Eu arfei. Victoria. Todos me encaravam, e Aro logo percebeu.

_O que você sabe, Isabela?_ Aro me perguntou. Agora não teria escolha. Simplesmente eu teria que mostrar tudo a ele. Respeitosamente, eu andei ao seu encontro, e estendi a mão, baixando meu escudo. Ele viu tudo silenciosamente.

_Eu não vou ficar brava com você,Bella._ Ele disse, percebendo meu nervosismo._Não te culpo por esconder isso de nós._ Seu tom era doce e sua expressão era suave. Depois sua expressão se endureceu.

_Edward! Você revelou nosso segredo a uma humana. Isso é contra as regras! Sua punição só não será pior porque esta humana se tornou uma de nós. Você quebrou o nosso segredo! Você compreende?_

_Aro, podemos deixar os castigos para depois? Por favor..._ Alice interrompeu, implorando compreensão. Aro assentiu

_Diga-nos o que viu._

_Ela reuniu cinco clãs de vampiros experientes que estão dispostos a dominar Roma. Depois, se minhas visões estiverem corretas, ela vai passar para Florença, Veneza... _ Alice ia dizendo, pausadamente.

_Um império._ Rosalie declarou.

_Quantos, exatamente?_ Felix perguntou, protetoramente enlaçando Jane pela cintura.

_Dez._

_Moleza!_ Demetri concluiu, risonho. Alice se virou pra ele, séria.

_Não comemore. Não são qualquer vampiros. São vampiros experientes, com dons. Eu só não consigo ver exatamente o objetivo deles. Se quisessem um império, poderiam muito bem dominar a França, a Alemanha ou a Holanda. Porque tão perto de Volterra?_  Alice se perguntava, desanimada.

_Será fácil! Poderemos ir e acabar com eles com facilidade._ Jane não parecia assustada. Ela estava animada.

_Ok. Mas eu não acho que devemos ir para essa batalha sem treinamento. Victoria é uma estrategista, e está experimentando novas tecnicas de luta. Acho que não seria prudente fingirmos que isso vai ser um passatempo. Vai ser uma batalha difícil._ Alice não parecia estar de brincadeira.

_ Tudo bem. Vamos treinar. E depois iremos impedí-los. Eles não devem, não podem e não vão criar um imperio. Simples assim._ Aro estava sério._Podem ir treinar. Edward, Bella, fiquem aqui. Quero falar com vocês._

_Certo._ Todos afirmaram. E se retiraram.

_Tudo bem. Eu quero ouvir tudo isso direito. Bella..._

_As minhas lembranças humanas são vagas Aro, mas é basicamente isso: Eu cheguei em Forks e entrei na escola. A família Cullen estudava lá, e eu logo fiquei encantada por Edward._Minha voz estava levemente enojada._Eu era inteligente, e estava certa de que havia alguma coisa errada. Com ajuda de alguns livros e lendas, eu concluí a verdadeira natureza de Edward._

_O que fez?_ Aro não parecia bravo. Ele estava curioso.

_Comuniquei isso a ele. Ele confirmou. Então começamos a namorar. A partir disto, eu me lembro apenas que um vampiro chamado James tentou me matar, mas a família Cullen impediu._

_Bom Edward, creio que você poderá preencher o vazio que Bella não se lembra, não é?_

_Sim. Eu e Bella começamos a namorar, como ela mesma disse. Então um vampiro sádico ficou louco pelo cheiro de Bella e organizou um jogo para pegar Bella, o qual nós impedimos no último minuto. O que rendeu quatro costelas e uma perna quebradas, hematomas e uma hemorragia._ Edward parecia culpado ao dizer essas palavras.

_E como explicaram quando deram entrada no hospital?_

_Simulamos um acidente. Alice, Carlisle e eu fomos para um hotel onde deixamos todas as provas possíveis. Bella havia rolado as escadas, atravessados as janelas e caído do segundo andar._

Aro suspirou. Eu sabia que ele estava pensando em um castigo, e via a expressão agonizada de Edward por não poder ler sua mente, devido ao meu escudo. Um momento depois, ele se decidiu.

_Bom, eu deveria castigá-lo, mas as consequencias de sua ação foram ofuscadas pela transformação de Bella. Acho que você vai ter uma sessão de tortura com Jane e ficará no castelo, ao invés de lutar. Será o bastante. Alguma objeção?_

_Não, Aro._

_Pois bem. Podem ir._

Edward e eu nos esgueiramos pelos corredores. Quando estávamos chegando na sacada, o lugar de onde eu amava dar altos pulos, ele murmurou.

_Bella eu não estou bravo com você._

_Desisto de dizer pra você me chamar de Isabela.E eu não queria saber se você está bravo comigo. Eu tenho que me odiar por ter escondido isso de Aro. Se não fosse por ele, eu teria ido matar você logo na minha primeira oportunidade._ Eu estava sendo milagrosamente polida e educada com ele. E pior: estava sendo sincera.

 _É mesmo. Tenho que me lembrar de agradecer a Aro, então._

_Eu se fosse você não iria. Acredite se quiser, mas ele está irritado com você. Ele é aparentemente inabalávelmente calmo, mas não se deixe levar. _ Eu disse.  E pulei da sacada, caindo em frente a Alec.

_Minha vez._ Eu murmurei.

_Como quiser._ Se atirando pra mim, nós começamos a lutar.

_Não vá pelos ataques obvios. Tente surpreender o seu oponente._ Alice nos guiava. Tentando confundí-lo, eu resolvi tentar para a lateral. Ele se virou, caindo na minha armadilha. Dei um mortal pra trás, apoiando minha mão em seu ombro, derrubando-o. Depois me debrucei sobre ele, meus dentes a centímetros do seu pescoço.

_Como a cinquenta anos atrás... Touchê._ Eu disse. Ele riu. Aro bateu palmas, como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo. Todos lutaram com todos, e apenas as uma da manhã que todos puderam se recolher a seus quartos.

Comecei então a pensar no que Alice havia dito sobre Victoria.  Algo naquilo não se encaixava. Algo naquela história me intrigava profundamente. Repassei as informações de Alice, palavra por palavra, mas eu não conseguia encontrar o fio da meada. Bufei. Tomei um banho relaxante de banheira, vesti minha camisola e fui pentear meus cabelos.  Minha escova havia se quebrado quando eu... Fiquei com Edward. Por isso eu resolvi olhar no maleiro. A minha escova de bronze deveria estar ali.

Mas quando eu abri o maleiro, me surpreeendi. Ele estava completamente revirado,  minhas coisas completamente fora de ordem. Minha fita de cabelo favorita havia sumido, minha escova havia sido quebrada, meu relógio estilhaçado, e minhas roupas rasgadas. Quem havia mechido ali? Resolvi olhar também numa outra gaveta, uma que eu guardava apenas as tranqueiras que eu achava importantes e que eu só olhava de meses em meses.

Esta também estava revirada. Minha ampulheta havia sido quebrada, e minha coleção de moedas antigas roubada. Um vestido que eu mesma costurei havia sido roubado e meu espelho com moldura de ouro havia ficado sem moldura. Passei a mão pelos cabelos, nervosa. O cheiro não me era familiar, o que significava que não era nenhum dos Volturi nem nenhum dos Cullens. Fui na biblioteca, e meu exemplar favorito de o Morro dos Ventos Uivantes havia sumido. Soquei a mesa, com raiva, e essa se desintegrou debaixo das minhas mãos.

Suspirei de novo. Eu ia contar a Aro quando resolvi deixar passar. Não iria incomodá-lo com um assunto ridículo como pertences roubados. Eu poderia facilmente arranjar outros. Mas não pude deixar de pensar nisso enquanto estava deitada na minha cama, olhando pro teto. Eu considerava aquilo um momento de reflexão. Ultimamente aquele ato havia ficado muito frequente.

De repente, me veio de novo a lembrança da mulher do baile. Aquela mulher que me intrigava, como tantas outras coisas na minha vida. Tentei de novo, sem sucesso nenhum, me lembrar de onde eu a conhecia. Mas tudo o que eu consegui ver foi  uma bola de baseball, um boné de baseball e um campo de baseball, o que eu considerei um grande progresso, já que ao pensar na vampira eu não me lembrava de nada.

Voltei minha atenção para o teto. Ainda intrigada com os fatos daquele dia, fechei os meus olhos, desejando poder dormir. Como não conseguia, peguei um outro exemplar de o Morro dos Ventos Uivantes. Mergulhada naquela história, eu pude esquecer, pelo menos enquanto lia, todas as minhas dúvidas, intrigas e devaneios