Elena escrita por The Escapist


Capítulo 3
III




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No momento que botou os pés na academia, Luís se arrependeu, principalmente depois que a pessoa que o convenceu a vir desapareceu na direção de uma aula de zumba. Ele nem sabia o que era zumba. Pensou em voltar, mas assim que deu um passo para trás, se lembrou que as chaves do carro tinham ficado na bolsa de Bruna. Pegou o celular no bolso e mandou uma mensagem para ela, pedindo que viesse devolver as chaves. Não houve resposta e ele não teve escolha a não ser entrar para a área de musculação e tentar fazer algum exercício. Não era nenhum inimigo de atividades físicas, pelo contrário, gostava de correr, andar de bicicleta e tinha jogado basquete quando estava no colégio, embora a faculdade de medicina o tenha feito quase abandonar os esportes. Mas estar dentro de uma academia puxando ferro não era, nem de longe, algo que o empolgava, apesar de que quem visse seu corpo poderia até supor o contrário. Não era musculoso, mas estava com tudo perfeitamente nos lugares, como Bruna gostava de dizer.

Circulou um pouco entre as máquinas, pensando qual delas seria menos entediante, até finalmente decidir parar numa legpress. Estava terminando de colocar os pesos na máquina quando sentiu uma mão em seu ombro e quase deixou dez quilos cair sobre seus pés.

— Olha só, o eremita por aqui.

— Vai matar outro de susto, velho. — Se virou para apertar a mão do amigo, já rindo. Fábio fora seu colega na faculdade e agora eram colegas de trabalho no mesmo hospital, embora em setores diferentes, uma vez que seu amigo estava se especializando em ortopedia.

— Tá perdido por aqui?

— É, mais ou menos, a Bruna ficou me enchendo pra vir com ela.

— E como ela está? Tem tempo que não a vejo.

— Tá bem.

— Vi aquela foto de vocês no Instagram, nossa, cara, ainda me lembro da Bruna molequinha quando a gente se conheceu, agora ela tá aquele mulherão.

— Ei, presta atenção.

— Com todo respeito.

— Acho bom.

— Seu pai deve tá maluco, hein?

— E me deixando maluco no processo.

— E como ele está, de maneira geral?

— Teimoso como sempre, vive se queixando de dor e não quer ir ao médico e não quer que eu o examine, porque eu sou médico de criança. — Fábio não evitou a risada. 

— Você vai usar essa máquina? — foi perguntando, mas sem esperar resposta, tomou a frente e colocou mais trinta quilos de cada lado da máquina. Luís apenas encolheu os ombros e cedeu o lugar ao amigo. — Escuta, o que aconteceu com a... como é que era mesmo o nome dela? — A tentativa de se lembrar do nome foi simultânea ao esforço do exercício. — Elena? O que houve? Ela desapareceu?

— Ela me dispensou.

— Como assim?

Como poderia explicar se até aquele momento ainda não tinha entendido direito o fora que levara? Limitou-se a dar de ombros.

— Ela simplesmente terminou.

— Sem mais nem menos? — Luís assentiu. — Que maluca! Vamos pensar que foi pra melhor, né? Vamos sair mais tarde?

— Não, acho que não. Tenho coisas pra estudar.

— Caramba, Lu, você terminou a faculdade, relaxa um pouco. Vamos, chama a Bruna. — Fábio deu uma piscadela maliciosa e sentiu a mão suave de Luís em seu ombro.

— Péssima ideia, cara, minha irmã tem dezesseis anos. Acho bom você não se engraçar pra cima dela, ok?

— Tá maluco, Luís? Sou casado, lembra?

— É bom que você não esqueça.

Dessa vez, Fábio deu um sorriso sem graça e tratou de terminar o exercício.


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