Amor: Uma história de Equinócio escrita por Camí Sander


Capítulo 2
Capítulo 1 - Linda Menina


Notas iniciais do capítulo

Eu não me aguentei! Vocês não me deram resposta, mas eu não me aguentei!
Espero que gostem!

*Capítulo dedicado à Queen Laura por ter favoritado!*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799062/chapter/2

Eu havia completado 20 anos. Lindon era dois anos mais velho, então ele me levava para conhecer lugares e prazeres que eu, até então, não sabia como funcionavam. Não era comum para a época que o filho homem demorasse tanto para os prazeres da carne, mas meu pai era um homem com feridas profundas e gostava de cuidar do que era seu, tanto é que ele mesmo cuidou para que eu já estivesse comprometido desde pequeno.

Claro, já vira meu pai beber socialmente, mas ele nunca deixou-me fazer o mesmo. A ideia de homem para ele era casado e com uma família completa para ter uma boa consciência e não perder o controle. Contudo, meu amigo tinha uma conduta irrepreensível perto dele, mesmo sendo um frequentador assíduo dos bares desde os 15 anos, portanto, meu pai me liberou aos 20.

Lindon sempre me apresentava a muita gente, principalmente homens sem classe e amigos íntimos de qualquer coisa que carregasse bebida fermentada na fórmula. Particularmente, não gravei o nome de nenhum deles. Eram todos irrelevantes para mim. Ali, eu queria farrear. A ideia da novidade fazia com que as meretrizes enlouquecessem — e eu aproveitei cada oportunidade, é claro. Precisava saber cuidar da minha adorável prometida.

Minha boa aparência conquistava qualquer garota tola que cruzasse meu caminho... e imediatamente lhes lançava para Lindon. Engraçado como a vida era mais fácil para os homens. Aquelas senhoritas bobas que acreditavam nos sorrisos de meu amigo poderiam ser condenadas a uma vida de solidão e desgraça por transgredir tantas regras socialmente impostas.

Tudo mudou na segunda metade desse mesmo ano. Embora adorasse aquela vida boêmia, depois de alguns meses, já não aguentava mais tanto tempo naqueles estabelecimentos.

Era uma sexta-feira de agosto e, como todos os fins de semana, Lindon me arrastara até a cidade vizinha para mais um bar de esquina. Depois do terceiro copo de uísque, eu já não tinha vontade de ficar ali.

— Tenha dó, Xavier! — reclamou meu amigo. — Aqui está cheio de mulheres lindas e queres ir para a caminha? Vá se divertir e me deixe!

Ele gesticulou para um bando de meretrizes, em um canto do bar, que riam, olhavam, falavam e gesticulavam — tudo no mais exagerado escândalo. As roupas indecentes já não me agradavam os olhos. Uma delas captou meu olhar e andou rebolando até mim para se exibir.

— Olá, senhor — ela disse ao se sentar do meu lado. — Meu nome é Elle, e o seu?

— Xavier, senhorita — respondi monótono.

— Bem, querido, pareces entediado. — Elle lançou os olhos castanho-malícia para os meus e eu assenti. — Posso ajudá-lo a se divertir — propôs e puxou-me pela gola antes que pudesse recusar. — Hoje não cobrarei nada!

Derrotado e com meu corpo pedindo por alguma diversão, deixei-me ser conduzido escada acima, embora minha consciência insistisse em relutar.

— Senhorita, não acho que vai dar certo...

— Talvez estejas cansado — interrompeu-me com o indicador em meus lábios. — Não há problemas. Hoje também poderei conduz nossa dança.

Sem deixar-me contrapor, ela abriu uma porta à direita do pequeno corredor onde acabava a escada. Puxou-me para o interior do cômodo, trancou a porta com o ferrolho e se aproximou, acariciando meus braços.

— Não creio que seja uma boa ideia — argumentei virando-lhe o rosto quando Elle tentou beijar-me na boca. — Eu tenho uma noiva. E a amo profundamente.

Certamente que sentia um carinho muito grande por Megára. Contudo, não poderia ser considerado amor. Digo, o que era o amor se não uma grande ilusão pregada pelos poetas para que as mulheres sonhassem com uma vida perfeita? Meus pais nutriam um grande afeto entre si e, se Meg também se dispusesse, sabia que eu poderia proporcionar-lhe uma vida feliz.

— Querido, não penses a respeito de sua noiva agora — sugeriu a meretriz beijando meu pescoço. — Todo homem merece um momento de prazer antes do casamento. Venha, sinta-me aqui. — Pegou minha mão e apoiou sobre o próprio coração. — Não o escolhi por acaso.

A pele morna no decote suntuoso roçou meus dedos e meu corpo estremeceu. Cheia da coragem que a reação de meu corpo lhe proporcionou, a mulher tirou minha camisa — uma vez que o paletó já estava no chão — e beijou meu tórax com um furor já conhecido. Fui empurrado para a cama e ela continuou seu ataque de beijos por minha pele.

Resisti o máximo que minha consciência conseguiu.

Não foi o suficiente.

Poucos minutos depois, eu abaixava o decote daquela senhorita e atacava-lhe os seios cheios. As mãos femininas habilidosas abriram os botões de minhas calças e acariciaram meu falo pulsante, apertando-o entre os dedos. Suspirei.

Ah.

Embora não quisesse admitir, meu corpo necessitava daquela libertação. A risada vitoriosa dela fez-me odiar minha fraqueza.

— Estou certa de que gostarás de meus serviços — garantiu empurrando-me para deitar. — Prometi que faria tudo, portanto, deite-se e aproveite.

Cerca de meia hora mais tarde, Elle voltava a se vestir, sem pressa, e lançava-me olhares divididos entre alegres e tristes. Saciado, ri de suas expressões conflitantes.

— Quanto lhe devo, senhorita?

— Oh, querido Xavier, assim me ofendes! — exclamou desnorteada. — Já lhe falei que hoje seria por minha conta. Fi-lo por que o quis!

Ergui uma sobrancelha, levantei-me e procurei por minha bolsa de moedas na calça jogada ao chão. Tirei algumas moedas dali, vesti-me e aproximei-me da dama já recomposta. Coloquei o dinheiro dentro do corpete enquanto beijava-lhe rapidamente nos lábios.

— Um bom trabalho deve ser reconhecido — comentei antes de sair do cômodo.

No fim da escada, procurei por meu amigo e o encontrei conversando animadamente com uma das meretrizes do local. Suspirei. As coisas por ali demorariam mais do que eu gostaria e, embora ansiasse por minha casa, não poderia deixá-lo sozinho, já que viéramos com a mesma condução. Decidi-me precisar então de ar fresco, por isso passei pela porta dos fundos e saí em um beco imundo, contudo, quieto.

— Eita vida de macaco essa, viu? — reclamou alguém.

Achei a voz familiar, porém não reconheci de imediato. Procurei em volta por quem teria dito tal frase estranha e notei a silhueta fina e bela se encolher sentada em algumas caixas de carga. A senhorita fitava o chão e abraçava o próprio corpo para proteger-se da brisa noturna.

Sem pensar, tirei meu casaco, caminhei cautelosamente até ela e cobri-lhe as costas. Surpresa, a jovem ergueu a cabeça para fitar-me amedrontada enquanto eu me sentava ao seu lado. Um pequeno tremor passou por seu belo corpo antes da voz soar doce:

— Obrigada.

— Não por isso, linda menina — respondi sorrindo.

Linda era eufemismo! Percebi isso assim que os olhos verdes faiscaram inseguros para mim. O cabelo louro, difuso pela luz precária, caía-lhe completamente solto pelas costas com leves ondas que pareciam desmanchar-se ao toque. Imaginei que a textura natural era lisa e macia como as pétalas de girassol. As maçãs de seu rosto estavam coradas, embora sentisse frio, e os lábios carnudos provocavam-me ímpetos de beijar-lhe. Embora não parecesse com uma senhorita respeitável — por seus cabelos desfeitos e a falta de dama de companhia —, aquele anjo não poderia ser tomada como uma meretriz. Estava bem-vestida demais para o local onde nos encontrávamos.

— Como acabastes de dirigir-se a mim? — indagou duramente. — Achas que sou o quê? Uma desavergonhada? Alguém para que te satisfaça e depois desapareça?

— Não! — garanti surpreso por sua valentia. — Certamente, não...

— Pegue seu casaco vagabundo e vá buscar prazer em outro lugar! — Ela tirou o paletó de cima de si e o jogou em meu rosto. — Estou em meu direito de permanecer aqui porque cheguei primeiro. Portanto, suma de minha frente, libertino!

Levantei-me desorientado, dobrei a veste em meu braço e caminhei até a porta de onde tinha saído. Algo em meu ser sentiu necessidade de explicar-se para aquela senhorita.

— Eu não quis sugerir nada disso, milady — expliquei fitando o chão. — Perdoe-me pelo comportamento impróprio que tive há pouco. Adeus.

E abri a porta para tentar encontrar Lindon e arrastá-lo de volta. Para mim, a noite acabara de vez ao ser julgado erroneamente.

— Senhor! — chamou a senhorita. Dei um passo para trás e busquei seu rosto nas sombras. — Creio que lhe devo desculpas. Apenas, perdoe meu descaramento, mas, seu paletó cheira tão mal quanto qualquer outro de dentro do bar. Pensei que o senhor se aproveitaria de meu estado solitário como outros já tentaram.

Deixei uma breve risada escapar, fechei a porta à minha frente e refiz meu caminho até os caixotes ao lado daquela senhorita atrevida.

— Creio que nos conhecemos em uma má hora — conjecturei e estendi-lhe a mão. — Sou Xavier, milady.

Ela demorou alguns segundos antes de pousar a mão na minha para que eu beijasse o dorso macio.

— Megára Hilbert — anunciou. — Muito prazer.

E eu parei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, gostaram?
Sei que não é o shipper normal, mas queria saber o que vocês acharam desses dois!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor: Uma história de Equinócio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.