar de cima. Estávamos na ONG comemorando o meu aniversário de 24 anos. Isabella e Dona Esme haviam preparado uma festança, algumas crianças e jovens estavam lá e até mesmo Aro comparecera.

Ele e Bella estavam num processo de divórcio amigável e eu desconfiava que havia outra razão – além do relacionamento deles não ser nada convencional – para que Aro tivesse aceitado tão prontamente o pedido dela (era a mesma suspeita em relação a Laurent). Como eles não viviam numa relação “comum” – inclusive eles realmente dormiam em quartos separados desde o início do casamento – mesmo morando na mesma casa, o processo estava andando rapidamente e eles só esperavam pela validação do juiz.

Aro até mesmo já havia saído de casa, estava morando num apartamento próximo, o que lhe permitia continuar jantando todas as noites com a Pequenina. Era ela quem mais importava na história toda, seria saudável que ela mantivesse os vínculos – que aos poucos se reconstruíam – com o próprio pai.

─ Bella, o que está inventando? ─ brinquei quando ela pegou minha mão e me guiou até a porta da Sala de Culinária.

─ Feche os olhos! Não vale espiar ─ ela falou. Obedeci-a e ouvi o som da porta se abrindo. Ainda segurando minha mão, ela me puxou delicadamente e dei alguns passos para frente.

Bella me posicionou e soltou minha mão, percebi, para acender a luz e fechar a porta.

─ Pode abrir ─ murmurou ela.

Obedeci-a novamente e vi-me diante de um dos balcões da sala; em cima dele uma caixa toda enfeitada e um envelope. Seria meu presente de aniversário? Olhei para Bella que me fitava em expectativa com um pequeno sorriso.

Peguei o envelope e abri-o. Dentro estavam algumas folhas grampeadas... Não eram meras folhas, eram os documentos do divórcio de Bella e Aro. Assinados e autenticados pelo juiz. Bella não era mais Isabella Volturi, voltara a ser Isabella Swan.

Eu mal conseguia conter o sorriso em meus lábios.

─ Foi muito difícil esconder isso de você até hoje, queria te fazer uma surpresa ─ disse ela, apontando para a data em que o divórcio havia sido assinado. Há quase uma semana! ─ Mas agora abra a caixa, acho que vai gostar mais do que tem dentro dela.

─ Acho bem difícil ─ comentei e ela deu uma risadinha.

Abri a tampa da caixa e meus olhos quase saltaram ao ver 12 quadradinhos de brownie, cada um com uma letrinha de chocolate branco em cima formando a frase:

CASA COMIGO? ♥

─ Isabella? ─ sussurrei, a voz presa em minha garganta e sentindo meus olhos começarem a marejar. Olhei para ela que me fitava com os seus adoráveis e brilhantes olhos chocolate.

Aqueles olhos que me fascinaram desde o primeiro momento em que os vi, que me atraíam tanto!

─ Percebi que durante um bom tempo eu agi como se não confiasse o bastante em você, eu cheguei a duvidar que o que você sentia por mim e por Alice não seria o suficiente para que enfrentássemos os próximos dois anos juntos. No fundo eu sabia que estava errada, mas preferi continuar batendo na mesma tecla... Mas a mesma tecla pode fazer parte de músicas diferentes, não é? Então é hora de mudar a melodia, de escrevermos a nossa partitura.

─ Você usando referências à música é tão atraente! ─ falei, puxando-a pela cintura, colando-a contra o meu corpo, minhas mãos na base de suas costas. Ela deu mais uma risada, as bochechas tornando-se coradas ─ Eu te amo, Bella ─ sussurrei, erguendo minha mão direita e tocando suavemente em seu rosto.

─ Eu também te amo, Edward! ─ ela disse de volta, fechando os olhos e eu não desperdiçaria a oportunidade de finalmente sentir os lábios dela, não fossem os barulhos que começamos a ouvir do lado de fora.

─ Ele aceitou? Diz que ele aceitou, pelo amor de Deus! ─ ouvi Rosalie sussurrar e quase xinguei-a.

Abri a porta, vendo Rosalie, Emmett, minha mãe, Alice, Bree, Jacob e até Jasper – em sua primeira visita à ONG – tentando espiar meu momento especial com Bella. Fiz uma carranca e eles sorriram sem graça.

─ Na verdade, ele ainda não me respondeu ─ Bella brincou, abraçando-me pela cintura, aconchegando seu corpo junto ao meu e eu suspirei.

─ Ei, eu fiz o pedido primeiro, tecnicamente ─ devolvi a brincadeira e ela sorriu. Passei meu braço ao redor de seu corpo e beijei o topo de sua cabeça ─ É óbvio que eu aceito ─ falei, fitando seus olhos chocolate que brilhavam com ainda mais intensidade.

─ IEBAAA!! ─ Alice gritou e saltitou junto à Bree, as duas garotinhas animadas e Jasper, ainda que um pouco mais tímido, logo se juntou a elas.

─ Aê, cara, finalmente achou uma moça que valha a pena, né! ─ Jacob me zombou ─ Fico feliz que seja a Bella.

─ Mas olha só quem fala ─ também tirei sarro, olhando para o grande anel de compromisso em seu dedo. Ele bufou. Eu sempre vencia ─ Mas obrigado, Jake ─ falei, bagunçando o seu cabelo e ele bufou novamente, mas o pequeno sorriso em seu rosto demonstrava que Jacob realmente estava feliz por mim.

Após algumas lágrimas e mais felicitações de Dona Esme, Rose e Emmett, os bisbilhoteiros decidiram voltar para a festa e eu e Bella nos deliciamos com aqueles brownies.

─ Como você sabia que era a minha sobremesa preferida? ─ perguntei arqueando uma sobrancelha e Bella riu.

─ Minha sogra me contou ─ respondeu ela, dando-me uma piscadela ─ Alice me ajudou a fazer. Sabe, é muito bom vê-la diversificando as atividades dela. Ela passou de apenas “penteadora” para aluna de piano e até tem se arriscado na cozinha! ─ Bella me confessou e assenti.

─ É bom mesmo, fora que a Pequenina é boa em tudo o que faz.

─ Olha só, parece até um papai babão ─ ela me provocou e eu ri.

─ Por falar nela, eu tenho uma surpresa pra você, ou você achava que eu também não poderia fazer umas tramoias?

─ Ah! Como assim? Você é o maior planejador de tramoias que eu conheço ─ disse ela e eu arfei ─ Quer que eu comece por ordem alfabética ou cronológica? Teve a vez em que você planejou aquilo do Jake...

─ Ahhh, está bem ─ suspirei, rendido. Ela estava certa. Bella sorriu diante da minha concessão e acariciou minha mão.

─ Mas me diga, qual é a sua surpresa? Aliás, temos que voltar logo para a festa, você é o aniversariante, vai ser muito estranho se ficar muito tempo longe. E o que Alice tem a ver com isso?

─ Você tem razão, vamos logo ─ falei. Nós organizamos rapidamente a sala e peguei a mão de Bella, guiando-a até a Sala de Música. Ela franziu o cenho ─ Alice me falou sobre você gostar muito de uma música; eu nem a conhecia antes, mas aprendi para tocá-la para você. Eu espero que goste.

Sentei-me ao piano e Bella ficou de pé, ao meu lado. Respirei fundo algumas vezes – eu havia treinado várias vezes aquela música para que, quando eu a tocasse para Bella, saísse tudo perfeito.

Meus dedos começaram a se mover pelas teclas enquanto eu sentia o clima da sala se modificando aos poucos, enquanto a emoção tomava conta de mim e de Bella.

Não era uma música muito longa e logo ela chegou ao fim.

“Untouchable”² eu não acredito! ─ Bella murmurou com os olhos marejados, sentando-se ao meu lado.

─ Depois que peguei a letra dessa música eu até que achei que ela se encaixa bem na nossa “partitura” ─ falei e ela concordou com a cabeça, um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

─ No início dela sim. Agora nós somos totalmente “touchable” um para o outro.

─ Eu não poderia concordar mais ─ murmurei e meu coração se acelerou no peito quando ela, de olhos fechados, tocou meu rosto e puxou-o delicadamente para perto do dela. Fechei meus olhos diante da expectativa; nossos lábios finalmente se encontraram e eu me arrepiei por inteiro ao sentir a textura macia e delicada dos dela. Minhas mãos se aproximaram delicadamente da cintura dela e senti-a estremecer com o meu toque.

Bella entreabriu os lábios e pude provar seu gosto doce – principalmente de chocolate – enquanto os braços dela rodeavam meu pescoço; nossas respirações se tornaram aceleradas no compasso em que o beijo também ficava mais faminto. Quando o ar se fez necessário, nós nos separamos, arfando – eu particularmente me sentindo como um garotinho que havia dado o seu primeiro beijo.

─ Demorou, mas foi bom demais ─ ela sussurrou, ainda de olhos fechados, fazendo-nos rir.

─ Bom demais é um eufemismo ─ brinquei e ela concordou com a cabeça, permitindo-me ver seus lindos olhos chocolate novamente, aqueles olhos que eu amava tanto e que haviam aberto os meus próprios olhos para algo além da música; que haviam me ensinado que eu poderia sim abrir o meu coração para o amor e que aquilo valia muito a pena.

²“Untouchable” é uma música de Luna Halo regravada (duas vezes) por Taylor Swift (a segunda regravação é a versão usada nesta fanfic, pela questão dos direitos autorais da Taylor, já que, obviamente ela foi lançada posteriormente à época em que essa história aconteceu) e, navegando pelo youtube, acabei encontrando essa versão no piano e achei que casou perfeitamente com a história dessa Bella e desse Edward (bem, como especificado por ela, o início da história deles). Podendo ser traduzida como “Intocável” ou “Inalcançável”, era a maneira como os protagonistas se viam um em relação ao outro (pelo menos os motivos de Edward vocês já conhecem mais profundamente). A partir do momento em que eles decidiram se abrir um para o outro e dar uma chance ao que sentiam, tornaram-se “touchable” (“tocáveis”/“alcançáveis”), como a própria Bella falou.


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Notas finais do capítulo

Então, pessoal, é geralmente nessa hora que eu falo um pouquinho sobre como tive as ideias/o que me inspirou para escrever a história, porém, como esse não será o último capítulo a ser postado, deixarei para fazer isso mais para frente :)
De qualquer forma, se vocês acharem interessante, acessem o site do REDOME; como é uma fanfic que aborda (também) o tema câncer, gostaria de salientar a importância de ser um doador de medula (essencialmente de células-tronco, que dentre alguns outros métodos, podem ser colhidas através da medula óssea) e também de manter o seu cadastro sempre atualizado para que, caso haja uma compatibilidade com alguém que esteja precisando, você seja localizado.
Enfim, eu não sou especialista (nem de longe), mas vocês podem dar uma olhadinha no site que tem várias explicações a respeito de como se tornar doador e os procedimentos que existem. Qualquer dúvida, posso tentar respondê-los nos comentários da melhor maneira possível.
Aqui está o site para quem se interessar: http://redome.inca.gov.br/
MUITO obrigada pela atenção de vocês.
Nos vemos nas cenas extras!
Beijos,
Mari.



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