Amor: Uma história de Equinócio escrita por Camí Sander


Capítulo 6
Capítulo 5 - Liberetino


Notas iniciais do capítulo

É miragem? Não!!! Eu finalmente consegui escrever o suficiente para uma postagem curtinha aqui!

Espero que gostem!



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— Xavier? — insistiu ela.

Capítulo 05 - Libertino

Tomei uma respiração profunda, afastei-me um pouco e balancei a cabeça com um imenso esforço para voltar à realidade. Eu não podia fazê-la minha agora. Não antes do casamento. Não antes de sua entrada na sociedade.

— Nada. — Sorri-lhe. — Nada, realmente. Voltemos?

A moça franziu o cenho.

— O chão está abaixo de seus pés?

Sorri.

— Certamente.

— E ele pode ficar abaixo dos meus também? — indagou abrindo um sorriso.

Semicerrei os olhos.

— Procuro sempre me certificar de que a donzela ficará bem antes de deixá-la entregue ao mundo — repliquei suavemente e comecei a andar para casa. — Além disso, quero ter certeza de que a senhorita tomará o chá.

Lady Hilbert começou a se debater em meus braços e obriguei-me a segurá-la um pouco mais firme, para não a deixar cair. Tê-la tão próxima não era algo sensato naquele momento, porque sentia-me muito consciente de sua respiração em meu pescoço e sua pele roçando minhas vestes. Os batimentos de meu coração se aceleraram.

— Qual será sua desculpa? — perguntou a bela loira, colocando um fim em sua luta. — Seus pais já queriam adiantar o casamento. O senhor segurando-me dessa maneira apenas levantará suspeitas de que consumamos a união nos pomares ou nos estábulos.

A confirmação de uma futura união aqueceu ainda mais meu corpo.

— Se queres saber, linda menina, direi que torceste o tornozelo em uma das raízes. E, talvez, eu não esteja apaixonado, contudo, asseguro de que a tentação de tê-la em meus braços seca minha boca e tudo o que posso pensar é unir nossos lábios e fazê-la minha. O que tens a dizer sobre isso, minha donzela? Ouço os falatórios: Megára Hilbert, desonrada por seu noivo, casa às pressas antes da  sua entrada na sociedade.

Meg estremeceu.

— Os falatórios seriam horríveis e manchariam a imagem de minha família, certamente. Porém, o que mais me apavora é a imagem de suas mãos em meu corpo. O que os outros pensam, não me é de tão grande importância.

Ponderei naquelas palavras por um ou dois segundos.

— Então não posso afagar-lhe o rosto?

— Não.

Não? Ri internamente.

Assenti uma vez, pousei seus pés no chão, no entanto, não a deixei seguir para a casa; conduzi-a, lentamente, para um tronco de macieira e ergui a mão. Meus olhos nunca deixaram os dela. Com as costas dos dedos, afaguei a bochecha rosada de leve, fazendo o caminho até o queixo pequeno e erguendo seu rosto no ângulo perfeito para minha aproximação.

— Talvez seja apenas uma atração — murmurei passando o polegar em seus lábios que se entreabriram. — Algo totalmente irresistível.

Porém, antes que minha boca se unisse à dela, fui empurrado com força. Minha noiva gritou, afastou minhas mãos com safanões e esfregou o rosto com as mangas do vestido.

— Não vales nada, Xavier Samuel Campbell! — grunhiu ela marchando em direção à casa. — Nada!

Pisquei atônito por um momento, tentando entender o que havia feito de errado. Éramos noivos. Podíamos compartilhar desse tipo de intimidade. Eu não lhe faria nada além do beijo... provavelmente.

Assim que percebi meus erros, tentei correr para alcançá-la, no entanto, Meg era muito rápida para quem usava vestidos. Anos de prática, imaginei. Então voltei a caminhar com passos lentos, encarando o chão infeliz e chutando qualquer coisa ali.

Brilhante, Xavier! Você acabou de devolvê-las para a casa vazia de seus pais! Ela dissera que você não podia tocá-la, então, por que o fez? Justo agora, que minha família estava concordando com o casamento depois da temporada?! Agora Meg se empenharia em encontrar outro pretendente! Simplesmente, brilhante!

— Por favor, Xavier! — Riu Aris ali perto. — Deixe uma das cinco comigo! Você pode ficar com as outras quatro! Vamos, Xavier! Apenas uma das morenas! Você gosta das mais branquinhas mesmo! Ah, Xavier, deixe!

— Como essa donzela é má! — retrucou um Lindon sorridente. — Por favor, senhorita Hilbert, deixe-me tirar sua temperatura! Pare de dançar pelo campo!

— Não estou dançando — contra-atacou a morena. — Estou fugindo de suas garras!

Eu os via claramente, embora estivesse um pouco coberto pelas árvores, e notei a loira fazendo seu percurso até a irmã.

— Aris, precisamos ir.

— Por quê, Meg? Estou me divertindo como nunca!

— Tentaram me tocar de forma libertina — rosnou minha noiva. — Nunca o perdoarei!

Lindon banalizou a declaração da moça com um gesto despreocupado.

— Enganastes com relação ao Xavier, senhorita. Lady Aristemis, por favor! — interrompeu-se ele quando a morena fugiu outra vez. — Meu amigo é mais calmo e recluso do que eu. Foi criado para comandar a cidade toda. Não sei como virou meu melhor amigo! Se ele a tocou, certamente, a senhorita o deixou. O homem não o faria sem sua permissão.

Respirei fundo e passei pelas últimas árvores.

— Minha noiva tem razão, eu a desrespeitei — murmurei cabisbaixo.

Não esperei para que alguém me escutasse, caminhei até a porta sem tirar os olhos do chão e fui até meu quarto. Joguei-me em minha cama com os braços atrás da cabeça, assim que a porta se fechou atrás de mim. Encarei o teto enquanto perguntava-me como pude sair do controle com tanta facilidade. Uma palavra tão comum e um desafio tão banal... Nunca minha resposta foi tão intensa. O que acontecia comigo?

—Venha, Meg! — gritou Aris do lado de fora. — Olhe como Lindon fica engraçado quando se cansa!

Eu podia ouvi-los brincando lá embaixo e isso martirizava meu ser.

— Aris, eu não... — Então Meg riu. — Ele precisa de um banho! Está todo sujo e suado! Ah, sei onde está o poço. Por aqui!

— Laura! — chamou Lindon. — As damas querem mexer com água mesmo estando doentes! Como estudante de medicina, peço que as impeça!

Então o jardim encheu-se de gritos de protestos e risadas femininas.

Meu pai havia saído para fazer a cobrança de algum devedor, como todo sábado, e minha mãe se preparava para o grupo de costura que participava depois das dez da manhã. Geralmente, Lindon e eu saíamos para nos divertir, porém, hoje eu estava entediado e sozinho, já que meu amigo se divertia com minhas hóspedes em meu jardim.

Os risos eram tão cheios de vida que vi-me levantando para observá-los pela janela.

Aris balançava os fios castanhos perto do pomar, enquanto corria do rapaz que estava dividido entre as duas, e sua irmã seguia rapidamente em direção à casa ostentando o vestido azul-claro de minha falecida irmã. Quando Lindon decidiu-se por Aris, Megára o atingiu nas costas com uma maçã podre e desatou-se a rir.

— Estou aqui, seu bobão! — zombou minha noiva, fazendo-o parar.

— Não fizeste isso! — rosnou ele em tom de brincadeira apertando os olhos. — Não, senhorita!

— Ah, eu o fiz!

Meg parecia aquela menina brincalhona que cresceu conosco, mas tinha um brilho de flor desabrochada, uma jovem senhora pronta para casar. Parecia desprender de problemas. Notava-se tão relaxada que era como se pertencesse a essa fazenda. Pertencesse a essa família.

Lindon começou a andar lentamente, como um felino prestes a atacar, na direção de Meg e aquilo secou-me a garganta. Por isso, decidi dirigir-me para a cozinha — conhecia meu melhor amigo e sabia que aquela provocação acabaria com beijo. Afastei-me da janela assim que a linda menina gritava e corria do rapaz. Para alguém doente, Megára tinha bastante fôlego.

Assim que cheguei ao piso inferior, lembrei-me do chá que minha mãe pedira. Apressei-me para solicitar a bebida à Laura e ousei ao instruí-la a servir um novo café-da-manhã como bebida principal o chá. Seria uma das únicas maneiras de fazer minha noiva beber.

Os barulhos da brincadeira ficaram mais próximos e um sorriso se formou em meu rosto quando ouvi Meg chamar meu nome para socorrê-la. Não me mexi dali. Ela sabia se defender sozinha e, se Lindon tinha mesmo colocado as mãos nela, eu não queria ver o resultado disso.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Comentem, comentem, comenteeeeemmm!!!
Eu não sou movida a quantidade de comentários, mas eles sempre me impulsionam a escrever mais rápido.



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