Enluarado escrita por Camí Sander


Capítulo 4
Capítulo 3 - Sinto Falta Dela


Notas iniciais do capítulo

Ahá! Cheguei! E vou apresentar um Flashback nesse capítulo!
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799325/chapter/4

Jane e eu não éramos melhores amigos. Na verdade, não chegávamos a ser amigos. Essa recente cumplicidade aconteceu quando salvei seus nervos ao resgatar Alice das mãos de Aro. As lembranças daquele dia passaram em minha mente como um raio e Camila suspirou em minha mente.

“Sinto falta dela” falou enquanto eu me prolongava no rosto de Isabella.

Ah, eu também!

 

~~ Abril de 2010 ~~

 

— Meu amor, não fique triste. Alice sabe se cuidar e vamos nos unir a ela em breve. Não precisa ter medo, tudo sairá conforme queremos — prometi.

Bella me olhou de soslaio e suspirou.

— Alice sempre foi minha melhor amiga... — começou a queixar-se.

— Contrariando forças da natureza — retruquei revirando os olhos e sorrindo. — E ela sempre soube fazer o que era certo. Até quando te obrigou a mentir para mim... a obstruir informações de mim. Você acha que gostei de saber que ela tinha a pessoa que eu mais amo como cúmplice de algo tão louco quanto uma fuga?

— Foi necessário.

Assenti e toquei-lhe novamente os lábios, que se separaram dois milímetros.

— É necessário agora, também, Bella. Mas, dessa vez, Allie escolheu outro cúmplice. Um que não vai dedurá-la tão rapidamente. Eu! E eu escolhi que você deveria ficar sabendo de tudo, pois não tenho como deixá-la sozinha aqui, correndo risco de ficar sem marido. Não quero perdê-la de jeito algum! — declarei.

Minha esposa ergueu uma sobrancelha e sorriu torto. Sorri também.

— Não quer? — repetiu sedutora.

Sacudi a cabeça e ela, de repente, estava sentada.

— Eu te amo mais do que tudo, não me suporta a ideia de perdê-la — confessei. — Nem para um cachorro, nem para minha irmã... nem para a nossa filha. Você é minha, não quero que seja de mais ninguém!

— Também amo você. Mas acho que esse seu sentimento é um pouco egoísta, não acha?

— Já lhe disse que sou essencialmente uma criatura egoísta — lembrei-a.

— Por isso eu te amo tanto!

Dois dias depois, estávamos no aeroporto, nos despedindo de nossos familiares, quando Renesmee, num surto inesperado, abraçou a mãe e começou a chorar, pedindo, por favor, que não a deixássemos ali. Bella lhe acariciou os cabelos e beijou seu rosto com ternura. Depois olhou em seus olhos e falou que em breve voltaríamos.

— Eu te amo muito, minha filha, jamais se esqueça disso — completou, abraçando e beijando-lhe a cabeça.

— Também te amo, mãezinha — soluçou ela antes de soltar-se e correr até mim para apertar-me em um abraço. “Pai, promete que vocês voltarão logo?” pensou.

Assenti, incapaz de prometer aquilo. Estreitei os braços nela por um instante, beijei-lhe o topo da cabeça e soltei-lhe, pois nosso voo partiria em cinco minutos, no entanto, Renesmee teimava em continuar me abraçando.

— Vamos, Nessie, deixe seus pais irem. — pediu Jasper, a voz escondia a tontura, a dor que sentia pela falta de Alice. — Eles merecem um tempo sozinhos, não acha?

Minha princesa concordou com a cabeça e foi para os seus braços. Meu irmão lhe trazia lembranças com a tia e minha pequena Alice. Respirei fundo, controlando a vontade de dizer o que estávamos prestes a fazer. Já havíamos nos decidido largar tudo para nos unir aos Volturi, mas aquela sensação de trair nossa família me perseguia.

— Adeus. — Sorri pegando a mão de Bella e partindo para o portão até Houston.

No aeroporto, fizemos a escala para a Itália com o coração apertado. Lancei um olhar para minha esposa e vi meu pavor espelhado em seu rosto. Apertei sua mão.

— Quer mesmo fazer isso? Ainda há tempo para desistir.

Ela sacudiu a cabeça negativamente, ergueu nossas mãos e beijou o dorso da minha.

— Estamos juntos nessa, meu amor. Para sempre.

— Para sempre — jurei.

Horas depois, estávamos descendo na bela Itália uma vez mais. Desta vez, Bella fez questão de alugar um carro escuro para poder apreciar a cidade direito. Ela parecia gostar do que via pela janela enquanto eu dirigia pelas ruas escuras, sempre acima do limite permitido. Quando estávamos próximos à Volterra, a morena virou-se para mim sorrindo, totalmente aliviada.

— Conseguimos, enfim — suspirou, deitando a cabeça em meu ombro.

Afaguei sua coxa e sorri.

— Claro, eu disse que seria fácil, meu amor. Os Cullen não suspeitarão de nada por um bom tempo. E, quando perceberem, será tarde demais.

— Eu gostava muito deles. Mas será melhor, não será?

— Ficaremos muito melhor com os patronos. — Eu tentava convencer-me disso também. Para convencer Aro. — Acho que Alice ficará muito irritada de ver-nos lá — ri alto. — Principalmente porque ela deve estar amando a ideia de se ver longe de mim. Vou torrar sua paciência novamente!

Bella riu, desencostou e fitou-me para revirar os olhos.

— Coitada, meu amor! Não a torture, por favor!

— Não vou torturá-la! — prometi, fingindo ultraje. — Serei eu mesmo! O que posso fazer se meu jeito de ser a incomoda?!

— Ah, sim. Vou fingir que acredito em você — citou e beijou-me brevemente.

Foi o bastante para tudo sumir e eu errar a direção. Embora ainda tivesse reflexos maravilhosos, Bella me distraía muito mais depois de tantos anos praticando. Dispersei meu desejo com relutância e concentrei-me em dirigir pela colina.

Parei na frente dos portões enferrujados. Saímos do carro e pulamos os muros. Demetri esperava por nós com um sorriso surpreso e alegre ao mesmo tempo. Sorri para ele.

— Olá, Demetri — falou Bella, sorrindo. — Como está esse belo rastreador?

— Bem, obrigado. Vieram ver Alice, não foi? Sigam-me. Ela espera por vocês desde anteontem, estava louca para vê-los. Aro também quer ver vocês dois.

Ele indicou o caminho e fomos andando ao seu lado, com a maior naturalidade possível.

— Como vai tudo por aqui? — perguntei assim que o silêncio começou a ficar estranho.

— Creio que está tudo indo muito perfeitamente, Edward. E sua filha?

— Renesmee está bem. Com meus pais. E Jane? Já cansou de brincar com a guarda?

Ele suspirou e lembrou-se de horas mais cedo, quando Alec chamou a atenção da irmã porque ela estava torturando-o por mais de dois minutos. Ou seja, não, não cansara. Mas ela se cansaria comigo. Eu sabia que Jane tentaria e esperava que minha Bella me cuidasse, e, eu era rápido. Mais rápido do que seu olhar, embora a pequena bruxa não soubesse disso.

— Os outros? — Bella quis saber, dessa vez. — Como vão todos?

— Todos no ritmo de sempre. — respondeu o vampiro abrindo as portas duplas.

Alice esperava por nós ali. Quando viu a amiga, jogou-se em cima dela, quase derrubando-as no chão. Segurei as costas da minha esposa antes que acontecesse uma tragédia.

— Bella! — gritou a baixinha, emocionada. — Você veio! Eu nem acredito que fizeram isso por mim! Ah, minha amiga, quantas saudades suas! — E beijava-lhe as bochechas infinitas vezes. — Senti tanta falta de vocês dois! Vocês não fazem ideia! Quase enlouqueci Aro de tanto reclamar todos os dias. Jane não me suporta mais, por não poder me ferir graças ao mestre. Ah, amiga, eu estou tão feliz!

— Percebi — riu Bella, sem fôlego.

— Oi, Alice — cumprimentei estendendo cada palavra.

Ela olhou-me — seus olhos continuavam dourados, o que me surpreendeu —, soltou a amiga e atirou os braços em mim.

— Meu irmãozinho querido! Também morri de saudades suas! Ah, Edward, não sabe como eu desejei que você ficasse lá cuidando da Nessie, mas também não queria ficar aqui sozinha. Eu queria que você viesse! Eu sinto tanto ter deixado vocês daquele jeito! Foi crueldade, mas eu não queria que se preocupassem comigo. Desculpem-me, por favor! Não quis causar essa separação... e...

— Acalme-se, Alice! — interrompi. — Nós não viemos por você, viemos porque queremos ficar aqui, agora.

Você eu sei que veio por isso, mas a Bella... ah, Edward, ah, eu te amo demais para ficar te xingando hoje! — Ela me soltou, segurou minha mão e a de Bella e puxou-nos para dentro. — Venham, vocês têm que conhecer o pessoal daqui! Eles são tão legais! Deixaram até que eu continuasse com a dieta!

Passei por aqueles corredores pela segunda vez, na minha vida, com um novo intuito e meus pensamentos eram cautelosos e inocentes. Bella tinha a função de pensar, no momento, eu não precisava dizer isso a ela, ela sabia que eu não tinha defesa contra minha mente. Nenhum dos dois decidia. Nada. Nem falava a respeito de possível volta.

Minha irmã estava totalmente eufórica enquanto puxava-nos pelo braço até a sala de Aro. Na recepção, não vi ninguém e me perguntei o que havia acontecido com Gianna. De repente, percebi que não gostaria de ouvir a resposta, pois o cheiro de Pietro também não se impregnava ali, onde ele ficava quase o tempo inteiro. Havia, no entanto, outros cheiros conhecidos. Havia cheiros novos, também.

— Aro! — gritou Alice ao passar pela antecâmara. — Aro, meu mestre! Veja! Veja quem veio para juntar-se à nossa família! Edward e Bella! Isso não é maravilhoso?

O patrono levantou-se fluidamente do trono e veio encontrar-nos com um brilho de felicidade nos olhos leitosos. Caius olhou diretamente para Alice, com aversão ao modo inadequado com que ela nos conduzia. A baixinha nos soltou imediatamente, sem tirar o sorriso dos lábios. Ao ver-me, Alec sorriu.

— Você estava certa, cara Alice! — sorriu Aro. — Eles finalmente chegaram! Como isso é fascinante! Vieram mesmo para se unir à nossa família?

Assenti e estendi-lhe a mão direita. Aro rejeitou-a; veio até minha frente, pegou meu rosto entre as mãos e beijou minhas bochechas, depois fez o mesmo com Bella — qualquer que fosse a visão de Alice, há alguns dias, ele acreditou nela. Então virou-se para os “irmãos” e apresentou-nos como novos entes queridos. Éramos os novos protegidos. Jane arfou de incredulidade atrás de nós e correu até o mestre.

— Mas, como assim, meu mestre? Vai abrigar esses falsos? Eles, que quebraram regras tão importantes para nossa espécie? Justamente Edward e Isabella Cullen que nos desafiaram tantas vezes seguidas? Como podes colocá-los na guarda quando não possuem talento diferente do seu e de Renata?

— Cara Jane, eles nunca nos colocaram em risco, exatamente. E não são falsos. Eu teria visto isso. Não fazem nada idêntico também, e, Edward é muito rápido e Isabella pode ser útil.

— Quando? Quando aquela brasileira quiser brigar novamente? Acha que esses três hostilizarão pessoas que ajudaram a protegê-los no passado?

— Tudo pelo cumprimento da lei — respondeu Bella friamente.

— Mataria sua cria? — incitou Jane.

— Renesmee não fez nada. Nunca fez nada.

— Livros? FILMES? Isso agora é nada para você?

— Ela só estava testando seu poder. Vendo se consegue manipular sonhos também. E ela é uma pessoa doce, não queria que sofressem com pesadelos. Então pediu uma lembrança nossa. Renesmee não tem culpa se escolhera a pessoa errada. Uma escritora. Também não tem culpa de que quiseram levar a história para a cinematografia.

— Isabella tem razão, cara — disse Aro todo complacente. — A criança não tem culpa de gostar da bela história que esses dois vivenciaram. Nem você a culparia, Jane. Basta conhecer a menina.

— Eu fiz o favor de ler a tal história — grunhiu a pequena loira. — Somos retratados como vilões, mestre!

— Porque nos traziam perigo, na época, Jane — retruquei indiferente.

A moça lançou o olhar torturante em minha direção, mas desviei antes que pudesse ser tocado, corri até parar atrás dela com as mãos em seus ombros, abaixei a cabeça e encostei a boca em seu ouvido para rosnar ameaçadoramente.

— Não faça mais isso. Nem em mim, nem em minha irmã, e, se eu souber que tentou fazer na minha esposa, quebrarei sua cabecinha de palha de milho. Estamos entendidos?

Ela assentiu, contrariada. Beijei seu cabelo, apenas para provocar, e voltei para minha posição ao lado de Bella, segurando sua mão. Aro olhou para a esposa, Sulpicia, e essa veio até nós com os braços estendidos. Abraçou-nos e desejou que fôssemos bem-vindos à família. Depois, Athenodora. Então, todos os outros vampiros vieram nos dar as boas-vindas. Exceto Caius e Marcus. Mas não os culpei.

Naquele dia conhecemos o restante do Palazzo dei Priori, as regras e o que faríamos. Também nos aconchegamos num dos diversos quartos do lugar. Descobri que Alice ganhara um caderninho para continuar a escrever a história; ou as partes que lhes interessava. Ela acabou omitindo todas as partes que tratavam eles como inimigos. Eu sabia que Allie sentia falta de Jasper — sua letra, em geral, era mais estável e bonita — e escondia isso de todos. Ela era boa nesse tipo de coisa.

Ficamos um mês inteiro sem nos queixar, nem Alice pensava nas coisas que Aro poderia desconfiar. Mas, lá no fundo, ela sabia que aquela era uma missão de resgate.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Será que eles conseguem tirar a Allie de lá sem hostilizar o Aro? E o que acharam do Edward e a Bella enganando a família para ir até a Itália? Será que não era mais fácil eles terem falado a verdade? Comentem, comentem, comentem!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enluarado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.