Valentines Week 2 - Olicity Version escrita por Ciin Smoak, SweetBegonia, MylleC, Thaís Romes, Regina Rhodes Merlyn, Ellen Freitas, EnigmaticPerfection


Capítulo 3
Querido Inimigo - Ciin Smoak


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores lindoooooos!!!!!!

E aí, estão gostando do projeto? Hoje é a minha vez e eu estou muito empolgada e ansiosa pra saber o que vocês vão achar da minha one, eu escrevi ela com muito carinho e usei todo o eu amor nela então, boa leitura!!!!!!



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—Você realmente precisa disso? Quer dizer, você poderia ir trabalhar em qualquer lugar, todas as maiores empresas querem você, por que não volta pra Nova York? Não pensou nisso? Aliás, por que você não continuou em Cambridge?

Suspirei diante do espelho e olhei para minha amiga através do reflexo!

Assim como Caitlin, ninguém na minha vida entendia o porquê de eu estar fazendo a escolha que estava fazendo, quer dizer, ela realmente não estava errada, com a minha formação, meu currículo e os resultados dos meus testes de QI, todas as maiores empresas dos Estados Unidos queriam me contratar, inclusive até algumas de outros países.

Então por que diabos eu havia escolhido vir trabalhar na Star Labs em Central City? Bem, acho que vários fatores estavam envolvidos.

—Nossa, falando assim até parece que você não está feliz por eu estar aqui! –Minha amiga sorriu e jogou uma almofada em mim antes de se deitar na minha cama.

—É claro que estou mais do que feliz por você estar aqui, não foi isso que eu quis dizer e você sabe disso!

Suspirei antes de voltar a me concentrar na minha maquiagem.

—Você sabe que eu não gosto de Nova York e de nenhuma outra cidade grande demais, cresci em Vegas lembra? Era um verdadeiro inferno e em Nova York foi ainda pior, todo aquele barulho infernal e apartamentos caros demais, por outro lado eu fiquei muito bem em Cambridge nos últimos anos, então por que não me mudar para uma cidade que me lembrasse de casa? Além do mais, por mais que eu ame Cambridge, eu estava com saudades de ficar mais perto de vocês, eu não consegui realmente desenvolver nenhum tipo de relacionamento lá, passei os últimos anos vivendo pro trabalho, cansei disso!

Terminei com o delineador assim que me senti satisfeita e então, Caitlin se levantou para arrumar o problema em que se encontrava o meu cabelo.

—Isso é verdade, desde que você se mudou pra lá nós nos vimos tão poucas vezes, você nunca mais voltou pro natal ou pras outras datas comemorativas, sua mãe sempre tinha que ir atrás de você e nós também, fazem o que? Sete anos?

—Oito, fazem oito anos desde que eu me mudei pra lá!

Ela assentiu rapidamente e continuei torcendo meu cabelo e fazendo algo que parecia tão lindo e rebuscado que eu tinha a mais absoluta certeza de que nunca conseguiria copiar.

—Sabe que eu ainda não entendo o que levou você a se mudar de Nova York tão depressa? Quer dizer, em um dia você estava lá e no dia seguinte você já estava em um avião pra Cambridge, eu nem tive tempo de ir até lá pra te ajudar com a mudança, você simplesmente evaporou.

—O aluguel estava caro demais, eu não conseguia mais pagar, o barulho me incomodava e eu recebi uma bolsa integral pra estudar no MIT, então, o que mais eu tinha pra fazer lá?

Essa era a resposta padrão, a resposta que eu dava a oito anos, já havia dito aquela frases tantas vezes que agora ela saía como uma verdade absoluta da minha boca.

Não é como se eu estivesse mentindo também, todas essas coisas haviam realmente ocorrido, mas nenhuma delas seria o suficiente pra me fazer ir embora, porém, era algo que eu nunca havia contado pra ninguém e preferia que continuasse assim, mexer com os velhos problemas era algo ruim.

Além do mais, eu tinha superado totalmente! Oito anos haviam se passado e eu não sabia sobre nada da vida dele, nunca havia pesquisado nada, justamente porque queria seguir em frente.

O fato de eu ter bloqueado o nome dele das pesquisas do meu notebook e do celular para evitar que eu acabasse vendo alguma coisa sem querer não tinha nada a ver com isso!

—Ainda assim, não me parece ser motivo suficiente pra sair de lá com tanta pressa, quer dizer, quando você se mudou pra Nova York eu até achei que você havia conhecido alguém legal porque sempre que nos falávamos você estava suspirando e parecia aérea!

—Eu já te disse mil vezes que eu não conheci ninguém, o motivo da minha felicidade era sexo, mas eu não preciso de um homem pra ser feliz, eu tinha um vibrador que me deixava nas nuvens, sabe? –Caitlin riu alto e então revirou os olhos.

—Você nunca teve um vibrador, Felicity, não seja ridícula! –Eu realmente nunca havia tido um vibrador, mas mantive o silêncio culpado porque era divertido. –Você nunca teve um vibrador, não é Felicity?

Sua voz não tinha mais tanta certeza assim!

—Eu preciso ir ou vou me atrasar para o meu primeiro dia de trabalho, você só entra mais tarde hoje né? Então tchau! –Escapei de Caitlin rapidamente, peguei a minha bolsa e corri para fora do apartamento enquanto ela me perseguia.

—Espera aí, você tem que me contar direito essa história do vibrador!!!!!!

Ainda rindo, acenei pra ela enquanto entrava rapidamente no elevador. Logo me deparei com um casal de idosos que me olhava de maneira espantada.

É, acho que eles tinham escutado a história do vibrador!

Que ótimo Felicity, você estava aqui há três dias e os vizinhos já te achavam uma pervertida...

...

—Eu ainda não acredito que você tá aqui, quer dizer, essa é literalmente a melhor notícia do ano! –Ri baixinho enquanto Barry seguia me abraçando como se realmente estivesse tentando me sufocar.

Eu estava feliz por finalmente estar perto da minha família novamente.

Se Barry e eu erámos uma família de verdade? Sim, éramos, não tínhamos o mesmo sangue, mas isso não mudava nada.

Nossas mães eram vizinhas em Vegas e como os bons nerds que nós dois éramos, logo nos tornamos inseparáveis e passamos por todos os perrengues da vida juntos, até que eu fui pra Nova York e ele se mudou pra Central City e conheceu a Cailtin que passou a fazer parte da minha vida também.

Éramos um trio e tanto, isso eu tinha que admitir!

—Você sabe que estamos no trabalho né? Quer dizer, logo vão pensar que você está traindo a Caitlin comigo, ou melhor ainda, que você está me assediando! –Ele revirou os olhos e me esmagou ainda mais forte.

—Não seja idiota, eu estou incomodando todo mundo a pelo menos umas duas semanas sobre o fato da minha irmã estar vindo trabalhar comigo!

Depois disso foi meio que impossível não abraça-lo de volta, eu amava Barry de uma maneira descomunal, ele era meu irmão de alma e isso nunca mudaria.

—Amo você senhor Allen! –Ele sorriu ao ouvir isso e então passou a mão na minha cabeça como fazia quando éramos crianças.

—Amo você senhorita Smoak!

Nesse momento escutamos alguém tossir a nossa frente e assim que nos viramos nos deparamos com o doutor Harrison Wells a nossa frente, ele estampava um sorriso discreto no rosto e eu estava feliz por finalmente conhece-lo pessoalmente e estava pronta pra dizer isso, mas meu mundo parou assim que eu vi que ele estava acompanhado.

NÃO, NÃO PODIA SER! EU NÃO PODIA TER UM AZAR TÃO DESGRAÇADO ASSIM!

—Helena, você sabe que eu não me dou bem nesse tipo de lugar, quer dizer, olha pra mim, eu te pareço alguém que trabalha em uma boate?

A morena olhou pra mim de maneira fixa e então sorriu.

—Não, você parece aquelas atrizes pornôs que aparecem nos fetiches que os caras tem com nerds!

Minha boca se abriu no mesmo momento e eu estava pronta para mata-la quando ouvi passos atrás de nós.

—Finalmente Helena, achei que você não chegaria nunca!

Me virei naquele momento e me deparei com o homem mais bonito que eu já havia visto na vida, o modo como aquela jaqueta de couro combinava com o estilo dele e o deixava sexy deveria ser proibido.

Os olhos dele eram de um azul extremo e eu quase surtei quando percebi que eles estavam voltados pra mim.

—Você deve ser Felicity, prazer, eu sou o Oliver!

 

—Felicity? –Eu sabia que Barry estava me cutucando, provavelmente tentando entender o motivo do meu espanto.

Mas como eu poderia explicar pra ele que idiota que assombrava meus sonhos a malditos oito anos (eu não estava admitindo nada) estava bem aqui na minha frente.

—Você deve ser a senhorita Felicity Smoak, prazer, eu sou Oliver Queen!

Ele estendeu a mão na minha direção e eu sabia que qualquer um que estivesse nos olhando veria apenas um homem de negócios cumprimento uma mulher que acabara de conhecer normalmente, mas eu o conhecia...

DEPOIS DE MALDITOS OITO ANOS!

Conseguia ver o leve arquear da sobrancelha dele e sabia que ele estava se divertindo com aquilo.

Respirei fundo no mínimo umas três vezes e então apertei a mão dele, me segurando para não puxá-la muito rapidamente.

—O prazer é meu senhor Queen! –Abri um sorriso educado, mas por dentro a minha mente era total borrão em branco, eu me sentia o meme vivo do “pane no sistema, alguém me desconfigurou”. –Com licença, mas por que nós dois não vamos agora? Você não tinha me dito que eu precisava começar a trabalhar o quanto antes? –Olhei pra Barry e me esforcei ao máximo para manter a expressão de paisagem.

Porque se alguém descobrisse que eu havia passado meses transando com Oliver Queen, a paz acabaria!

—Mas é esse o seu trabalho! É com o senhor Queen que você vai trabalhar, ele é o novo parceiro e patrocinador da Star Labs!

Alguém poderia adicionar uma trilha sonora de explosão nesse exato momento? Acho que se encaixaria bem na situação!

MAS QUE PORRA....

—Eu não sabia que a Star Labs fazia parcerias com boates! –Nesse momento o senhor Wells olhou em minha direção e eu percebi o que havia falado. –Quer dizer, até onde eu sei o senhor Queen administra uma franquia de boates, não é mesmo? –Fiz o máximo possível para me fingir de desentendida, mas minha mão já ameaçava fechar em punho para dar um soco na cara do cretino que agora me encarava com um puro olhar de deboche.

—Você deve estar um pouco mal informada, senhorita Smoak! Quem cuida das boates agora é um amigo meu, eu não estou mais nesse ramo faz quanto tempo mesmo? Acho que uns oito anos! –Ele me olhou de forma sugestiva e eu sabia que ele estava se divertindo.

—Ah, entendo, devo ter me equivocado então! –Percebendo que aquela situação já começava a dar muito mais bandeira do que era necessário, me esforcei para sorrir e parecer complacente. –Bom, pode contar comigo pro que precisar, vai ser um prazer colaborar com o senhor!

Ele assentiu e vi que o doutor Wells ficou feliz instantaneamente.

—A senhorita Smoak é a nossa mais nova aquisição e já é considerada um dos nossos tesouros mais preciosos, o senhor não poderia trabalhar com alguém melhor, ela é uma das melhores no ramo de TI atualmente! –Oliver apenas assentiu e eu percebi que ele não pareceu surpreso ao saber que eu era especialista em uma área totalmente diferente da que eu havia ido estudar quando me mudei para Nova York e conheci ele.

O desgraçado havia pesquisado sobre mim?

Acho que existia uma palavra pra isso, seria stalker?

—Bom, vamos buscar os papeis para podermos começar a dar andamento ao projeto, vocês dois já podem ir entrando na sala de reuniões, fiquem a vontade. –O senhor Wells parecia nas nuvens e eu só conseguia pensar em quanto dinheiro Oliver estava investindo nessa pesquisa.

O que só me levava a pensar em uma coisa.

Ele havia sumido o cargo de CEO da empresa do pai dele? Porque essa seria a única justificativa para o fato de ele estar aqui patrocinando um projeto que se tratava de nada mais nada mesmo do que pesquisa em nanotecnologia.

—Você vem ou não, senhorita Felicity Megan Smoak? –Olhei em volta rapidamente e vi que estávamos sozinhos, eu estava tão distraída em meus pensamentos que nem sequer notei que Barry e o senhor Wells não estavam mais lá.

—É claro que... espera! –Finalmente olhei nos olhos dele e precisei me segurar para não cair com o impacto que isso causou em mim.

FOCO FELICITY, VOCÊ PRECISA TER FOCO!

—Você me chamou de que? –Eu já começava a praticamente espumar de raiva e o desgraçado sabia disso.

—De Megan, não é o seu nome senhorita Smoak? –Após dizer isso o cretino simplesmente entrou na sala de reuniões com um sorriso no rosto.

Era uma armadilha, eu sabia que era!

Mas eu também era burra o suficiente pra ir atrás dele!

—Como você ousa, seu loiro de farmácia arrogante? –Ele havia pegado no meu ponto fraco, eu odiava que me chamassem de Megan.

Por que?

AINDA PERGUNTAM O POR QUE?

Porque eu havia crescido em Las Vegas e lá, Megan era um dos principais nomes das prostitutas nas boates. Resultado? Sempre que algum engraçadinho descobria meu nome, eu tinha que sair distribuindo chutes no saco, então...

—O meu cabelo é naturalmente loiro, já o seu...aliás, você ainda usa aquela marca horrível de tinta? Porque meu Deus do céu, aquela coisa tinha um cheiro horroroso! –Ele parecia estar se divertindo muito com toda essa merda, mas eu também conseguia ver irritação nos olhos dele.

E isso me deixou mais irritada!

Ele estava irritado por que eu estava irritada?

Ele não tinha o direito de se irritar com a minha irritação!

—Sabe o que vai ser horrível? O olho roxo que você vai adquirir em menos de trinta segundos se não calar a boca! É muita petulância querer me provocar como se fôssemos bons amigos logo depois de fingir que não me conhece!

Dessa vez ele riu alto e então se aproximou perigosamente de mim.

—Eu sou o culpado por isso? Então agora sua família sabe que você um dia já me conheceu? Achei que você ainda estava escondendo a sua vida vergonhosa em Nova York! –Aquilo me pegou totalmente desprevenida e eu me desarmei um pouco.

—Eu nunca tive vergonha da minha vida em Nova York!

Senhoras e senhores, isso era uma puta mentira!

—Jura? Então por que será que você nunca contou pra ninguém sobre o seu apartamento? Sobre trabalhar na boate? Sobre ter me conhecido? –Eu realmente nunca tinha contado nenhuma daquelas coisas, mas ele dizia isso com uma certeza tão grande que chegava a ser irritante.

—E como diabos você sabe que eu nunca contei? –Empinei o nariz, pensando que agora finalmente iria faze-lo calar a boca, mas isso só fez com que ele falasse mais.

—Como eu sei? É bem simples, eu perguntei a sua mãe!

Espera!

É o que???

—Quando você falou com a minha mãe? –Isso era mentira, só podia ser, porque se um homem rico e bonito falasse com a minha mãe sobre mim, ela nunca mais me deixaria em paz, já estaria planejando o casamento dos netos a essa altura.

—Depois que você foi embora! Eu não sabia onde você estava, não sabia o que tinha acontecido, então liguei pra sua mãe e perguntei por você, disse apenas que era seu chefe, que você trabalhava na minha boate. Naquele momento ela riu e então perguntou algo pra sua amiga, Caitlin eu acho, e ouvi ela rindo também. Sabe qual foi a resposta que sua mãe me deu no telefone? Que eu devia estar me confundindo porque a filha dela nunca trabalharia numa boate! Então naquele momento eu entendi, ninguém sabia sobre a sua vida, então não me achei no direito de contar, por isso apenas concordei, desliguei o telefone e segui em frente.

Era o que eu havia feito também, mas por que o jeito como ele havia dito que seguiu em frente, de maneira tão calma e displicente, havia mexido tanto comigo?

—Simples assim? –Ele me olhou e então se sentou calmamente.

—É, simples assim! –Ele parecia calmo e estava usando aquele tom de voz comigo.

A voz do tédio, ele sabia o quanto eu odiava quando ele usava a voz do tédio!

Mas o que esperar do cretino que havia feito o que fez comigo?

Um grande idiota, isso sim!

—Além disso, por que você fez essa cara? Você também seguiu em frente não é? Quer dizer, não acho que o local de trabalho seja o mais adequado pra expressar o seu amor por alguém, mas quem sou eu pra julgar! –Era impressão minha ou a sobrancelha dele parecia ter saltado um pouco?

—Espera, oi? Expressando meu amor? Por quem? –O cara tinha bebido antes de vir pra cá?

Isso não me espantaria nenhum pouco!

—Do seu namorado, ficante, peguete? Acho que nem sei mais como falam, enfim, estou falando do senhor Allen!

SENHOR, SERIA NECESSÁRIO MUITA PACIÊNCIA PARA LIDAR COM ESSA TORMENTA QUE SE APRESENTAVA NA MINHA VIDA!

—Entendi, você tá falando do Barry né? –Fiz a minha melhor cara de paisagem e fiquei o encarando sem desviar.

—Mas é claro que eu estou falando do Ba... espera, Barry? De Barry seu irmão? –Ele parecia confuso agora e eu me segurei para não suspirar baixinho.

DE ÓDIO!

Homens, podiam se passar 50 anos, mas eles nunca iam querer ver alguém sondando a presa que eles já tinham sondado.

—É, Barry Allen, meu irmão e atualmente o único homem na minha vida justamente por mostrar ser o único homem existente na terra que ainda tem um senso de moral e caráter!

Sorri de forma gentil pra ele após dizer isso e consegui deixa-lo ainda mais irritado.

—Vejo que vocês já estão começando a se entender, isso é ótimo, tenho certeza de que essa será uma parceria duradoura! –O doutor Wells estava de volta, entrando na sala com um sorriso no rosto, dessa vez sem o meu irmão e eu estava pronta pra perguntar sobre ele quando algo me veio a tona rapidamente.

—Como assim parceria duradoura? –Precisei me controlar pra que o pânico não transparecesse pela minha voz. –Achei que o senhor Queen estava aqui apenas para avaliar o projeto!

O que diabos esse diabo extremamente lindo entendia de nanotecnologia? No que ele poderia me ajudar, no final das contas?

—É claro que meus conhecimentos não podem ser de grande valia, visto que essa não é minha área de atuação, mas já chamei de Starling um dos meus melhores funcionários que é formado em TI também, ele está empolgado pra trabalhar com a senhorita. –Ele dizia tudo aquilo com um sorriso angelical no rosto e se aproveitou do momento em que o doutor Wells estava ocupado com a tela onde passaria a apresentação do projeto para sussurrar no meu ouvido. –E é claro que eu faço questão de estar aqui avaliando cada detalhe pelo...máximo...de...tempo...possível!

Ao terminar de falar isso, ele se sentou devagar na cadeira ao meu lado e simplesmente começou a mexer no celular como se nada tivesse acontecido.

Que ótimo, meu coração parecia estar tentando imitar uma britadeira enquanto ele parecia não sentir efeito nenhum...

O DESGRAÇADO PETULANTE!

...

—E então, o que tá achando de Nova York? –Me virei rapidamente e vi Oliver encostado em uma das pilastras, me encarando com um sorriso no rosto.

A verdade é que eu nunca achei que me sentiria bem trabalhando em uma boate, mas eu gostava daqui, eu cuidava das bebidas e Oliver havia colocado um dos funcionários, Roy, para ficar comigo a noite toda, ou seja, eu nunca precisava me preocupar com nenhum engraçadinho.

O salário daqui era bom e Deus sabia o quanto eu precisava disso, visto que a minha situação financeira estava pior do que eu imaginei que poderia ficar quando decidi me mudar pra cá e a faculdade ainda não havia avaliado a possibilidade de aumentar o meu crédito estudantil.

Ou seja?

Bem, eu não tinha mais dinheiro, os aluguéis nesse lugar eram absurdamente caros e no momento em que o meu contrato de seis meses (que eu havia conseguido pagar adiantado depois de gastar todas as economias que tinha juntado durante o ensino médio inteiro) acabasse, bem, eu provavelmente iria virar uma sem teto caso não desse um jeito nessa merda.

Mas eu não queria falar pra ninguém porque eu havia prometido pra mim mesma que viveria uma vida diferente da que a minha mãe vivia e me responsabilizaria por mim mesma, então, eu tinha que resolver sozinha!

—Depois de dois meses aqui eu posso dizer que é muito diferente de Vegas em vários sentidos, quer dizer, eu não acho que as pessoas gostem tanto de usar a buzina lá!

O loiro riu alto daquele meu comentário e se aproximou, indo me ajudar a cuidar dos copos logo em seguida.

—Nossa, deve estar sendo terrível pra você, quer dizer, como pode uma cidade não ter um cassino em cada esquina? E as strippers? Eu sei que sente falta delas Megan! –Joguei o pano que estava na minha mão no rosto dele e comecei a rir.

—Você sabe que um dia eu ainda vou descobrir um podre seu e vou jogar na sua cara pelo resto da vida não é Queen? –Ele apenas deu de ombros enquanto ria baixinho.

—Boa sorte com isso, acho que não existe nenhum podre meu que os jornalistas já não tenham contado pra todo mundo, então, eu sou um livro aberto!

Um livro que eu estava ansiosa pra ler...

Espera, oi?

—Felicity, tudo bem?

Oliver devia ter percebido como a minha expressão havia mudado, quer dizer, em um momento estávamos rindo e no momento seguinte eu estava percebendo que estava começando a me apaixonar por ele e o quanto isso seria perigoso.

—Será que eu devo? –Oliver falou aquelas palavras enquanto me olhava intensamente e eu senti um arrepio passando pelo meu corpo.

—O que?

—Bom, você estava me olhando como se quisesse um beijo, então estava pensando em te dar um!

 

Acordo com um sobressalto quando escuto algo sendo jogado contra mim e assim que me ergo, acabo gemendo alto quando meu pescoço estala e eu sinto uma dor gigantesca.

—É isso que dá dormir no trabalho, o torcicolo sempre vem como castigo! –Me viro rapidamente e dou de cara com Curtis me encarando com um olhar de diversão no rosto. –Finalmente a margarida acordou, você tem sorte de ter feito isso antes do gostosão Queen chegar, porque eu não sei o que ele ia pensar assim que entrasse aqui e te ouvisse dizer o nome dele enquanto dormia.

É o que?

Minha mãe dizia que eu costumava falar dormindo quando era criança, mas isso lá era hora pra essa merda voltar a acontecer?

—Pra você ver, ele tá me deixando tão louca com essas inspeções praticamente diárias que agora estou tendo até pesadelos com ele! –Tentei parecer o mais natural possível enquanto falava isso e tentava massagear o meu pescoço e tive a impressão de que consegui ser convincente.

—Entendi! –Esquece, ele não tinha acreditado em nenhuma palavra!

Curtis era o funcionário da Queen Consolidate que Oliver havia designado para trabalhar comigo no projeto dos sensores de monitoramento. Isso havia sido há quase duas semanas e eu confesso que estranhei no começo, porque Oliver parecia extremamente satisfeito antes de me apresentar o funcionário.

Isso teria a ver com o fato de ele ser gay? Assim eu não poderia ter nada com ele?

Quer dizer, não era possível que Oliver ainda estivesse tentando bancar o macho territorialista, não depois de toda a merda que ele havia feito comigo no passado.

—Machucou o pescoço, senhorita Smoak? –Levantei o olhar rapidamente e dei de cara com Oliver me olhando com um olhar presunçoso no rosto.

Eu até poderia tentar mentir, mas seria inútil. Quantas vezes ele já não havia me visto cochilar enquanto tentava estudar uma matéria extremamente chata e acordar exatamente assim?

—Eu já vou melhorar senhor Queen, só preciso de um analgésico!

—É claro, você tem algum com você? –A pergunta dele me pegou desprevenida e eu apenas balancei a cabeça em negação, mas percebi que isso foi um erro no momento em que eu senti uma fisgada no pescoço, o que não passou despercebido pelo loiro a minha frente que logo voltou o seu olhar para o Curtis. –Curtis, você poderia fazer a gentileza de ir até aquela farmácia que fica no outro quarteirão e comprar um analgésico pra senhorita Smoak?

Percebi o idiota se segurando para não rir enquanto assentia e saía rapidamente da sala com um leve “É claro, senhor Queen!”

—Bom, obrigada! –A atitude dele havia me deixado desconfortável, afinal, era difícil ter raiva de uma pessoa que estava sendo gentil com você.

MAS EU NÃO IRIA ME ESQUECER DO QUE ELE HAVIA FEITO, NÃO MESMO!

—Se você ficar sentindo dor, não vai produzir direito e eu não posso me dar ao luxo de ver esse projeto atrasado!

O idiota não poderia ter ficado calado por cinco minutos, não é mesmo?

—Olha, eu juro que tento não te achar um cretino na maior parte do tempo, mas você não facilita! –Ele apenas riu de maneira arrogante e então caminhou na minha direção e parou atrás de mim. –Mas o que você tá fazendo? –Me virei pra trás rapidamente tentando descobrir o motivo de ele estar parado ali, mas esse foi o meu maior erro. Meu pescoço deu um estalo no mesmo momento e rapidamente meus olhos se encheram de água devido a dor. –Cacete!

Eu nem sequer me importava de ter falado um palavrão na frente do meu “chefe”, porque a dor que eu estava sentindo era realmente grande.

—Mas que droga Felicity, apenas fique parada! –Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, suas mãos já se encontravam no meu pescoço.

OLIVER QUEEN ESTAVA FAZENDO UMA MASSAGEM EM MIM?

Ele sabia exatamente onde apertar, mas era tão delicado que tudo o que estava fazendo era abrandar a dor no meu pescoço. Tive que me segurar para não olhar pra ele, porque até onde eu sabia na realidade atual nós dois não nos gostávamos, então por que ele estava fazendo isso?

—Não pense demais, foi como eu disse antes, você precisa estar bem pra trabalhar, então não podemos perder tempo porque o meu vale muito dinheiro! Não estou fazendo isso porque gosto de você, Smoak!

Minha vontade era de soca-lo com força, mas ele estava conseguindo aliviar a dor e a tensão no meu pescoço, então tudo o que fiz foi ficar em silêncio e agradecer mentalmente por ele ser tão bom com as mãos, porque bem...ele realmente era bom com as mãos, muito bom mesmo.

MERDA!

—Desculpe te puxar assim, mas você está tão linda com essa saia que eu meio que não consegui me controlar – A voz de Oliver estava rouca e eu simplesmente não conseguia encontrar em mim forças pra responde-lo já que eu mal conseguia respirar e tremia tanto que chegava quase a ser um espasmo.

Apenas balancei a cabeça em sinal afirmativo e gemi baixinho quando ele tirou os dedos de dentro de mim.

Jesus, o que esse homem estava fazendo comigo?

Oliver e eu estávamos “juntos” a quase dois meses e eu podia dizer que estava apaixonada com toda a certeza.

Nós nos divertíamos, conversávamos sobre tudo, sempre parecíamos saber o que o outro estava pensando e também fazíamos sexo.

Tipo, muito sexo mesmo!

Mas do que eu achei que seria capaz de fazer algum dia!

—Nossa, parece que eu te cansei mesmo, quer uma água ou algo assim? –Ele tinha um sorriso arrogante no rosto então apenas bati no seu ombro de leve enquanto ele me pegava e me levava para sentar no seu colo.

Fazendo sexo dentro do escritório? Eu me sentia em um pornô clichê!

Não que eu estivesse reclamando, nada disso!

—OLIVER? VOCÊ TÁ AÍ?

Nos viramos no mesmo momento assim que ouvimos a voz do amigo de Oliver, Tommy do outro lado da porta e eu dei graças a Deus por termos nos lembrado de trancá-la.

—Estou, estou assinando alguns papéis importantes! –A voz de Oliver ainda estava muito rouca e eu podia sentir uma coisa embaixo de mim que dizia que ele ainda estava bem animado.

—A Felicity sumiu e estamos precisando de ajuda no bar, então termina rápido e vem ajudar porque eu sou um convidado e estou trabalhando! –Oliver apenas revirou os olhos e então me deu um selinho antes de responder.

—Ela precisou sair rapidinho, volta mais tarde, pode deixar que eu já termino isso e vou ajudar!

Depois disso escutamos passos se afastando da porta e eu ri alto contra o ombro do Oliver.

Não devíamos estar fazendo isso, estamos no horário do trabalho! –Ele me apertou de leve e então grudou o nariz no meu.

—Eu sei, mas você apenas estava tão linda que eu não conseguir me conter! Agora me deixa ir lá, você fica aqui por mais um tempo e depois vai pra não dar bandeira. –Ele disse isso, mas eu percebi que os olhos dele continuavam escuros, então apenas apertei as minhas pernas ao redor dele. –FE-LI-CI-TY!

—O que? Você disse que ainda não tinha terminado com os documentos, então ele vai demorar um pouquinho pra voltar a sentir a sua falta!

Eu percebia que ele estava tentando lutar contra os impulsos, mas eu sabia que perderia.

—Sim, o que seria esse pouquinho, então? Quinze minutos no máximo? –Sorri e então grudei os meus lábios na orelha dele prestes a dizer coisas que eu nunca achei que seria capaz de dizer até uns meses atrás.

—Isso é mais do que suficiente porque se você não conseguir me fazer ter um orgasmo em quinze minutos, bem, então é porque talvez tenha algo de errado com você e seu amiguinho! –Ele respirou fundo antes de prender os meus pulsos atrás de mim.

—Felicity Smoak, sua coisinha linda e cruel!

 

—Felicity? Você tá começando realmente a me deixar preocupado agora! –Oliver estava bem diante de mim e parecia tentar segurar um sorriso no rosto, embora não estivesse obtendo muito sucesso. Acho que ele percebeu o momento em que eu voltei a mim porque finalmente se endireitou e se encostou na minha mesa. – Finalmente, achei que você estivesse tendo uma síncope ou algo assim!

Revirei os olhos e mexi o meu pescoço de leve, dei graças aos céus que estava muito melhor e abri um sorriso na direção dele, em um agradecimento mudo.

—Sabe, você parecia em transe! Tava com uma expressão estranha e tava tão ofegante, achei que era falta de ar! – Tentei manter a expressão mais impassível diante da fala dele e então simplesmente comecei uma prece silenciosa.

Por favor, não fale que eu disse seu nome!

Por favor não fale que eu disse seu nome!

Por favor, não fale que eu disse seu nome!

—Você disse meu nome, muito curioso, não acha? –Ele tinha uma expressão no rosto que dizia “Eu sei exatamente do que você estava se lembrando” e eu amaldiçoei o meu azar.

—Jura? Nossa, a dor faz coisas com a gente né? –Seria muito tarde pra sair correndo em retirada?

Merda de hormônios, eu odiava esse homem, mas não conseguia me impedir de suar frio agora que ele estava aproximando o rosto do meu!

—Realmente, as vezes coisas bem estranhas acontecem! –Sua boca estava a centímetros da minha e eu estava tentando com todas as minhas forças fazer o meu corpo me obedecer e se afastar, mas não estava obtendo nenhum sucesso.

Ouvi passos se aproximando da porta e isso foi o pontapé que eu precisava para sair daquele torpor.

Empurrei Oliver rapidamente e saí em direção a porta, dando de cara com Barry logo em seguida.

—Oi, eu vim ver se...

—Barryzinho! Você quer almoçar? É claro que eu tenho tempo pra almoçar!

—Barryzinho? –Ignorei o meu irmão e apenas enganchei o braço no dele e voltei a olhar pro loiro a minha frente rapidamente.

—Senhor Queen, me desculpe, mas vou almoçar com o meu irmão, nos falamos depois!

Antes mesmo que ele pudesse responder, eu saí da sala rapidamente e praticamente empurrei Barry até a cantina da empresa, um Barry que por sinal continuava me olhando como se eu estivesse louca.

—Barryzinho? –Ele continuava empacado nisso e eu apenas empurrei com mais força até estarmos sentados.

—O que? Você é meu irmão, não posso te tratar com um pouco mais de carinho? –Aquilo surtiu efeito quase que imediatamente, porque todo mundo sabia que Barry Allen era um nenê fofo que adorava carinho.

—É claro que pode, eu te amo Fefê! –Ele sorriu e então se levantou rapidamente.

—Vamos almoçar fora, minha irmãzinha merece comer o que quiser hoje! –Depois disso foi ele que saiu me arrastando enquanto eu ria baixinho.

—Obrigada! –Assim que estávamos dentro do carro, eu o agradeci e ele me olhou com um sorriso no rosto.

—Mas nós nem almoçamos ainda! –Neguei rapidamente e então o abracei.

—Obrigada por existir, obrigada por ser meu irmão! –Ele me abraçou também e em seguida fomos até o restaurante favorito dele, embora eu percebesse que ele estava ficando bem nervoso durante o trajeto. 5

—Tudo bem, pode mandar! –Ele me olhou confuso e eu devolvi o olhar. –Sei que você tá querendo me dizer alguma coisa, então apenas diga!

—Tudo bem, você sabe que o dia dos namorados é daqui a uma semana e eu vou pedir a Cait em casamento nesse dia! –Minha boca se escancarou em um enorme O e logo eu estava soltando gritinhos entusiasmados.

—ME CONTA TUDOOO!!!!!!

...

BARRY E CAIT IAM SE CASAAAAAAR!!!!!

Quer dizer, é obvio que ela precisava aceitar ainda, mas quem eu estava tentando enganar? É óbvio que ela aceitaria, porque Caitlin era tão louca pelo Barry quanto o Barry era por era.

Confesso que em alguns momentos ao longo dos últimos anos eu cheguei a sentir inveja deles, quer dizer, o amor deles era tão bonito e sólido que fazia eu me perguntar por que eu não podia ter algo assim também.

Ainda mais levando em consideração que um dia eu cheguei a pensar que tinha encontrado a minha ‘pessoa especial”, quer dizer, eu precisava ser sincera, perto do fim, eu admiti pra mim mesma que amava Oliver e foi por isso que eu passei a ter tanta raiva dele depois de tudo.

E falando no diabo.

—O que você ainda tá fazendo aqui? Você não tem uma empresa pra comandar não? Por que não volta pra Starling de uma vez por todas e me deixa em paz!

—Não se sinta tão importante, Smoak! Eu estou aqui por causa do projeto, sabe quantos milhões eu investi nisso? –Ele ergueu uma sacola e me entregou. –Aposto que não se lembrou de tomar um analgésico!

Peguei a sacola automaticamente e a abri.

—Sei que você é alérgica a nimesulida, então mandei mensagem e pedi que Curtis trouxesse de outro tipo pra você! –Ele disse aquilo como se fosse a coisa mais natural do mundo, mas eu simplesmente não aguentava mais aquilo.

—Você pode parar com isso, por favor? –Oliver me olhou com confusão no rosto e isso conseguiu me deixar irritada de uma forma que não havia acontecido desde que nos encontramos novamente. –Você pode parar de fingir que se importa? Por que em uma hora você é frio e diz que só está fazendo isso pelo dinheiro, na outra você me faz massagem, me dá remédio e até se lembra da porcaria a qual eu sou alérgica, então Oliver, o que diabos você quer?

—Felicity, eu... – Ele parecia chocado com o meu ataque, mas eu sabia que esse choque não duraria muito tempo, logo seria substituído pela raiva, assim como havia acontecido comigo.

—Nós não somos namorados, Oliver, nós não somos nem sequer amigos! –Aquilo pareceu ser o estopim pra ele, porque logo em seguida ele foi caminhando em minha direção e quando dei por mim, já estava presa entre o seu corpo e a parede.

—Tem razão, nós não somos namorados, não somos nem sequer amigos! –Após dizer isso a boca dele ficou a uma respiração de distância da minha e comecei a sentir algo se contorcer dentro do meu estômago. –Mas definitivamente somos alguma coisa!

Nos clichês românticos, a protagonista diria que ouviu sininhos tocando, que borboletas tomaram conta do seu estômago, que seu coração disparou, mas aqui, no mundo real, tudo o que eu podia dizer era que assim que seus lábios tocaram os meus eu só conseguia saber de uma única coisa.

Eu precisava me agarrar àquele beijo com todas as forças que eu tinha!

E foi o que eu fiz...

Não foi delicado, foi cru e saudoso. Lábios contra lábios enquanto dentes colidiam em uma dança acalorada, Oliver mordia e puxava meu lábio inferior e eu estava mais do que feliz em retribuir aquilo.

Acariciei as suas costas e ele fez o mesmo com a minha, não demorando para descer os braços e espalmar o meu quadril com força.

Por que eu estava fazendo aquilo? Por que eu não conseguia parar?

Uma vozinha teimava em dizer no fundo da minha mente “porque você ainda o ama, mesmo depois de tanto tempo”.

Ignorei tudo aquilo com o máximo de força possível e me concentrei apenas na sensação dos lábios quentes nos meus.

Nos afastamos somente quando realmente já não conseguíamos mais respirar e então nos olhamos profundamente.

Aí veio o arrependimento quase que instantâneo!

Merda, por que eu tinha gostado tanto de beijá-lo? Eu achei que tinha superado, achei que tinha esquecido completamente dele, consegui passar os últimos oito anos sem quase nunca me lembrar dele.

Mas eu sabia, no fundo eu sabia, uma parte de mim nunca deixaria de ser a Felicity do Oliver...

Mesmo que eu odiasse isso!

—Como você ousa fazer isso? Você não se importa, eu sei que não se importa! –Aquilo pareceu ser o estopim, as palavras que faltavam pra tirar Oliver do sério.

—Quem disse que eu não me importo? Quem você pensa que é pra dizer como eu me sinto? Do que merda você sabe sendo que foi embora e nem sequer teve a responsabilidade de me dizer tchau?

—Como você tem a coragem de se fazer de santo depois de me usar? –Estávamos gritando, eu sabia disso e sabia também que a nossa única sorte era o fato de que todos ainda estavam no horário de almoço.

—Eu te usei? Você pode, por gentileza me esclarecer quando foi que eu fiz isso? Porque acho que tem algo errado com a minha memória porque a única coisa que me lembro é de um dia estarmos bem e no outro você ter sumido do mapa, então não me venha com essa hipocrisia sobre eu não me importar sendo que fui eu quem foi deixado pra trás.

Um tapa doeria menos do que as suas palavras, mas eu sabia o que tinha me levado a fazer aquilo.

—Jura, você não se lembra? Porque eu me lembro como se fosse ontem, quer dizer, como foi que você disse mesmo? Ah, é, “ela foi só um caso Tommy, assim como todos os outros, sabe muito bem que ela NÃO É IMPORTANTE!”

Eu estava apaixonada por Oliver, isso era uma verdade absoluta e inegável e eu simplesmente estava cansada de fingir que não estava, de fingir que tudo aquilo era normal pra mim, além do mais, eu não conseguia mais pagar o aluguel então iria ser despejada em breve. Ontem havia recebido uma proposta do MIT, eles estavam me oferecendo créditos muito bons para que eu estudasse lá e sinceramente? Talvez TI fosse muito mais a minha cara do que Arquitetura, quer dizer, fala sério? Eu odiava desenhar!

Mas eu estava disposta a ficar, estava disposta a enfrentar as coisas aqui se Oliver ficasse ao meu lado, porque no momento, ele era a única coisa que me prendia a Nova York.

Por isso tudo é que saí de casa decidida a colocar as cartas na mesa, falar os meus sentimentos em voz alta e descobrir onde isso ia dar, mas eu estava confiante porque eu não achava que os seus olhos seriam capazes de me enganar e a cada vez que ele me olhava eu sentia uma declaração silenciosa.

Entrei na Verdant sorrateiramente esperando fazer uma surpresa, mas percebi que isso não daria certo já que Tommy estava ali. Quando percebi, decidi voltar mais tarde, mas parei no meio do caminho assim que ouvi aquelas palavras.

—E então, o que você vai fazer em relação a loirinha? Sabe que ela tá apaixonada por você não sabe? –Tommy tinha um tom sarcástico na voz e isso gelou meu sangue no mesmo momento.

—Eu sempre deixei claro que não estava atrás de uma namorada, apenas de algo casual, não tenho nenhuma culpa no fato de ela ter confundido as coisas e agora estar se tornando tão irritantemente pegajosa. –Tommy riu alto do que Oliver disse e eu senti as lágrimas chegando aos meus olhos.

—Ollie, Ollie, você vai quebrar o coração da pobre garota!

—Ela foi só mais um caso Tommy, assim como todos os outros, sabe que ela não é importante!

Meu coração se partiu assim que ouvi aquelas palavras, eu nunca tinha confiado em ninguém, mas confiei em Oliver Queen e ele debochou dos meus sentimentos da maneira mais miserável possível.

Como eu podia ter sido tão burra? Como eu podia ter me deixado acreditar que um homem como ele que já tinha conhecido algumas das mulheres mais estonteantes do mundo se apaixonaria por mim?

A culpa era minha, não era? Quer dizer, ele não havia deixado nada claro como havia dito ao Tommy, mas também nunca havia me dado falsas esperanças, ele nunca havia dito que gostava de mim ou que eu era especial, mas a forma como ele me olhava, me tocava, me dizia que era assim que ele se sentia.

Mas agora eu percebia que tudo não se passava dos delírios de uma idiota, eu só estava enxergando o que queria enxergar!

Enquanto andava apressadamente pelas ruas de Nova York, com as lágrimas caindo incessantemente pelos meus olhos, peguei o celular e olhei mais uma vez o email que a faculdade em Cambridge havia me mandado.

Eu estava livre pra ir agora!

 

Senti lágrimas tentando assaltar os meus olhos assim que as lembranças vieram a minha mente e sacudi a cabeça para impedi-las de cair, simplesmente porque eu me recusava a chorar na frente dele.

Pude perceber o exato momento em que Oliver se lembrou de quando havia dito aquelas palavras, mas ao contrário do que eu pensava, não foi vergonha que vi em seus olhos e sim raiva e... decepção?

—Então você ouviu alguma coisa e sem saber direito do que se tratava, virou as costas pra tudo por malditos oito anos, Felicity? Deixa eu te dizer uma coisa, você deve ter passado todo esse tempo me achando um canalha, mas eu nunca, nunca enganei ninguém, tive vários casos ao longo da vida, realmente, mas sempre deixei claro pra todas elas que não se passava disso, nunca dei falsas esperanças pra ninguém, eu sempre disse com todas as letras que não queria nada com nenhuma delas!

Eu simplesmente não estava entendendo mais nada agora.

—Bom, acho que você se esqueceu de dizer com todas as letras pra mim, não é mesmo? –Oliver voltou a bufar e simplesmente começou a amassar os cabelos, o que era um sinal de que ele estava chegando ao seu limite.

—Felicity...

—VOCÊ EM ALGUM MOMENTO ME DISSE QUE EU ERA SÓ MAIS UM CASO PRA VOCÊ, OLIVER?

—É PORQUE VOCÊ NAÕ ERA! –Ele gritou aquilo a plenos pulmões e então pareceu esgotado, como se a nossa “conversa” tivesse exigido tudo dele. –Você não era só mais um caso, Felicity!

Depois disso ele abaixou a cabeça, virou as costas e foi embora, me deixando com um coração partido pela segunda vez e com mais dúvidas do que há oito anos atrás.

Eu sabia que precisava me afastar, precisava colocar a minha mente no lugar e não conseguiria fazer isso enquanto ele continuasse aparecendo na minha frente, então, depois de quase trinta minutos encarando o meu reflexo na frente do espelho do banheiro, fui até a sala do Doutor Wells.

Bati na porta timidamente e fiz toda a força que pude para adotar aquela expressão impassível no rosto, aquela que dizia “nada aconteceu” ao invés da que dizia “eu quase transei com Oliver Queen no meio do corredor e minhas pernas ainda estão bambas”.

—Felicity, que bom, eu gostaria mesmo de poder falar com você! –Me sentei na cadeira à frente dele e sorri, gesticulando para que ele falasse, eu poderia espera-lo terminar e então fazer o meu pedido de trabalhar de casa por alguns dias.

—O senhor Queen precisou voltar para Starling para resolver alguns negócios urgentes, mas ele vai estar de volta no sábado e marcou comigo uma reunião para podermos discutir o marketing do projeto em relação aos acionistas, ele tem que ser convincente para conseguir angariar ainda mais fundos.

Assenti, escutando atentamente ao que ele dizia e dando graças a Deus porque agora eu não precisaria pedir nada, Oliver mesmo havia decidido se afastar por um tempo e isso seria ótimo pra nós dois.

—Era isso que precisava falar comigo, doutor Wells? –Ele parecia um pouco sem graça, mas sorri para que ele soubesse que poderia continuar a falar tranquilamente.

—O que acontece é que eu marquei essa reunião com ele, mas me esqueci que já tenho um compromisso com a minha esposa e ela simplesmente vai me matar se eu não for, quer dizer, devido a data e tudo mais e como você não tem namorado, claro que eu não estou supondo nada, só pensei que como você é que está comandando esse projeto mesmo, se poderia me substituir nessa reunião.

Uma reunião com Oliver no sábado? A minha vontade era de sair gritando e falando NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕ, mas que merda eu podia fazer? Eu era nova no emprego e ele parecia realmente desesperado.

—É claro doutor Wells, pode contar comigo! –Ele sorriu parecendo finalmente aliviado e eu me levantei rapidamente.

—Espera, você não queria falar alguma coisa pra mim? –Dei de ombros, me fingindo de desentendida e sorri.

—Acredita que eu esqueci? Acho que não devia ser nada demais! –Ele sorriu em compreensão e logo voltou a olhar para os documentos a sua frente e eu comecei a caminhar para fora da sala, até que algo me ocorreu. –Doutor Wells, me desculpe a intromissão, mas no sábado vai ser o seu aniversário de casamento ou algo assim? É o que o senhor parece tão animado.

Ele me olhou por um instante como se tivesse crescido um terceiro olho em mim e então começou a rir.

—Você não tem olhado em volta, Felicity? Acho que você é desligada com essas coisas como eu, sábado é dia dos namorados.

DIA DOS NAMORADOS!

EU HAVIA MARCADO UMA REUNIÃO COM OLIVER QUE ME DEIXA CONFUSA QUEEN NO DIA DOS NAMORADOS...

Saí da sala como um borrão orando para que Deus me levasse rápido, por que COMO DIABOS EU HAVIA SIDO BURRA O SUFICIENTE PRA ME ESQUECER DISSO? Eu havia passado a hora do almoço inteira ajudando Barry a planejar o pedido de casamento que seria no DIA DOS NAMORADOS.

EU TINHA UMA REUNIÃO COM OLIVER NO DIA DOS NAMORADOS!

CACETADA....

Onde é que tava aquele palhaço de It a coisa pra puxar a gente pro bueiro quando precisávamos dele?

...

Eu realmente queria que o palhaço tivesse aparecido, porque simplesmente não sabia como ver o Oliver agora.

E bem, aqui estava eu, em pleno dia dos namorados, rodeada de malditos balões e corações, sentada igual uma idiota esperando ele pra essa maldita reunião.

Meu coração estava bagunçado, confuso, a culpa corroía minha veias e agora que eu sabia a verdade, conseguia olhar pra trás e ver todos os meus erros ao longo do caminho.

Quem diria que seria Thomas Merlyn o responsável por abrir meus olhos?

Eu estava exausta, o beijo, a discussão, uma possível verdade sendo jogada na minha cara e o fato de eu ter que passar o dia mais romântico do ano ao lado do homem que não era nada meu, mas que como ele mesmo havia dito, definitivamente era alguma coisa minha.

Contraditório, não é mesmo?

Meus sentimentos estão entrelaçados um ao outro de maneira tão forte que eu não sabia mais onde terminava o medo e começava o desespero. A minha conversa com Oliver ficava rodando sem parar na minha mente e tudo o que eu conseguia pensar era que mesmo que indiretamente, ele havia me dito que não estava falando aquilo que eu pensei ter ouvido, mas como isso poderia ser possível?

Eu poderia mesmo estar tão errada assim?

Tanto tempo havia se passado que as memórias até começavam a se confundir em minha mente, eu não sabia mais o que era real e o que não era.

Escutei o meu celular tocar dentro da minha bolsa e apenas fechei os olhos, desejando não falar com ninguém nesse momento. Respirei mais aliviada quando o silêncio tomou conta da minha sala de estar, mas o celular logo voltou a tocar novamente eu tive vontade de jogá-lo na parede.

Mas eu não podia fazer isso, por quê?

Porque eu era pobre e se eu jogasse na parede além de ter que limpar a bagunça teria que dar um jeito de comprar outro em doze suaves prestações.

Mexi na bolsa rapidamente, só torcendo pra terminar rápido com quer que fosse para voltar pra minha bolha sem sentido. O número na tela não era conhecido!

—Alo?

—Oi, loirinha?

Só existia uma pessoa que me chamava de loirinha!

—Tommy? –O homem do outro lado da linha soltou um suspiro que parecia ser de alívio e eu apenas continuei ali, parada, olhando pra parede vazia enquanto tentava entender o porque de Thomas Merlyn estar me ligando depois de tantos anos.

—Oliver me contou  o que aconteceu entre vocês dois hoje, finalmente descobrimos o porque de você ter ido embora sem olhar pra trás, não é mesmo? –A voz dele estava suave, contida e séria, muito diferente do que era a muito tempo atrás.

Talvez ele tivesse se tornado uma pessoa diferente assim como eu.

Talvez o Oliver também!

—Então o Oliver te contou, foi? O que você precisa falar comigo? –Minha voz não era dura, mas também não era alegre, eu estava neutra, tentando entender essa merda toda sem me deixar levar por meus sentimentos conflituosos.

—Eu te liguei porque Oliver é cabeça dura e até ele decidir te contar direito o que aconteceu naquele dia, bem, tenho medo de que vocês dois já estejam com um andador, então... –Prendi o fôlego naquele mesmo momento e apenas continuei em silêncio. –Felicity?

—Po...pode falar!

—Você entendeu tudo errado naquele dia e a culpa foi totalmente minha, eu perguntei ao Oliver sobre a loirinha e era assim que eu te chamava, certo? Então foi óbvio você ter achado que estávamos falando sobre você, mas não estávamos Felicity! Eu estava perguntando sobre a Laurel.

—Laurel? De Laurel Lance? –A ex ficante do Oliver?

—Isso, ela estava em Nova York e estava tentando grudar nele como um carrapato, por isso estávamos rindo, sabe? Oliver sempre havia deixado claro pra ela que pra ele não se passava de diversão, mas ela parecia não entender isso e continuava insistindo que ele estava apaixonado por ela, mas não admitia. –Um suspiro soou do outro lado da linha e de repente eu senti lágrimas chegando aos meus olhos. –Enfim, eu apenas liguei pra te dizer que não era sobre você, Oliver jamais se referiria a você daquela  maneira porque ele gostava realmente de você, então...

Meu coração estava dolorido e algo dentro de mim parecia prestes a implodir.

—Como sei que você está falando a verdade? – Eu sabia que ele não estava mentindo, sabia mesmo, mas uma parte de mim não queria acreditar porquê...

—Você não quer acreditar porque sabe que se fizer isso vai se sentir culpada por ter se afastado da pessoa que você amava! Mas posso te dizer uma coisa? Sinceramente? Não foi culpa sua, acho que não foi culpa de mim, foi só uma dessas coisas que o destino faz com a gente as vezes, mas ainda dá tempo de consertar, sabe?

Dava mesmo?                

 

Eu não sabia o que fazer, não sabia como olhar no rosto do homem que eu havia acusado injustamente e também não estava preparada pra vê-lo, mas não tive escolha a não ser me levantar para recebê-lo assim que ele entrou na sala.

—Felicity? –Ele parecia surpreso ao me ver, mas não parecia mais decepcionado, o que acalmou um pouco o meu coração.

—Oi, o senhor Wells teve um compromisso com a esposa hoje e pediu pra eu me reunir com você no lugar dele! –Ele assentiu rapidamente e se sentou à minha frente, do outro lado da mesa.

—Tudo bem, estamos os dois aqui sozinhos em uma reunião bem no dia dos namorados, isso é meio...hum...estranho?

Ri baixinho e balancei a cabeça. – Acho que estranho descreve muito bem a situação! – Ele também riu e percebi que estava prestes a falar algo, talvez tentar deixar tudo passar e manter a normalidade da situação o máximo possível, mas eu não podia deixar passar porque havia cometido um erro e precisava assumi-lo, mesmo que isso não mudasse nada.

Porque eu era assim, porque era disso que a minha essência era feita, eu não fugia mais dos problemas, eu os enfrentava de frente.

—Eu sinto muito! –A boca dele se fechou no mesmo instante e eu apenas deixei que as palavras fluíssem através de mim. –Sinto muito por ter passado os últimos oito anos culpando você por algo que não havia feito, sinto muito por ter ido embora sem te dar a chance de se explicar, sinto muito por ter te acusado, eu sei que nada disso resolve o que aconteceu e que agora sentir muito não vai fazer diferença, mas eu cometi um erro e preciso assumi-lo, então, eu realmente sinto muito, Oliver!

Oliver ficou me encarando em silêncio durante vários minutos e assim de decidiu falar, bem, não era o que eu esperava.

—Por que não contou pra ninguém sobre a sua vida em Nova York? –Respirei fundo e balancei a cabeça em sinal de negação.

—Porque eu tinha vergonha de todos os aspectos da minha vida lá por causa da minha mãe! –Ele me olhou parecendo ainda mais confuso e tudo o que eu pude fazer foi continuar falando. –Sabe qual foi a última coisa que eu disse pra minha mãe antes de ir embora de Vegas? Eu disse “eu nunca vou ser igual a você”, nós nos amávamos muito, mas vivíamos brigando e eu tinha essa mania estúpida de atribuir cada problema meu a um erro dela, eu julgava minha mãe em todos os aspectos e de repente lá estava eu, vivendo exatamente como ela, vivendo uma vida que eu não podia pagar, trabalhando numa boate e dormindo com o meu chefe. Eu percebi que havia virado uma exata cópia da minha mãe e não sabia o que fazer com aquilo, então por isso não contei e aí, quando alguns anos depois nós duas finalmente nos resolvemos, não tinha mais sentido em contar, estávamos dando um novo passo na nossa relação e hoje eu consigo admirar a mulher incrível e guerreira que ela é e me orgulho por ser parecida com ela, o problema é que eu não estava pronta pra admitir isso naquela época, acho que eu não estava pronta pra muita coisa.

E de novo, o silêncio!

Eu estava começando a achar que o loiro estava em estado de choque quando ele finalmente se endireitou.

—Eu teria dito que era sobre você! –Olhei pra ele, confusa com aquela frase e ele encurvou os ombros antes de continuar. –Quando você me disse que havia ido embora devido aquele estúpido mal entendido, eu fiquei com raiva de você, fiquei mesmo, mas aí eu tive que assumir pra mim mesmo que eu só estava me escondendo da verdade por que se você tivesse me perguntado naquele dia sobre quem eu estava falando, eu teria dito que era sobre você, mesmo não sendo!

UAU!

—Por quê? – Minha voz não tinha um tom de acusação, não mais, eu estava cansada de tentar acusa-lo!

—Porque eu também não estava pronto, eu gostava de você e era por isso que nunca tive coragem de te dizer que você era só diversão, mas eu também não tinha coragem de dizer que não era, eu estava assustado com a velocidade com que os meus sentimentos cresciam, então mais cedo ou mais tarde eu iria acabar sabotando aquilo, além do mais, eu era idiota e imatura, a prova disso foi a forma como falamos da Laurel aquele dia, quer dizer, eu havia sim deixado as coisas claras pra ela, mas como eu pude debochar dos sentimentos dela daquele jeito? Ela não escolheu se apaixonar por mim e eu tinha que ter entendido isso, eu ainda não era um homem de verdade, acho que a verdade é essa.

—Você se arrepende? De alguma coisa daquela época, quero dizer!

Ele deu de ombros e então um leve sorriso apareceu em seu rosto.

—Sim e não, me arrependo por ter deixado você ir, mas não me arrependo dos erros que cometi porque eles me fizeram ser quem eu sou hoje, eu não sou perfeito, não mesmo, mas consigo me olhar no espelho agora e perceber que eu sou um homem bom e isso não teria acontecido se eu não tivesse aprendido com cada falha minha!

Assenti, concordando com cada palavra dele e percebendo a verdade por detrás daquilo tudo!

Há oito anos Oliver era sexy, quente, divertido e carismático, agora ele ainda era tudo isso, mas também era responsável, maduro, consistente e confiável.

—E você? Se arrepende? –Refleti aquelas palavras por alguns longos minutos e então um sorriso se abriu em meu rosto, um sorriso realmente verdadeiro, pela primeira vez em muito tempo.

—Não, eu também precisava daqueles erros pra poder ser quem eu sou hoje e eu gosto de quem eu sou, acho que precisávamos do lado feio para que o lado bonito possa crescer! –Ele assentiu em concordância, se levantou e então, lentamente, caminhou até mim e se ajoelhou ao meu lado, de modo que sua cabeça ficou alinhada com a minha.

—Somos pessoas muito diferentes agora! –Eu assenti e olhei dentro dos olhos dele.

—Isso é bom, significa que não vamos cometer os mesmos erros! –Os olhos dele se iluminaram um pouco e acho que os meus também, mas precisava manter os meus pés no chão, porque agora eu era uma adulta e nesse mundo pouca coisa acabava acontecendo como queríamos. –Mas talvez nós não devamos tentar!

—Eu acho que devemos! –Ele tinha aquele sorriso de menino no rosto e era meio que impossível não ceder à ele. –Você ainda sente alguma coisa por mim, Felicity? Porque meu coração tem estado apaixonado por você há oito anos.

—E se ainda não estivermos prontos? –Ele deu de ombros e então sorriu.

—Podemos ficar tentando até estarmos!

Olhei nos olhos dele por vários momentos e tive que admitir a mim mesma que sim, eu estava apaixonada por aquele homem, mesmo depois de tanto tempo e sim, eu queria tentar novamente.

Me aproximei dele e depositei um beijo em seus lábios, muito diferente do que havíamos trocado uma semana atrás, porque aquele dizia “eu ainda sinto algo, mas estou com raiva de você”, mas esse aqui? Esse dizia, “por mais que eu tenha seguido com a minha vida, eu ainda senti a sua falta”.

Assim que nos afastamos eu segurei a mão dele.

—Só pra ficar claro, caso você ainda não tenha entendido, eu também estou apaixonada por você, só estou um pouco enferrujada! – Ele riu alto e então encostou a testa na minha. –Como começamos com isso de novo?

Ele sorriu em resposta a minha pergunta e então se levantou e estendeu a mão em minha direção novamente.

—Felicity Smoak? É um prazer te conhecer, eu sou Oliver Queen, gostaria de tomar um café comigo? Você sabe, pra começar?

Me sentindo bem comigo mesma, apertei a mão dele e então me levantei também.

—Eu adoraria tomar um café com você, Oliver! É um prazer conhece-lo!

...

—Então foi isso? Vocês passaram o dia dos namorados em uma cafeteria se conhecendo de novo? –William fez aspas com as mãos e eu sorri ao perceber como ele era igual a mim.

—Eu sei que parece entediante, mas não poderia ter sido mais perfeito, precisámos nos conhecer de novo pra poder nos amarmos! –Ele pareceu confuso e então me abraçou de lado.

—Mas mãe, como assim? Vocês não decidiram tentar de novo por que se amavam? –Neguei rapidamente e acariciei os cabelos dele, que eram escuros como os meus costumavam ser quando eu era pequena e que agora não me deixaram mentir sobre o fato de eu não ser naturalmente loira.

—Decidimos tentar de novo porque estávamos apaixonados um pelo outro, mas não nos amávamos ainda porque o amor vem com o tempo. Você se apaixona pelas qualidades, mas só ama quando conhece todos os defeitos e decide ficar mesmo assim! –Will assentiu, embora ainda parece assustado.

—Mas mesmo depois de tudo isso, você ainda sentiu medo, não sentiu? –Ri baixinho e acariciei os cabelos dele.

—É claro que senti, porque você nunca vai se livrar do medo, não completamente pelo menos, então tudo o que você pode fazer é ser corajoso e tentar!

—Mas e se não estivermos prontos agora como você e o meu pai não estavam quando se conheceram?

—Bem, vocês podem decidir continuar tentando até ficarem prontos, quer dizer, se ele for a pessoa certa, agora se não for, vai machucar no início, mas um dia essa pessoa vai aparecer, o importante é que talvez ele venha a se tornar a sua pessoa favorita do mundo e isso não é pouca coisa! –Ele assentiu com um sorriso e então me deu um beijo no rosto antes de se levantar e caminhar em direção ao quarto.

—Mãe? –Levantei a cabeça na direção dele e vi que ele estava sorrindo. –A sua história com o papai é bem legal, obrigada por contar!

Pisquei pra ele e então, assim que ele sumiu quarto adentro, senti duas mãos nos meus ombros.

—Eu devia saber que você estaria ouvindo o tempo todo! –Logo as mãos sumiram do meu corpo e Oliver apareceu no meu campo de visão, vindo se sentar ao meu lado.

—E perder você contando a história de como se apaixonou loucamente por mim? Nem pensar! –Dei um peteleco na testa dele e o mesmo me beliscou em retribuição. –Quando você vai deixar de ser tão infantil, senhor Queen?

—Quando você parar de ser linda, senhora Queen! –Revirei os olhos, mas senti meu coração se aquecer assim que vi ele dando aquele sorriso de menino que eu tanto amava. –Você é a minha pessoa favorita do mundo, sabe disso, não sabe?

—É claro que eu sei, você também é a minha pessoa favorita do mundo, é por isso que eu te amo!

—Eu também te amo senhora Queen! –Desde o dia em que havíamos nos casado, a coisa que ele mais gostava no mundo era me chamar de senhora Queen, mas eu não reclamava nenhum pouco porque adorava a forma como ele falava! -Mas e então? Acha que ele vai aceitar?

—O convite do Tyler? Acho que sim, quer dizer, eles nitidamente gostam um do outro e apesar do medo, acho que depois de ter ouvido tudo isso ele vai ao menos tentar!

Oliver assentiu e pareceu satisfeito, mas então percebi um brilho diferente passando pelos seus olhos antes de ele se virar pra mim novamente.

—Mas sabe, você esqueceu de contar algumas partes da história!

Por que será que eu sentia que nada de bom sairia disso?

—Que parte?

—A parte que nós fizemos sexo loucamente naquele dia durante a madrugada toda, aposto que ele acharia muito mais interessante aquele nosso dia dos namorados. –Arregalei os olhos e então distribuí tapas no ombro dele. –O que? Ele tem 19 anos, já é um homem.

—Ele é nosso filho, seu pervertido! Por que diabos eu ia contar isso pra ele?

Oliver riu alto e eu apenas o abracei e depositei a minha cabeça no ombro dele.

—O que tá pensando? -Oliver deu de ombros e eu continuei na mesma posição em que estava.

—Estou pensando que a gente deveria estar por perto pra ver se vai correr tudo bem no encontro deles! –Ele tinha um sorriso na voz e eu revirei os olhos mais uma vez.

—Você está querendo espionar o encontro do seu filho? É isso mesmo? –Ele apenas voltou a dar de ombros e sorriu.

—Qual seria a graça de sermos pais se não pudermos fazer isso? Mas não tem problema, ia ser uma espécie de encontro pra nós também e eu ia te dar o seu presente de dia dos namorados, mas eu acho que vai ficar pra outro dia.

Após dizer isso, ele se levantou rapidamente e foi em direção às escadas.

—OLIVER JONAS QUEEN, COMO ASSIM VOCÊ JÁ COMPROU O MEU PRESENTE? VOLTA AQUI E ME FALA O QUE É!!!!!!!


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Notas finais do capítulo

E aí meus amores, o que acharam? Me contem tudo, não me escondam nada kkkkkkkkkkkkkk....

Ps: Prometo que agora que a correria toda passou logo logo vou voltar a postar caps novos em CYKS e TM tá.

Agora não se esqueçam de deixar vários lindos comentários e se preparem que amanhã tem mais!
Bjinho!!!!



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