As Maiores Paixões da Vida escrita por Mari Pattinson


Capítulo 4
Terceiro Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Estou de volta com mais um capítulo, espero que vocês gostem (e se emocionem)!
Se quiserem, deixem nos comentários a opinião de vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801966/chapter/4

CAPÍTULO 3

Terça-feira, 15 de abril de 2014 – 08:00h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, -2°C – tempo aberto.

─ Ó, Edward, é ótimo que tenha vindo mais cedo! ─ Bella exclamou assim que passei pela porta ─ Assim poderá me ajudar com os ovos das crianças! ─ completou, puxando-me pelo casaco em direção à cozinha.

A pia gigantesca e a pequena mesa estavam ocupadas com chocolates, confeitos, potes, espátulas e diversas formas de ovos de Páscoa.

─ Bella, acho melhor eu ficar na parte da limpeza, não quero te atrapalhar ─ falei-lhe, encostando-me na abertura da parede entre o hall de entrada e a cozinha. Eu tinha zero experiências com aquilo. E se eu estragasse tudo? Ela me olhou com a cabeça um pouco inclinada e suspirou.

─ Eu prometo que não é tão difícil ─ murmurou ela, estendendo a mão para mim ─ Venha cá.

─ Por que não fazemos assim: você faz alguns sozinha e eu fico observando para tentar aprender? Posso ser seu assistente por enquanto ─ sugeri, incerto sobre aceitar o toque de sua pele e até mesmo sobre ficar fisicamente mais perto dela. Não havia dormido muito bem aquela madrugada e a culpa era todinha da minha imaginação. O que aconteceria se eu continuasse daquela maneira?

─ Tudo bem, se prefere assim ─ Bella concordou, gesticulando para que eu me aproximasse. Dei alguns passos em sua direção, tentando manter uma distância segura de seu corpo ─ O que é? Eu não mordo ─ brincou ela.

Bem... no meu sonho ela mordia, mas que droga! Ficar pensando naquele maldito sonho não me ajudaria a manter minha sanidade... Se bem que ela já tinha ido pro beleléu.

─ Ah, eu... Só...

─ Não se preocupe, Edward, vai dar tudo certo, venha! ─ disse ela, virando-se de costas para mim, privilegiando-me com o contorno de sua silhueta, que também não me ajudava em nada.

Colei-me contra o armário da pia, de forma a manter minhas mãos ocupadas com a pedra. Naquela posição, porém, eu era ainda mais privilegiado com a visão das formas de Bella, pois, por eu ser bem mais alto, via seu contorno de um ângulo que a favorecia e muito (e continuava não ajudando em meu autocontrole). Ela mordia o lábio inferior ao mexer o chocolate dentro da tigela, os olhos concentrados no movimento de suas mãos, respiração tranquila, o peito dela... o peito volumoso dela – evidenciado perfeitamente pelo decote em v de seu suéter – subindo e descendo vagarosamente.

Bella também estava colada à pia, mas isso era porque ela não era alta o suficiente para manter uma distância “normal” e sua posição, bem... assim como a calça xadrez, salientava ainda mais seus quadris e bumbum avantajados. Os cabelos, presos num coque, deixavam à mostra o seu pescoço bonito – e completamente beijável... Controle-se!

Eu não era mais um adolescente para me perder apenas pelo físico de uma mulher e, por mais que com Bella tudo fosse muito além, aquilo não significava que eu não me sentia atraído pelo corpo dela também.

─ Edward, você está bem? ─ Bella chamou-me a atenção, seu olhar preocupado; levou suas mãos ao meu rosto, arrepiando-me e eu mal consegui desviar meus olhos dos dela. As mãos dela cheiravam a chocolate e foi como se aquilo despertasse ainda mais o meu desejo.

─ Sim ─ limitei-me a responder, minha voz rouca e percebi como ela estremeceu. Aquilo não estava certo, mas o que eu poderia fazer? Até quando eu conseguiria negar meus sentimentos por ela? A forma como ela vinha reagindo a mim poderia significar que ela também se sentia do mesmo jeito?

─ Edward? ─ ela sussurrou, os olhos arregalados, e só então me dei conta de que havia me aproximado mais dela.

Eu estava praticamente prensando-a contra a pia, minhas mãos como uma jaula, segurando a pia ao redor da cintura dela, e nossos rostos estavam a centímetros um do outro. Podia ver todas as sardinhas da pele do rosto dela, todas as manchinhas que a tornavam imperfeitamente perfeita, as bochechas rosadas, os olhos castanhos ainda arregalados, não de medo, percebi, mas de expectativa. Os lábios rosados estavam entreabertos e sua respiração se tornava mais descompassada a cada segundo. Eles me chamavam, chamavam pelos meus lábios e tudo o que eu mais queria era beijá-la.

Como eu poderia resistir? Eu tinha que resistir. Se eu desse um passo errado, tudo o que havíamos construído até aquele momento, a nossa amizade e parceria ruiriam diante dos meus olhos e eu duvidava que teria uma chance de consertá-las.

─ Bella, me perdoe. Eu acho que estou cansado, não dormi muito bem essa noite ─ murmurei, afastando-me e passando a mão pelo rosto, tentando me despertar para a realidade. Tentando pensar no que minha mãe me dissera a respeito de dar certezas à Bella. Eu buscava um jeito de fazê-lo e, beijá-la daquela maneira certamente não era o mais apropriado.

─ Tudo bem! ─ Bella sussurrou, parecendo um pouco... Desapontada? Ela mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça negativamente, presa aos próprios pensamentos. Será que ela queria que eu a tivesse beijado?

─ Bom dia, primo! ─ Rosalie exclamou, entrando na cozinha. Eu pulei de susto e ela gargalhou ─ Uau, o que estava aprontando, criatura?

─ Nada! ─ resmunguei e ela gargalhou novamente.

─ Bella, nossa menina quer um pouco de água ─ disse Rose, se aproximando do filtro de água sobre a pia da cozinha ─ Com licença, não vou atrapalhar vocês! ─ ela completou, dirigindo-nos um olhar malicioso. Será que ela havia visto algo?

Estreitei meus olhos para ela, que piscou para mim. Ela havia visto.

─ Interessante, né, Rosalie, porque você atrapalhou ─ resmunguei e ela riu ─ Inclusive, algumas fofocas...

Rosalie arregalou os olhos, ela sabia que se contasse para qualquer pessoa o que havia visto naquela cozinha, eu não hesitaria em contar sobre a gravidez dela.

─ Está bem, só vou levar a água para Alice, tchau para vocês! ─ ela resmungou e saiu de fininho.

─ Fofocas? ─ Bella perguntou em tom divertido.

─ Infelizmente, não posso te contar. Ainda ─ murmurei. Ela e Emmett eram melhores amigos e se eu lhe contasse sobre a gravidez de Rose, não faria nem sentido pedi-la para guardar aquele segredo dele.

─ Tudo bem, deixe-me fofocar sobre ela e Emmett, então ─ brincou ela ─ Como você deve ter deduzido, os dois estão saindo há bastante tempo já. Não sei o quão sério eles estão, mas Emmett me disse que está gostando dela pra valer ─ Bella me confessou.

“Acredite em mim, eu nunca achei que esse momento fosse chegar, vê-lo todo apaixonado assim, ainda tão rápido”.

─ Digo o mesmo sobre Rosalie, ela sempre foi mais dada a encontros casuais.

─ Vai ver por isso eles funcionam tanto, são tão parecidos ─ Bella sugeriu e concordei com a cabeça.

─ Rose disse que gosta dele também... ─ revelei. Estava na dúvida se contava ou não a Bella sobre a gravidez, talvez ela pudesse me ajudar a convencer Rosalie a contar para Emmett o quanto antes ─ Bella, Emmett já disse algo sobre... Filhos?

─ Sobre querer tê-los você quer dizer? ─ perguntou Bella, e assenti ─ Olha, ele nunca foi muito explícito sobre esse assunto. Eu, particularmente, não consigo imaginá-lo como pai, mas eu também não conseguia imaginá-lo apaixonado por alguém antes, então... ─ ela se calou e olhou-me com os olhos arregalados ─ Mas você não me perguntaria sobre isso do nada, não é?

─ Ah... Eu só estava curioso ─ falei rapidamente, tentando reverter a situação, já imaginando a voadora que Rosalie me daria. Bem... O fato de ela estar grávida talvez a impedisse de me agredir com tanta precisão...

─ Você não é muito sutil com as suas indagações, Edward ─ disse Bella, em tom de alerta misturado ao de brincadeira ─ Está tudo bem, eu já entendi, aliás, subentendi. Ela está com medo de contar para ele, acho que qualquer mulher ficaria ─ brincou ela, dando uma risadinha.

─ Rosalie vai me matar se souber que eu te contei.

─ Contou o que, Edward? Você disse absolutamente nada ─ Bella piscou para mim e suspirei, aliviado.

─ Se ela descobrir que você já sabe...

─ Vou dizer que descobri por mim mesma. Aliás, os quadris dela estão mesmo maiores do que quando a conheci, eu só achei que ela tinha engordado um pouco. E os... ─ ela ergueu as mãos em conchas na altura dos próprios seios ─ estão bem maiores também ─ comentou ela.

Desnecessário dizer que seu gesto só trouxe ainda mais a minha atenção para o corpo dela mesma.

─ Eu realmente não reparei ─ falei, dando de ombros. Bella encarou-me com a sobrancelha erguida, como se duvidasse, mas, é claro, eu só havia reparado em uma mulher naqueles últimos tempos, uma que era totalmente proibida para mim ─ É sério, não tenho reparado em outras mulheres desde que... ─ ops, filtro ativado com sucesso.

─ Desde que... ─ Bella insistiu, ela parecia bastante curiosa.

─ Nada, deixa para lá. Rose é minha prima, de qualquer forma ─ lembrei-lhe.

─ É, tem razão ─ ela ainda não parecia exatamente convencida.

─ Enfim, mãos à obra, ainda quero te ajudar antes da aula da Pequenina ─ falei-lhe e ela assentiu.

Eu esperava que Alice me perdoasse e me entendesse logo. Me ansiava pensar que, se ela continuasse chateada comigo, nós não poderíamos aproveitar o tempo que nos restava até setembro chegar.

─ Certo... Pode pegar o termômetro culinário para mim, por favor? Está na primeira gaveta, ali embaixo do micro-ondas ─ Bella pediu, misturando mais gotas ao chocolate já derretido na tigela.

Fiz como ela me instruiu e ela sorriu, agradecendo-me e pegando o objeto de minhas mãos.

─ Para quê precisa dele? ─ perguntei. Era um termômetro meio esquisito, com uma ponta de metal bem longa.

─ Obrigada. Bem, preciso dele para temperar os chocolates de forma mais precisa ─ disse ela. Bella deveria estar se divertindo com a minha cara pasma, pois deu uma risada.

─ Temperar tipo... Como você faz com o frango e o arroz? ─ perguntei. Aquilo não fazia muito sentido, não tinha tempero algum a vista! E desde quando chocolate precisava ser temperado?

─ Não ─ Bella deu outra risada ─ É um processo que se chama temperagem. Quer dizer choque térmico; para o chocolate endurecer corretamente e não ficar derretendo depois; como se ele voltasse ao estado de barra, só que em outro formato ─ ela me explicou ─ Tipo... Quando você tempera as gemas para não as cozinhar.

─ Hm... Eu não faço isso, Bella. Quando eu tempero gemas é porque elas já estão cozidas ─ falei, coçando a cabeça, ainda meio confuso.

─ Quando você faz um creme, para um recheio por exemplo, você precisa que as gemas atinjam uma certa temperatura para que elas sejam consumidas em segurança, sem que elas estejam “cruas”, mas não a ponto de cozinhá-las. Acredite em mim, você não aprovaria um creme cheio de gruminhos e com gosto de gema cozida ─ Bella complementou.

─ Acho que estou chegando lá ─ disse e ela sorriu ─ Bella, isso foi simplesmente impressionante ─ e então, um estalo se deu em minha mente ─ Aonde está escondendo tanto conhecimento culinário desse jeito? Eu não fazia ideia de que você conhecia essas partes técnicas da cozinha tão bem.

─ Bem, isso é graças à internet e a inúmeros testes que venho fazendo desde mais jovem. E acredite, as tardes que passava sozinha em casa, geralmente eram ocupadas com experiências gastronômicas. Nem todas davam certo, então eu ia testando algumas receitas do meu próprio jeito ─ ela riu ao final.

─ E já pensou em dividir esse conhecimento com outras pessoas? ─ instiguei-a. Tanta gente poderia se beneficiar com os ensinamentos dela! Eu conhecia as pessoas perfeitas e ela também!

─ Claro que não ─ Bella me respondeu ─ Quem se interessaria em... ─ ela calou-se, provavelmente pensando nas mesmas pessoas que eu ─ Os jovens da ONG? Edward, mas será que... Eu não tenho curso, nem...

─ Veja bem ─ eu a interrompi, antes que ela começasse a se diminuir ─ Eu mesmo comecei a dar aulas de piano lá sem ter o curso superior. Seth, por exemplo, está seguindo meus passos. E você tem anos e anos de experiência prática, Bella, isso, às vezes, vale muito mais do que um diploma.

─ Tudo bem, acho que entendi aonde quer chegar... Mas não sou tão velha assim, do jeito que está dizendo parece que já sou uma idosa ─ ela bufou. Será que se sentia assim por eu ser mais novo do que ela?

Aquilo era ridículo, ela não tinha nem trinta anos!

─ Qual é o problema das mulheres com a idade? Além de mais maduras, vocês também ficam mais sábias e mais gostosas também...

Ah não! Trilionésimo ponto para a minha falta de sutileza enquanto meu filtro havia voltado para a estaca zero.

Bella corou imediatamente e mordeu o lábio inferior.

─ É... então, vamos... O chocolate né ─ murmurei, sem graça, gesticulando para a tigela sobre a pia e Bella assentiu, decidindo por ignorar meu jeito sem noção. Eu só esperava que ela não se irritasse muito com minhas trapalhadas...

09:30h, 0,5°C

─ Não, eu não quero mais aulas de piano! ─ Alice esbravejou. Eu e Bella tentávamos convencê-la a continuar com as aulas, mas a Pequenina se negava. Ela mantinha os braços cruzados e uma carranca no rosto, mas, mais do que raiva, eu percebia a mágoa em sua voz e aquilo me matava pouco a pouco.

─ Pequenina, olhe...

─ Não! Não me chame mais assim! ─ disse ela, os olhos banhados em lágrimas.

─ Alice ─ Rose, que ainda estava na casa, chamou-lhe. A Pequenina olhou para ela e fungou ─ Olha só, eu sei que meu primo é um chato de galocha, mas eu também sei que ele ama você. E, justamente por esses dois motivos é que ele não vai quebrar a promessa ─ ela fez menção de se sentar nas escadas, mas Bella soltou uma exclamação que fez nós três a olharmos.

─ Ah... Eu... Não se abaixe, Rose, sente-se no sofá, é muito mais confortável ─ ela murmurou. E droga, era claro que ela havia agido daquela maneira porque Rosalie estava grávida!

Rose estreitou os olhos para mim, mas eu apenas dei de ombros, tentando disfarçar minha culpa.

─ Olha só, porque vocês não continuam a trabalhar nos chocolates um pouco mais enquanto eu converso com a minha amiga Alice sobre como as caretices do Edward são as garantias de que ele sempre cumpre com as promessas dele? ─ Rose disse em desdém.

─ Ótimo. Só não vá entediar a menina ─ adverti-lhe.

─ Com as suas histórias? Ela vai acabar dormindo ─ provocou-me.

─ Ai, chega! ─ Alice resmungou ─ Eu não quero mais as aulas, não só porque eu não sei se Edward vai voltar mesmo, mas também porque não faz sentido se eu não vou poder continuar com elas depois que ele for embora!

─ Alice, você não vai ficar desamparada ─ falei-lhe ─ Vou arranjar um professor substituto para você. E para Jasper também. E eu já lhe disse eu vou voltar!

Ela ainda não parecia muito convencida.

─ Alice, aproveite as oportunidades, minha filha ─ disse Bella, abaixando-se na altura da Pequenina e lhe acariciando o rosto ─ E isso vai muito além das nossas possibilidades financeiras, você sabe disso. Enquanto você estiver viva, vou fazer o possível e o impossível para você aproveitar tudo o que eu puder lhe oferecer. E você estava sempre tão animada para as aulas de piano!

─ Eu estava. Enquanto ele... ─ Alice gesticulou para mim, o olhar carregado do que parecia como uma mistura de raiva e tristeza ─ Ainda era meu professor. Eu não quero outra pessoa me ensinando!

─ Não seja mimada, Alice! ─ Bella ralhou ─ Sei que pode não ser uma situação muito agradável...

─ Não ─ Alice negou, balançando a cabeça ─ Eu não quero mais, vocês podem me respeitar? ─ ela fungou mais uma vez, deixando a nós três preocupados.

É claro que eu queria respeitar os momentos e as vontades dela, mas eu não queria ser o responsável por fazê-la se sentir daquele jeito sem poder interferir, sem poder fazer nada para contornar aquela situação.

─ Alice, eu só quero que se lembre de que eu te amo, está bem? ─ falei, olhando-a em seus olhos azuis ainda marejados.

─ Humrum ─ ela assentiu e comprimiu os lábios, olhando para o chão ─ Então por que está indo embora? ─ sussurrou.

─ Não estou simplesmente “indo embora”. Isso é importante para mim e para o meu pai, eu preciso ir para Nova Iorque ─ falei, erguendo o seu rosto, que já estava banhado em lágrimas. Engoli em seco, tentando conter as minhas próprias ─ Por que não conversamos um pouco? Prometo responder a todas as suas perguntas e você vai ver como cumpro com todas as minhas promessas.

09:35h

─ Onde está o seu pai? ─ ela me perguntou ─ Não me lembro de ter visto ele na sua festa na ONG.

─ Meu pai está no céu ─ respondi-lhe, enquanto nos acomodávamos lado a lado no sofá de dois lugares virado para a janela. Isabella e Rosalie estavam na cozinha, dando-nos certa “privacidade”. Se bem que, do jeito que principalmente Rose era fofoqueira, eu apostava como elas estavam ouvindo a nossa conversa.

─ Oh! Assim como meus avós? ─ perguntou-me e assenti ─ Por que? O que aconteceu com ele?

─ Ele ficou doente ─ expliquei-lhe ─ Sua mãe me contou que seus cabelinhos já caíram quando você ficou dodói né?

─ Sim. E ela cortou os dela também. Espera aí ─ ela correu em disparada pelas escadas e em alguns minutos voltou com um pequeno quadro nas mãos ─ Olha só.

Ela me mostrou o quadro com uma foto dela junto a Bella, ambas carequinhas e exibindo um sorriso. Bella era incrível, é claro que ela não deixaria a filha passar por um momento daqueles sem o total apoio dela. Era um contraste e tanto com as tranças que as duas exibiam tão frequentemente. Alice, naquela manhã, apesar de estar de cabelos soltos, tinha uma trança que formava uma espécie de arco – ou tiara – no topo de sua cabeça.

─ Lindas como sempre ─ falei-lhe e ela sorriu para mim, aconchegando-se novamente ao meu lado no sofá.

─ Então, o seu pai ficou doente... ─ ela deu a deixa para eu continuar a história.

─ Sim. Ele ficou doente, igualzinho a você, mas ele já estava muito fraquinho.

─ Eu entendo ─ Alice concordou com a cabeça ─ Tinha alguns momentos que eu não sabia se ia conseguir ficar forte de novo ─ ela me confessou, fitando-me com seus olhos azuis brilhantes.

Ela entendia muito mais sobre o assunto do que se poderia esperar, mesmo de uma criança, afinal, ela passara por aquilo. Mas então, quem estaria subestimando a compreensão das crianças sobre aquele processo todo eram nós, os adultos, não?

─ E por que você precisa ir para Nova Iorque? ─ perguntou ela. O tom de sua voz trazia um pouco de dor misturada a raiva e medo, mas seus olhos me diziam o quanto ela estava disposta a tentar entender os meus motivos.

─ Isso tem a ver com o meu pai. Você sabia que o sonho dele era montar uma orquestra com as crianças da ONG?

─ Sério? Uma orquestra, tipo aquelas da TV que tem o pessoal todo chique tocando instrumentos nos palcos de um teatro? ─ ela me perguntou e assenti ─ Nossa que legal! ─ Alice sorriu para mim.

─ Então, eu cresci vendo o meu pai tentando construir esse sonho. Ele nunca desistiu, mas infelizmente não viveu o suficiente para torná-lo realidade.

─ Mas o que isso tem a ver com Nova Iorque? ─ Alice me perguntou com o cenho franzido.

─ Sabe, a Escola para onde eu vou é uma das melhores do mundo, Alice. Eu quero ser o melhor pianista que puder, quero que outras pessoas conheçam e apoiem a ONG para poder ajudar ainda mais as crianças.

─ Minha mãe disse que elas não têm muitas condições... É por isso que elas fazem as atividades lá, não é? Elas não têm condições de pagar um professor que nem você...

─ É isso mesmo, minha querida ─ afirmei ─ É por isso que preciso ir para Nova Iorque. Você imagine que, com reconhecimento, nós da ONG poderemos conseguir fazer a vida daquelas crianças ainda melhor. Poderemos ter mais instrumentos, mais professores...

─ E ajudar mais crianças ainda, não é? E montar uma orquestra ─ Alice completou e assenti. Ela suspirou, olhando para as mãos sobre seu colo. Parecia que ela havia me entendido, Alice era uma menina boa demais, mas eu sabia que não seria fácil lidar com as mudanças que estavam para acontecer.

─ E então, o que me diz... ─ ergui sua cabeça e ela suspirou novamente, olhando em meus olhos; os dela brilhavam, ainda banhados em lágrimas

─ Vou sentir sua falta ─ disse ela, fungando ─ Tipo muita mesmo. Mas eu entendo, você precisa ir ─ Alice murmurou, abraçando-me apertado.

─ E por algum acaso você acha que eu não vou sentir a sua falta? Logo você, minha Alice, minha Pequenina? ─ perguntei, abraçando-a de volta e acariciando seus cabelos.

Ela deu de ombros e vi insegurança em seu olhar. Isso só podia ser por causa do pai dela, certo? Afinal de contas, ele quebrava todas as promessas que fazia a ela, como Alice havia dito noites antes.

─ Alice ─ falei em tom sério ─ Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu quero que se lembre disso. Não importa quanto tempo passe ou a quantos quilômetros de distância estivermos, o que a gente tem é especial, vai além dos laços de sangue...

─ Você não é meu pai, mas não sabe o quanto eu gostaria que fosse ─ ela sussurrou e meu coração se apertou num misto de alegria e tristeza.

Alegria porque era claro o quanto já estávamos ligados e tristeza porque ela não merecia se sentir daquele jeito, desejando outro homem como pai quando o dela ainda estava vivo. Ele, infelizmente, não sabia aproveitar a chance de estar perto de uma menina tão maravilhosa quanto Alice.

─ Eu amaria ser o seu pai, Pequenina! ─ confessei e Alice sorriu, derramando algumas lágrimas e não consegui conter as minhas. Ela deu uma risadinha e ergueu as mãos para o meu rosto, enxugando-o delicadamente com a ponta dos dedos.

─ Você gosta da minha mãe? ─ perguntou ela de repente.

─ Ah... Sim, ela é uma boa amiga ─ respondi. Naquelas circunstâncias era melhor evitar dar qualquer detalhe ou indício de que meus sentimentos por Bella iam além da amizade.

─ Não ─ Alice se afastou um pouco de nosso abraço para poder me encarar melhor ─ Quis dizer... Sabe, como adultos.

─ Isso lá é conversa pra criança? ─ brinquei e ela fez uma careta.

Você namoraria ela?

─ Olha, Alice... ─ senti-me corar. Será que Alice estava me testando ou só estava curiosa mesmo? Ela me enxergar como um possível pai não significaria necessariamente que ela me enxergava como companheiro de Bella, ou sim?

─ Ah, você me prometeu responder a todas as minhas perguntas ─ ela resmungou, fazendo um biquinho ─ Você disse que acha ela linda ─ falou, gesticulando para o quadro que eu tinha colocado em meu colo no momento em que nos abraçamos.

─ Alice, achar uma pessoa linda não quer dizer querer namorá-la. Eu acho minha mãe linda e nem por isso quero ter alguma coisa com ela ─ expliquei-lhe, mesmo sabendo que em relação à Bella, sim, eu adoraria namorá-la.

─ Humpf ─ Alice bufou ─ Você e o Jasper são iguaizinhos.

─ Jasper? O que tem ele? ─ perguntei, curioso.

─ Outro dia mesmo ele disse que eu era linda, mas que nós éramos muito novos para namorar.

─ Ah, e eu concordo com ele, mocinha ─ disse a ela que bufou novamente.

─ Não temos tempo a perder, Edward ─ Alice falou em tom de brincadeira.

─ Muito pelo contrário, vocês têm mais é que gastar o tempo de vocês estudando. Nada de namoro por enquanto ─ falei sério e a Pequenina suspirou.

─ Se você está dizendo ─ ela assentiu ─ Mas então, você namoraria a minha mãe?

─ De novo essa pergunta, Pequenina?

─ Só vou parar de perguntar quando você me der uma resposta direta ─ disse ela, erguendo o queixo e cruzando os braços. Parecia até eu quando pentelhava a minha mãe para conseguir algo que queria muito.

─ Sua mãe já é casada, Alice. Nós não podemos namorar ─ lembrei-a.

─ Não foi isso que eu perguntei ─ ela insistiu. É, definitivamente, igualzinha a mim.

─ Quer saber da verdade? Da verdade verdadeira? ─ brinquei e ela sorriu largamente, concordando com a cabeça ─ Está na hora da sua aula, aliás, já passou da hora da sua aula de piano. Depois conversamos sobre isso, venha!

Levantei-me, colocando o quadro na mesinha de centro e caminhando até o piano. Ouvi Alice resmungar algumas vezes antes de me acompanhar. Ela se sentou ao piano e me olhou de canto de olho antes de sussurrar:

─ A mamãe namoraria você, ouvi ela dizendo isso ao tio Emmett ontem de manhã antes de você chegar para ir ao mercado com ela!

Aquilo parecia praticamente impossível de se acreditar, mas foi o bastante para encher meu peito de esperança; eu e Alice já havíamos “nos conquistado” com aquele sentimento de afetividade paternal e talvez eu não estivesse tão longe de despertar algo romântico em Bella – talvez eu já estivesse despertado, se Alice tivesse entendido corretamente a tal conversa entre a mãe e o padrinho.

A cada dia que se passava eu me sentia mais pronto, eu tinha mais certeza dos meus sentimentos pelas duas. Era só uma questão de tempo até eu me declarar para Bella – porque, para Alice, eu já havia dito tudo e mais um pouco a respeito de como me sentia sobre ela.

21h, 2°C – predominantemente nublado

Bella e eu estávamos sentados à mesa da cozinha enquanto aguardávamos as últimas cascas de chocolate ficarem prontas (finalmente!). Havíamos passado o dia inteiro “temperando” o chocolate e colocando-os nas formas para endurecerem na geladeira. Cansado era um eufemismo para como eu me sentia.

Por outro lado, as palavras de Alice não saíam de minha mente. Poderia Bella estar realmente sentindo algo por mim além da amizade que estávamos construindo?

A Pequenina estava conosco; ela adiantava a lição de casa porque segundo ela, no dia seguinte, gostaria de nos ajudar a embalar os ovos. Ela estava bem mais compreensiva depois de nossa última conversa e, de vez em quando, olhava para Bella e para mim antes de dar umas risadinhas. Desconfiava que ela estava tramando algo – porque era o que eu estaria fazendo se tivesse a idade dela.

─ Do que tanto ri, Alice? ─ perguntou Bella, apoiando a cabeça entre as mãos, os cotovelos descansando sobre a mesa.

─ Ah, vocês dois, sabe... Eu amo vocês ─ Alice respondeu, dando de ombros.

Bella franziu o cenho e inclinou a cabeça em confusão.

─ Também amo v... ─ Bella calou-se e estreitou os olhos para Alice.

A Pequenina claramente estava tentando nos fazer cair em sua armadilha, fazer-nos declararmos um para o outro sem que fosse nossa real intenção. Ela apenas riu novamente, quando Bella nem tentou completar a frase.

─ O que quer de janta? Ah, Deus, eu nem reparei que já estava tão tarde! ─ Bella exclamou, olhando para o elegante relógio de parede.

─ Pizza? ─ Alice sugeriu com um sorriso largo estampado no rosto.

─ Tudo bem para você, Edward? ─ Bella perguntou e quando ia protestar, dizendo que não jantaria com elas, pois não queria abusar de sua boa vontade, Bella me lançou um olhar repreensivo que me calou instantaneamente e eu apenas concordei com a cabeça ─ Pizza, então.

Ela se levantou e abriu uma das gavetas, vasculhou dentro dela com as mãos e de lá tirou um folheto.

─ É a melhor pizza de Chicago ─ disse Bella e piscou para mim, aproximando-se novamente da mesa e me mostrando o folheto de perto Pizzaria McCarthy.

Franzi o cenho, não reconhecendo o local e ela e Alice riram.

─ É a pizzaria do tio Em ─ Alice esclareceu.

─ É a única coisa com o que ele é responsável ─ Bella completou.

Eu esperava que ele fosse responsável o suficiente para conseguir lidar com outras situações que a vida lhe aguardava.

22h

─ É uma pizza ótima mesmo ─ falei, após dar a última garfada em meu pedaço de pizza.

─ O pai de Emmett ficaria furioso se ele não fizesse jus ao nome da família ─ Bella disse ─ Eles têm a pizzaria há mais de meio século, tudo começou com o avô dele.

─ Acho que eu entendo um pouco disso, de querer dar continuidade aos planos da família ─ falei, espreguiçando-me e ela assentiu.

─ Se for o que você realmente quer, acho que não há problema algum ─ ela sorriu.

─ Concordo ─ Alice falou, como se quisesse fazer notar a sua presença no diálogo. Ela então bocejou e piscou os olhos algumas vezes.

─ É, mocinha, mas agora está ficando tarde ─ disse Bella ─ Vá se ajeitando para ir dormir.

─ Tudo bem ─ Alice concordou, um pouco sonolenta. Ela se levantou e colocou os braços ao redor do meu pescoço, sorrindo para mim ─ Boa noite, Edward! ─ disse ela, inclinando-se e beijando meu rosto.

─ Boa noite, Pequenina ─ falei e beijei o topo de sua cabeça.

─ Boa noite, mamãe! ─ Alice se afastou de mim e caminhou até o outro lado da mesa, repetindo o gesto de carinho em Bella, mas também dizendo algo em seu ouvido que eu não consegui captar e que a deixou vermelha.

─ Alice! ─ Bella falou em tom repreensivo ─ Boa noite, vá dormir.

Alice deu uma risada antes de acenar para nós dois e subir as escadas lentamente. Se curiosidade matasse de verdade eu já estaria enterrado a sete palmos, só por querer descobrir o que a Pequenina havia sussurrado para a mãe.

─ Essa garota ainda vai me deixar doida ─ Bella brincou, depois que ouvimos um barulho de porta se fechando vindo do andar de cima.

─ Ela é ótima, igual a mãe dela ─ falei, pela primeira vez não sentindo necessidade de filtrar o que havia dito.

─ Obrigada, Edward ─ ela murmurou, espreguiçando-se um pouco na cadeira ─ Aliás, obrigada por toda ajuda hoje, não teria terminado tão rápido sem você.

─ Que isso, Bella, não seria justo que você ficasse com todo o trabalho sozinha.

─ Mesmo assim, obrigada ─ disse ela, sorrindo e bocejando logo em seguida. Ela levantou-se e começou a empilhar os pratos sujos na mesa.

─ Deixe-me ajudá-la com isso, assim poderemos ir para a cama o quão antes ─ falei, só então percebendo a dupla conotação de minha frase.

Ela corou intensamente e mordeu o lábio inferior, fitando-me com curiosidade.

─ Ou só tomar um banho e relaxar... ─ tentar contornar aquela situação, só me deixava numa posição ainda mais esquisita ─ Eu na minha casa e você na sua, obviamente ─ completei quando ela arregalou os olhos.

─ É... Claro ─ disse Bella, parecendo meio atordoada. Ela suspirou quando me levantei, olhando-me dos pés à cabeça e eu mais do que nunca desejei poder ler os pensamentos dela.

─ Louça, pia, armário, banho, cama ─ falei e Bella concordou com a cabeça, os olhos vidrados nos meus.

─ Aham ─ ela sussurrou, aproximando-se de mim a passos lentos ─ Louça primeiro ─ sussurrou novamente, pegando o prato e os talheres que eu havia usado e colocando-os juntos aos dela e de Alice. Ela levou-os até a pia e segui-a, pronto para ajudá-la.

Não era exatamente uma boa ideia ficar tão perto dela; não com tanta tensão acontecendo entre nós, mas não seria justo deixar que ela organizasse tudo sozinha. E então, como se para nos aliviar, para nos jogar um balde d’água e esfriar qualquer que fosse o sentimento (proibido/extremamente inadequado) crescente naquele momento, ouvimos um barulho no andar de cima e alguns passos descendo as escadas.

─ Mamãe... Não estou conseguindo tirar o elástico ─ falou Alice, já de pijamas, voltando para a cozinha. Meu coração disparou com a possibilidade de ela ter ouvido nosso diálogo nada discreto, mas ela parecia despreocupada.

─ Oh, meu amor, venha aqui ─ disse Bella, olhando atentamente para o cabelo trançado de Alice ─ Vamos ter que cortar.

Arregalei meus olhos e Alice começou a gargalhar.

─ Ela não vai cortar meu cabelo, não seja bobo ─ disse ela, ainda rindo da minha cara.

─ Alice, não chame os outros de “bobo”, pelo amor de Deus ─ Bella a repreendeu, fazendo-a revirar os olhos, aproveitando que estava de costas para a mãe. Eu contive uma risada ─ Vou só cortar o elástico, isso é normal, às vezes embola no cabelo dela e não conseguimos tirá-lo ─ Bella me explicou enquanto pegava uma faca na primeira gaveta.

Em poucos segundos, ela “arrebentou” o elástico e desfez a trança de Alice.

─ Pronto, filha. Agora vá deitar que já está tarde.

─ Certo, mamãe. Boa noite pra vocês ─ Alice falou, mandando um beijo para nós e rindo, antes de subir as escadas novamente.

─ O cabelo dela ficou mais fino depois do tratamento com a quimio, então vira e mexe isso acaba acontecendo ─ disse Bella, após alguns instantes de silêncio.

─ Ah... Os cabelos de meu pai nem chegaram a crescer novamente antes de ele... Bem, antes de ele falecer ─ falei e ela suspirou ─ Como vocês descobriram a LLA em Alice? ─ perguntei, aproveitando o assunto em pauta. Eu esperava não deixá-la muito chateada por relembrá-lo.

Era uma forma de tirar o foco da tensão entre a gente. De outro modo, acho que não conseguiria continuar naquela casa por mais nenhum segundo sem sucumbir a ela, sem arriscar nossa amizade.

─ Ela começou a ter muita febre constantemente e a sentir dor aos menores dos movimentos ─ Bella respondeu, talvez se preparando para contar mais uma parte da história da Pequenina. Ela encarou meus olhos antes de continuar ─ Alice mal conseguia se sentar ou se levantar sem reclamar que sentia dores nas costas, até mesmo quando estava deitada! E então ficava cansada demais mesmo quando passava o dia só assistindo a filmes comigo, por exemplo.

─ Lembro que com meu pai foi bem parecido ─ falei e ela soltou um suspiro, sabíamos como podia ser difícil.

─ Ele teve o mesmo tipo? – perguntou-me e concordei com a cabeça.

─ Sinto muito ─ disse ela ─ Aliás, se não se importar, depois eu gostaria de ouvir a história dele. Até agora só eu fiquei falando, falando e falando.

─ Tudo bem ─ concordei, dando uma risada ─ Mas eu gosto de ouvi-la falando, falando e falando, gosto da sua voz. Continue, por favor.

Ela riu, olhando para mim.

─ Então nós a levamos ao médico e depois de incontáveis exames, chegamos ao diagnóstico de LLA. Como você deve saber, tivemos que começar o tratamento o mais cedo possível, o câncer já havia tomado grande parte da medula óssea dela, principalmente levando em conta que ela era apenas uma criança. Descobrimos em janeiro de 2009 e em fevereiro ela já começava a primeira parte do tratamento quimioterápico, a indução¹.

“Essa parte durou oito meses e depois ela ficou mais seis meses em consolidação². As taxas das células cancerígenas estavam baixando satisfatoriamente e os médicos a liberaram para a terceira e última parte que é a manutenção², que, como é comum, foi feita em casa”.

“Naquela época, eu praticamente vivia em paranoia, tudo na nossa casa tinha que estar limpo e bem arrumado, porque eu tinha medo que ela ficasse doente; acho que esse medo acabou se impregnando em mim e até hoje eu preciso ter esse controle. Preciso garantir que os alimentos estejam devidamente preparados e que a casa esteja suficientemente organizada, por isso passava os dias trancada aqui; não queria arriscar a saúde de Alice, mesmo que seja um pouco irracional, visto que ela já está curada” disse Bella.

Eu a entendia perfeitamente; entre as idas e vindas do meu pai ao hospital, eu e minha mãe cuidávamos para que tudo estivesse o mais perfeito possível; não podíamos arriscar qualquer tipo de alergia ou infecção, visto que o próprio sistema de defesa do organismo dele estava praticamente destruído. Também pude entender melhor do porquê de Bella ficar em casa durante suas tardes; tudo para garantir a segurança da saúde de Alice.

─ Em menos de cinco meses em casa, as taxas voltaram a subir novamente e tivemos que voltar para o hospital ─ Bella continuou ─ Então, em outubro de 2010, ela entrava, oficialmente, em recidiva³. Recomeçamos o tratamento de indução, mas as taxas continuavam bastante altas e sabíamos que se não fosse por um milagre, Alice não sobreviveria" a voz de Bella se embargou na última parte.

¹A quimioterapia por indução é a fase inicial do tratamento e tem o objetivo de alcançar a remissão, destruindo as células leucêmicas, para que as células normais possam voltar a crescer na medula óssea, podendo ser utilizadas diversas combinações de tratamento. A remissão pode ser alcançada quando: 1) Não mais do que 5% das células na medula óssea são blastos; 2) A contagem de células sanguíneas volta ao normal; 3) Todos os sinais e sintomas da LLA somem.

²Mesmo após entrar em remissão, algumas células cancerígenas podem ficar indetectáveis a avaliações convencionais, ao que se dá o nome de Doença Residual Mínima (DRM). Por causa disso, é necessário continuar o tratamento. Na etapa de consolidação/intensificação, os medicamentos quimioterápicos são dados em doses maiores e podem ser diferentes daquelas na fase de indução. Na manutenção são dados medicamentos, geralmente orais, em doses menores, como uma forma de prevenir a recidiva da leucemia.

³A recidiva é a volta da doença e, quando precoce, pode ser bastante grave. Recorre-se novamente ao tratamento quimioterápico, que pode ser combinado ao transplante de células-tronco.

─ Eu fico feliz porque vocês devem ter tido um milagre ─ aquilo era claro, já que Alice estava viva. Eu tinha visto com o meu pai, ele não chegara a ter chance parecida... ─ Meu pai também estava nessa situação.

─ Nosso milagre tem nome e sobrenome, veio através da doação de medula...

Bella se calou quando outro barulho, dessa vez vindo da porta da frente da casa, ecoou até a cozinha. Em alguns segundos, um homem que só poderia ser Aro Volturi – porque eu realmente o vira tão pouco que mal conseguia me lembrar de sua fisionomia – estava no mesmo cômodo que nós, olhando-nos curiosamente.

─ Boa noite, Bella! ─ ele a cumprimentou, os olhos azuis encarando-a e depois a mim ─ Boa noite, você é... O professor de piano de Alice, certo?

─ Sim, Senhor Volturi, sou Edward Cullen, boa noite ─ cumprimentei-o, mantendo uma distância segura e respeitosa de Bella, não o queria pensando besteira de nós, afinal, já passava das dez horas da noite, eu provavelmente não deveria estar mais ali.

Se bem que, como pai e marido, ele já deveria ter chegado há muito tempo.

─ Sei que já nos vimos antes, mas é um prazer ─ disse Aro, surpreendendo-me um pouco com a simpatia dele. Ele não deveria ao menos estar desconfiado? Mesmo que o casamento dele e de Bella fosse nada convencional, eu esperaria pelo menos um olhar mais fechado em minha direção.

Mas nada, ele apenas sorriu para mim.

─ É um prazer, Senhor Volturi.

─ Apenas Aro, rapaz ─ murmurou ele, tirando o casaco de inverno ─ Então você é o motivo que minha esposa não passa mais as tardes enfurnada dentro de casa?

Ah, lá estava a reação que eu esperava, mas... O tom dele não havia sido sério ou acusatório, mas aliviado?

─ Ah, na verdade, Senhor, não sou eu, é a ONG ─ tentei me justificar, mas ele apenas riu.

─ Não estou te acusando, rapaz. Só quero lhe agradecer, não era nada saudável ficar aqui sozinha por tanto tempo ─ disse ele, olhando para Bella, que fez uma careta.

Aro parecia legal, era mesmo engraçado, mas eu não conseguia entender porque ele se mantinha tão distante de Bella e, principalmente, de Alice.

─ Bom, eu vou tomar um banho e me deitar, hoje o dia foi puxado ─ disse ele, já se encaminhando para as escadas ─ Boa noite aos dois.

─ Ah, Senhor, no Domingo nós teremos uma comemoração de Páscoa na ONG. Apareça lá se quiser, Bella tem o endereço ─ falei-lhe.

Bella, ao meu lado, soltou uma exclamação de surpresa e Aro deu uma risada. Eu queria que ele e Alice pudessem ter momentos juntos; por mais que eu não tivesse problema algum em estar perto dela como pai, eu não desistiria de tentar uni-los, sabia como aquilo poderia ser importante para ambos. Chamá-lo para conhecer a ONG poderia ajudá-lo a se reaproximar da filha.

─ Obrigado pelo convite, Edward. Tenho um voo para fazer no Domingo, mas vou tentar chegar a tempo.

Assenti com a cabeça e ele acenou antes de subir as escadas. Bella suspirou ao meu lado, parecendo bastante frustrada.

─ Por um segundo eu achei que ele... Argh! ─ ela exclamou, exasperada e cruzou os braços, seu semblante nada feliz.

─ Ele disse que vai tentar, Bella ─ tentei animá-la, mas ambos sabíamos do histórico dele de quebra de promessas.

─ Está tudo bem, não estava contando que ele estaria presente esse feriado, mas o meu lado esperançoso às vezes fala mais alto ─ ela suspirou, ainda frustrada.

─ Eu sinto muito ─ murmurei e afaguei seus braços. Bella estremeceu, mas não desviou seu olhar do meu, fitando-me intensamente com seus olhos chocolate, os braços ainda cruzados, evidenciando ainda mais seu peito.

Ela corou e percebi tarde demais o quanto eu estava sendo indelicado, para não dizer outra coisa, ao focar minha visão em seu corpo, quando ela, claramente, precisava de outro tipo de apoio.

Trouxe Bella mais perto de mim fisicamente e envolvi sua cintura num abraço. Ela suspirou novamente antes de retribuir o gesto, deitando sua cabeça em meu peito.

─ Eu só queria que ele desse mais atenção à Alice. Sei que ele é um homem bom, mas não queria que ela se sentisse abandonada ─ disse Bella, a voz um pouco embargada.

─ Bella, vai chegar o dia em que ele vai ter que começar a dar valor à filha que tem ─ falei. Pelo menos era o que eu esperava.

─ Tomara que esteja certo, Edward. Não acho que eu possa continuar a lidar com isso por muito mais tempo ─ ela falou num tom mais baixo.

O que ela queria dizer? Que ela conversaria com ele para tentar resolver as coisas ou que ela colocaria um basta de vez àquela situação toda?

─ Já tentou conversar com ele? ─ perguntei.

─ Ele nunca está em casa, Edward. Você viu a que horas ele chegou? Geralmente eu já estou no décimo sono a uma hora dessas. Ele chega depois que já dormi e saí antes de eu acordar, isso quando não passa noites fora, seja no escritório ou porque está voando para outras cidades. Finais de semana são a mesma coisa; eu não sei se ele tem alguma amante ou se realmente ama tanto o trabalho que o prefere a passar um tempo com a própria filha. Quando temos a oportunidade de nos falar, ele sempre desconversa ou diz que está cansado, que está indo para a cama, como fez hoje. Ele nunca tem tempo para a família. Sabe o que é o mais bizarro? Que ele costumava dizer a mesma coisa sobre o pai.

─ Vai ver ele não conseguiu quebrar o ciclo, Bella. Essas coisas são difíceis de mudar quando já se está acostumado.

─ Não é isso. No início, quando nos casamos, mesmo que não nos amássemos romanticamente, ele sempre foi muito atencioso, nós sempre conversávamos. Eu entendo que o período em que Alice ficou doente foi muito difícil, mas é muito duro vê-la sendo esquecida, deixada de lado por alguém que outrora já foi tão presente na vida dela.

─ Quem sabe a gente não consegue mudar isso? ─ falei, movendo minhas mãos pelas suas costas, tentando passar-lhe segurança.

Bella estremeceu mais uma vez, mas então cogitei que aquilo fossem arrepios; ela ergueu o rosto para olhar-me e sua respiração tornou-se acelerada; seu peito macio, colado firmemente ao meu, subia e descia rapidamente e eu não pude controlar quando meus olhos vaguearam pelo seu decote. Eu precisava urgentemente disfarçar minha falta de noção.

Sua mão direita tocou meu rosto delicadamente, como se para trazer minha atenção de volta a seu rosto, que estava corado. Eu precisava manter meu autocontrole antes que pusesse tudo a perder, mas como me negar a viver, a experienciar, uma coisa tão agradável quanto estar cada vez mais próximo a Bella física e emocionalmente?

─ Eu acho melhor ir embora ─ murmurei a contragosto, as palavras sendo praticamente forçadas para fora de minha boca ─ Sei que prometi te ajudar com a louça, mas...

─ Você tem razão ─ Bella concordou, afastando-se completamente e esfregando o rosto com as mãos ─ Antes que façamos alguma besteira ─ ela sussurrou, como se dissesse aquilo só para si mesma.

─ Te vejo amanhã? ─ perguntei e ela mordeu o lábio, parecendo um pouco indecisa, mas por fim, ela suspirou e assentiu.

─ Amanhã.

─ Venho após a aula de Jasper.

─ Estarei te esperando ─ disse ela.

Nós andamos até a porta de entrada em silêncio, presos a nossos próprios pensamentos. Eu não conseguia tirar o cheiro, a voz e a forma do corpo de Bella de minha mente e me perguntava sobre o que se passava na dela.

─ Boa noite, Edward ─ Bella falou antes de abrir a porta, a brisa gélida noturna me envolvendo enquanto eu passava pela soleira.

─ Boa noite, Bella ─ falei, virando-me para ela, que me fitava de maneira curiosa antes de abrir um sorriso.

─ Obrigada pela forma como sempre trata Alice, o que quer que tenha conversado com ela de manhã a deixou bem mais aliviada. Ela sabe que pode confiar em você.

─ Não há de quê, Bella ─ falei, sorrindo de volta ─ Eu nunca mais vou decepcioná-la.

Ela balançou a cabeça negativamente.

─ Foi só uma falha na comunicação, mas fico feliz por ver o seu esforço em colocar um sorriso no rosto dela. Se bem que... ─ Bella franziu o cenho ─ Você não precisa se esforçar muito exatamente ─ revelou-me ─ Ela é doida por você.

─ E eu por ela ─ falei, piscando para ela, que deu uma risada.

─ Bom saber disso... ─ Bella brincou, passando as mãos pelos braços, como se tentando se aquecer.

─ É melhor eu ir logo, antes que nós peguemos muita friagem ─ falei e ela assentiu ─ Agora é pra valer, boa noite, Bella ─ murmurei e inclinei-me na direção dela. Ela arregalou os olhos e sorri antes de beijar sua testa.

Bella suspirou e quando endireitei minha postura, notei um pequeno sorriso em seus lábios. O lado dentro de mim que acreditava na possibilidade de ela sentir algo por mim começou a vibrar.

─ Boa noite ─ ela sussurrou, presenteando-me com uma última visão, daquela noite, de seus lindos olhos chocolate.

Quarta-feira, 16 de abril de 2014 – 14:00h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 9°C – nublado.

─ Acabei esquecendo de te falar... Na segunda-feira, quando a Rose me... Quando ela foi me contar sobre aquilo que eu não te contei, sabe? ─ perguntei a Bella, que assentiu com um sorrisinho no canto dos lábios ─ Um dos garotos está com um pouco de dificuldades para chamar a menina que ele gosta para sair e eu pensei em dar um empurrãozinho.

Não era mais sobre fazer Jacob passar vergonha por me irritar, eu apenas queria ajudá-lo de verdade.

─ Vai servir de cupido, Edward? ─ Bella brincou. Estávamos acabando de organizar a louça do almoço; havíamos levado a Pequenina e Jasper para a escola e pretendíamos terminar de colocar os ovos dentro de suas respectivas embalagens.

─ Sabe, eu pensei que você poderia me ajudar ─ falei e ela riu.

─ No que está me metendo, Senhor Cullen? ─ perguntou em tom divertido.

─ Eu pensei em algo como uma barra de chocolate escrito “Quer sair comigo?”, mas, é claro, tenho zero habilidades para isso, não tenho nem ideia de como fazê-lo.

─ Olha, você todo romântico, gostei ─ disse Bella, dando-me um sorriso. Um lindo sorriso.

─ Romântico é meu sobrenome ─ brinquei e ela riu novamente.

─ Nós podemos usar um pouco de chocolate branco para escrever na barra preta ou vice-versa, o que você acha?

─ Acho ótimo, “tá” vendo como você deveria ensinar as crianças? Além do conhecimento técnico você tem ótimas ideias.

─ Obrigada, Edward, de verdade. Prometo que vou pensar sobre isso com carinho ─ falou e assenti, observando enquanto ela pegava uma barra de chocolate branco e a abria.

A madrugada anterior havia sido um completo terror. Eu havia acordado diversas vezes com o coração batendo acelerado. Nem quando eu estava esperando a resposta de Juilliard eu ficara tão ansioso. Eu estava quase pirando por não saber se Bella sentia algo por mim; a minha vontade era de finalmente contar-lhe tudo, mas o medo de não ser o suficiente para ela e Alice me assombrava. Sabia que precisava ser o melhor para as duas, não poderia decepcioná-las.

─ Você parece um pouco cansado ─ disse Bella e então percebi que ela também estava me observando.

─ Estou um pouco mesmo, não consegui dormir direito ontem. Acho que é ansiedade.

─ Por causa de Juilliard? ─ ela me perguntou e encostou-se ao armário da pia, de frente para mim, depois de colocar o chocolate para derreter no microondas.

─ Ah, na verdade não por isso.

─ Não se preocupe. O que quer que seja vai dar certo. E sobre Juilliard, na verdade já deu certo.

─ Obrigado, Bella, estou torcendo por isso.

E eu realmente estava, que tudo desse certo e que talvez, se ela quisesse, ela fosse minha, algum dia.

Domingo, 20 de abril – 16:00h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 25°C – predominantemente nublado.

Bella, Alice, vocês devem se lembrar da Anna e do Kristoff, né? ─ perguntei, guiando-as para perto de meus amigos. Nós três e a Loura estávamos caracterizados, novamente, como as personagens de Frozen para alegrar a festa das crianças.

─ Sim! ─ as duas responderam em uníssono, Alice ligeiramente mais animada.

─ Eu soube que alguém está arrasando nas aulas de piano ─ James comentou, piscando para Alice, que sorriu e olhou para mim.

─ É porque tenho o melhor professor! ─ disse ela, me abraçando apertado.

─ Nossa, Edward, conquistou mesmo a criança ─ Victoria falou, sorrindo maliciosamente para mim.

─ Credo Alice, por que está agarrando o Príncipe Hans? Ele é do mal! ─ Bree gritou do outro lado do pátio e as duas caíram na gargalhada.

─ Crianças, é hora da caça aos ovos! ─ Dona Esme chamou-lhes a atenção.

Nós havíamos dividido a festa em dois horários. O primeiro, durante a tarde, com a caça aos ovos para as crianças menores e, à noite, para os mais velhos, além dos ovos de chocolate caseiros, nós havíamos encomendado pizzas da Pizzaria McCarthy.

─ Sem correr, por favor. Vamos nos dividir em quatro grupos ─ mamãe tomou a frente da explicação ─ Dez crianças com a Anna, dez com a Elsa, dez com o Kristoff e dez com o H...

Ninguém vai querer ficar com o Hans ─ Jéssica interrompeu-a.

─ Deixe de ser boba, Jéssica. Ele é só um personagem ─ disse Bree, revirando os olhos ─ É o tio Edward quem está debaixo daquela fantasia.

Eu quero ficar no grupo do Príncipe Hans! ─ Alice se pronunciou, oferecendo sua pequena mão para que eu a segurasse.

─ Obrigado, Pequenina ─ sussurrei, piscando para ela, que sorriu para mim.

─ Eu também quero! ─ Bree falou, aproximando-se de onde estávamos e sorriu para mim e Alice. As duas pareciam estar se entendendo muito bem, mesmo com o pouco tempo de convivência! Dava pra perceber que era algo que estava fazendo bem às duas!

...

Após alguns minutos de discussão – porque algumas crianças realmente não queriam fazer parte do grupo do “Príncipe Hans” – os quatro grupos foram divididos e começamos a procurar os ovos pela ONG. Bella, mamãe e Ângela haviam sido as responsáveis por escondê-los na parte da manhã, então provavelmente eles estavam muito bem escondidos.

17:00h

─ Tá vendo porque o Príncipe Hans é o melhor?! ─ Alice exclamou quando voltamos ao pátio primeiro. Sim, a nossa equipe havia encontrado todos os dez ovos que nos cabiam primeiro.

Victoria me lançou um olhar desesperado, ela estava quase surtando, porque nunca passava tanto tempo sozinha com as crianças, qualquer que fosse o evento. Olhei discretamente para as escadas e ela sorriu para mim.

─ Sala de costura tem alguns ainda ─ sussurrei quando ela passou por mim.

─ Te devo uma ─ ela sussurrou de volta ─ Venham crianças ─ ela chamou o grupo dela ─ Vamos mostrar pra eles que o mais rápido nem sempre vence.

─ Meio contraditório, né, porque nós vencemos ─ provoquei-a e ela me mostrou a língua.

Se isso fosse uma competição ─ mamãe falou com uma sobrancelha erguida.

─ Claro, claro ─ resmunguei.

─ Venha Edw... Ops, Príncipe Hans, venha comer chocolate com a gente! ─ Alice me chamou.

O grupo Hans estava sentado às mesas do pátio e já se deliciavam com os chocolates.

─ Esses são só pra vocês ─ falei, agradecendo as crianças pela preocupação em dividir o que eles tinham. Elas tinham almas muito generosas, por vezes dividiam até mesmo o que não tinham só para que o outro não passasse mais necessidade.

─ É, crianças. O Edward tem o dele ─ disse Bella, simplesmente aparecendo ao meu lado. De onde aquela mulher surgiu? Ela riu ao notar minha cara assustada ─ Eu estava bem atrás de você ─ falou, como se tivesse lido minha mente.

─ Cadê? ─ Alice perguntou, olhando para a mãe.

─ Vou buscar, espertinha ─ respondeu Bella, piscando para a Pequenina.

Bella se afastou em direção à mochila que levara com alguns ovos e dela tirou um embrulho. Ela se aproximou de onde eu estava e entregou-o a Alice.

─ Aqui, Príncipe Edward ─ Alice sussurrou meu nome e entregou-me o embrulho ─ Feliz Páscoa! ─ exclamou, abraçando-me apertado.

─ Obrigado, Pequenina! Feliz Páscoa para você também ─ falei, fitando seus olhinhos azuis brilhantes. Abaixei-me na altura dela e abracei-a ─ O seu está no carro. Depois te entrego ─ sussurrei, afastando-me para olhá-la novamente.

Pisquei para ela, que sorriu para mim, dando uma piscadela de volta. Eu não estava tentando puxar o saco de Alice nem nada, mas também não queria fazer diferença entre ela e as outras crianças da ONG, então o melhor era dar-lhe seu “presente de Páscoa” em outro momento.

Voltei minha atenção para o meu presente e abri o embrulho. Era uma caixinha toda enfeitada com coelhinhos da Páscoa e dentro dela tinha uma barra de chocolate com o desenho de três “bonequinhos” nela.

─ É você, eu e minha mãe ─ falou Alice, apontando para cada um dos bonecos ─ Eu que fiz ─ completou, olhando para mim ─ Bem... Mamãe me ajudou um pouquinho.

─ É linda, meu amor. Muito obrigado ─ falei, abraçando-a de lado.

─ De nada ─ disse ela antes de dar um beijo no meu rosto ─ Eu amo você ─ ela sussurrou antes de sorrir para mim.

─ Também te amo, Pequenina ─ sussurrei de volta.

─ Alice, vem comer logo antes que eu roube seu chocolate ─ disse Bree, sentada há alguns metros de distância.

─ Eu vou lá, então. Você cuida da minha mãe enquanto eu brinco? ─ ela sugeriu, o sorriso se tornando ainda maior.

─ Pode deixar, Senhorita ─ falei e ela deu uma risadinha, olhando para Bella, que nos observava com a sobrancelha arqueada.

17:15h

─ Alice é tão caprichosa! ─ falei, observando os contornos do desenho no chocolate ─ Aliás, você também é. Nem te agradeci direito, como ela mesma disse você a ajudou. Obrigado, Bella!

─ De nada, Edward. Mas olha, ela fez a maior parte ─ disse Bella ─ Meu presente para você é outro! ─ falou, abrindo a mochila mais uma vez e entregando-me uma caixinha cheia de bombons ─ Eles são meio “adultos". Tem de licor, de rum, enfim, bebidas alcóolicas em geral... ─ explicou.

─ Uau, obrigado, Bella ─ falei e ela me devolveu um lindo sorriso. As habilidades dela eram impressionantes.

Nos acomodamos numa das mesas mais afastadas, aproveitando que os outros grupos da caça aos ovos ainda não haviam voltado.

─ Obrigada a você. Olhe só para a Alice, finalmente se enturmando ─ disse Bella e olhei para a Pequenina, conversando e comendo chocolate com as outras crianças ─ Por um tempo eu achei que a única amizade que ela teria na vida seria Jasper, isso não por falta de interesse dela.

“Ela sempre tentou com as crianças da escola, mas era difícil para ela se ajustar primeiro porque, devido ao tratamento, não podia ir à escola o tempo todo, depois porque estava sem os cabelos e fraquinha demais para fazer as mesmas atividades que as crianças ‘saudáveis’. Acho que as outras crianças ainda a veem como uma garotinha frágil. Não sei o que eu faria se Jasper não tivesse entrado na vida dela”.

─ Eu não consigo imaginar como deve ter sido difícil para ela, enquanto criança, mas para o meu pai não foi muito diferente ─ falei ─ Tantos amigos que ele tinha antes acabaram se afastando. No fim, os pais das crianças da ONG o apoiaram muito mais que vários amigos “de longa data”.

─ Já é um momento tão delicado por si só, os pacientes só precisam de apoio. E a gente que cuida deles também ─ disse Bella e concordei com a cabeça ─ Pelo menos eu tinha a Emmett. Não é como se eu pudesse manter uma conversa séria com ele por muito tempo, mas ele ouvia as minhas preocupações, os meus medos. Ele estava lá me apoiando quando... Quando Aro não estava ─ ela confessou, suspirando ao final da frase.

“Tenho certeza de que Alice só não vê Emmett como figura paterna, porque, claramente, ele age como se tivesse a mesma idade que ela. Mas ele esteve lá durante todo o tratamento. O pai dela também, mas com o passar do tempo, quanto mais difícil as coisas ficavam, mais ele se afastava de nós. Ele estava lá fisicamente, mas essa não era a única maneira de que precisávamos dele”.

Eu só conseguia pensar que, se Alice visse Emmett como o pai dela, eu talvez nunca tivesse uma chance de ter aquele papel. O meu outro lado se preocupava ainda mais com Rosalie e o bebê que se formava no ventre dela. Será que Emmett conseguiria lidar com tamanha responsabilidade?

─ Eu espero que ele consiga, Edward, sinceramente ─ Bella disse, como se lesse minha mente de novo ─ O que foi? ─ perguntou sorridente, arqueando a sobrancelha ─ Não estou lendo sua mente, você só é muito fácil de ler... Ou talvez eu só esteja acostumada demais a você ─ confessou ela, dando de ombros, mas com um leve rubor nas bochechas.

Eu não poderia definir de modo melhor. Se ela já estava tão acostumada comigo despretensiosamente, imagina eu, que estava apaixonado por ela e observava-a simplesmente porque adorava aprender mais a respeito dela?

─ Rosalie precisa contar para ele, Bella ─ falei e ela concordou com a cabeça.

─ Mas como poderíamos ajudá-la?

─ Ainda não pensei sobre isso... Emmett vem entregar as pizzas hoje? ─ perguntei e ela assentiu ─ Talvez se a gente trancar os dois na sala de costura e só abrir amanhã de manhã eles se conversem ─ brinquei e ela riu.

─ Meio radical, mas... E se a gente simplesmente oferecer uma bebida para Rosalie na frente dele? Ela vai ter que negar e eu posso perguntar o motivo. Emmett é meio lento, mas acho que ele vai conseguir pescar a resposta no ar, mesmo que ela não diga algo tão direto.

─ Mas Bella, a festa é sem álcool, lembra? ─ falei. Mesmo nós confiando nos nossos adolescentes, era melhor prevenir qualquer tipo de problema.

─ Mas não sem cafeína ─ ela me lembrou. Sorri.

─ Você é um pequeno gênio do mal, sabia?

─ Olha só quem fala! Não fui eu quem criou um plano para unir dois jovens apaixonados ─ ela brincou.

─ Verdade, você só o executou! ─ brinquei e ela deu uma gargalhada.

─ Ótimo, agora vou ser acusada de ser sua cúmplice! ─ ela murmurou, um sorriso estampado no rosto.

─ Você não parece se incomodar muito com isso ─ constatei.

─ É porque isso não pode ser considerado um crime, não é? Ajudar duas pessoas que se gostam a ficarem juntas ─ falou, encarando-me com seus olhos chocolate e eu sorri, concordando com a cabeça.

─ Você tem razão, Bella. Se as pessoas tivessem menos medo de amar... ─ eu mesmo me incluía na minha própria fala ─ Talvez escutássemos mais histórias de amor duradouras e felizes.

Ela suspirou, ainda me olhando.

─ Você parece ter tido um bom exemplo, não é? Com os seus pais? ─ perguntou ela.

─ A verdade é que estou rodeado de pessoas fortes e persistentes Bella. Elas lutam todos os dias pelas próprias vidas, não importa as circunstâncias, não importa se elas já saibam como será o final de suas histórias, elas nunca perdem a esperança. Mas tenho que confessar que meus pais estão no topo dessa lista.

“Minha mãe passou os últimos cinco anos da vida de meu pai, desde quando descobrimos o câncer, ao lado dele. Ela sempre respeitava o espaço dele, porque haviam momentos em que ele queria ficar sozinho, mas ela lutou pela vida dele tanto quanto ele e isso dava forças um para o outro. Eu sei que, se fossem outras pessoas, no lugar de qualquer um dos dois, talvez não tivessem conseguido desfrutar de todos aqueles momentos”.

“Porque, é claro, tinham momentos horríveis, de muita dor física e emocional, de muito medo, mas não era só aquilo. Houveram sorrisos, abraços, carinhos e muita esperança. A vida inteira de meu pai não se resumiu aos últimos cinco anos dele e é um alivio saber disso; as pessoas que o conheceram têm em suas memórias o “Professor Carlisle” que eu conheci como pai, um homem trabalhador, honesto e generoso”.

“Quando olho para tudo isso que ele construiu, para as vidas que ele tocou, tudo o que sinto é orgulho. Além, é claro, de não querer deixar isso parado, de honrá-lo, mais do que por qualquer mandamento bíblico ou porque quero ‘seguir os passos dele’. Ninguém está me impondo nada. Mas porque eu vejo a importância disso e não me imagino fazendo outra coisa” falei.

─ Ele parece ter sido um homem extraordinário ─ disse Bella ─ Mesmo sem tê-lo conhecido, é incrível como eu consigo vê-lo em você, pelas coisas que você me contou. São dois apaixonados pelas pessoas, querem um mundo melhor para todos, isso é admirável. Obrigada por me contar e por me deixar fazer parte disso também.

Ela sorriu e afagou minha mão sobre a mesa, passou os olhos pelo pátio e voltou-os para mim.

─ Obrigado por abrir as portas da sua casa para mim, Bella. E por ter me tratado tão bem.

─ É bizarro pensar que alguém poderia te tratar de forma diferente ─ disse ela ─ Mas eu sei que isso, infelizmente, não é incomum ─ ela suspirou.

─ Nem todo mundo é como Isabella ou Alice Volturi ─ falei e ela riu, balançando a cabeça negativamente.

Um silêncio se instalou por alguns minutos, com a exceção de algumas risadinhas das crianças. Eu e Bella ainda nos olhávamos, era bom ter aqueles momentos com ela. Dali a alguns meses, não saberia quando ou até mesmo se voltaria a tê-los novamente.

─ Mamãe! ─ Alice exclamou, correndo até nós animadamente ─ Bree pode dormir lá em casa hoje?

─ Hoje, meu amor? Mas hoje é Domingo, amanhã é dia de semana, vocês têm escola.

─ Por favorzinho, você pode levar ela de volta pra casa dela de manhã ─ Alice pediu, fazendo biquinho. Ela uniu as mãos e olhou para Bella com aqueles olhinhos brilhantes e irresistivelmente adoráveis. Eu mesmo não sabia como resistir a eles.

─ É tudo bem, eu posso falar com a mã...

─ Alice, posso falar com sua mãe rapidinho? ─ interrompi Bella. Eu precisava explicar a ela a situação de Bree antes que ela concordasse com o pedido de Alice. Não queria que aquilo frustrasse a Pequenina.

─ Tudo bem ─ Alice concordou, afastando-se um pouco.

─ O que foi, Edward? ─ Bella perguntou.

─ É que a Bree... Bem... Ela mora num abrigo, algumas das crianças que atendemos são de lá ─ falei-lhe ─ A mãe dela faleceu há alguns anos e o pai... Bem, ele é um cara violento. Bree acabou sob os cuidados dos serviços sociais.

─ Oh, Edward, eu não fazia ideia. Ela é tão pequena... ─ Bella suspirou, olhando para a garotinha que, de certa forma, até lembrava a Alice. Ambas praticamente da mesma altura, os cabelos pretos e olhos azuis. Talvez aquilo fizesse Bella se compadecer ainda mais da história dela ─ Isso quer dizer, então, que ela não pode dormir em outro local, não é?

─ Sinceramente, Bella, eu não sei. Nós nunca tivemos um pedido desses ─ falei-lhe ─ Não custa nada tentar, não é mesmo?

─ É ─ concordou ela, ainda fitando as duas meninas ─ Alice venha aqui! ─ Bella a chamou e a Pequenina logo a obedeceu ─ Olha só, Edward estava me contando que Bree mora junto a outras crianças, não com os pais dela. Nós vamos tentar saber se ela pode ir para a nossa casa, mas eu quero que saiba que não há garantias. Se ela não puder, nada de ficar insistindo, entendido? Você sempre pode vê-la aqui na ONG, de qualquer forma.

─ Poxa ─ Alice resmungou e fez um biquinho ─ Por que ela não mora com os pais dela? ─ perguntou.

─ Porque... ─ Bella parecia meio incerta sobre como explicar aquilo para a Pequenina. Realmente, não era um assunto fácil.

─ Por que você mesma não pergunta pra ela, Alice? ─ sugeri. Ela concordou e em segundos, já estava ao lado de Bree novamente ─ As crianças sabem se virar ─ falei e Bella riu, concordando ─ A gente que complica e subestima o entendimento delas, temos medo de acabar falando demais e assustando-as, mas no final de tudo, elas acabam captando mais do que a gente deixa transparecer.

─ Olha, pra quem não tem filhos, você é experiente demais ─ Bella brincou.

─ Não precisamos de sangue pra ser pai, né ─ falei ─ Mas dessas crianças eu sou mais “tio”, acho que não tenho idade pra ser pai, pelo menos não biológico, delas.

Até porque eu amaria ser pai de uma delas. Uma que havia roubado meu coração e que, por “coincidência” era filha dela.

─ Verdade ─ Bella concordou ─ Ou então você teria começado bem cedo ─ ela provocou, sorrindo maliciosamente, mas corou logo em seguida ─ Quer dizer... Eu comecei cedo, mas você entendeu.

─ Você até que está na média, vai ─ brinquei, fazendo-nos rir.

18h

─ Ah... Dormir fora, Edward, mas aonde? ─ Dona Carmen, a diretora do abrigo me questionou. Ela havia ido buscar as crianças e levar os adolescentes para a festa.

─ Na minha casa, Senhora ─ Bella respondeu. Ela estava ao meu lado e parecia um pouco ansiosa.

─ Me desculpe, mas a Senhorita é? ─ Carmen não soava ríspida ou com desdém, como poderia se pensar. Ela era uma senhora adorável, estava apenas preocupada com a segurança de Bree.

─ Ah, sou Isabella, muito prazer ─ Bella respondeu.

─ Muito prazer, Senhorita, sou Carmen.

─ Bella é a mais nova voluntária daqui da ONG, Dona Carmen ─ falei e a senhora fez uma expressão de surpresa.

─ Eu não fui informada dessa... Adição ao time ─ ela falou ─ Mas seja bem-vinda.

─ Obrigada ─ disse Bella, sorrindo simpaticamente.

─ É que ela ainda está no período de experiência, mas logo enviaremos a ficha dela para a Senhora...

─ Certo, Edward...

─ É que a filha dela, Alice, e Bree viraram grandes amigas e...

─ Edward ─ Dona Carmen me interrompeu, erguendo a mão para que eu me calasse ─ Eu entendo que as pessoas têm boas intenções, mas, infelizmente, Senhorita Isabella, não posso permitir que Bree durma fora do abrigo por questões de segurança. Muito menos sem ter os seus dados e mesmo que os tivesse, é uma autorização bastante complicada.

─ Eu entendo Dona Carmen, está fazendo o que é melhor para Bree ─ disse Bella.

─ Bem, eu imagino que as meninas tenham atividades diferentes e por isso não possam se encontrar durante os dias da semana, mas se quiser pegar a Bree, enquanto voluntária da ONG, para passar o dia em sua casa, depois que tiver me enviado uma ficha ─ Dona Carmen falou, olhando para mim na última parte e depois voltou-se para Bella com um sorriso ─ É só me ligar. Edward e o pessoal daqui têm meus contatos.

─ Tudo bem. Tenho certeza de que elas vão amar poder se ver com mais frequência ─ Bella falou e eu concordei com a cabeça.

─ Dona Carmen, que tal se a Senhora deixar a Bree aqui até a festa dos adolescentes terminar? Só para não deixar Alice aqui sozinha ─ sugeri. Tudo para não deixá-las triste.

─ Edward, está querendo mimar demais a Alice ─ Bella me repreendeu.

─ Por mais amável que isso seja, Edward, o que eu diria para as outras crianças? Não seria justo com as demais, não acha? ─ indagou Dona Carmen.

─ Ah, poxa, vamos lá, Dona Carmen, só por mais algumas horinhas ─ pedi e percebi que ela continuava relutante ─ Olha, então deixe todas as crianças aqui.

Fazendo as contas, havia cerca de dez crianças, todas do abrigo, as outras já haviam sido levadas por seus pais.

─ Tem certeza de que consegue cuidar de todos?

─ Tem a minha palavra, Dona Carmen ─ falei e ela sorriu.

─ Você sempre me convence, né, menino? ─ brincou ela ─ Aproveite, então.

19h, 24°C

─ Então, Bella, vamos repassar os planos. Eu vou ajudar o Emmett a descarregar as caixas de pizza enquanto você chama o Jacob para te ajudar a entregar os ovos aos adolescentes ─ sussurrei para ela, observando o dito cujo admirando Leah de longe ─ Isso para ele não suspeitar de mim.

─ Isso. Daí eu deixo o ovo da Leah por último, para ele entregar junto com a barra ─ Bella complementou ─ Depois eu ofereço café para Rosalie sob o pretexto de “nos mantermos acordadas” depois de tantas horas de festa.

─ Vai dar tudo certo! ─ ergui minha mão e ela deu um toque.

Sorrindo, fui para fora da ONG, onde Emmett acabava de estacionar o carro.

─ Fala aí, Príncipe Hans! ─ disse ele, fazendo uma reverência. Eu ainda estava fantasiado.

─ Noite, Emmett ─ cumprimentei-o.

─ Lugar legal ─ falou, olhando para a fachada da ONG.

─ Você mal pode esperar para ver lá dentro. Rose está lá ─ provoquei-o e ele deu um sorriso meio envergonhado.

─ Então vamos logo, antes que as pizzas esfriem ─ ele falou, caminhando até o porta-malas e abrindo-o.

─ Acho que eu nunca vi tanta pizza na minha vida de uma vez só ─ brinquei.

Originalmente havíamos pedido 20 pizzas de antemão, mas, como aumentamos o horário da festa para as crianças do abrigo, pedimos para Emmett fazer mais 5 pizzas extra, as quais ele – segundo o próprio – estava nos dando de brinde.

─ Acredite, faz algum tempo desde que tivemos uma encomenda dessas. Obrigado, cara ─ disse ele, exibindo as covinhas que tenho certeza terem sido o “motivo” da gravidez de Rosalie.

─ Que isso, cara. Tenho certeza de que o pessoal daqui ainda vai virar seu cliente ─ falei e ele riu.

Dividimos as pizzas em duas viagens para cada um de nós e voltamos bem a tempo de presenciar Jacob entregando – parecendo bastante confuso, devo salientar – o embrulho da barra de chocolate a Leah que, curiosa, a abriu no mesmo instante. As bochechas dela ficaram vermelhas e os olhos pequeninos se arregalaram.

Jacob, que estava de frente para ela, ainda não havia entendido o motivo para tamanho choque, até que ele se posicionou ao lado dela e viu com os próprios olhos; em seguida, seu olhar percorreu o pátio da ONG até me avistar. Ele estava furioso. Muito furioso.

─ Emmett, se eu morrer você diz a Bella...

─ Que você gosta dela? Não precisa ser um gênio pra saber disso, Edward ─ Emmett zombou e eu bufei. Ele deu outra risada, parecendo se divertir ainda mais quando viu Jacob começar a caminhar em minha direção com a expressão fechada.

─ Jake, isso foi adorável ─ Leah murmurou, chamando a atenção de Jacob.

Jacob se virou para ela, que o fitava com um sorriso bobo no rosto. Os outros meninos se aproximaram dos dois e começaram a berrar palavras de incentivo, “Aceita Leah” sendo algumas delas.

─ É claro que quero sair com você ─ Leah disse por fim.

Os adolescentes vibraram e se amontoaram ainda mais ao redor deles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Volto amanhã com o quarto capítulo!
Beijos,
Mari.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Maiores Paixões da Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.