Amor: Uma história de Equinócio escrita por Camí Sander


Capítulo 7
Capítulo 6 - Convivência


Notas iniciais do capítulo

Demorando, mas um dia sai!
Para quem não sabe, essa é a história anterior aos acontecimentos de Enluarado - que também estou postando no Nyah!



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Os barulhos da brincadeira ficaram mais próximos e um sorriso se formou em meu rosto quando ouvi Meg chamar meu nome para socorrê-la. Não me mexi dali. Ela sabia se defender sozinha e, se Lindon tinha mesmo colocado as mãos nela, eu não queria ver o resultado disso.

Capítulo VI - Convivência

— Xavier! — gritou ela novamente. — Xavier, por favor! Salve-me deste louco! AH!

A maneira com que aquelas palavras foram proferidas fez com que uma gargalhada brotasse em mim. segundo depois, vi-me rindo e correndo para fora empunhando uma colher de pau. Éramos novamente aquelas crianças que corriam pelos prados lutando pela mão da donzela mais bela do reino.

— Lindon! — gritei. — Escolha sua arma e lute! Ou renda-se diante do Senhor dessas terras!

Enquanto meu amigo procurava um galho, gesticulei a elas que voltassem para dentro de casa — não o fizeram. No entanto, distanciaram-se um pouco mais. Assim que escolheu sua arma, o homem acenou para que eu me aproximasse e lançamo-nos em uma guerra divertida ao som das risadas e torcidas das meninas.

Percebi a troca de olhares constantes que Lindon e Aris lançavam um ao outro e imaginei que não demoraria muito para que a morena recebesse a proposta de casamento.

— Desista, Xavier! — ordenou meu amigo aos risos. — Conheço todos os teus golpes!

— Nunca! — retruquei. — Protegerei o castelo e as princesas com minha vida!

— Tomarei a princesa e governarei em seu castelo — provocou ele.

— Eu não o deixarei fazê-lo!

— Isso, Xavier! — vibrou Megára. — Mate-o! Jogue-o no chão e o perfure com sua espada de colher! Vai lá, loiro topetudo! Acabe com seu amigo cruel!

Diante de tal incentivo, fingi golpear a cabeça de meu amigo e, quando ele foi se defender, derrubei-o no chão passando meu pé por trás de suas canelas. O loiro caiu de costas e eu apontei o cabo da colher para seu peito. Lindon praguejou e minha noiva gritou de alegria.

— E o bárbaro Lindon foi derrotado pelo cavalheiro Xavier do reino das macieiras! — declarei e espetei-lhe a colher no peito.

Como um bom ator, o rapaz morreu sem muito drama.

— Viva! — Meg aproximou-se. — Vida longa ao valente cavalheiro Xavier!

Como recompensa, depois da mesura que fiz a elas, minha noiva correu e abraçou-me com força. Meu corpo reagiu, mas minha memória estava em minha infância, quando Brooke fazia exatamente a mesma coisa.

— Agradeço por proteger-me, bravo cavalheiro! — falou e beijou minha face.

Apesar dos constantes flashes de recordações, não conseguia me desfazer dos desejos que minha carne apresentava. Refreei meu comportamento com uma mesura, soltando-me de seus braços, enquanto Aris jogava-se de joelhos ao lado de Lindon e fingia um choro desolado.

— Cumpri apenas com meu dever.

— Mataste! Mataste meu bravo rebelde! Como pôde, cavalheiro das trevas?! Oh, meu viking! Morto!

Suas palavras foram abafadas pela voz de Laura.

— Lanche! — gritou minha empregada. — O café da manhã será servido em dois minutos! Senhor Lindon, levante-se ou ficará todo sujo!

Aristemis levantou-se, espanou as saias e estendeu a mão para ajudar meu amigo.

— Sujo ele já está! — Riu-se a morena.

— E Xavier também! — completou Megára. — Por inteiro!

Voltaram para a casa entre risadinhas e acompanhei seus movimentos com os olhos até que Lindon deu-me um soco em ombro. Questionei-o com o olhar, contudo, o rapaz apenas sorriu e direcionou-se para a casa, batendo-se para se livrar da sujeira. Aproveitei-me do fato de que ainda estava sujo e corri para as macieiras. Colhi algumas das frutas mais atrativas e próximas que encontrei. Somente então voltei para casa, removendo qualquer traço de sujeira que conseguia ver.

— Bons dias, minha mãe! — cumprimentei-a com um beijo na testa ao entrar na cozinha. — Trouxe um presente para minha rainha e as princesas deste reino. — Entreguei as maçãs às três e sorri para a empregada. — Oh, esqueci-me da governanta! Desculpe-me, Laura!

Sentei-me em meu lugar na mesa enquanto recebia afagos nas costas. Sabia que Laura não comia maçãs antes do desjejum, por isso não lhe trouxe algumas.

A refeição foi tranquila e as horas que se seguiram não trouxeram novidades. Mamãe enviou um recado para os pais das moças que lhes permitiram passar a temporada em nossa fazenda enquanto não voltavam.

Os dias se passaram e a vida voltou ao normal. Lindon vinha quase todas as tardes para conversar com Aristemis. Megára e eu conseguíamos alguns minutos de distração para conversarmos a sós e conhecermos um ao outro. Minha admiração pela loira crescia cada vez mais e o desejo de fazê-la minha já permeava todo meu ser. Era por esse motivo que nunca tocávamos no assunto casamento. Ela não aceitaria meu pedido e uma rejeição cairia muito rápido na corte.

— Você ouviu falar nesse tal de Napoleão? — indagou-me na sexta-feira.

— O Primeiro Cônsul da França? Claro. O que aconteceu?

Estávamos sentados na relva, sob a sombra de uma macieira, somente nós dois enquanto Lindon e Aris cavalgavam pelo campo. Era uma tarde quente, ensolarada e perfeita. Ajeitei-me para ficar de frente para minha noiva e sorri interessado em seu assunto.

— Eu não gosto desse homem.

Revirei os olhos. Mulheres realmente não se importavam tanto com a política e não precisavam também.

— Estou falando sério, Xavier! — insistiu a loira. — Não gosto desse tal de Napoleão. Sinto como se ele fosse um homem extremamente rude e louco.

— Minha linda menina, a política não é para moças. Não se preocupe com isso. O Primeiro Cônsul da França não tem poder na Dinamarca.

— Acredite, Xavier, se a Dinamarca entrar em conflito por causa desse governante, eu partirei da Europa. Tenho certeza de que ele não parou com suas loucuras ao implantar o consulado na França.

— Estou certo de que não há nada para se preocupar, senhorita Hilbert. — Apertei-lhe a mão delicada. — Agora, por que não conversamos sobre nosso casamento?

Sua expressão foi de incrédula para infeliz. Segurei o rosto bonito entre as mãos e beijei-lhe a testa antes de fitar os olhos muito verdes.

— O que houve, linda menina?

E lágrimas escorreram dela.

— Talvez não haverá casamento. Eu não sei se você gostará de casar-se comigo depois do que descobri há alguns dias.

Afaguei-lhe as bochechas macias, espantando as gotas molhadas de sua pele.

— Não chore, linda menina — pedi. — Isso parte meu coração.

A loira não se importou com o decoro: lançou-se em meus braços, aninhando-se contra mim, escondeu o rosto em meu ombro e agarrou com força minhas vestes. Seu pranto era ainda mais infeliz, então vi-me afagando suas costas e beijando-lhe os cabelos.

— Eu sinto muito! — sussurrava ela. — Fi-lo esperar tanto e não sou a pessoa certa para ocupar o posto de sra. Campbell. Sinto muito, Xavier. Sinto tanto!

— Shhhhh, acalme-se, linda menina.

Ficamos assim por alguns minutos, até que minha bela noiva se desvencilhou e estendeu a mão e uma esfera azul cintilante surgiu sobre sua palma.

— Vês? Eu não posso me casar, pois sou um monstro.

Sorri para sua expressão, mas não desviei os olhos daquela bola flutuante. Aquilo era incrível e apenas agregava beleza à minha noiva. Era surpreendente, no entanto, não significava uma completa novidade. Minha irmã sonhara com algo parecido quando menor.

— Isso é muito interessante, Meg. Essa cor também realça seus olhos — insisti quando a moça me lançou um olhar colérico. — Consegues dispará-las?

— Dispará-las? — guinchou. — Enlouqueceste de vez? Não tens medo? Não achas repulsivo? Estou lhe dizendo que faço esferas de energia! Sou uma aberração que tem capacidade de matar alguém com as próprias mãos e perguntas se posso dispará-las?

Franzi o cenho. O que minha noiva gostaria de escutar? Eu não a culpava por ser assim. Estava certo de que a menina nunca escolheria ser diferente das demais. Eram herdeiras de uma boa família, afinal.

— Por que não perguntar? Algo dessa magnitude pode lhe fazer mal, não? Não quero que minha futura esposa sofra com essa condição. — Enquanto eu lhe falava, Megára recolhia sua esfera até que o objeto desaparecera de vez. — Deixe-me lhe trazer uma maçã. Imagino que isso lhe roube um pouco da vitalidade.

Subi na macieira mais próxima e procurei por uma das frutas mais belas. Voltei ao chão pouco mais de dois minutos, no entanto, já me encontrava sozinho. Ela havia desaparecido como um fantasma.

Desesperei-me.

Se Megára insistia em crer que não deveríamos nos casar, muito provavelmente, a moça iria se refugiar na própria casa. Longe o suficiente para que meus pais aceitassem desafazer o arranjo, afinal, cresci em uma família com princípios de respeito. E esses princípios impediam que houvesse casamento sem consentimento de ambas as partes.

— Meg? — chamei na esperança de que minha noiva respondesse.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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