Valentines Week 2 - Olicity Version escrita por Ciin Smoak, SweetBegonia, MylleC, Thaís Romes, Regina Rhodes Merlyn, Ellen Freitas, EnigmaticPerfection


Capítulo 5
Half Of My Heart - MylleC


Notas iniciais do capítulo

Genteee, mais um projeto!!!
Sério eu vou sempre falar sobre como é especial fazer parte dele, e esse ano parece que todos precisamos ainda mais de coisas como essas pra fugir um pouco da realidade do mundo haha.
Eu espero muito que vocês gostem, boa leitura!



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Hello, my old heart

How have you been?

Are you still there inside my chest?

I've been so worried, you've been so still

Barely beating at all

Oh, don't leave me here alone

Don't tell me that we've grown

For having loved a little while

Oh, I don't wanna be alone

I wanna find a home

And I wanna share it with you

(Hello my old heart - The oh Hellos)

A vida nos surpreende. Seja para algo bom ou algo ruim, ela nos surpreende e não há nada mais surpreendente do que se apaixonar, algo tão imprevisível e incontrolável, algo que muitas pessoas já experimentaram, mas muitas nunca sentiram uma paixão por alguém. Seja como for ela pega as pessoas em momentos diferentes, as vezes em uma idade avançada e as vezes na juventude, quando que nem mesmo entendiam o quanto aquele sentimento era importante... talvez se soubessem, nunca o deixaria partir levando metade de seu coração consigo. Como alguém pode viver com apenas metade de um coração?

A única solução possível é procurar a outra metade e tentar resgatá-lo, leve o tempo que precisar.

Oliver e Felicity eram interessantes de se ver quando crianças, ambos viveram desde pequenos em um lar para crianças órfãos em Las Vegas, Felicity chegou ali ainda recém nascida, deixada em uma caixa em frente ao lugar e Oliver foi encontrado vagando sujo e faminto pela cidade aos sete anos, quando foi levado para o lar. Desde então os dois se tornaram inseparáveis, faziam tudo juntos e eram os melhores amigos.

Porém a vida os separou, um casal rico adotou Oliver quando ele tinha dez anos e dali em diante ele se tornou Oliver Queen, levado para uma nova família, porém longe de sua melhor amiga, Felicity.

Desde aquele dia, ambos sentiam que um pedaço deles foi dividido também, na época eles não entenderam muito bem tamanha tristeza, eles só sabiam que doía... E continuou a doer quinze anos depois.

XXXXXX

Acordando com o som irritante do despertador ao seu lado, Felicity ainda sonolenta, nota imediatamente o rosto molhado com lágrimas derramadas durante o sono. Por vezes ela acordava chorando, não sabia o porquê. Presumia que tinha algo relacionado com algum sonho que tivera durante a noite, mas ela nunca se lembrava qual era o sonho. A única coisa que sobrava quando acordava eram as lágrimas e a sensação horrível de que havia perdido algo muito importante, ou alguém, um tipo de vazio impreenchível. E esse sentimento permanecia com ela algum tempo depois que acordava e então se esvaia lentamente. Pelo resto do dia ela sempre ficava alerta, olhando ao seu redor como se esperasse encontrar alguém, sempre a procura, sempre.

Isso acontece desde que ela pode se lembrar, algo que ela não entendia, mas aprendeu a conviver com. Mesmo podendo conviver com essa coisa estranha, nunca doía menos, o vazio estranho com o qual acordava de vez em quando nunca era menor. Não tem como alguém se acostumar com algo assim, com tamanho sentimento de perda.

Secando o rosto e respirando fundo tentando aplacar aquele sentimento, ela se levantou para se arrumar. Era o seu primeiro dia de trabalho em uma empresa nova numa cidade nova. Era uma vida nova que devia começar e ela estava confiante e animada. Finalmente tivera condições de deixar Las Vegas e iria começar uma nova vida em uma cidade chamada Starling City, a oportunidade de emprego que teve era perfeita e logo sua vida entraria nos eixos fora de toda a bagunça e passado doloroso que havia deixado em Las Vegas.

Xxxxxx

O banho sempre era algo que fazia Oliver se sentir dez anos mais jovem, como se o limpasse tanto por dentro como por fora. Aquele tinha sido mais uma daquelas noites de sono perturbadoras onde ele acordava com um desespero súbito em seu peito e os olhos molhados. Dessa vez ele foi imediatamente para o banho para que a água do chuveiro se misturasse com a de seu rosto e levasse embora aquela sensação horrível dentro dele. Quem lhe dera fosse assim tão fácil. Ele sabia que o maldito aperto dentro de si permaneceria por mais algumas horas, não tinha o que fazer.

Bem, quando ele era criança e costumava acordar agitado a noite, seu pais tentaram fazer alguma coisa, até mesmo o levaram a um psicólogo que o diagnosticou com uma leve ansiedade, como passar do tempo ele aprendeu a esconder dos pais quando acordava desse jeito, principalmente quando parou de acontecer todos os dias.

—Oliver, Laurel está aqui – ele escutou a voz de sua mãe, Moira, lhe chamar do outro lado da porta fechada do quarto.

—Eu já vou descer – respondeu.

Oh aquele seria um dia daqueles, já tinha começado assim e ele ainda tinha o pedido mais importante de sua vida acontecendo na noite seguinte, um pedido que, bem no fundo ele tinha suas dúvidas em fazer, mas sua família insistia que seria o melhor para ele e para os negócios, e bem... Ele gostava de Laurel, a amava? Não, mas isso realmente existia? Amor? Quanto tempo ele levaria para encontrar um amor? Não dava, ele precisava tomar esse passo logo ou sua mãe iria esganá-lo.

Riu com o pensamento, apesar de ser quase verdade, Moira Queen teria um ataque se Oliver não desenrolasse isso até o fim da semana, então depois de enrolá-la por meses ele enfim prometeu que faria no dia seguinte, pois era um dia especial.

Seria dia dos namorados, qual dia melhor para se fazer um pedido de casamento? O que poderia dar errado?

Oliver começou a se arrumar apressadamente para chegar a tempo. Seu pai havia pedido para ele passar na empresa para participar de uma reunião antes de ir para uma entrevista em um canal de televisão. Ele nem mesmo sabia o que diabos Laurel fazia ali, devia ter imaginado que ela apareceria já que não passaram a noite juntos naquele dia.

Ele escutou Laurel e Thea conversando aos cochichos quando ele desceu as escadas e se segurou para não revirar os olhos. Era obvio que Laurel suspeitava da surpresa da noite.

—Ollie! Bom dia, amor – disse ela toda animada enquanto ia ao seu encontro, depositando um selinho rápido em seus lábios.

—Bom dia, Laurel – respondeu amigável enquanto beijava carinhosamente a bochecha de Thea em cumprimento. - Bom dia, Speedy.

Se sentou na mesa para desfrutar de um café da manhã que também teria que ser rápido.

—O que faz aqui, Laurel? – indagou curioso.

—Oh, nada demais – respondeu sentando-se ao seu lado na mesa e pegando uma uva. - Só pra te dar bom dia e feliz dia dos namorados adiantado, já que não iremos nos ver até a noite no nosso jantar.

Oliver assentiu.

—Sim, confirmei nossas reservas, está tudo certo pra amanhã.

Ela sorriu, feliz.

—Isso é ótimo - levantou-se e beijou sua bochecha. -Eu já vou então, preciso trabalhar. Te amo.

Oliver sorriu e beijou o canto de sua boca dando a desculpa de que estava comendo.

Laurel se levantou e saiu pela porta.

Thea se aproximou vestindo o uniforme da escola e segurando uma tigela com cereal e yogurt.

—Você vai pedi-la em casamento amanhã?

Assentindo, Oliver remexeu no bolso e puxou a caixinha quadrada bem aveludada e abriu para mostrar a sua irmã o bonito anel ali dentro. Ele estava com o anel no bolso pois mostraria ao seu pai naquela manhã quando o encontrasse.

—Uau! É lindo – ela piscou e o olhou, uma curvatura de preocupação em meio as sobrancelhas. -Mas você quer mesmo isso?

Oliver riu.

—Claro, Speedy, essa é uma decisão importante.

—Você não parece muito feliz.

—Estou felicíssimo – e ele estava. Laurel seria um bom casamento, eles eram amigos a muito tempo e namorados a muito tempo também, ela tinha uma carreira e uma boa condição financeira com uma boa família, o que tinha para não dar certo? Para não ser feliz? Ela era como ele. Bem, ele era mais famoso e mais rico, claro, mas eles eram em sua maioria iguais. Casamentos só davam errado quando as circunstâncias são difíceis, e não havia nenhuma circunstância difícil ali.

Thea balançou a cabeça como quem não acredita, mas não vai perder tempo discutindo. Por fim suspirou como se fosse muito mais velha do que realmente era.

—Eu gosto da Laurel, mas... eu realmente queria te ver muito mais animado do que isso. Você não deveria se casar com ela se não a ama, independente do que nossos pais acham, não é justo.

Amar?

—Thea, eu gosto de Laurel.

—Mas não a ama.

Não, mas isso era apenas um detalhe.

Revirando os olhos e engolindo os últimos goles de café, Oliver se levantou para sair.

—O que você sabe de amor, Thea? É so uma criança afinal.

Brava, Thea se levantou também.

—Já tenho quase dezoito e sei mais do que você, pois nunca seria burra o suficiente para me casar com quem não amo.

Bateu o pé e se virou para subir as escadas novamente.

Pelo que parecia a trilhonésima vez naquele dia, Oliver suspirou cansado e indignado.

"Que papo mais chato." Pensou.

Irmãs. 

O dia foi cansativo e até a hora do almoço pareceu uma eternidade quando finalmente saiu daquela reunião tediosa, agora só precisava passar pela entrevista que na verdade era a única parte do dia em que ele estava ansiosamente animado. Uma entrevista nova em um programa novo de televisão, ele só precisava fazer com que gostassem dele uma vez e então eles o chamariam sempre, e ele era bom nisso, não tinha nada com o que se preocupar.

Entrando na sala de seu pai para mostrar o anel e conversar sobre o pedido de casamento à Laurel, Oliver o viu irritado, secando agressivamente e inutilmente a camisa com um pano enquanto sua secretaria limpava preocupada alguma bagunça na mesa. Ao se aproximar ele percebeu que alguém tinha derramado café na mesa, ou melhor, no notebook.

—Eu vou buscar algo para limpar isso melhor, Sr. Queen -disse a secretaria, se apressando em sair, cumprimentando Oliver brevemente.

Talvez não fosse o melhor momento para mostrar o anel. 

—Hm... Eu so vim avisar que estou saindo. Está tudo bem aí? - Oliver perguntou ao pai.

—Sim, claro, eu só derramei esse café estúpido.

Oliver assentiu e então se virou para sair novamente.

—Oh, Oliver, me faça um favor. Leve isso para qualquer um no setor do TI para recuperarem o que puderem disso e substituí-lo – pediu, entregando a Oliver o notebook melado de café. 

—Hm... tudo bem.

Pegou o objeto e se dirigiu para fora da sala.

—Oliver!

Parecia ser a trilhonésima vez naquele dia que alguém chamava o seu nome.

Era Laurel, mas o que diabos...?

—Laurel? O que faz aqui?

—Oh eu vou com você para a entrevista.

—Porque?

—Bem, apoio moral claro, sou sua namorada Oliver, o que tem de mais?

—Nada, está tudo bem. Preciso passar no andar do TI primeiro.

Ela assentiu, seguindo-o contente.

Xxxxxx

Era loucura que Felicity nem tinha desempacotado ainda, mas era o único jeito que ela achou de se mudar, se começasse a trabalhar no mesmo dia, afinal as contas tinham que ser pagas no fim do mês. A ansiedade transbordava dela e sabia que parte era pela expectativa de encontrar... ele. As probabilidades eram poucas já que ele nem mesmo era CEO ainda e sim seu pai, mas... a esperança ainda pairava sobre ela, afinal ela iria trabalhar ali todos os dias, era possível que nunca fossem se encontrar? Também havia o nervosismo se isso fosse acontecer, afinal as coisas que se falavam dele na mídia não eram as melhores, mas ela sabia que eram mentiras, que isso tudo era apenas sensacionalismo e que ele era o menino doce e bom que ela havia conhecido, isso não poderia ter mudado.

As pessoas na empresa foram muito amáveis com ela no seu primeiro dia, ela adorava seu setor e sentia uma paz gigantesca sempre que fazia o que era boa em fazer. Ela tinha fortalecido pelo menos três partes do sistema da empresa inteira e era apenas metade do seu primeiro dia. Felicity girou na cadeira e suspirou enquanto olhava para o nada, tomando um minuto de descanso já que quase todo o seu andar tinha saído para almoçar e ela não estava se sentindo com fome naquele momento. Talvez fosse a empolgação com o novo emprego e também seus péssimos hábitos alimentares.

Felicity ouviu passos se aproximando e alguém chamou.

—Olá? Alguém? 

É claro que as outras duas pessoas que haviam sobrado no andar estavam bem mais longe da porta do que ela e nem mesmo se incomodaram. 

Ela rodou na cadeira até a porta de seu biombo e sorriu para o par que viu no fim do corredor.

—Sim, em que posso ajudar?

—Oh, olá, o Sr. Queen derramou café nisso aqui e precisa que alguém concerte - disse o homem. 

Felicity se levantou e caminhou até eles, seu cérebro registrando a informação, o "Sr. Queen"... então ela olhou direito e percebeu que quem estava em sua frente era... puta merda.

Oliver em pessoa.

Seu coração bateu forte e suas mãos começaram a suar imediatamente, algum tipo de eletricidade percorreu todo o seu corpo, arrepiando os pelinhos em sua nunca e ela prendeu a respiração. Sua cabeça girava e um sentimento absolutamente bizarro se apoderou dela, algo que nunca tinha sentido antes, muito difícil de explicar, de repente... ela não se sentia mais sozinha no mundo, um sentimento que ela nem mesmo sabia que tinha tão forte dentro de si. Como era possível parar de sentir algo que nem mesmo sabia que estava ali antes? Como poderia se sentir preenchida sem saber que antes estivera vazia? Com um buraco impreenchível... até aquele momento.

E porque ela estava sentindo tudo isso apenas em vê-lo? Ela sabia que iria ficar empolgada e revê-lo, mas... tudo isso? Tudo isso era uma novidade completa.

Seus passos diminuíram até ela estar frente a frente com ele, ignorando a mulher um pouco atras, ele estendeu o notebook para ela e Felicity segurou em reflexo ao movimento, perdida em seus olhos, em cada pedaço de seu rosto que ela podia observar, era ele, era realmente ele... estava crescido claro, mas seus olhos eram exatamente como se lembrava, independente de tudo era seu melhor amigo, bem ali, diante de seus olhos. Ela realmente não esperava esse reencontro acontecendo naquele dia. Não passou despercebido para ela que ele parecia ter recebido um choque assim que ela segurou o objeto que ele a estendia. O notebook teria ido ao chão se ela não o estivesse segurando.

—Oliver.

A voz saiu em um sussurro, entrecortada e sôfrega.

Um silêncio se seguiu, o mundo pareceu desaparecer enquanto seus olhares estavam conectados. A terra havia parado.

—Hm... acho que "Sr. Queen" é bem mais formal, você não acha? – a mulher atrás dele se pronunciou. No entanto, sua voz foi ouvida tão distante que parecia que ela sussurrava a quilômetros de distância.

E então a voz de Oliver preencheu a sala.

—Não, Sr. Queen é o meu pai – disse ele, as sobrancelhas curvadas, indagando a si mesmo de onde ele parecia conhecer aquela mulher? O que era tudo aquilo que ele estava sent... E-espera!

Aquela era...

As mãos de Felicity ainda suavam quando ela piscou para sair de seu transe, abraçando o notebook sem perceber a bagunça melada que ele estava, seus olhos estavam ainda presos em Oliver. Ela não conseguia dizer nada, sua língua passou em sua boca, ela suava frio e seu coração ainda não havia se cansado de bater fora de ritimo, e talvez suas pernas a abandonassem em breve.

Ela acompanhou em câmera lenta Oliver confuso após o choque e então quando ela disse seu nome, foi uma questão de segundos até ele entender. Ele a reconheceu.

—Fe-Felicity – ela quase não pode ouvi-lo. O que era engraçado, uma vez que sua voz havia saído firme ao afirmar que ele não era "Sr. Queen". Ela entendia.

Havia um grande peso em voltarem a pronunciar os nomes um do outro.

Nenhum dos dois disse mais nada, ou se moveu, ou talvez nem mesmo respirou.

—Oliver, vamos embora ou você vai se atrasar para a entrevista – chamou a mulher, puxando o braço de Oliver, totalmente confusa pela situação e quando o homem a quem ela chamava nem mesmo piscou ao som de sua voz, ela tentou novamente mais firme. -Oliver!

Ele se sobressaltou, olhando da mulher para Felicity, de repente ciente do mundo ao seu redor outra vez. A bolha havia se rompido.

—E-Eu tenho que ir – foi tudo o que Oliver foi capaz de dizer.

Felicity não soube dizer se ele estava feliz em revê-la. Ele encarou a mulher ao seu lado novamente, meio bobo, e ela sem perder tempo o puxou para dentro do elevador e novamente ele não a impediu, como se não tivesse forças pra tal, ou talvez não quisesse ser impedido, Felicity não teve certeza. Oliver olhou para ela uma última vez tão intensamente quanto a primeira. Então as portas do elevador se fecharam, levando-o embora como se nunca tivesse estado ali.

Felicity tomou folego, completamente extasiada. O que tinha acabado de acontecer? Ela tinha reencontrado Oliver tão rápido quanto ele se fora e seu coração batia tão forte quanto estaria se ela tivesse corrido uma maratona. Por algum motivo isso a fez lembrar-se de correr com Oliver enquanto brincavam quando crianças. O fantasma de seu riso ecoou em seus ouvidos como se estivesse acontecendo naquele momento.

Felicity tomou folego e procurou cegamente a cadeira para se sentar. Deus, como dois minutos podiam ter virado seu mundo de cabeça para baixo daquela maneira? Soltando o ar que segurava, seus lábios desenharam um sorriso bobo. Em meio a todos aqueles sentimentos, ela poderia identificar um: Felicidade.

Xxxxxx

Todo o momento para Oliver foi dividido em três partes, a primeira foi a completa surpresa de ter reencontrado Felicity, sua melhor amiga de infância, a segunda empolgação e... caramba o que eram todos aqueles sentimentos que ele havia sentido? toda aquela tensão, magia, eletricidade, congelamento, Deus eram muitas coisas para se sentir de uma vez. A última parte foi confusão e um pouco de desespero. Assim que Laurel chamou sua atenção para o mundo real e ele se viu dentro do elevador, sua mente começou a trabalhar. Ver Felicity o lembrou sim de uma época muito feliz de sua vida, mas também trouxe memórias doloridas do passado que ele lutava quase que diariamente para se esquecer. Era impossível agora fazer sua mente parar de se lembrar de um pequeno Oliver sujo e faminto de baixo de uma tempestade, andando sem rumo até ser finalmente resgatado. Ou quando foi perseguido por outros meninos mais velhos que viviam na rua, ou quando um homem dono de uma pequena loja o perseguiu e o jogou no chão tomando de sua mão o pão que havia roubado.

Eram muitas memorias doloridas vindo de uma vez, misturada com todos aqueles outros sentimentos e memorias, muita coisa para absorver de uma vez.

—Oliver! - ele ouviu Laurel chamá-lo ao longe quando já estavam fora do prédio, ao lado do carro que o levaria para a entrevista. Ele piscou voltando a realidade e tomou fôlego. -Quem era aquela? Vocês se conhecem?

Hesitando por um momento ele optou por falar a verdade. Afinal, Laurel era quase sua noiva.

—Eu...sim, sim eu a conheço. 

—De onde?

Ele coçou a cabeça, desviando o olhando antes de responder. 

—Felicity era... uma amiga, do... do lar onde eu morava antes de ser adotado pelos meus pais.

—Oh! – foi só o que ela disse.

Percebendo que ela não parecia brava, Oliver decidiu continuar.

—Ela... era minha melhor amiga antes de eu ser adotado e... nunca mais ter contato com ela.

—Porque não tiveram contato?

Ele pensou um pouco sem saber exatamente a resposta. A verdade é que quando ele foi adotado queria esquecer seu passado nas ruas e infelizmente... Felicity acabou fazendo parte do pacote, além de seus pais sempre o desencorajarem a fazer contato com qualquer um do lar, dizendo que ele tinha uma vida diferente dali por diante e que deveria deixar o passado no passado.

—Em parte por meus pais, eles não aprovavam muito eu fazer contato e eventualmente... Eu parei de pedir.

Laurel pensou e assentiu, então sorriu e segurou seu braço, olhando em seus olhos.

—Você quer voltar? Conversar direito com ela?

Oh, isso o pegou totalmente de surpresa. Laurel estava sugerindo que ele voltasse lá? Falasse com Felicity?

Depois do que pareceram vários e vários minutos registrando a sugestão, Oliver olhou por cima do ombro de Laurel ao ver uma figura loira ao fundo sair apressadamente do prédio, olhar em voltar como se procurasse alguém e então seus olhos pousarem sobre ele, em Oliver. Não, ele não queria sentir tudo aquilo novamente, era muito sufocante, muita coisa de uma vez apenas para ele suportar. Mal havia se recuperado de minutos atrás e não estava pronto para ser engolido novamente naquela bolha. Não, ele não queria voltar, não queria vê-la novamente naquele momento, não queria que as memórias voltassem, ele queria esquecer de que algum dia vivera numa situação tão precária, queria se esquecer completamente de sua vida antes de ser adotado, ele não estava pronto ainda pra deixar tudo aquilo voltar, não ainda, não tão de repente. Sua vida não era mais daquela forma, ele agora era rico e famoso, não podia voltar a viver no passado assim, principalmente com aquele passado. 

Olhando para Felicity, ele respondeu a Laurel.

—Não, eu não quero voltar lá – dando sinal então para o motorista que abriu a porta do carro para ele, Oliver deu uma última olhada para Felicity ainda parada em frente a porta, os cabelos voando com o vento que batia contra ela, ela estava linda. Os óculos foram ajustados ao rosto como se ela não acreditasse no que estava vendo. Ele acompanhou o sorriso se esvair do rosto dela. -Nós devemos ir - disse pôr fim a Laurel, que sem discutir entrou no carro, ele logo atrás dela.

Felicity olhou o carro partir para longe. Ele a viu, ela sabia que ele a tinha visto, eles fizeram contato visual, não havia nenhuma chance de que ele não a tivesse visto ali, nenhuma! Seu coração pareceu parar por um momento, o vento bateu forte contra ela e de repente um sentimento de solidão a tomou novamente, ver o carro partir com Oliver dentro foi como ver novamente ele partir quando era criança, no entanto dessa vez não era uma despedida, dessa vez ele não era uma criança sendo levada, ele era um homem adulto e com vontades próprias, e a sua vontade tinha sido ignorá-la e entrar no carro sem nem ao menos trocar três palavras para com ela, nem mesmo para combinar de se verem depois e colocar o papo em dia, qualquer mínima coisa que indicasse que ele se importava.

Bem, aparentemente ele não se importava. Isso doeu bem no fundo de seu peito, doeu ser a única que se importava. Talvez... bem, talvez ela estivesse errada afinal, e ele havia realmente mudado, ele agora era sim arrogante e superficial como muitos o descreviam. Ele era nada mais do que seu chefe agora e se era assim que ele queria ser tratado, era assim que ela o trataria.

Toda a entrevista foi uma tortura para Oliver, a hora não passava e ele estava estranhamente ansioso. É claro que ele não deixou nada de seu nervosismo transparecer, respondeu todas as perguntas que devia, leve e participativo. Ainda assim pareceu levar uma vida até terminar. Como se não bastasse ele ainda não pôde sair imediatamente de volta para casa, teve que ficar alguns minutos tirando fotos com as pessoas da plateia e com alguns outros fãs que esperavam do lado de fora do estúdio. Quando enfim ele e Laurel chegaram no carro para irem embora ele deixou um longo suspiro aliviado escapar.

—Isso pareceu mais dificil do que devia pra você. Eles podem não ter percebido, mas eu percebi. Você estava distraído, o que houve? - perguntou ela.

Boa pergunta.

—Nada, eu... Não sei, só estou distraído um pouco, só isso, nada demais.

Ela assentiu, pensativa, estranhamente pensativa. 

Algo estava diferente, algo nela estava diferente, ela tinha uma expressão que Oliver nunca havia visto em seu rosto antes e isso estava criando ainda mais ansiedade nele. Ela estava assim desde... Bem, desde o episódio com Felicity.

—Laurel? O que foi?

Ela o olhou confusa por um momento.

—Você está agindo estranho – esclareceu.

Ela suspirou.

—Não é nada, não é da minha conta e não cabe a mim fazer essa decisão, mas... Oliver, se aquela garota Felicity foi tão importante pra você, talvez você devesse conversar, mesmo que isso reabra todas as suas memórias do passado... Eu acho que as memorias boas também virão e talvez elas sobressaiam as ruins e talvez... Bem, talvez você se sinta melhor com tudo.

Oliver tomou fôlego e pensou. No fundo de sua mente ele se lembrou de um dia quando estava doente com gripe e Felicity foi proibida de ficar com ele no quarto, pois poderia ficar doente também, mas ela não ligou para a proibição. Quebrou as regras e se esquivou pelo quarto, levando um bolinho para ele na esperança de que isso o fizesse se sentir melhor. Claro que ela foi pega desobedecendo, mas antes que ela saísse, Oliver tinha se certificado de dar uma boa mordida no bolinho, mesmo que ele não pudesse realmente sentir o gosto e forçou seu rosto a fazer a melhor expressão de agradecimento possível, apenas para que ela se sentisse feliz e acreditasse que havia feito algo bom para ele. E bem, ela tinha.

Era uma memória simples, mas apenas uma de muitos outros momentos que os dois compartilharam e que até aquele dia Oliver se lembrava com carinho. Bem, apenas quando ele se permitia lembrar-se desse tempo.

Talvez não fosse tão ruim assim, ele podia tentar.

Oliver assentiu para Laurel e ela sorriu, apertando sua mão em apoio.

—Eu vou encontrar meu pai na delegacia para sairmos juntos, você pode descer na empresa e ir procurá-la então. 

Assentindo uma vez mais, assim foi feito, Oliver desceu na QC e Laurel seguiu seu caminho.

Oliver fez todo o caminho até o setor de TI quase que no automático, seu coração batia forte no peito e assim que ele chegou na porta do elevador ele paralisou, lembrando-se do que ocorrera mais cedo quando ele viu Felicity e partiu com Laurel no carro. Puta merda, Felicity com certeza não tinha gostado disso e agora ele simplesmente voltava ali e...

Bem.

Ele colocaria seu melhor sorriso então. 

Ajeitando a roupa e passando uma mão no cabelo ele apertou o botão do elevador que rapidamente subiu e ali ele se encontrava, olhou em volta e não a viu. Quando começou a andar o barulho no local começou a diminuir, provavelmente as pessoas o perceberam ali. Olhando de biombo em biombo ele finalmente chegou onde havia uma mulher com uma cabeleira loira. Ela girou na cadeira para ver quem havia chegado, mastigava a ponta de uma caneta vermelha. Oliver sorriu, de repente tendo um estranho sentimento e dejá vu. 

—Olá – ele deu o primeiro passo já que ela não se pronunciou mais do que a expressão chocada e confusa e sim, ele podia ver mágoa ali também. 

—Sinto muito Sr. Queen, o notebook que você me trouxe foi para outro setor, mas nós recuperamos tudo o que havia nele, não se preocupe.

Seu tom era impecavelmente profissional.

Droga. Ele tinha estragado tudo.

—Fe-li-ci-ty. Eu não estou aqui por causa do notebook. Eu queria falar com você. 

—Sobre o que, Sr. Queen? 

—Não, eu já disse que não sou Sr. Queen, muito menos para você. Podemos dar uma volta?

—Hm... sinto muito, eu... esse é o meu primeiro dia, eu preciso trabalhar.

—Hey, não tem problema se eu te liberar, seu emprego vai estar esperando.

Ela soltou a caneta na mesa com uma certa agressividade, mas sem ser exagerada para que alguém notasse.

—Não obrigada.

Respirando fundo, Oliver se aproximou, colocando gentilmente uma mão em seu ombro.

—Me desculpa - sussurrou, ainda que soubesse que apesar do sussurro muitas pessoas estavam ouvindo aquela conversa. -Sinto muito por mais cedo, eu estava... surpreso e... eu não sou bom em enfrentar as coisas que me surpreendem, precisava de um tempo. Por favor, vamos almoçar amanhã, para conversamos direito, eu quero saber sobre você e... eu tenho muito o que contar também. 

E então ela sorriu e algo dentro de Oliver se remexeu. Era como se a cada minuto ele a avaliasse novamente, guardasse na memória todas as suas novas mudanças e procurasse dentro de sua mente tudo o que fosse familiar, conhecendo-a novamente e aquele sorriso não havia mudado.

Ela acenou uma vez em concordância. 

—Tudo bem.

Os milagres que um pedido de desculpas pode fazer.

—Tudo bem?

—Sim, mas apenas para o almoço. 

—Combinado, eu passo aqui amanhã então. Posso te dar um abraço? 

Ela piscou completamente surpresa pelo pedido, mas se levantou sem muita cerimonia. Não havia muito espaço entre eles e antes que a situação ficasse estranha, ele a puxou suavemente para um abraço. Seus braços a envolveram e o queixo dela pousou em seu ombro, o abraço se encaixou perfeitamente e Oliver apreciou seu aroma e seu calor, um abraço que ele havia sentido tanta falta que chegava a doer, mas ele sequer sabia que sentia essa falta. Ele nem mesmo sabia quanto tempo se passou, aquele abraço se parecia com um lar, era uma sensação de conforto sem explicação e quase doeu terminá-lo. Mas era preciso. Antes de se afastar, Oliver depositou um beijo rápido em sua bochecha.

—Te vejo amanhã, Felicity.

—Até amanhã. 

Xxxxxx

No fundo Felicity estava com receio de que Oliver fosse dar o bolo nela. Não sabia exatamente o que o fizera mudar no dia anterior e ir procurá-la, mas ela achou que valia a pena dar a ele outra chance. Foi quase impossível se concentrar em seu trabalho naquela manhã, pela ansiedade do passeio que viria e pelos olhares curiosos de todos que trabalhavam com ela e haviam escutado sua conversa ontem. Inferno, apenas seu segundo dia de trabalho e já estava tendo que lidar com algo assim.

No entanto, as horas se passaram e logo era hora do seu almoço e, pontual como se ele estivesse contando os minutos do outro lado do elevador, Oliver apareceu na hora exata. Surpreendentemente ele usava uma roupa mais casual e tinha um sorriso no rosto que estranhamente dava a ela a sensação de que ele estava aprontando algo.

—Pronta? – perguntou ele quando chegou até ela.

Felicity assentiu, pegando sua bolsa.

—Pronta, vamos lá.

Ele a deixou passar primeiro e juntos eles caminharam até o elevador.

—Para onde vamos? - ela perguntou.

—Oh, isso e surpresa, mas você vai gostar, eu vou te contar logo.

Ela riu pensando que aquilo era uma loucura.

—O quê? Você vai me sequestrar ou algo assim?

—Bem depois de ter sido visto com você ao meu lado em uma sala cheia de gente em um prédio cheio de câmeras? Não, eu sou mais inteligente do que isso.

Ela riu, concordando que naquele prédio você se sentia visto vinte e quatro horas por dia.

Eles chegaram ao carro e Felicity se surpreendeu quando Oliver foi ao banco do motorista.

—Você vai dirigir?

—Claro.

—E o seu motorista?

—Bem, eu tenho um que também é o meu segurança, mas eu sei dirigir Felicity. Eu dei uma folga a ele, acredito que onde vamos eu não precise de um segurança. 

—E aonde vamos?

Ele sorriu, abrindo a porta do carro.

—Você verá – respondeu, entrando no veículo e esperando Felicity fazer o mesmo.

E ela continuou perguntando a ele pelos próximos quinze minutos.

—Meu Deus, você sabe ser insistente, tudo bem eu vou contar onde vamos.

—Aleluia, onde vamos?

—Vamos a praia.

O queixo de Felicity caiu. O QUE?

—O QUE?

—Vamos a praia.

—Eu escutei isso, mas como assim vamos a praia? Oliver, a Praia é a quarenta minutos da cidade, você sabia que tenho apenas uma hora de almoço, certo?

—Sim, eu te liberei por hoje?

—ME LIBEROU? Como você me libera do meu trabalho sem eu saber ou permitir?

—Hey, só por hoje eu prometo. Não tem como colocarmos em quinze anos em dia em uma hora Felicity, está tudo bem. Agora senta e aproveita o caminho.

Ela bufou irritada, mas conformada.

—Seu idiota, nunca mais faça isso.

—Tudo bem.

—E porque vamos a praia afinal? Tinha um restaurante ótimo bem ao lado da empresa.

—Sim e todo mundo vai lá, e sabe quantas fotos e fofocas vão sair na mídia se me verem almoçando com outra mulher? Ia ser um inferno, a minha vida e a sua. Eu... Quis te proteger.

Oh.

—Oh.

Espera, outra mulher?

—Aquela mulher... A que estava com você ontem. Ela é sua...?

—Namorada.

Quase noiva.

PUTA MERDA A NAMORADA DELE.

—OLIVER.

Ele a olhou assustado.

—O que?

—Hoje é dia dos namorados, como você me leva pra sair num almoço no dia dos namorados ao invés de ficar com a sua namorada? Eu não me lembrei disso porque EU não tenho namorado, mas você devia ter se lembrado. Oh meu Deus, vire no próximo retorno e vamos voltar, podemos fazer isso outro dia e você peça a ela mil desculpas e...

—Felicity!

Ela piscou confusa do porquê ele não estava preocupado.

—Está tudo bem. Laurel sabe que estou com você, ela que me incentivou ontem a falar com você. Ela... tinha algo importante para fazer e de qualquer forma, nós vamos jantar hoje à noite.

Oliver sentiu um frio na barriga ao se lembrar do que faria naquela noite.

—Oh – foi tudo o que Felicity pode dizer. -Tem certeza?

—Absoluta.

Um silêncio se seguiu por alguns minutos até Felicity quebrá-lo. 

—Tudo bem, já que temos um longo caminho até a praia, podemos começar agora.

—Começar o que?

—Com as perguntas. Eu faço uma e você faz uma, até acabarmos com as perguntas.

—Isso parece uma entrevista, eu fiz uma ontem, vai ao ar semana que vem no canal cinco, você deveria ver.

Felicity revirou os olhos.

—Não, não é uma entrevista, vamos. Eu começo. Como são os seus pais? Eles foram bons pra você além de oferecer dinheiro e fama?

Uau, ela poderia ter começado com uma mais fácil. 

—Sim, eles foram bons pra mim e realmente meus pais. Eles tiveram biologicamente minha irmã Thea dois anos depois.

—Sua vez.

Oliver pensou em uma pergunta, ele tinha várias ao mesmo tempo que não podia pensar em nenhuma boa o suficiente para perguntar agora. Bem, se ela havia começado com uma pergunta difícil, ele talvez pudesse fazer o mesmo.

—Você, hm... Você foi adotada?

—Não, eu morei no lar até completar dezenove anos e após isso eu entrei para o MIT e a vida apenas... caminhou.

—Sinto muito por você nunca ter sido adotada.

—Está tudo bem.

Oliver sorriu.

—Eu me lembro de você ser uma completa nerd da tecnologia, acho que isso não mudou.

Felicity sorriu e corou por ele se lembrar de algo assim sobre ela.

—Sim, eu sou realmente boa no que faço. 

Ela não seria modesta sobre isso, ela era realmente boa no que fazia. Infelizmente ela usou um pouco desses recursos para algo não muito legal na faculdade. No entanto isso era assunto para um outro dia. Ou talvez nunca. 

—Bem, minha vez.

Eles continuaram aquele jogo pelo resto do caminho, perguntando sobre tudo, do assunto mais sério, ao mais bobo. Quando menos perceberam já podiam ver o mar e apenas precisavam escolher um lugar para estacionar.

—Eu tenho mais uma pergunta – Felicity anunciou, nervosa por um momento.

—Tudo bem, só mais uma!

Ela olhou para Oliver e ele retribuiu o olhar quando eles pararam no semáforo. Ela tomou coragem e perguntou:

—Porque você nunca mais fez contado depois que foi embora? Você... Sentia a minha falta?

Puta merda, Oliver não estava esperando por isso.

O sinal abriu e foi a desculpa perfeita para desviar o olhar. E ele achou outra melhor ainda para desviar o assunto.

—Olha! Uma vaga para estacionar. Parece ótimo aqui.

Felicity levou alguns segundos para registrar a mudança de assunto e por fim deixou que ele desviasse por agora.

—Você vai parar esse carro caro aqui? Não é melhor procurar um estacionamento fechado?

—Está tudo bem, ele é bem seguro e eu tenho seguro dele também é claro, não tem problema. Vamos lá, estou com fome.

—O que vamos comer?

—Não sei não, escolhe alguma coisa.

Bem, isso seria dificil, havia uma variedade enorme de restaurantes e lanchonetes um ao lado do outro e um em frente ao outro por toda a extensão da rua em que estavam. O tempo estava agradável, o sol estava quente, mas suportável e a brisa que batia era na temperatura certa também, o céu estava azul e a cidade parecia alegre naquele dia.

Conforme foram andando procurando algo para comerem perceberam quanta decoração de dia dos namorados cada lugar tinha, como se estivessem fazendo algum tipo de competição. De repente se tornou um pouco estranho os dois ali, passeando na praia justo naquele dia. Será que eles pareciam um casal? Os dois se olharam ao mesmo tempo como se tivessem pensado o mesmo.

No fim eles terminaram por pedir um hamburguer cada um, com milkshake e uma grande caixa de batatas fritas. Eles pegaram a comida e caminharam para a praia para comer em frente ao mar em uma parte mais isolada. A praia era de pedras, então não haveria problema de areia na comida. Ambos se sentaram confortavelmente sobre as pequenas pedras e observaram o mar que as ondas quebravam na margem de forma calma.

Continuaram conversando sobre coisas aleatórias da vida, Felicity contou várias coisas que ocorreram depois que Oliver foi embora, coisas comuns de sua vida de criança e adolescente e Oliver falou bastante sobre a fama e como era sufocante as vezes. Ele também mencionou sobre toda sua responsabilidade de assumir os negócios de sua família e de como seu futuro já parecia algo com um roteiro escrito.

—Isso não te incomoda? – Felicity perguntou.

—Eu não sei. Acho que sim, às vezes.

Ela assentiu, sem saber muito o que dizer. Um silêncio confortável se fez entre eles e Felicity mordeu uma batata.

—Oliver.

—Sim?

Assim que ele viu a expressão dela ele sabia o que o aguardava. 

—Porquê você nunca mais fez contato?

Oliver pensou como responder aquilo. Ele não queria mentir, mas também não queria dizer que a decisão de não entrar mais em contato havia partido dele também e não só dos seus pais. 

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, uma gaivota se aproximou deles e eles nem mesmo se atentaram a elas, visto que elas eram comuns naquela parte e então, antes que pudessem registrar, a ave bicou grande parte de suas batatas fritas e levantou um voo baixo para longe, ao mesmo tempo que outra vinha e fazia o mesmo.

—Oliver! - Felicity gritou atenta e riu enquanto se levantava, bobamente correndo atrás da gaivota. Oliver a seguiu.

Aquilo não fazia qualquer sentido, o que eles fariam? Obrigariam a Gaivota a devolver suas batatas?

Levantar do local e se distanciar foi um erro, pois logo pelo menos meia dúzia delas foram até onde estava o resto de suas comidas e tomaram conta delas e saiam voando carregando o que podiam. Os dois voltaram correndo, tentando impedir, mas já era tarde demais. Restara apenas os milkshakes que já estavam no fim de qualquer forma. Eles estavam ali já a algum tempo. 

Os dois começaram a rir da bobagem que fizeram. Não foi algo inteligente levar a comida para a praia.

Felicity riu vendo um pedaço de batata presa na gola da camisa de Oliver.

—Você tem uma batata. -disse, tirando o alimento dele em meio ao riso.

O pior ainda estava para acontecer.

Caiu bem no ombro dele, a gaivota defecou em Oliver e, se Felicity ria antes, ela riu mais ainda depois disso.

—Hey! Isso é horrível – disse Oliver, afastando a camisa de si como se isso resolvesse seu problema.

Ele olhou e percebeu como Felicity ria dele.

—Hey! – ele tentou aproximar a parte da camisa suja nela, mas ela foi rápida e se esquivou.

—Não, não, não, não se atreva! – pediu, ainda em meio a risadas, fingindo de Oliver que não desistiu e tentou novamente. -Oliver Queen!

Felicity correu e Oliver correu atras e em algum momento o objetivo não era mais sujá-la também, era apenas alcançá-la. E ele o fez, Felicity se cansou e Oliver chegou a ela, seus braços circularam sua cintura por trás e ele a levantou fácil, girando com ela no mesmo lugar, até desacelerarem. Eles riam, Felicity virou-se de frente para Oliver ainda dentro de seus braços e de repente...

Tudo parou novamente. 

Os risos foram morrendo, os corações de ambos estavam acelerados e não só pela corrida. Felicity se apoiou nos braços de Oliver e tentou controlar sua respiração ofegante. Aos poucos eles se acalmaram, mas não se apressaram em quebrar o contato. Oliver viu que um pouco do cabelo de Felicity se soltava do elástico que prendia todo o resto e então, ele afastou a mecha, colocando-a para trás de sua orelha. Felicity estava sempre brigando com aquela parte do cabelo quando era pequena. Ele nunca parava preso.

Oliver tomou folego.

—Eu sinto muito – sussurrou. Felicity o olhou curiosa e confusa.

—Sobre o que?

—Sobre nunca mais ter feito contato, eu... eventualmente concordei com meus pais que eu deveria esquecer o meu passado e aproveitar a vida que ganhei e então eu apenas... Nunca escrevi, ou liguei... ou perguntei novamente. Mas... – ele afastou a mesma mecha só que do outro lado. -Eu senti a sua falta, todos os dias, por toda a minha vida até... Ontem.

Felicity prendeu a respiração.

—Algo nunca esteve certo, sempre tive algo faltando, nem todo o dinheiro do mundo poderia preencher em mim a falta que você me fez – ele precisou de uma pausa para respirar. - E depois de ter tentado bloquear o meu passado e consequentemente você, eu não tinha me dado conta de que você era o motivo desse vazio, ou talvez eu não quisesse admitir, mas.... tudo fez mais sentido depois de ontem, tudo mudou, tudo, foi como se eu recuperasse...

—Uma parte de mim – sussurrou Felicity, completando a frase que cabia a ela também.

Oliver piscou surpreso e sorriu, assentindo. Era exatamente aquilo.

Foi como se parte de seu coração tivesse enfim voltado para ele, uma parte que ele não sabia que tinha perdido.

Outra gaivota se aproximou e tentou bicar o pé de Oliver que pisava em cima da metade de uma batata no chão. Os dois pularam, se esquivando da ave.

—O que esses bichos tem contra mim? – Oliver perguntou, se afastando mais e rindo, começando a recolher a bagunça deles do chão.

—Acho que devemos ir. – Felicity falou e Oliver se virou para ela que estendia o celular de Oliver para ele que em algum momento ele deixou cair. A tela estava acesa com uma mensagem recém chegada. -Desculpe, eu li sem querer.

Oliver pegou o celular para ler a mensagem e Felicity continuou recolhendo a bagunça. A mensagem era de Thea.

"Ollie, vou passar a semana na casa de uma amiga, então não vou vê-lo até sábado. Espero que ocorra tudo bem hoje à noite no seu jantar, me desculpa pelo o que eu disse mais cedo, tenho certeza que Laurel vai dizer sim, você não tem com o que se preocupar. Te amo. Thea"

Oh.

Felicity caminhava com todo o lixo para a lixeira mais próxima e Oliver fez o mesmo.

—Felicity...

Ela virou-se para ele e forçou um sorriso, jogando o lixo fora. 

—Vamos, já ficamos muito tempo aqui e está ficando tarde, você não quer se atrasar para o seu jantar. Vai ser importante.

—Mas, eu...

—Estou feliz por você – doeu dizer isso. - Ela parece ser uma boa pessoa.

Ele não sabia o que dizer. Estava confuso com tudo aquilo, não sabia o que fazer. Felicity sorriu e passou a mão em seus cabelos, os dedos percorrendo os fios curtos.

—É engraçado te ver com o cabelo bagunçado – ela se afastou, olhando-o de uma forma estranha. -Você devia lavar isso no mar antes de irmos. - disse, se referindo ao cocô da Gaivota.

Oliver assentiu. Era tudo o que podia fazer.

O caminho de volta, muito diferente do de ida, foi em completo silêncio. Havia muito o que digerir daquele dia. O único momento em que falaram um com o outro foi quando Oliver perguntou onde Felicity morava.

Ele desceu do carro quando chegaram em frente ao prédio dela e sorriu. 

—Obrigada, Oliver. Hoje foi ótimo, talvez possamos repetir qualquer dia... nós... nós três. 

—Três? 

—Eu, você e Laurel. Eu iria adorar conhecer sua irmãzinha também. 

Oliver assentiu e sorriu com a ideia de Felicity e Thea se conhecendo. Thea iria adorá-la.

—Boa sorte hoje – sussurrou ela.

Oliver segurou seu braço suavemente antes que ela pudesse se afastar.

—Felicity...

As palavras se perderam novamente e Felicity se aproximou. Assustadoramente próxima. Ela beijou-o na bochecha e se afastou, sorrindo para ele.

—Está tudo bem Oliver, nos vemos por aí, afinal, eu trabalho para você. 

Antes que ele pudesse impedi-la novamente, ela acenou adeus e foi em direção ao seu apartamento, sumindo dentro dele.

A volta para a mansão Queen foi um caminho silencioso de pensamentos, a cabeça de Oliver estava a mil e ele não conseguia se decidir sobre o que fazer. Como poderia apenas um dia e meio ter mudado totalmente suas vontades e certezas? Apenas na manhã anterior ele tinha certeza de que na noite de hoje ele iria propor casamento a Laurel, ela aceitaria, eles comeriam do bom e do melhor, beberiam muito champanhe e passariam a noite juntos e no dia seguinte Laurel e sua mãe começariam a fofocar sobre os preparativos do casamento. Mas agora essa certeza havia ido por água a baixo.

A volta de Felicity havia mexido muito com ele e ele se sentiu feliz nessa tarde com ela como não se sentia a muito tempo. Verdadeira felicidade.

Todo o seu passado ruim agora parecia ainda mais longe, e a parte boa, a parte com Felicity, se destacava mais. 

Depois de se arrumar para o jantar, Oliver encontrou com sua mãe no andar de baixo antes de sair, como se o esperasse.

—Oliver, olhe para você. Está muito bonito.

Ele sorriu, beijando-a carinhosamente na bochecha.

—Obrigado.

—Então, hoje é o grande dia?

Ele suspirou nervoso e assentiu.

—Vai dar tudo certo, Laurel adora você. 

—Sim, eu acho.

—É claro que sim. Agora vá, ou vai se atrasar. Boa sorte, eu te amo.

—Também te amo.

Ele saiu da casa e a cada passo até o carro parecia pesado e um certo peso também estava em seu corpo enquanto o carro ia até o restaurante e ele pensou que cairia quando pisou para fora do veículo. Era como se todo o universo o empurrasse para longe daquele momento. Ainda assim ele deu um passo após o outro. Laurel não havia chego ainda, ele esperou cerca de trinta minutos e a cada dois ele pensava em desistir e ir embora, inventar uma dor de barriga ou sei lá.

Mas lá estava ela, muito bonita enquanto caminhava até ele. Ela sorriu, ainda que não animada como ele imaginava e o beijou suavemente nos lábios, antes de sentar-se à sua frente.

—Boa noite, você está linda – elogiou ele educadamente.

—Obrigada! Você também.

—Como foi o seu dia? 

—Oh, eu tive uma audiência e foi tudo bem, eu ganhei a causa, depois eu sai com o meu pai, ele estava de folga hoje.

—Oh, isso é ótimo, parabéns. 

—Como foi com Felicity?

Oliver pensou um pouco.

—Foi legal. Conversamos bastante. Infelizmente ela nunca foi adotada. Enfim, atualizamos um ao outro sobre tudo. Estamos bem, ela quer te conhecer um dia.

—Eu adoraria.

Um silêncio se seguiu até que o garçom veio anotar seus pedidos. Quando a comida chegou, eles começaram a conversar sobre algo mais leve e Oliver se esqueceu do pedido até a sobremesa. Sua mão pousou sobre a caixinha em seu bolso e ele a retirou, segurando firme.

—Laurel, eu... – ele respirou fundo. -Estamos junto já a algum tempo, nos gostamos a bastante tempo também e apenas parece certo que nós tomemos o próximo passo. Não poderia pensar em um dia melhor para fazer isso – o discurso era ensaiado e enquanto ele o dizia, se sentia um mentiroso.

Ela o olhava com atenção e os olhos brilharam. Ele colocou a caixinha delicadamente na frente dela, agora que havia começado, não poderia voltar atrás.

 -Você quer se casar comigo?

Silencio.

Laurel sorriu, os olhos marejados e ela pegou a caixinha, encantada, olhando o anel dentro dele.

—Oliver, é lindo!

Ele sorriu concordando.

Alguns segundos em silêncio depois Laurel respirou fundo e fechou a caixinha novamente, colocando-a em cima da mesa.

Espera, o que?

O que estava acontecendo?

—Sabe – começou ela. -Eu passei o dia com o meu pai hoje e nós conversamos muito. Conversamos sobre a vida num todo, sobre tudo que vivemos e o que planejamos viver e Oliver... Quando eu imaginei o meu futuro eu o imaginei com você, viver o resto da minha vida com alguém que eu amo e que me ama de volta, sermos felizes, construirmos uma vida e termos filhos, viajar o mundo, ter aventuras. Eu pensei em tudo isso, mas havia uma pequena parte que não era verdade e que isso iria atrapalhar todos esses planos.

Oliver erguei uma sobrancelha curioso.

—Oliver, você não me ama.

Sua voz sumiu. Ele não queria confirmar, mas também não queria mentir. Ele não queria machucá-la. 

—Está tudo bem. Você não tem que dizer nada. Eu acho... Acho que nós somos melhores como amigos e... ainda podemos ter várias aventuras juntos, eu você e quem quer que você escolha no futuro para estar ao seu lado para o resto de sua vida, assim como eu um dia também vou escolher.

—Laurel... eu... Eu sinto muito.

Ela acariciou sua mão. 

—Eu também.

Eles ficaram em silencio, Oliver guardou a caixinha.

—Então... Isso é um fim? Para nós dois? – perguntou ele.

—Bem, eu ainda estarei ao redor sempre, não vai se livrar de mim – brincou. - Mas sim, acho que não damos muito certo como um casal.

Oliver assentiu, de repente sentindo seu coração mais leve.

—Então, você vai ir atrás dela?

O que?

—Han?

—Oliver! Felicity. Você vai atras dela?

—Laurel? Nós terminamos a meio minuto.

—E isso importa? Por mim tudo bem, eu só quero que você seja feliz.

Ele a olhou em dúvida. e ela bufou como se ele fosse o maior idiota.

—Eu não ia falar nada, mas pelo jeito eu preciso. Sabe, eu não ia admitir, mas sim, o aparecimento de Felicity é grande parte o que levou toda essa minha reflexão. Tudo mudou quando eu vi vocês dois juntos. Oliver... Eu acho que vocês nem mesmo notaram, mas eu, que olhava de fora, vocês dois sumiram no mundo, os dois se perderam um no outro como se fosse um reencontro de... de almas e não somente os dois fisicamente. A energia que corria entre vocês não poderia deixar nenhum outro chegar perto e estragar, ficou claro para mim bem ali que qualquer coisa na vida de vocês fez com que aquele momento ali acontecesse, vocês se reencontrariam mais cedo ou mais tarde e olha... Eu não sou de ver sinais em coisas, mas caramba, algo assim acontecer na véspera de seu pedido de casamento para mim TEM que ter algum significado. Eu acho que apenas não era pra ser e... Você parecia apaixonado, você a olhou de uma forma que jamais olhou para mim e como jamais olhará. Como isso poderia ser possível em apenas dois minutos? Depois de quinze anos sem se verem? Não faz sentido, foi como ver a cena de um filme. Por favor, não desperdice isso. Procure-a. Se você gosta dela, não deixe que a vida os separe novamente. Pare de pensar tanto com a sua cabeça e pense um pouco com o coração também. 

Oliver estava completamente besta com tudo isso, definitivamente não foi como ele imaginou aquela noite. Ele segurou a mão de Laurel em agradecimento, guardou novamente o anel no bolso e suspirou totalmente aliviado. Ele assentiu para ela e não precisou mais de vinte minutos até que ele estivesse fora do restaurante, dentro do carro a caminho do apartamento de Felicity.

Seu coração batia forte como se conversasse com ele e dissesse "até que enfim você me entendeu" Ele sacou o telefone e abriu a página de mensagem e pensou no que escrever, mas, não... não seria o suficiente.

Ele apertou a ligação então e esperou, quando pensou que a chamada fosse terminar, ela atendeu. A voz fraca e hesitante.

—Oliver? Está tudo bem?

—Hey, você lembra do dia em que eu fui embora? Como acenamos adeus um para o outro até que nos perdêssemos de vista.

Ele ouviu seu sorriso triste.

—Como eu poderia esquecer?

—Bem, eu acho que no caminho pra cá eu pensei muito no que dizer e eu não sabia até agora, mas eu acho que vou começar com uma promessa.

—Promessa?

—Sim. Eu prometo, Felicity. Nunca mais partir.

O carro parou em frente ao prédio e Oliver abriu a janela.

—Olhe pela janela – pediu a ela.

E apenas um segundo depois ele pode vê-la em sua janela, o celular na orelha e a expressão chocada.

—O-Oliver, o que você faz aqui? Porque está de dizendo essas coisas? 

—Posso entrar? Para conversarmos?

Silencio.

Ele a viu morder o lábio apreensiva.

—Tudo bem – concordou por fim.

Oliver saiu do carro e foi até a porta que Felicity concedeu acesso pelo botão automático. Ele correu escada acima e quando enfim chegou ao seu andar, ela estava na porta vestindo uma calça de pijama de ursinho e uma blusa de alcinha rosa.

—Desculpe, meu apartamento está uma bagunça, eu estava desempacotando. Meu Deus, você está aqui e meu apartamento está uma bagunça e eu estou de pijamas e...

—Você está linda.

Felicity prendeu a respiração e então suas sobrancelhas se curvaram em questionamento e uma sombra de tristeza passou por seu olhar.

—O que você faz aqui? E o seu jantar? 

Ele sorriu, pegando a caixinha com o anel do bolso, mostrando a ela.

—Eu não vou me casar Felicity. Não com a Laurel.

—O que? Porque não? Ela ficou brava por você não ter passado o dia com ela?

—O que? Não, eu te disse que ela estava bem com isso, na verdade um pouco mais do que eu pensei. Nós apenas... decidimos isso juntos. Não deu certo.

—Ou! – sem saber muito o que dizer, ela apenas disse o que normalmente as pessoas dizem. -Sinto muito.

—Sente?

—Si-sinto, claro que sinto.

—Bem, eu não sinto.

Ela não disse nada, então Oliver se aproximou, olhando-a nos olhos, pegando delicadamente a ponta de seu cabelo que estava solto, brincando com a mecha.

—Acontece que eu preciso fazer uma pergunta.

—Que-que pergunta?

—Você, Felicity Smoak, sente alguma coisa por mim? Porque eu sinto por você, porque eu não sei mais como passar mais um dia sem pensar em você, sem querer conversar com você, sem tocar você e sem demonstrar o quanto eu gosto de você, o quanto... Eu te amo.

Felicity prendeu a respiração, o coração saltando tão forte que talvez Oliver pudesse ouvir, seus olhos queimaram com as lágrimas que queriam se formar.

—Diz alguma coisa – Oliver sussurrou, percorrendo os dedos pela bochecha dela, até o queixo, esperando.

—Eu...

Nada ainda.

—Você...?

Se recuperando, Felicity sorriu, umedeceu os lábios e levou a mão ao rosto dele também, tocando sua barba bem feita.

—Eu amei você a minha vida toda e eu acho que nunca vou deixar de amar.

Oliver sorriu, isso era tudo que ele precisava saber. Aproximando seus rostos ele a beijou como se fosse a coisa mais importante que ele faria na vida, como se por tanto tempo estivesse esperando por aquele momento. Os lábios se encaixaram perfeitamente, ambos se entregaram nos braços um do outro como se ali pertencessem e nunca mais fossem se deixar separar. As línguas se exploraram e todas aquelas sensações da primeira vez que se reencontraram pareciam ter aumentado cem vezes mais.

O folego faltou e Felicity sorriu em meio ao beijo, se afastando, Oliver segurou seu lábio inferior suavemente entre os dentes antes de soltar, contrariado.

—Hey, me deixa prometer algo também – pediu ela em meio a um riso. 

Oh a promessa.

—O que? 

—Eu também prometo nunca partir, nunca mais vou assistir parte de mim me deixar novamente e não fazer nada. Eu finalmente estou me sentindo viva como a muito tempo não me sentia. Estou... completa.

Oliver tomou folego, olhando em seus olhos azuis e depositando um selinho em seus lábios. Deus, como poderia ele deixa-la novamente? Nunca. Ele enfrentaria qualquer coisa por ela, sua família, a mídia, o público, qualquer coisa, nem mesmo que eles tivessem que fugir pra uma ilha deserta, ele faria isso.

—Eu te amo.

—Eu também. 

Eles se beijaram novamente, até Oliver quebrar o contato dessa vez, rindo.

—Hey.

—Sim?

—Feliz dia nos namorados.

Felicity riu, entrelaçando sua mão na dele.

—Feliz dia dos namorados, Oliver.

Os dois por fim entraram dentro do apartamento, felizes por terem encontrado um ao outro, mas mais do que isso, terem recuperado a si mesmo, por inteiro.


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Notas finais do capítulo

E aiii meu povo, o que acharam? Pra quem me conhece provavelmente veio ja ate esperando uma coisa bem dramatica, mas eu peguei bem leve ano hahah espero que tenham gostado!
Queria muito agradecer a Ciin por sempre ser uma perfeita administrando esse projeto todo e tambem quero agradecer a Thais Romes por ter betado a fic pra mim!
Comentem essa e as outras ones também, é importante ja que somos varias autoras, não deixe de comentar se gostou!
Bjs e até a proxima!



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