_Vamos resumir. Você é um idiota, e me deixou. Aí eu fiquei desprotegida, e um vampiro desconhecido quase me matou. Se não fosse pelo meu melhor amigo lobisomem, eu estaria no ceu ou no inferno neste exato momento. Mas eu acho que se eu morresse, você não ia sentir minha falta, não é? Era isso que você queria não é?_ Eu percebi que as minhas palavras o atingiram em cheio. Sorri internamente.

_M-mas... O que você quer dizer?_ Ele era burro a esse ponto?  As lembranças dos meus três dias de tortura voltaram com tudo, e eu não resisti. Dei-lhe um tapa na cara.

_Isso significa que eu odeio você._ Me limitei a dar uma resposta, e fui me retirando.

_Mas... Bella..._

_Seu tempo acabou._ Eu disse, saindo dali. Não achei que tinha sido dura demais com Edward. Achei que eu peguei leve demais, até. Se eu tivesse dito tudo o que eu queria, antes mesmo de eu terminar eu estaria cravando meus dentes em seu pescoço, arrancando-o. Só não fiz isto porque o resto da família Cullen não merecia esta perda. Alem do mais eles foram muito bonzinhos não revelando que nós já nos conhecíamos.

Voei pelos corredores do castelo, até que Alice apareceu subitamente no meu caminho.

_O que pensa que está fazendo?_

_Quero falar com você Isabela._ Seu semblante estava sério. Não se parecia em nada com a Alice alegre e histérica que eu tive a oportunidade de conhecer.

_Se é sobre Edward, pode esquecer. Já disse a ele o que eu tinha de dizer._ Eu disse, no meu tom indiferente.

_Tenha cuidado com as suas palavras... O futuro não tem boas coisas a revelar sobre você._ Ela disse, antes de desaparecer. Não entendi nada. Fiquei com cara de tacho no corredor até me dar conta de que estava fazendo o papel de uma perfeita idiota.  Dei de ombros e voltei a correr. Mesmo cinquenta anos depois de ter virado vampira,  eu ainda sentia como se a sensação de liberdade que eu experimentava quando corria fosse nova. Eu amava correr, principalmente com  me equilibrio perfeito, sem achar em algum lugar no qual tropeçar.

Passei por uma das sacadas, e lá estava Alice, só, com os olhos ligeiramente fora de foco. Enxergando sem enxergar... Uma visão! Parei ao seu lado, de braços cruzados, esperando ela acordar. De repente ela pulou, e piscou várias vezes.

_O que você viu?_

_Victoria..._ Alice estava séria

_O que tem a Victória?_ Ela não me intimidava mais. Se nós lutássemos eu ganhava, simples.

_Ela voltou a Forks..._ Agora sim, eu comecei a me assustar.

_Ela queria você..._ Ela estava me deixando aflita

_Não achou você, e por estar com raiva..._ Eu estava assustada

_Então ela matou um cara de noventa anos._ Foi isso. E eu com isso? Era um humano qualquer que já estava com um pé na cova.

_Não é um humano qualquer, Bella. É seu pai._ Suas palavras me atingiram com um peso de mil toneladas. Eu recuei três passos para trás, incrédula, enquanto ela me olhava com uma expressão de pena.

_P-porque agora?_ Fazia cinquenta anos que eu tinha partido.

_Digamos que os lobos fizeram um bom trabalho guardando a cidade. Ela não conseguia passar pela defesa deles, então ela esperou. Os garotos então desistiram da tranformação, acreditando que Forks estava segura. Então ela finalmente conseguir entrar em Forks. Ela sabia que você não morava lá, mas tinha certeza de que na sua antiga casa havia alguma coisa que indicasse pra onde você foi. Quando ela viu sua falsa morte, ficou furiosa, e matou Charlie._ Eu queria chorar. Mas havia um ponto naquela declaração que me intrigava.

_Falsa morte?_

_Seu pai fez um enterro simbólico pra você. Acho que, na cabeça dele, isso ajudaria a aliviar a dor, a saudade que ele sentia de você._

_Morreu mais alguém?_ Eu perguntei. Ela estava indecisa, mas logo depois se decidiu.

_Jacob e o wolfpack tentaram impedir. _ Ela tentava voltar as suas visões.

_Eu não consigo ver direito, Bella. Eu não consigo ver os lobos. A únicas coisas que eu consigo ver é o povo de Forks enterrando alguém e uma mulher gritando Jacob, Jacob, Jacob!_ Ela repetiu as palavras que via em suas visões.

Corri para meu quarto, caindo de joelhos no chão assim que atravessei a porta. Soluços e mais soluços. Deitada na cama, eu só poderia pensar.  Entre os meus soluços, as poucas lembranças da minha vida humana voltaram, fragmentadas. E os meus soluços só ficaram mais altos. Depois de um tempo, eles pararam. Eu entrei num estranho torpor. Alec entrou no quarto, me acalmando, passando a mão pelos meus cabelos, me dizendo que eu ia superar. Ele ficou ali a noite toda.

E enquanto eu estava no meu torpor, pensei em Victoria. A vampira de cabelos ruivos. A mal-amada que havia matado meu pai. Meu pai, o homem que me amou e que me criou. Jacob, meu melhor amigo a qual devo a minha existencia,já que a minha vida acabou a cinquenta anos atrás. As lágrimas então corriam soltas em meus pensamentos, enquanto eu tentava resgatar as poucas memórias que me restavam. Murmurei baixinho, entre o meu torpor e a minha lucidez.

_Eu amo você pai. Aonde você estiver. Eu amo você._