As Maiores Paixões da Vida escrita por Mari Pattinson


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!
Gostaria de começar as notas agradecendo às meninas que comentaram no último capítulo: Jaqueline Ferreira e SS Oliver.
Vocês são demais, obrigada pelo apoio ♥
Também avisar que: estou a uns passinhos de finalizar o epílogo e a fanfic contará com quatro cenas extras (serão postadas antes do epílogo), que são cenas que deixariam o último capítulo longo demais (e com um espaço de tempo muito longo entre elas), mas também são muito curtas para serem "capítulos independentes".
Dito isso, eu basicamente só preciso revisar os próximos capítulos e pretendo disponibilizá-los um por dia (durante essa semana) até eles acabarem.
E mais uma coisinha, pessoal: achei por bem aumentar a classificação indicativa para +13, para evitar qualquer problemas com as postagens, isso por causa de algumas insinuações por parte da narração de Edward que talvez não fossem adequadas à classificação "livre" (se vocês se sentirem desconfortáveis com isso e não quiserem mais ler a história, eu super vou entender).
Eu espero que vocês gostem desse capítulo; lembrem-se que podem deixar seus comentários e recomendar a história para outras(os) Crepusculetes que vocês conhecerem!
No mais, aqui está o segundo capítulo de "As Maiores Paixões da Vida".



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CAPÍTULO 2

Segunda-feira, 24 de março de 2014 – 14:00h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 0ºC – parcialmente nublado.

A perspectiva de ver Isabella tão logo depois da conversa com minha mãe me deixava ansioso. Eu a esperava no Impala para levá-la até a ONG.

─ Boa tarde, Edward! ─ Bella me cumprimentou, assim que abriu a porta do carona e sentou-se ao meu lado.

─ Boa tarde, Bella... ─ cumprimentei-a de volta, observando como a mais simples das vestimentas podia ficar tão linda quando quem a usava era Isabella. Ela usava um casaco de moletom azul marinho, calças também azuis, o mesmo tênis e bolsa pretos do outro dia e seu cabelo estava arrumado numa trança lateral.

─ Tudo bem? ─ ela me perguntou, parecendo um pouco preocupada. É claro! Eu deveria estar com cara de idiota.

─ É, está. E com você? ─ respondi-lhe, ao mesmo tempo em que tentava organizar meus próprios pensamentos.

─ Sim ─ ela limitou-se a afirmar e dessa vez eu fiquei preocupado. Sua resposta monossilábica poderia ter algo a ver com a minha esquisitice cada vez mais aparente quando eu ficava perto dela? Esperava, sinceramente, que não.

─ Alice, como está a Pequenina? ─ perguntei-lhe.

─ Ah... ─ Bella suspirou, mordendo os lábios, parecendo preocupada... Então talvez fosse algo com Alice! ─ Está bem ─ respondeu, novamente, de maneira mais sucinta ─ Sabe, quero te agradecer pelo contato de Rosalie, ela começará as aulas de reforço ainda essa semana! ─ completou, parecendo um pouco mais animada.

─ De nada, Bella ─ falei, finalmente dando a partida no carro. Continuava preocupado com Alice, mas enquanto Bella não me sentisse confortável, eu não a pressionaria a me contar o que estava realmente acontecendo.

14:20h

─ Seja bem-vinda, Bella! ─ mamãe nos recebeu e abraçou a um de cada vez bem apertado ─ Meu filho! É realmente um milagre que você tenha vindo aqui por três dias seguidos, obrigada por essa mudança!

─ Obrigada, Dona Esme ─ Bella respondeu, risonha.

─ Mamãe!

Revirei os olhos. Dona Esme nunca mudaria mesmo! As duas apenas riram enquanto nos dirigíamos ao andar de cima, onde, entre mais algumas portas, minha mãe dava aula de corte e costura.

─ Não sei se conhece, Bella, sobre a arte da costura ─ mamãe disse quando entramos na sala que tinha algumas máquinas de costura, alguns manequins e muitas agulhas e linhas.

─ Para ser sincera, não, Dona Esme ─ disse Bella, parecendo um pouco envergonhada, as bochechas ruborizadas como de costume.

─ Não há problema algum, minha querida ─ minha mãe tornou a falar, acariciando o rosto de Bella suavemente e, por um breve segundo, invejei a liberdade que as duas estavam criando uma com a outra. É claro, seria muito menos estranho outra mulher tocando Bella daquele jeito, mas isso não diminuía a minha vontade de tocá-la daquela mesma forma, mesmo que não fosse prudente, não fosse adequado às nossas circunstâncias.

“Venha, vou lhe mostrar algumas coisas antes de minha aula começar. Depois te libero para ver a aula de piano... Quem sabe Edward não se empolga!” Dona Esme brincou e não pude deixar de acompanhá-las quando elas riram.

17:30h, 1°C

─ Edward, você com aqueles meninos... Foi tão lindo de assistir! A forma como você os ensina, como você os inspira, é muito maior do que a própria melodia, que as notas tocadas! Estou impressionada até agora! ─ Bella exclamou, sorrindo para mim.

─ Obrigado, Bella! ─ falei, sentindo meu rosto queimando quando ela continuou me fitando com seus olhos castanhos derretidos ─ A minha maior paixão sempre foi a música e poder dividi-la com aquelas crianças é maravilhoso. Acho que herdei isso de meu pai.

Estávamos de volta ao Impala, esperando o motor esquentar antes de eu dar a partida em direção à escola da Pequenina. O dia havia sido incrível, Bella ficara na aula de minha mãe, aprendendo sobre linhas e agulhas e depois assistira ao “Breve Retorno de 1 Dia do ‘Tio Edward’”, como os próprios alunos denominaram a minha aula de piano. Eu sentia falta deles, é claro, sentia falta de poder ensiná-los. Mas eu tinha esperanças de que meu mestrado pudesse contribuir ainda mais com o conhecimento deles, quando eu retornasse. O sonho de meu pai de formar uma pequena orquestra ainda estava vivo por minha causa e era eu quem deveria torná-lo realidade.

Esperava que o ingresso à Juilliard pudesse levar atenção suficiente à ONG, às condições daqueles meninos e, principalmente, ao sonho deles que se mesclavam ao de meu pai.

─ É uma coisa boa a se herdar ─ Bella comentou ─ Por falar nele, ele não trabalha na ONG também?

Ela sabia da história da fundação da ONG, pois minha mãe contara, então sabia que meu pai estivera envolvido em todo processo; naturalmente, devia estranhar o fato de ele não ter aparecido ainda.

─ Ele faleceu, Bella. Há quase cinco anos atrás... Câncer ─ falei-lhe e ela estremeceu, fechando os olhos por alguns segundos, antes de abri-los e segurar minha mão, que estava repousada em minha coxa direita.

Desnecessário dizer que minha pele queimou com o toque dela, meu corpo todo se arrepiou; a mão dela estava quente, mesmo com todo o frio que fazia.

─ Eu sinto muito, Edward! ─ disse ela, acariciando minha mão e eu quase desfaleci com a maciez e carinho de seu toque.

─ Obrigado, Bella ─ falei, sincero, encarando seus olhos castanhos e notando um nível ar de compreensão que me assustou; aquela sensação de impotência e medo que eu senti durante todo o tratamento e fim de vida de meu pai estava refletida nos olhos de Isabella. Não era algo que eu imaginava ou que eu gostaria que ela sentisse.

Mas aquilo tudo não fazia muito sentido, porque os pais de Bella haviam morrido num acidente – ou, pelo menos, foi o que as “revistas de fofoca” que pesquisei anunciavam. Será que aquelas revistas não estavam tão certas assim? Ou talvez tivesse a ver com a forma preocupada com que se comportara durante o dia todo? Acho que eu precisaria de mais tempo para desvendar alguns dos mistérios da vida dela.

Terça-feira, 3 de abril de 2014 – 09:15h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 3ºC – chuvoso.

─ Oi Bella, bom dia ─ cumprimentei-a ao passar pela porta de sua casa.

─ Bom dia, Edward, como vai? ─ perguntou-me, fechando rapidamente a porta, a chuva do lado de fora ainda não dera trégua.

─ Bem, e você? ─ perguntei, retirando minha capa de chuva e botas rapidamente, evitando encharcar o piso.

─ Bem também ─ respondeu-me e, diferentemente dos últimos dias ela me parecia mais convicta de sua afirmação ─ Dê-me aqui! ─ ela estendeu as mãos e sem que eu tivesse tempo de pestanejar, pegou a capa de minhas mãos e as botas do chão e, tranquilamente, desapareceu pela porta da cozinha.

Bella havia estado meio “preocupada” – pelo menos era o que parecia – nos últimos dias, meio distraída até. Em mais de um momento, quase queimou o almoço e, na ONG, se furara tantas vezes com a agulha – e quase se cortara com a tesoura um bocado de vezes – que minha mãe achou melhor deixá-la com Sue, que dava aulas de artes. Por sorte, as atividades de artes daquela semana envolveram apenas tintas e lápis de cor – nada de tesouras ou outros instrumentos afiados.

Eu, se por um lado, estava muito aliviado porque o resultado da minha aplicação para ingressar em Juilliard finalmente havia chegado no dia anterior, por outro, me sentia ansioso por ter que comunicá-lo em voz alta. Tornava tudo mais concreto, mais real. Dona Esme era a única pessoa para quem eu já havia contado as novidades e estava na hora de contar para as outras pessoas em minha vida, principalmente aquelas que, de uma maneira ou de outra teriam suas vidas modificadas qualquer que fosse o resultado.

─ Bella, eu tenho uma notícia boa e outra ruim, por isso vim um pouco mais cedo hoje. Sei que Rosalie deve estar com Alice lá em cima e queria conversar com você antes ─ falei-lhe quando ela voltou para a sala ─ Qual delas você quer ouvir primeiro?

Ela arregalou os olhos e neles, vi a preocupação de volta.

─ Você não está doente, está? ─ perguntou ela, aproximando-se de mim cautelosamente e fixou seu olhar em meu rosto, a sobrancelha arqueada. Ela estava linda, só para variar um pouco, com um suéter azul claro, calça xadrez uns tons mais escuros e uma pantufa felpuda branca. Os cabelos estavam, dessa vez para variar realmente, soltos.

─ Não ─ respondi, balançando a cabeça negativamente ─ Vou começar com a negativa então: é que em mais ou menos quatro meses não poderei mais ser professor de Alice porque vou para Nova Iorque... ─ disse-lhe, mal contendo o sorriso em meu rosto. E claro, Bella deduziu qual seria a notícia boa: eu havia sido aceito em Juilliard.

─ Edward, mas... Isso é fantástico! ─ ela exclamou e, inesperadamente, senti seu corpo se chocando contra o meu, quando os braços dela me envolveram num abraço apertado.

Meu coração disparou quase que de imediato; tê-la ali, tão perto de mim, fisicamente, ter o apoio dela... Rodeei meus braços ao redor da cintura dela, sentindo, pela primeira vez, seu corpo macio com a palma de minhas mãos... Não! Eu sentia, é claro, a textura de seu suéter, mas também o formato de seu corpo. Era perfeito, como tudo nela. Com tamanha proximidade, pude sentir o perfume que ela usava, tinha uma combinação meio floral e cítrica, nada enjoativa.

─ Parabéns! ─ disse ela, apoiando o queixo em meu peito e me olhando com os olhos grandes e castanhos, como sempre, derretidos.

─ Obrigado, Bella.

Minha voz estava rouca, mas também, como eu poderia me controlar com ela tão perto de mim? Literalmente, colada ao meu corpo. Se estivéssemos sem roupas... Nem pense nisso, meu próprio cérebro se advertiu. Não seria nada saudável, para a minha mente, ficar imaginando-a como veio ao mundo, se eu não poderia vê-la daquela maneira de verdade.

─ De nada! ─ Bella disse, sorrindo ─ Temos que comemorar!

─ Dia 12 ─ falei, refreando o impulso de acariciar seu rosto; minha mão pinicava para sentir a textura da pele dela.

─ Como? ─ perguntou em tom confuso, um leve franzido em seu cenho.

─ Você acha que Dona Esme já não marcou uma data? Aquela mulher é um furacão. Disse que precisa de um pouco de tempo para organizar, será lá na ONG, uma pequena confraternização junto com os alunos e o pessoal da equipe.

─ Oh! ─ Bella pareceu surpresa, mas logo voltou a sorrir ─ Sua mãe é uma figura mesmo. Mas... ─ ela se interrompeu, mordendo o lábio e parecendo meio insegura. Será que ela achava que não seria convidada?

E claro, você e Alice são minhas convidadas de honra ─ falei-lhe, novamente controlando minha mão. No entanto, manter minhas mãos praticamente coladas na base de suas costas para não tocar seu rosto, não me colocava numa situação de autocontrole muito maior.

─ Ah! ─ Bella corou e finalmente pareceu se dar conta de que continuávamos abraçados, quando ela, suavemente, colocou as mãos em meu peito e nos afastou um pouco. Minhas mãos, inevitavelmente, “caminharam” para a lateral de sua cintura e ela ofegou, mas tentou disfarçar com uma tosse leve. Eu quase sorri com a reação de seu corpo ao meu toque, não fosse duas figuras que desciam as escadas conversando animadamente.

Eu e Bella nos afastamos ainda mais, mas o rubor ainda presente nas bochechas dela fez Rosalie sorrir maliciosamente assim que ela e Alice entraram na sala.

─ Bom dia, primo querido ─ Rose me cumprimentou, dando uma risadinha.

─ Rosalie ─ murmurei, querendo jogar uma almofada na cabeça dela. Mas é claro, me contive em nome da educação que recebera de meus pais.

─ Bom dia, prof! ─ Alice exclamou, animadamente, e correu até mim, dando-me um abraço. Ela vestia uma camiseta de mangas compridas da “Minnie”, calças jeans e sapatilhas; os cabelos divididos e presos em duas tranças.

Meu coração apertou quando percebi que, em alguns meses não receberia mais aqueles abraços de urso da Pequenina. Que eu estaria a quilômetros e mais quilômetros de distância das garotas que, de formas diferentes, roubaram o meu coração.

Eu sabia que jamais seria o mesmo depois de tê-las conhecido, só não imaginei que mudaria tanto. Eu ainda amava a música e amava o piano, ainda mantinha vivo o sonho de meu pai – que se tornara meu – mas, é claro, a vida era muito mais do que aquilo; os sorrisos, a companhia das duas se somaram ao que já me era importante; elas não estavam substituindo, mas acrescentando vida, paixão e harmonia àquilo que eu tinha como prioridade na minha vida: a música.

Era quase como se as três – a música, Isabella e Alice – se acomodassem dentro de meu coração, dividindo o espaço dele de forma igual; uma não era mais importante que a outra – por mais que fosse óbvio que meus sentimentos em relação a elas eram certamente um pouco diferentes.

Foi naquele momento em que eu soube que estava realmente apaixonado por Isabella. Foi também quando eu percebi que não queria ficar longe dela ou de Alice, mas aquilo seria o suficiente? Aquele sentimento era permanente? E se eu mudasse de ideia? Se eu não conseguisse ser o que elas precisavam?

Eu só esperava ter tempo suficiente para descobrir as respostas para aquelas perguntas, se valia a pena tentar ser importante para elas, da mesma maneira que elas haviam se tornado para mim, já tendo a certeza de que eu iria embora em alguns meses.

Quinta-feira, 10 de abril de 2014 – 09:20h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 14ºC – predominantemente nublado.

─ Rosalie ainda está aí? ─ perguntei, após cumprimentar Bella, em mais uma manhã das aulas da Pequenina ─ Minha mãe pediu que eu entregasse esse livro para ela, daí resolvi vir mais cedo. Parece que a cabeçuda o esqueceu na ONG ontem.

Mostrei a ela o livro de matemática em minhas mãos. Por causa de Bella, eu estava visitando a ONG com mais frequência, porque sempre a levava lá quando não tinha algum evento no período da tarde – esses eventos eram mais esporádicos, o que significava que eu ia à ONG quase todos os dias com Isabella.

Também significava que eu passava mais tempo ainda com Bella e, cada vez mais me sentia apaixonado por ela.

Mamãe estava cada vez mais encantada com ela – e acho que isso tinha um pouco a ver com o fato de Bella ser um incentivo não-proposital de minhas idas até a ONG. As duas estavam bastante animadas com a “Festa EFAJ” ou “Festa Edward Foi Aceito em Juilliard” como elas apelidaram.

Mas eu seria idiota de dizer que não estava amando poder passar um tempo no lugar em que cresci, com as crianças, a música, Dona Esme e a mulher que roubara meu coração.

─ Ela está lá em cima com Alice ─ Bella respondeu, não conseguindo esconder a diversão em seu tom de voz. Ela usava uma camiseta de mangas longas preta e calça jeans que se ajustavam muito bem ao corpo dela. Os cabelos estavam presos numa única trança ─ Logo elas devem descer. Quer um pouco de café?

─ O que? Além de me dar almoço quer me servir café da manhã também?

─ Ah, vamos lá, Alice precisa de uma pausa de qualquer forma. Não sei se foi uma ideia muito boa marcar as aulas de reforço e as de piano no mesmo dia, tenho medo que ela fique muito cansada, sabe... ─ disse Bella, parecendo preocupada.

─ Olha, se tem alguém que eu conheço que é cheia de energia, esse alguém é a Alice! Mas se você achar melhor trocar o dia da semana, é melhor falar com Rosalie, porque, por culpa sua, eu já preenchi minha agenda às segundas e quartas-feiras com um loirinho chamado Jasper ─ brinquei, piscando para ela, que sorriu.

E por causa das aulas, os eventos matinais – tão esporádicos quanto os vespertinos – eram feitos apenas por Victoria e James – com a exceção das sextas-feiras e finais de semana, quando eu estava livre. O lado positivo, era que eu tinha a renda fixa das aulas no final do mês, então acabava compensando, e muito, os eventos perdidos.

─ Ele é um amor, não? Ele e Alice são melhores amigos desde o jardim de infância ─ Bella disse, gesticulando para que eu a seguisse até a cozinha. Ela montou a pequena mesa com dois pares de xícaras de chá e pratinhos combinando.

“A mãe dele é bem mais velha, como você deve ter notado; ela e o Senhor Whitlock o tiveram depois dos 40 anos, após muitas tentativas, pelo que a Senhora Whitlock me contou. Eles são uma família bastante especial”.

─ Essa parte ela não me contou ─ falei-lhe, assistindo-a pegar algumas coisas na geladeira, como leite e manteiga ─ Mas os três são muito educados e simpáticos.

A família Whitlock estava no meio termo entre os ricos “ricos” que eu conhecera e os ricos tipo “Isabella e Alice”. Eram cordiais e me trataram muito bem todas as vezes que pus os pés na casa – nada modesta – deles e eram simpáticos, mas não a ponto de me oferecerem um lugar à mesa para as refeições.

Jasper era um garotinho calmo e igualmente educado, – não tinha jeito de menino mimado insuportável – mesmo que eu soubesse que ele, em tese, era mimado – mas, pelo menos, não era insuportável. E, se eu parasse para pensar, Alice também era mimada e até mesmo eu poderia ser considerado assim.

─ É, acho que eu quem estou fazendo fofoca dessa vez ─ Bella fez piada e mordeu o lábio inferior. Eu ri de sua fala, mas tive que desviar o olhar de seu rosto... Atração deveria estar estampada em minha cara e não queria que ela percebesse.

─ Nem se preocupe. Igual à Loura lá em cima é difícil, viu! ─ brinquei também e ela riu, suspirando em seguida. Quando voltei meus olhos para ela, percebi que Bella me fitava; ela corou, olhou para baixo e deu uma risadinha.

─ Chá, café, leite... O que você prefere? ─ perguntou-me, retirando do armário um pote enorme de biscoitos, aparentemente caseiros.

Ela me encarava com os olhos chocolate derretidos e lembrei-me da primeira vez em que os vi, na festa de Alice.

Aquela mesma sensação, o mesmo arrepio continuava ali.

Se aquela mulher me perguntasse se eu preferia voltar para casa, descalço, num chão congelante ou em brasas, eu não me importaria de testar as duas opções, só para poder dar-lhe uma resposta com certeza. E então eu soube, não era passageiro, o que eu sentia era o suficiente para querer estar com ela.

A outra questão remanescente era a última. Eu estava pronto?

17:00h, Bridgeport Coffeehouse, Chicago, Illinois, 10ºC – nublado.

A tarde havia sido um pouco parada. Isabella não pudera ir à ONG, pois tinha um compromisso com Alice; ela não me contara exatamente o que era e por mais curioso – e preocupado – que eu estivesse, não quis pressioná-la a me contar o que elas iriam fazer. Mesmo assim, eu fui à ONG, mamãe estava pondo em prática os últimos detalhes da decoração da “Festa EFAJ” e Bella tiraria o dia seguinte para fazer alguns quitutes.

O que me surpreendeu, foi a mensagem de Rosalie, pedindo para encontrá-la num café, logo depois que ela saísse da escola, ao final da tarde. Ela não costumava pedir para se encontrar comigo em dia de semana, muito menos sem um motivo... Mas, é claro, ela foi, sem rodeios, direto ao ponto. Rosalie era fofoqueira, não precisava de motivos.

─ Você nunca entrou no quarto de Alice, entrou? ─ ela me perguntou logo de cara.

Estávamos sentados um de frente para o outro e o garçom havia acabado de anotar nossos pedidos: um café, ovos e bacon para mim e suco de laranja, wrap de frango e salada para Rosalie.

─ Bem, não... Não houve necessidade, já que o piano fica numa das salas.

Onde aquela doida queria chegar?

─ Você se impressionaria, Edward, se tivesse visto. Ela tem muitos daqueles manequins de cabeça, em que os cabeleireiros treinam os penteados, sabe? ─ Rose me perguntou e assenti ─ Todos, absolutamente todos, os cabelos trançados impecavelmente. Se ela me apresentasse comprometimento em outras habilidades eu poderia dizer que a menina é autista. Mas isso vai além, acredito que tenha uma história por trás; não me atrevi a perguntar, porque, oras bolas, estou há apenas algumas semanas dando aulas para a menina, não quero dar uma de mexeriqueira.

Bufei. Aquilo era novidade. Rosalie me olhou feio quando percebeu minha reação.

─ Enfim... As duas também, mãe e filha, e seus cabelos trançados todos os dias. Talvez por isso Bella lhe tenha pedido para dar aulas, para tirar um pouco o foco das tranças... ─ ela continuou.

─ E você quer que eu descubra sobre isso para você fofocar sobre a vida delas? Preciso te lembrar de que elas são Volturi, Rosalie, você enlouqueceu?

─ Eu só acho que seria importante você conhecer mais de sua aluna, principalmente quando está, visivelmente, apaixonado pela mãe dela! ─ ela falou um pouco alto e eu a olhei feio. Não queria que as pessoas ao redor ouvissem nosso diálogo.

Além do mais, ela estava errada, aquilo não era da conta de ninguém, muito menos da dela. Não cabia a nós ficarmos especulando sobre o que havia ou não no quarto de Alice. Sobre o que a menina fazia ou deixava de fazer com o que lá estivesse!

─ Chega! Chega dessa conversa, se Bella ou Alice quiserem me contar a respeito disso, ótimo, senão, é uma escolha delas! ─ ralhei com ela, levantando-me e andando em direção à saída do café.

Eu estaria sendo sincero se dissesse que o que Rosalie me contara não me deixou curioso? Não. Porém, aquilo não significava que eu deveria assumir de vez a posição de fofoqueiro da família. Se a oportunidade chegasse, talvez eu descobrisse o motivo para tantas tranças nos cabelos das meninas Volturi – e se a Loura não estivesse zoando com a minha cara, nos cabelos das bonecas de Alice também!

Sábado, 12 de abril de 2014 – 14:00h, ONG Saber é Conhecer, Chicago, Illinois, 24ºC – nublado.

─ Agora eu entendi porque você não sai de perto daquela morena! Além de linda ela é uma cozinheira de mão cheia ─ Jacob zombou enquanto abocanhava um pedaço da quarta fatia de torta de morangos feita, por ninguém mais ninguém menos, que Isabella.

A “Festa EFAJ”, montada no pátio da ONG, estava sendo um sucesso graças a ela e à Dona Esme. Elas prepararam praticamente um banquete com frutas, tortas doces e salgadas e um bolo gigantesco. E eu tive a chance de provar um pouco mais das habilidades culinárias de Bella, pois ela havia preparado a maior parte dos alimentos.

─ Jacob, porque não vai achar “uma morena” para você ao invés de ficar me enchendo o saco? ─ perguntei, indicando Leah Clearwater com a cabeça. Ela era a irmã mais nova de Seth e pelo que se ouvia pela ONG, era super apaixonada por Jacob.

─ Ah, vai te catar, mano ─ ele resmungou, estreitando os olhos para mim.

─ Só porque ela mete medo em você não significa que você tenha que demonstrar isso ─ era a minha vez de zombá-lo.

─ Medo dela? Tirou isso de onde? ─ perguntou em tom irritado.

─ Sei lá, toda vez que a menina chega perto de você, você parece que se encolhe na cadeira ─ brinquei com ele. Era claro que ele também gostava dela.

─ Olha só, Edward, eu tenho medo de absolutamente nada. Entendeu? Nadica de nada! ─ Jacob ralhou.

─ Ah é, então você não vai se encolher agora, vai? ─ perguntei, olhando por cima da cabeça dele. Jacob arregalou os olhos, o corpo tenso, provavelmente achando que Leah estava se aproximando. Ele virou para trás e suspirou, relaxado, quando viu que era minha mãe quem caminhava em nossa direção.

Você me paga! ─ ele sussurrou e eu ri de sua expressão aliviada.

─ Edward! Está torturando o menino de novo? ─ mamãe perguntou em tom sério, mas que escondia uma pitada de diversão.

─ Que isso, mãe! Só estou tentando incentivar o Jake aqui a conquistar a gatinha dos sonhos dele ─ falei, passando as mãos pelo cabelo dele até bagunçá-lo.

─ Edward! ─ os dois reclamaram, em uníssono.

─ Como quer que ele faça isso com o cabelo desse jeito? Deixe-o em paz ─ Dona Esme brigou, olhando-me com cara fechada enquanto tentava ajeitar o cabelo de Jacob com as mãos ─ Bella está lhe chamando, ela quer sua ajuda em ideias para entreter as crianças.

─ Pode deixar, já estou indo ─ falei, levantando-me. Bella estava no andar de cima; ela e Rosalie estavam “dividindo o turno” de ficar com as crianças, enquanto eu, Seth e Ângela supervisionávamos os adolescentes. É de se pensar que eles aprontariam mais do que as crianças numa festa, mas, é claro, as crianças se entediavam com bem mais facilidade.

─ Você só não “se encolhe na cadeira” porque já está completamente rendido, né, Edward? Bella te chama e você vai correndo feito um cachorrinho e sua madame ─ disse Jacob, e ele e mamãe riram.

É, Jacob poderia ser muito folgado quando queria.

─ Vai vendo. Enquanto você vem com a piada, eu já fui e voltei com o stand up pronto! Você que me aguarde, Jacob Black! ─ rebati com um sorriso malicioso. Ele sorriu amarelo e engoliu em seco. Ponto para mim!

14:15

─ Não acredito que conseguiu tão facilmente! ─ Bella sussurrou, parecendo impressionada comigo ─ E olha que quem tem criança em casa sou eu.

Quando eu cheguei no primeiro andar, Bella estava um pouco atrapalhada com as crianças, que corriam e gritavam pelo espaço descontroladamente e estavam dando zero atenção ao que ela falava. Até mesmo Alice parecia não escutar a mãe no meio de tantos “novos amiguinhos”.

A minha ideia, então foi sugerir a brincadeira “O mestre mandou”. No caso, eu era o mestre e havia ordenado que elas “ficassem quietinhas” por cinco minutos; quem ganhasse poderia ser o novo mestre pelo restante do dia e a disputa estava entre Alice e Jéssica. O silêncio era quase mortal, mesmo depois das outras crianças já terem perdido; elas estavam curiosas para saber qual das duas seria a nova mestra.

─ Você tem uma criança, Bella, não quarenta ─ brinquei com ela, que deu um sorriso meio jururu. Ela parecia meio chateada ─ Ainda falta mais três minutos crianças, a disputa ainda está valendo ─ falei, antes de gesticular para Bella me seguir até a sala de corte e costura, de onde poderíamos conversar com mais privacidade e continuar de olho nas criaturinhas ao mesmo tempo.

Bella me seguiu e sentamo-nos lado a lado ao chão perto da porta. Ela estava deslumbrante num vestido verde água até a altura dos joelhos, – o que me permitia ter a linda visão de seu colo e pernas – era a primeira vez que a via naqueles trajes e seu cabelo estava solto, exceto por uma trança lateral que o enfeitava. Seus lábios estavam mais rosados e também brilhavam e havia um tracejado – feito com lápis, talvez, eu não entendia de maquiagem – na linha dos cílios, do mesmo tom do vestido.

─ O que foi? ─ ela me perguntou, num tom baixo para as crianças não ouvirem, mas alto o suficiente para nos comunicarmos sem termos que sussurrar na orelha um do outro.

─ Eu que lhe pergunto, está tudo bem? ─ perguntei, preocupado quando ela abaixou a cabeça, fixando o olhar em suas mãos, descansadas em seu colo.

─ Desculpe, não queria estragar a sua festa, você deveria estar lá embaixo com os seus amigos e teve que subir aqui porque não consigo dar conta de entreter algumas crianças até sua prima voltar! ─ disse ela, fungando em seguida.

─ Bella, fala sério! ─ exclamei, indignado com o que ela falara. Peguei suas mãos nas minhas, ignorando os arrepios que o toque quente e macio de sua pele enviava por todo meu corpo, e ela ergueu a cabeça, mostrando-me seus olhos marejados ─ Você e as crianças são uma ótima companhia, aliás, vocês também são convidadas, você também deveria estar se divertindo!

─ É só que eu me sinto tão inútil, às vezes, sabe? Todo mundo aqui tem uma função, um papel específico e eu fico transitando entre tudo, tentando achar o meu lugar, isso porque não tenho nada de especial para oferecer...

─ Pode parar por aí! ─ interrompi-a. Eu não permitiria que ela se rebaixasse, que se colocasse para baixo daquela maneira! Ela arregalou os olhos com o meu tom mais ríspido ─ Desculpe... Mas isso é muito injusto, Isabella. Se você parasse para pensar na diferença que tem feito na vida daqueles jovens, você não estaria se sentindo desse jeito.

“E isso é porque você só pode vir durante as tardes, caso contrário estaria tocando a vida de muito mais gente” continuei “A atenção e o afeto que você dá a eles, todo o incentivo, Bella, o fato de você estar aqui e acreditar neles, já faz toda a diferença”.

─ Mas Edward, eu nem... ─ ela tentou contrapor, mas balancei a cabeça negativamente. O rosto e colo dela ficaram avermelhados e eu me controlei para focar-me apenas em seus olhos e não em seu decote.

─ É a minha vez de falar, Senhorita ─ interrompi-a novamente e ela estreitou os olhos ─ O fato de você não ter uma função específica só mostra que você ainda não descobriu o que gostaria de ensinar, não que é uma “inútil” ─ bufei ao dizer aquela palavra.

─ Nem sempre me senti assim, mas... ─ ela suspirou e mordeu o lábio inferior quando o cronômetro dos “cinco minutos” em meu celular disparou.

─ Só um segundo. Vou querer ouvir sobre isso ─ murmurei e ela assentiu, as bochechas se tornando ainda mais rosadas quando eu soltei as mãos dela para poder me levantar.

Andei até as crianças, que fitavam Alice e Jéssica atenciosamente. As duas se encaravam como se estivessem num jogo de “quem piscar primeiro perde” e Jéssica tinha um sorrisinho no canto dos lábios.

─ Tio Edward, essa menina está roubando! ─ disse Jéssica. Ela era uma menina de 11 anos e, digamos, a cada cinco confusões que aconteciam na turma dela na ONG, ela estava envolvida em três.

Alice bufou e cruzou os braços na hora.

─ Não estou não. E meu nome é ALICE! Eu já te falei mais de uma vez! ─ a Pequenina não parecia muito paciente.

─ Alice! ─ Bella chamou-lhe a atenção, levantando-se e aproximando-se de onde estávamos ─ Sem confusão, por favor.

─ Olha só, você precisa da sua mamãe para te defender? ─ Jéssica provocou, em tom de desdém. Ah não, ela vai causar pra variar! Passei as mãos pelo rosto, pelo jeito, teríamos que chamar os pais dela para uma conversa novamente.

─ Que defender o que?! ─ Alice esbravejou e me surpreendi com o tom de voz dela, bastante firme e tive que conter um sorriso ao vê-la se defendendo daquela maneira. Não que eu quisesse mais confusão, é claro ─ Eu preciso dela pra me segurar pra eu não te...

─ ALICE! ─ Bella não a deixou completar a frase, lançando um olhar furioso na direção da filha. Alice estremeceu um pouco, mas continuou encarando Jéssica de maneira firme.

─ Para de ser invejosa, Jéssica! Só porque a menina disse que fez a própria trança! ─ Bree, uma das alunas disse; ela costumava ser bem introvertida, mas era do tipo de criança que se metia nas confusões quando via alguma injustiça ou para tentar explicar a situação. Ela tinha a idade de Alice.

Alice – e todos nós – parecíamos surpresos com a revelação; ela olhou para a sua própria trança lateral e em seguida para os cabelos alinhados e soltos de Jéssica e sorriu.

─ Se você queria uma trança era só ter me pedido, boba! ─ falou Alice, fazendo Jéssica corar (aquela foi a primeira vez em que a vi encabulada).

A Pequenina se levantou e sentou-se atrás de Jéssica, movendo suas mãos habilidosamente pelo cabelo castanho claro da mais velha, separando mexas e fazendo sua mágica. Em poucos minutos, o cabelo de Jéssica exibia uma trança exatamente igual a de Alice.

─ Quem quer ser a próxima? ─ Alice perguntou, claramente em tom de brincadeira, mas as outras meninas logo se empolgaram e formaram uma pequena fila diante dela.

─ Como você fala, Jéssica? ─ perguntei, gesticulando na direção da Pequenina, quando ela se levantou, passando as mãos delicadamente pelos cabelos e sorrindo.

─ Obrigada ─ ela murmurou, meio à contragosto, olhando para Alice... Mas pelo menos se esforçara para ser educada.

14:30

─ Mas o que foi que aconteceu ali? ─ Bella parecia surpresa ─ Estava tão preocupada que Alice não fosse se enturmar.

─ Bella, é impossível não gostar de Alice; ela é carismática, engraçada e linda como a mãe... Quer dizer...

Interrompi-me quando Bella corou vermelho brilhante, pela milésima vez, por causa da minha falta de sutileza. Estávamos de volta ao chão da sala de corte e costura, observando as crianças, dessa vez, sentados junto à soleira da porta, um de frente para o outro, um pouco apertados, devido à falta de espaço, mas era bom estar perto dela.

─ E ela é ótima com tranças ─ completei, sem saber como contornar direito a minha falta de filtro.

Algumas meninas ainda estavam em fila para ter seus cabelos trançados por Alice e outras, junto com os meninos, desenhavam ou brincavam mais tranquilamente do que antes.

─ Ela é sim! ─ Bella concordou, toda orgulhosa da filha ─ É melhor do que eu, sem dúvidas. Sabe, antes eu fazia os penteados nela, hoje ela os faz em mim! ─ continuou ela, virando o rosto e apontando para o seu penteado.

─ Ela é muito talentosa mesmo ─ concordei. Minha mente, inevitavelmente buscou a conversa que tivera com Rosalie, dias antes, e me segurei ao máximo para não sair fazendo perguntas inconvenientes.

─ É, desde que os cabelos dela voltaram a crescer, não se passou um dia sequer que ela não os arrumasse. Ela continuou vaidosa, mesmo sem eles, mas é claro que estava muito animada para... ─ ela se interrompeu, como se não soubesse se realmente queria me contar aquela história.

─ Os cabelos dela... ─ minha voz se perdeu no meio da frase, não apenas pela minha confusão. A dor que vi nos olhos de Isabella no outro dia, como se ela entendesse. Não era mera especulação, ela realmente entendia ─ Bella, Alice está doente? ─ perguntei, sem pestanejar, preocupado com as duas ─ Aqueles compromissos que tiveram nas últimas semanas foram isso, não? Consultas médicas. Bella, o que é que está havendo?

Aquela sensação de medo tomou conta de mim; eu já havia perdido meu pai, se algo acontecesse com a Pequenina...

─ Não... Quero dizer, não mais. Ela esteve doente por uns bons, na verdade maus, anos. Edward, ela está bem ─ Bella respondeu-me tranquilamente, como se estivesse reafirmando aquilo também para si mesma, e pegou uma de minhas mãos, acariciando-a como numa tentativa de acalmar meus ânimos ─ E sim, fomos a algumas consultas porque ela ainda está na fase de remissão; na verdade, ela também fez alguns exames de rotina e eu só fico um pouco tensa até que o resultado deles chegue. Mas é só meu lado mãe que tem medo daquilo tudo voltar.

E então tudo estava explicado, a tensão de Bella nos últimos dias, a distração. Mas se ela dizia que a Pequenina estava bem, então eu só poderia ficar aliviado, além de torcer para que ela sempre continuasse bem.

─ O que era? ─ perguntei, referindo-me ao tipo daquela maldita doença

─ LLA¹ ─ respondeu-me, suspirando logo em seguida. É claro, aquele assunto não era nada fácil, mesmo que no final de tudo Alice estivesse bem ─ Mais concentrado na medula óssea, foi bem agressivo, mas localizado, o que impediu “maiores” complicações ─ Bella fez aspas com os dedos.

“Como eu estava lhe falando antes, eu tinha planos, Edward. Eu queria ter ido para a faculdade, nem que fosse para estudar algo que não combinasse exatamente comigo, mas acabei engravidando em minha lua-de-mel” ela continuou “Não estou responsabilizando Alice, longe de mim, ela é tudo na minha vida, mas é claro que ela ter ficado doente mudou tudo; eu teria começado a faculdade no ano em que descobrimos o câncer. Larguei, mudei todo e qualquer plano. A única coisa que eu queria era que minha filha fosse curada. Não precisava de mais nada!”.

¹A Leucemia Linfoblástica (ou Linfócita) Aguda é um tipo de câncer da medula óssea e do sangue, proveniente do rápido acúmulo de células leucêmicas (células da medula óssea) imaturas na medula óssea. Essas células acabam destruindo e substituindo as (células) sanguíneas saudáveis e podem se espalhar para outros órgãos através da corrente sanguínea. É um tipo de câncer que acomete principalmente crianças e adultos com mais de 45 anos de idade. O tratamento inclui quimioterapia (feita em algumas etapas – indução, consolidação e manutenção) e, em casos mais complexos, o transplante de células-tronco pode ser considerado para ajudar a recompor o sistema imunológico fragilizado do paciente.

Eu sabia bem como era aquela sensação. Meu pai, na época aos 55 anos quando descobrira o câncer, passou anos entre tratamentos e remissões, até que os medicamentos pararam de funcionar e ele acabou não resistindo. Eu estava na transição entre Ensino Médio e a faculdade e me dividia entre os estudos, os eventos e o hospital; ficava exausto, mas nada se comparava a esperança de ver meu pai curado, o que, infelizmente, não aconteceu.

─ Quero ouvir tudo, se quiser me contar ─ falei-lhe. Eu sabia como era importante poder dividir aquilo com outras pessoas; eu sempre tive uma rede de apoio maravilhosa (e fundamental) nos meus momentos de tristeza, raiva e medo. Bella era claramente uma pessoa solitária, visto que costumava passar suas tardes trancada em casa, então eu não achava provável que ela tivesse tido alguém para conversar.

─ Obrigada ─ ela assentiu, fazendo um carinho suave com os dedos nas costas da minha mão, ainda segura pelas dela ─ Bem, eu... Acho que vou te contar tudo, então, somos amigos, não somos?

Concordei imediatamente com a cabeça e ela sorriu.

─ Veja bem, confio em você, só existe mais uma pessoa que sabe dessa história, é o Emmett, a paquera de Rosalie ─ disse-me e riu de minha cara surpresa ─ Depois eu fofoco sobre eles ─ piscou para mim. Ah, como eu estava curioso para saber daquela fofoca!

─ Está querendo me dizer que vai arrancar minhas orelhas se eu comentar sobre isso com alguém? ─ brinquei e ela deu mais uma risada.

─ Pode ir contando com isso ─ disse ela, também em tom de brincadeira ─ Mas então, meus pais me criaram para eu ser uma lady. Nós não éramos ricos nem nada, mas vivíamos bem, não passávamos necessidades e levávamos uma vida confortável. Eles, é claro, queriam crescer economicamente e viram em mim uma “saída”, então eles bajulavam as pessoas certas para me colocar “nos lugares certos”. Por isso, frequentei as melhores escolas, mesmo que eles não tivessem condições para bancá-las, vestia as melhores roupas e tinha coisas que nossas condições não poderiam proporcionar, mas eles sempre davam um jeito. Isso porque eles queriam arranjar um bom casamento para mim ─ ela estremeceu.

“Quando estava prestes a completar 18 anos, eles faleceram num acidente de carro; eu estava na escola quando recebi a notícia...” Bella se interrompeu, comprimindo os lábios. Ela não parecia exatamente triste pela morte dos pais, o que era compreensível, também pelo tempo desde o acontecimento, mas isso não diminuía seu desconforto ao falar no tema “Eu não tinha outros parentes, então Aro entrou em cena. Ele era um dos amigos que meus pais haviam feito durante os anos de bajulação; nós nos víamos regularmente e ele sempre me tratara muito bem. Ele me acolheu na casa dele de uma forma que nunca esquecerei. Se estou viva hoje, em grande parte, é por causa dele, tenho muita gratidão pelo que ele fez por mim”.

É claro, Bella era uma pessoa extremamente bondosa. Eu havia pensado corretamente, o casamento dela deveria ser mais baseado em gratidão do que em qualquer outro tipo de troca. Talvez, o tal do Aro até tivesse se aproveitado dela; ela era jovem, bonita e era o tipo de pessoa que não hesitaria em retribuir toda a ajuda que ele havia dado. Senti meu sangue ferver com aquela hipótese. Esperava que a história de Isabella tomasse outro rumo antes que eu começasse a ofender o marido dela.

─ Cerca de dois meses antes de eu me formar na escola, eu estava bastante animada com a perspectiva de fazer faculdade, mesmo que ainda não soubesse que curso queria fazer. Meus pais sempre me podaram tanto, sabe? Claro, eu não queria que eles tivessem morrido, mas eu finalmente tinha a liberdade que sempre sonhei. Eu não precisaria mais me casar por interesse, poderia pensar em construir uma vida profissional e depois se eu quisesse, começar a pensar num relacionamento. Aro e eu já até havíamos combinado que eu poderia permanecer morando com ele até terminar a faculdade!

“Mas então, naquela mesma época, os advogados dos meus pais entraram em contato comigo. Eu só estava recebendo a herança de meus pais porque ainda estava na escola e eles me informaram que eu só poderia receber o restante dela, que era o único meio de eu pagar a faculdade, se e quando eu me casasse com um homem suficientemente rico para ‘me sustentar’” Bella bufou e revirou os olhos nessa parte “Sim, como se eu não fosse capaz de me sustentar sozinha; naquela época eu não era mesmo, mas não significava que eu quisesse ser economicamente dependente de outra pessoa para sempre. A ironia é que, atualmente, eu dependo, aliás, desde o meu casamento, isso há quase dez anos” ela parecia brava consigo mesma. Como se só ela estivesse naquela situação, ou como se aquilo a diminuísse como pessoa, como mulher.

─ Isso também não precisa durar para sempre, Bella ─ avisei-a, como se ela precisasse ouvir isso de outra pessoa ─ E isso não te faz pior do que qualquer outra pessoa que eu conheça.

─ Eu agradeço, Edward, mas... Naquela época eu sequer me imaginava estar nessa situação. A Bella de hoje ainda pensa um pouco parecido ─ ela confessou ─ Por mais que eu entenda porque estou nessa situação, não é algo que eu me orgulhe, algo que eu já tenha querido para mim.

─ Eu entendo, Bella, a vida, às vezes, nos força a fazer escolhas e a assumir posições que nunca poderíamos imaginar.

Eu tinha visto aquilo, com colegas, vizinhos e até mesmo alguns jovens da ONG; alguns deles tomaram rumos que, vistos por eles próprios antes, não lhes trouxera orgulho, mas, na época, era a única saída, era a única forma de colocar um prato de comida na mesa ou de não deixar um familiar adoecido sem tratamento médico. Qualquer que fosse o sistema – familiar, social ou comunitário – qualquer pessoa poderia se encontrar numa encruzilhada e os caminhos a serem seguidos nem sempre eram os mais louváveis.

─ Você é adorável, sabia? Por me compreender, por ter sempre uma palavra boa, de incentivo; Edward eu nunca vou poder agradecê-lo por se dispor a dar aulas para Alice ─ disse Bella, encarando-me com seus lindos olhos e senti minhas bochechas queimarem com o elogio ─ A referência masculina recorrente mais próxima que ela tem é Emmett e eles agem mais como irmãos do que como padrinho e afilhada, acredite ─ completou, rindo ao final de sua frase. Realmente, aquilo não era muito difícil de imaginar.

Ela apertou minha mão suavemente e desviou o olhar para a Pequenina, que voltara a mexer no cabelo de algumas meninas.

─ Alice tinha ficado tanto tempo sem fazer as coisas que ela gostava, que quando ela melhorou, eu simplesmente a deixei ocupar a maior parte de seus dias treinando os penteados e tranças; ela é sim muito habilidosa e acredito ser até um dom, mas conforme o tempo foi passando e ela ficava cada vez mais dentro de casa e sem demonstrar interesses por outras atividades, eu fui me perguntando até que ponto aquilo era saudável. E foi aí que você entrou nas nossas vidas.

“Você foi uma das melhores coisas que já aconteceu na vida dela e... Na minha também” ela sussurrou a última parte e questionei-me se era para eu tê-la ouvido. Quando ela corou intensamente, percebi que não.

Será, então, que... Eu estava me tornando importante para ela de uma maneira diferente, além do “ser professor” de Alice?

─ Não tenha dúvidas, Bella, você e Alice também fazem meus dias melhores ─ falei-lhe e ela corou ainda mais, mas voltou a olhar para mim com um pequeno sorriso no rosto.

─ Obrigada pelo carinho ─ disse ela, tornando a acariciar minha mão e, consequentemente, arrepiando-me. Nos encaramos por mais alguns segundos antes de Bella pigarrear e balançar a cabeça negativamente ─ Acho melhor acelerar se você quiser ouvir pelo menos metade da história ainda hoje ─ ela brincou ─ Onde é que eu estava mesmo?

─ Você parou nas exigências que seus pais fizeram para você receber o restante da herança ─ lembrei-lhe.

─ Ah, sim! ─ Bella bufou e revirou os olhos ─ Eu não sabia o que fazer; até Emmett me passou pela cabeça naquele momento, eu juro ─ disse ela e fez uma careta de nojo; eu ri de sua expressão ─ Pois é... Mas é claro, Emmett era da mesma classe social que eu, ou seja, não tinha subsídios suficientes para me sustentar, segundo o que meus pais buscavam para mim.

Emmett e Bella juntos parecia até uma piada; eles pareciam funcionar como amigos, pelo pouco que convivi com ele durante a festa de Alice e o que Bella me compartilhara sobre ele em alguns momentos; mas, romanticamente, ela era, obviamente, madura demais para ele.

─ Então, cogitei pedir um empréstimo para Aro, para que eu pudesse prestar um concurso na prefeitura que não exigisse qualquer especialização ou curso superior. Eu realmente não queria me casar e, se fosse para fazê-lo sob as condições dos meus pais, que fosse, pelo menos, quando eu quisesse.

“Mas aí, o Senhor Volturi, pai de Aro, já bem velhinho, começou a pedir por um neto, um herdeiro que pudesse assegurar que os negócios do Aeroclube permaneceriam nas mãos da família. Só assim Aro poderia herdar a empresa do pai, essa era a condição dele. Eu sei, eu sei, nossos pais eram um saco. Se bem que eu até gostava do Senhor Volturi, ele era simpático. Então... depois de algumas semanas eu e Aro decidimos nos casar. Nós não éramos apaixonados um pelo outro nem nada, mas, daquela forma, eu poderia usar o dinheiro para fazer a faculdade e depois de formada nós tentaríamos ter um filho” ela suspirou ao final daquela frase.

“Bom, pelo menos aqueles eram os planos, mas eu realmente não imaginava que uma vez seria o suficiente para engravidar, eu juro” Bella me confessou, o rubor de volta às suas bochechas “Nos casamos no cartório na mesma semana em que eu me formei na escola, a coisa toda foi tão simples e corrida, que nem fizemos festa. Emmett, o Senhor Volturi e Laurent foram as testemunhas... Laurent é... Ah, você já o conhece” ela fitou-me e assenti “Ele e Aro são melhores amigos desde sempre. Mas, voltando para a história, nós nos casamos e literalmente, na mesma noite nós concebemos Alice. Quando eu descobri que estava grávida, nem havia enviado as aplicações para as faculdades e acabei desistindo. Do que adiantaria ingressar num curso se eu teria que pará-lo depois que meu bebê nascesse? Na minha cabeça, era melhor nem começar”.

“Alice nasceu, ela era a bebê mais calma que eu já vi na vida, por mais difícil que seja de acreditar” Bella olhou novamente para a Pequenina, que continuava brincando com as crianças “E ela era saudável, taxas de crescimento normais, desenvolvimento esperado para uma criança na idade dela, tudo nos conformes. Conforme ela ia crescendo, ia se renovando, dentro de mim, o desejo de fazer alguma coisa. Eu não queria ficar sentada em casa o dia todo fazendo nada como minha mãe”.

“Ah, e antes que me pergunte, eu e Aro a criávamos sem babás, e claro, a maior responsabilidade ficou para mim, porque somente ele trabalhava, então não tinha como eu estudar enquanto Alice fosse muito pequena. E isso, primeiro, por um desejo nosso, eu não havia sido criada com babás e ele as havia tido em excesso e, em segundo lugar, ele era e continua sendo uma pessoa super discreta, você não acreditaria em quantos acordos de confidencialidade aquele homem já fez outras pessoas assinarem. De certa forma, isso foi bom, porque a mídia foi muito incisiva sobre nosso casamento. Nós queríamos manter nossa privacidade e, principalmente, proteger Alice, não queríamos aquelas ‘notícias’ recaindo sobre ela”.

Ah, talvez Aro fosse fixado mesmo em acordos, eu me recordava bem do termo de confidencialidade que eu e a banda tivemos que assinar antes da festa de Alice. Incluía não podermos falar sobre o local em que a festa ocorreria, sobre as pessoas que lá estariam e nem mesmo sobre o tema!

 ─ Então, no ano em que Alice completou quatro anos, quando ela entraria na escola e eu poderia, finalmente, começar a pensar no que eu queria fazer ‘pelo resto de minha vida’, ela ficou doente ─ disse Bella, voltando seu olhar para mim ─ E eu já falei demais, eu disse que falaria sobre pelo menos metade da história ─ ela soltou uma risada ─ Minha garganta até já está seca, preciso de uma bebida.

─ Precisa mesmo ─ brinquei. A voz dela estava realmente um pouco rouca, mas isso só a deixava mais atraente. E claro, a outra parte da história era sobre a época em que Alice ficara doente, não deveria ser fácil para ela, contar tudo de uma vez ─ Sabe, Bella, estou aliviado, porque, no meio de sua história, comecei a achar que seu marido se aproveitou de você, mas entendi os motivos de vocês para se casarem.

─ Ah, Aro não faria isso, ele é um bom homem.

─ Mas, Bella, por que ele não participa mais da vida de vocês? Quer dizer, é óbvio que vocês não são apaixonados um pelo outro, mas você mesma disse que a figura masculina da vida de Alice é Emmett, e não o próprio pai dela...

Eu esperava que ela não se irritasse com minhas perguntas.

─ Eu, sinceramente, não sei o que aconteceu ─ Bella me revelou ─ Quando Alice ainda era um bebê, ele participava de tudo, mesmo trabalhando muito. Não sei, mas acho que ela ter ficado doente pode ter sido pesado demais para ele. Mesmo assim, é um pouco deprimente, porque mesmo agora, ela estando em remissão, ele não “dá muita bola” pra ela. Eu não me incomodo da indiferença dele por mim, como você mesmo percebeu, nós não somos “um casal de verdade”, mas o modo abrupto com que ele se afastou de Alice me preocupou muito. Sabe, ela não parava de me perguntar sobre o pai dela até... ─ ela se calou e baixou o olhar para as mãos dela entrelaçadas na minha.

Não queria criticar Aro, não depois de saber do apoio e acolhimento que ele dera para Isabella depois da morte dos pais dela, mesmo assim, a forma como a história se encaminhava não estava me agradando. É claro, não havia sido justo que Alice tivesse ficado doente, porém, ela era filha dele, e mesmo sabendo que pessoas diferentes lidam de formas diferentes com aquele tipo de situação, era difícil de entender um pai que se afastava de sua família justamente num momento daqueles.

─ Até... ─ insisti um pouco e ela me deu um sorrisinho de canto dos lábios.

─ Até você começar a dar as aulas para ela. Agora ela me pergunta sobre você.

Ah, aquilo queria dizer que Alice... Ela realmente estava me vendo como uma figura paterna? E então um medo muito grande me tomou. Não medo de ser visto daquela forma pela Pequenina, mas saber que eu teria que ir embora, me afastar dela do mesmo jeito que o pai dela fazia.

─ Preciso contar para ela, Bella, como farei isso? Como vou contar para ela que não é apenas uma viagem? Que ficarei em Nova Iorque por dois anos?

Eu estava preocupado com a ideia de magoar minha Pequenina. Ainda mais quando estava me tornando, para ela, uma referência além de professor de piano.

─ Não se preocupe, Edward. Ela vai entender, você vai mesmo voltar, não vai? ─ Bella perguntou e percebi um pouco de medo em sua voz diante da possibilidade de uma negativa.

─ Eu prometo que vou ─ falei, olhando profundamente em seus olhos castanhos, querendo passar-lhe o máximo de confiança através dos meus. Mais do que nunca, eu estava certo de que outro lugar, que não fosse Chicago ou com aquelas pessoas, nunca seria meu verdadeiro lar.

19h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 24°C – predominantemente nublado

─ Obrigada pela carona, Edward! ─ disse Bella, assim que estacionei o carro na entrada de sua casa.

─ É obrigada, Príncipe Edward, eu simplesmente amo o seu carro! ─ a Pequenina complementou, sorrindo para nós do banco traseiro. Já estava acostumado com seus diferentes jeitos de me chamar, Alice não economizava na variedade; às vezes eu era chamado de “Príncipe”, de “professor” ou simplesmente de “Edward”.

─ De nada, meninas ─ falei, dando uma piscadela para Alice, que deu uma risadinha.

Eu e Bella passamos o restante da tarde nos revezando com Rosalie entre o andar de cima, onde as crianças continuaram a brincar, e o de baixo, com a festa de “gente crescida”. Havia sido divertido, mas eu ainda ansiava em poder saber o restante da história delas.

─ Quando você vai para Nova Iorque? ─ Alice perguntou após alguns instantes. Meu coração se apertou na hora quando me lembrei de que, em alguns meses, não poderia desfrutar de sua companhia tão constantemente.

─ Em setembro, Pequenina ─ respondi-lhe. Ela franziu o cenho, parecendo contar mentalmente quanto tempo passaria até que o mês chegasse.

─ E você volta quando? Você vai voltar para as minhas aulas de piano, né?

Eu e Bella nos entreolhamos, estava na hora de explicar para Alice que, por dois anos, seria completamente inviável, realmente impossível, eu ir e voltar de Nova Iorque para dar continuidade às aulas. Elas teriam de ser suspensas... Ou dadas por outro professor.

─ Por que não entramos para conversar um pouco, sim? ─ Bella sugeriu e assenti, suspirando. Suspeitava de que aquela conversa não seria nada fácil...

19:15h

E não fora. Estávamos na sala e Alice chorava nos braços de Bella, dizendo que eu não poderia embora, que eu não poderia abandoná-la. Porque ela me amava. Porque destruiria o coração dela se eu ficasse longe por tanto tempo.

─ Alice, por favor ─ pedi-lhe, acariciando suas costas. Ela mantinha o rosto, avermelhado pelo choro, escondido entre as mãos e aquilo tudo estava me matando por dentro ─ Pequenina. Eu prometo que será rápido, prometo que vou voltar.

─ Papai me dizia a mesma coisa antes de ir trabalhar todas as manhãs! ─ disse ela, a voz embargada e abafada pelas mãos ─ Mas ele nunca voltava, ele prefere os aviões dele e você prefere o seu piano ─ Alice fungou, falando em tom mais sério ─ Por isso eu vou voltar para as minhas tranças!

Ela saiu do colo de Bella e sem ao menos olhar para mim, subiu as escadas em direção ao cômodo que sempre deduzi ser seu quarto.

─ Bella! ─ escondi meu próprio rosto em minhas mãos, apoiando os cotovelos nos joelhos, sentindo meus olhos queimarem e minha garganta ficar seca. Eu estava vivendo o pior cenário possível sem nem o ter imaginado! Sem nem mesmo ter tentado um relacionamento com Isabella!

─ Ela é bem geniosa, mas vai ficar bem ─ Bella tentou me tranquilizar, mas era óbvio, pelo tom de sua voz, que nem ela sabia.

─ Depois de tudo o que ela passou na vida, Bella, eu só não queria causar ainda mais dor a ela ─ murmurei, não conseguindo conter as lágrimas.

Senti Bella se aproximando de mim e começando a acariciar minhas costas.

─ Obrigada por ter sido sempre tão sincero comigo. Desde o começo eu sabia que você poderia acabar indo para longe; o erro foi meu por não pensar que Alice poderia se apegar tanto a você e não ter contado para ela a possibilidade de as aulas serem temporárias ─ disse ela.

─ É, eu acho que a gente já deveria ter contado para ela ─ murmurei, passando as mãos pelo rosto e endireitei minha postura. Olhei para Isabella, vendo os olhos dela também marejados ─ Também está sendo difícil para mim, não pense o contrário. Me apeguei a ela e a vo... ─ pigarreei, finalmente ativando o meu filtro ─ E... Acho que você deveria ficar com ela agora. Diga que a amo também. Muito. E, por favor, enfatize quantas vezes for necessário que eu vou voltar. E nós sempre podemos nos ver aos finais de semana, nos feriados e nas férias também. E que ainda temos tempo até setembro ─ pedi-lhe.

─ Pode deixar ─ Bella assentiu, dando-me um sorriso pequeno, que não chegava a seus olhos; era óbvio que ela estava preocupada com a Pequenina ─ Vem, te levo até a porta ─ disse ela, quando me levantei.

─ Ah, sobre os preparativos da Páscoa, você quer ajuda? Essa semana não tenho eventos durante a parte do dia ─ perguntei-lhe. Saber que eu iria embora me fazia querer passar o maior tempo possível com ela, mesmo que não romanticamente.

Bella estava encarregada de fazer alguns doces para a festa do Domingo de Páscoa da ONG. Eu não era muito bom na cozinha, mas não era totalmente inútil.

─ Venha na segunda-feira de manhã ─ disse Bella, enquanto andávamos até a porta ─ Pensei em ir ao mercado e vou deixar Alice cuidando de Emmett, porque, como você sabe, entre aqueles dois não faz diferença sobre quem toma conta de quem ─ ela brincou, porém, ainda em tom melancólico ─ Não me oponho a ter companhia.

─ Ótimo, segunda-feira, então, venho após a aula de Jasper. E... Quem sabe eu não amoleço o coração da Pequenina, né?

Era só o que eu gostaria.

─ Dedos cruzados! ─ ela concordou, abrindo a porta de casa.

Segunda-feira, 14 de abril de 2014 – 12:00h, Casa dos Volturi, Chicago, Illinois, 5ºC – nublado.

─ Ah, você está aqui também? ─ Alice resmungou ao me ver, junto a Bella, entrando pela porta de sua casa. Estávamos cheios de sacolas e caixas; havíamos comprado chocolates e doces para organizarmos a festa de Páscoa da ONG.

─ Alice, que modos são esses? ─ Bella a repreendeu. A Pequenina deu de ombros, sentada no sofá de três lugares, e voltou-se para a televisão. Estava passando Bob Esponja, eu amava assistir aquele desenho, na idade dela!

─ É, Alicinha, você não amava o tal Príncipe... Kristoff? ─ Emmett parecia um pouco confuso. Ele estava deitado, todo encolhido, no sofá de dois lugares e riu para mim quando me encarou ─ Ele está melhor assim, sem aquelas roupas.

─ É Príncipe Hans ─ eu e Alice dissemos em uníssono e eu pude jurar ter ouvido uma risadinha vinda dela, mas como ela estava de costas para mim, não tive certeza. Emmett bufou.

─ Que seja. O importante é que vocês voltaram! ─ disse ele, levantando-se do sofá e se espreguiçando ─ Já estou indo, combinei de almoçar com a Ro... ─ ele se calou, olhando para mim com um sorriso amarelo.

─ O que foi? Rosalie te pediu pra não me contar que está saindo com ela porque não quer que eu faça fofoca da vida dela como ela faz da minha, não é?

─ Ãh...

Ele parecia confuso, tornando minha hipótese ainda mais certeira.

─ Olha só ─ Emmett disse, erguendo as mãos ─ Não vou me meter em treta de família. Vou é direto pro meu encontro. Tchau B1, tchau B2! Príncipe Hans! ─ ele fez uma reverência esquisita em minha direção antes de mandar um beijo na direção das meninas e simplesmente saiu porta afora.

─ Você ainda está me devendo aquela fofoca sobre os dois ─ falei para Bella, que riu e gesticulou para que eu a seguisse até a cozinha, onde colocamos as compras ─ Por que ele chamou vocês de B1 e B2? ─ perguntei, curioso.

─ Vou te contar, só um segundo ─ disse ela, voltando para a sala ─ Alice, filha, já tomou banho? ─ Bella perguntou e ouvi Alice resmungar alguma coisa, baixinho demais para que eu entendesse do outro cômodo ─ Mas nem pra seguir os horários aquele fanfarrão presta! ─ Bella exclamou furiosa ─ Vai nos atrasar! E você também já está bem grandinha para saber que ao meio dia já tem que estar de banho tomado. Anda! Para o banho!

─ Já voooou! ─ Alice resmungou e do ângulo em que eu estava, consegui vê-la subindo as escadas a passos pesados, como se indo contra o que queria realmente fazer.

─ Eu não acredito, olha isso aqui! ─ disse Bella, brava, arrancando um pedaço de papel que estava grudado na geladeira com um imã ─ Está vendo? Marquei todos os horários de Alice para facilitar a vida dele.

Ela me mostrou o papel que realmente estava bem organizado – e a caligrafia dela era impecável:

8h – acordar

8:15h – tomar café

9h – lição de casa

****Horário livre (depois que tiver feito a lição de casa – por favor, ajude-a se ela precisar, nada de enrolação)****

11:30h – banho

12h – almoço

***LIÇÃO DE CASA ANTES DO HORÁRIO LIVRE, EMMETT, PELO AMOR DE DEUS, SEJA RESPONSÁVEL PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA***

─ O Emmett me parece bem...

─ Irresponsável? Isso é apelido ─ Bella completou e eu ri.

─ Ei, me fofoque sobre ele e Rosalie! Estou curioso! ─ pedi.

─ Sua prima não vai ficar brava comigo, vai? ─ perguntou ela, mordendo o lábio inferior, parecendo indecisa se me contava ou não.

─ Vai, mas aí eu digo que consegui te convencer a me contar ─ brinquei e ela concordou com a cabeça.

─ Se é assim ─ Bella deu uma risadinha ─ Ah, e o B1 e B2 não tem nada a ver com os Bananas de Pijamas, se foi o que você pensou; é porque ele nos chama de “Baixinha” ─ explicou ela, revirando os olhos. Comprimi os lábios para evitar uma risada, mas não resisti quando ela arqueou uma sobrancelha.

─ Desculpa, Bella. Mas, também, não é como se vocês fossem exatamente altas.

─ Você me paga, Príncipe Kristoff ─ ela me zombou, mostrando-me a língua.

─ Deus que me livre de roubar o posto do James, aquele ali me mata. Já não basta o fato de que Hans e Anna ficam juntos no começo do filme?

─ O bônus e o ônus de ser um galã ─ Bella brincou, corando em seguida. Então ela me achava um “galã”? Sorri para ela, cujas bochechas ficaram ainda mais vermelhas ─ Mas enfim, você me ajude a guardar as coisas e eu...

─ MAMÃE! ─ Alice gritou de lá de cima e Bella mal pestanejou, saiu correndo escadas acima e eu fui atrás, preocupado que algo tivesse acontecido com a Pequenina.

─ Meu amor, o que foi? ─ Bella gritou assim que abriu a porta do quarto de Alice. As paredes eram cobertas por papéis (de parede) simples e bonitos em tons claros, havia uma cama box de solteiro no meio do quarto e, como Rosalie descrevera, vários manequins de cabeleireiros, todos com os cabelos trançados ou com penteados elaborados.

─ Tem uma aranha aqui! ─ Alice gritou, em cima da cama e apenas enrolada na toalha de banho, apontando para debaixo de uma mesa que tinha livros e alguns cadernos sobre.

─ Uma aranha? ─ Bella gritou, subindo na cama também, mas o que... ─ Edward você lida com ela, sim? Por favor?

Ah, o que ela não me pedia sorrindo que eu não fazia chorando, né?

─ Tem alguma vassoura ou...

─ AHHH! ─ Alice gritou, apontando para mais perto da cama, mas eu continuava sem ver a tal aranha ─ Ali! Mata essa praguinha, por favor! ─ ela choramingou.

─ Calma! ─ pedi, erguendo as mãos ─ Respira fundo, Alice ─ falei e ela o fez ─ Bom, agora...

─ Edward, bem atrás de você! ─ Bella sussurrou, como se um tom de voz normal fosse espantar o bicho... Talvez um movimento brusco até o fizesse, mas eu duvidava que aranhas pudessem ouvir... Elas não podiam, podiam?

─ Olha só, aranhas geralmente não fazem mal, vocês não precisam ter medo... Com licença que eu vou pegar um pedaço de papel aqui e vou levá-la lá para fora, sim? ─ falei, aproximando-se da mesa e procurando uma folha em branco que eu pudesse usar para tirar a aranha do quarto.

─ Pode pegar essa folha aí de cima mesmo ─ falou Alice, apontando para a primeira folha que tinha alguns mapas em branco.

─ Essa não era a folha da sua tarefa de casa, Alice? ─ Bella perguntou, estreitando os olhos para a Pequenina, que se encolheu um pouco ─ ALICE SWAN VOLTURI!

─ O tio Emmett disse que eu podia fazer depois do horário livre! ─ Alice se explicou.

─ Emmett! ─ Bella se jogou na cama, passando as mãos pelo rosto, visivelmente irritada ─ Quando ele vai aprender a ser responsável?

17h, Bridgeport Coffeehouse, 2°C – chuva e neve

─ Eu estou grávida... ─ Rosalie me revelou, depois de alguns momentos de hesitação.

─ O que?

Se eu já estava chocado por aquela ser a segunda vez em menos de uma semana que ela me chamava para conversar depois do expediente dela, eu estava ainda mais com as novas notícias.

E eu que achava que ela só queria continuar fofocando sobre a vida dos outros!

─ Grávida, Edward ─ ela repetiu, apontando para o abdômen dela ─ Tem um bebê aqui, na minha barriga.

─ Não vai me dizer que é do padrinho de Alice?

─ Sim... Quero dizer, só pode ser dele ─ Rose confirmou.

Oh meu Deus, eu só imaginava uma criança cuidando de outra! Se Emmett já fazia Bella ficar irritada com a postura irresponsável e inconsequente quando ele, esporadicamente, cuidava de Alice, chegava a ser cômico pensar na possibilidade de ele tomar conta de um outro ser vivo pelo resto da vida.

─ Desde quando você sabe?

─ Faz algumas poucas semanas... Não cheguei nem a um mês completo de gravidez ainda.

─ Já contou para mais alguém? ─ perguntei, curioso.

─ Na verdade, eu ia te contar na semana passada, mas você saiu daqui sem nem se despedir ─ seu tom era acusatório ─ Fora você, só a Angie sabe.

Então, não era sobre isso que Bella ia me fofocar antes. Cheguei a pensar naquela possibilidade, a não ser que Angie tenha contado a ela – embora achasse difícil, porque elas não eram tão próximas assim.

─ Bem, a culpa não é minha, porque sabemos o quanto você gosta de me irritar ─ defendi-me e ela revirou os olhos ─ O que vai fazer? ─ perguntei. Eu sempre soube que Rosalie queria ser mãe, mas duvidava que eram naquelas circunstâncias que ela queria que seu sonho se tornasse realidade ─ Aliás, como é que isso foi acontecer?

─ Como assim, o que vou fazer, Edward? É um bebê, não uma coisa para se jogar fora! O que está feito, está feito! ─ Rose esbravejou e suspirou logo em seguida ─ Desculpe, esses hormônios têm me deixado louca!

“‘Como isso foi acontecer’? Edward, você é virgem, por acaso?” ela me zombou e bufei. A minha escassa experiência sexual não estava em questão naquele momento “Acho que esquecemos de nos prevenir em algumas de nossas saídas”.

─ Rosalie, você nunca foi irresponsável a esse ponto, o que está acontecendo com você? ─ perguntei, preocupado. A gravidez, mesmo inesperada, era o mínimo que poderia acontecer numa relação sexual desprotegida. Rosalie não era tola e sabia que não deveria se expor aquele risco desnecessariamente.

─ Acho que... Me apaixonei por ele, Edward. Ele é um bobalhão, mas me faz sorrir e rir o tempo todo; eu simplesmente não me vejo mais com outra pessoa; ele é trabalhador, atencioso e gosta de mim pelo que sou, além de minha aparência física. Sei que parece cedo e eu sei que nos conhecemos a muito pouco tempo, mas é como me sinto quando estou perto dele.

─ Uau, Rosalie Hale apaixonada. Que milagre!

Logo ela, que sempre tirou sarro de mim por eu ser mais romântico e na minha; eu não gostava de ficar com qualquer menina simplesmente pelo motivo de ficar. Para mim, precisava haver sentimento. Rosalie nunca entendera esse meu lado – acho que também pelas próprias experiências de ficar com caras mais “galinhas”; ela achava que eu tinha que ser igual a eles, mas aquilo simplesmente não fazia parte de mim.

─ Quieto! ─ ela ralhou, mas sorriu em seguida. Um sorriso de gente bobamente apaixonada.

─ Quando vai contar para ele? ─ perguntei, referindo-me, obviamente, à gravidez dela. O sorriso de Rosalie murchou ─ Rose, vai contar para ele, não?

Era o que fazia sentido, principalmente se ela estava tão apaixonada quanto dizia, além do mais, Emmett merecia saber que seria pai.

─ Ele não quer filhos agora, Edward. Eu o sondei logo depois que descobri a gravidez; ele disse que está muito comprometido com o trabalho, que quer esperar mais alguns anos, isso se ele realmente quiser algum dia.

─ Rose, sabe que isso não é justo. Nem com ele e nem com o bebê! ─ falei, tentando colocar um pouco de juízo naquela cabeça dura.

─ Edward, você não se meta na minha vida. Mantenha suas fofocas para si mesmo! ─ exigiu ela.

─ Não vai lidar com isso sozinha! ─ falei. Eu me recusava a acreditar que Rosalie seria não só irresponsável, como egoísta aquele ponto ─ É direito dele e de seu filho saberem um sobre o outro. Acha que ele não vai acabar descobrindo? Vai parar de se encontrar com Emmett? Chicago não é tão grande assim, vai acabar trombando com ele pelas ruas. Imagine só: você com um bebê nos braços andando pela calçada e de repente se depara com Emmett. Vai fazer o que? Atravessar a rua só para não ter que falar com ele? Acha que ele não vai suspeitar, que não vai fazer as contas?

─ Argh! Você é tão dramático, Edward! ─ Rose resmungou, revirando os olhos para mim.

─ Só estou falando a verdade! ─ disse, dando de ombros.

─ Prometa-me que não vai contar a ele. Por favor ─ ela pediu, olhando em meus olhos e suspirei. É claro que não estava em meu direito passar por cima do que ela queria. Por mais que não concordasse com ela ─ E não ouse contar para Isabella! Eles são melhores amigos e se eu descobrir que você contou a ela eu mato você! ─ falou, olhando feio para mim.

─ Vou tentar controlar minha boca ─ falei, sorrindo para ela que bufou e cruzou os braços.

─ Você é uma peste, sabia? ─ ela brincou e jogou um guardanapo em minha direção, nos fazendo rir ─ Ei, olha quem está ali ─ Rose apontou para uma mesa um pouco distante da nossa.

Ri ao ver Jacob com alguns dos meninos da ONG ali. Leah os acompanhava e parecia entediada. Jacob, por sua vez, não tirava os olhos dela e eu ainda não acreditava que ele não tinha tomado coragem de chamá-la para sair.

Mas uma ideia se formava na minha mente e eu conhecia a pessoa perfeita para me ajudar a colocá-la em prática.


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Notas finais do capítulo

Aqui estão mais algumas fontes que utilizei para descrever a LLA:
¹Fontes: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/leucemias/leucemia-linfoc%C3%ADtica-aguda-lla?query=leucemia%20linfobl%C3%A1stica%20aguda e https://www.lls.org/leukemia/acute-lymphoblastic-leukemia/treatment/chemotherapy

Eu espero muito que vocês tenham gostado.
O que vocês acham que vai acontecer nos próximos capítulos?
Palpites? Querem fazer um bolão de se/como/quando a Rose vai contar pro Emmett? E o Jake e a Leah? Será que ele vai tomar coragem para chamá-la pra sair ou vai ficar só na vontade? E será que a Alice vai perdoar o Edward?
Dica: apostem agora, porque se deixarem pro próximo capítulo pode ser tarde demais... Ops, já falei muito!!
Não se esqueçam de comentar ♥
Beijos, e até o próximo capítulo,
Mari.



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