Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o segundo:



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O tempo passou como sempre passa. Simultaneamente devagar e rápido. De setembro a dezembro os alunos novos puderam experienciar a escola de forma que, ao voltarem do recesso natalino, todos já se sentiam relativamente confortáveis e enraizados no ambiente.

Hogwarts era mais difícil para uns do que para outros e variava de nível a depender da matéria que se assistia, do colega que te acompanhava ou da obrigatoriedade do esporte praticado. Era mais aprazível no finzinho do verão e se tornava mais triste no inverno, mas, num geral, entre entediados e entediantes salvaram-se todos.

Depois da apresentação de História em novembro, Harry, Ronald e Hermione, passaram a orbitar em volta uns dos outros com uma frequência cada vez maior. Era muito difícil não ver os três juntos nas aulas que dividiam (exceto as muito especificas que Granger já fazia) ou na cantina ou no Três Cafés ou no ginásio apenas descansando na arquibancada.

Durante o natal, Harry e Hermione descobriram que eram quase vizinhos – cinco pequenas ruelas pavimentadas em paralelepípedo não eram nada, afinal – e passaram a frequentar a casa um do outro com um entusiasmo que gerou uma desconfiança tanto em Sirius quanto em Oliver e Margareth Granger.

Quando os adultos tentaram abordar cada um dos adolescentes a sós, no entanto, receberam expressões quase idênticas da mesma careta de desaprovação e responderam, também de maneira muito similar, que se consideravam irmãos.

Na opinião de Ronald, era fácil usar o termo “irmãos” quando, de fato, não conviviam na mesma casa com outras pessoas obrigadas pelo laço de sangue. No decorrer de todo o recesso ele ligou para os amigos reclamando de Gina, sua irmãzinha mais nova, e de Percy, seu irmão mais velho (que era veterano em Hogwarts e as vezes gostava de espezinhar Ron quando o encontrava nos corredores) e mal pôde conter a felicidade quando o período escolar retornou.

De janeiro até meados de maio o sentimento foi se esmiuçando e morrendo em meio a torrentes de provas, chuvas de trabalhos e vendavais de ansiedade e nervosismo. Ter a quem se agarrar nesses momentos era fundamental e os três estavam gratos por isso.

Para além do trio, Ron e Harry seguiam amigos de Finnigan, Thomas e Longbottom, que parecia bem mais contente com a própria vida desde que os meninos decidiram dar uma chance para Dungeons & Dragons, logo após o aniversário de Ronald em março (talvez a alteração de humor também estivesse relacionada ao sabonete liquido para combate de acne que sua avó havia lhe mandado, mas era difícil dizer já que o produto ainda não tinha cumprido com o prometido).

Nas aulas avançadas, Hermione também tinha companhia: ela e Padma haviam nutrido por meses uma admiração mútua e silenciosa pelo cérebro uma da outra, de modo que apesar da inibição de ambas, gradualmente elas começaram a trocar muitos sorrisos solidários em sala até que em algum momento passaram a fazer trabalhos em conjunto.

Assim, quando a primeira semana de junho de 95 chegou e passou – trazendo e levando com ela as provas finais – os alunos que haviam entrado em Hogwarts em 94 quase já não se sentiam mais calouros (e ao cabo de alguns meses não seriam mesmo) e quase podiam suspirar aliviados, não fosse, é claro, a iminência da Prova Mais Terrível de Todas:

O baile de fim de semestre.

Como os veteranos teriam seu próprio baile de formatura, aquele seria apenas para os alunos que não se formariam, embora existisse a possibilidade, caso você fosse convidado por um sênior, de ir ao evento de formatura como acompanhante.

Era, por exemplo, o plano de Parvati e Lilá Brown que se esgueiravam em suas roupas mais estilosas pelos corredores onde aconteciam as aulas preparatórias para os exames admissionais em universidades. Existia um lugar melhor para encontrar casualmente veteranos?

— Não seria totalmente demais se um desses veteranos passassem por aqui e dissessem “nossa, gatinhas, eu nunca as vi por aqui antes”? - Lilá engrossou a voz para imitar um dos rapazes mais velhos.

— Nossa, gatinha é tão broxante... Eu queria que Cedrico Diggory me convidasse, ele é tão gato.

— Gato pode e gatinha não pode? - Lilá cruzou os braços.

— Eu suponho que sim. - Parvati pareceu ponderar como se realmente a decisão linguística coubesse a ela. - O problema talvez esteja no diminutivo.

— Ahhh. - Lilá concordou com a cabeça, acertando o short-saia. - Faz total sentido.

Ronald passou por elas totalmente desconsolado, encontrando Harry e Hermione ao fim do corredor.

— Bailes são tragédias sociais completamente desnecessárias. - Ronald reclamou, bufando e se jogando contra um armário qualquer. - E todos só falam nisso.

— Pode ser legal. - Harry encolheu os ombros.

— Eu vou ter que concordar com Ronald nessa. - Hermione franziu o cenho.

— Isso quer dizer que vocês não vão? - Potter perguntou apreensivo com as mãos nos bolsos.

— E ser a única pessoa no dormitório num sábado à noite antes das férias? - Ron suspirou. - Consegue ser uma tragédia social ainda maior. Até Neville tem um par para o baile.

— Hey! - Neville bateu a porta de seu armário ofendido. - Não tenho culpa se você não tem tato com as garotas.

— E você tem? - Ronald ergueu a sobrancelha e Neville encolheu os ombros, se retirando enquanto fazia uma careta abobalhada para Ron. - Eu encerro meu caso.

— Ah, Ronald, você não é a pessoa mais horrorosa do mundo. - Hermione disse, colocando os cabelos atrás das orelhas. - Com certeza alguma garota ficará muito satisfeita quando a convidar.

— Você é uma garota. - Ron constatou e Harry viu que aquilo não terminaria bem. Ele quase desejou sair correndo enquanto o amigo continuava: - Eu sou um garoto; então você deveria ir ao baile comigo.

— Todo o seu convite se baseia na premissa de que nós somos de gêneros diferentes. - Hermione semicerrou os olhos. - Que galante.

— Ah, qual é. - Ronald reclamou.

— Para sua informação alguém teve essa percepção bem antes de você e eu já tenho um acompanhante - bufou, acertando sua bolsa carteiro no ombro. - Na próxima vez tente ser um pouco mais perspicaz e talvez me chame antes.

Hermione sabia porque tinha se sentido tão ofendida e julgava ser justa a sua raiva: não era porque andava sempre com os dois garotos que era um deles. E pelo amor do universo, ele só iria chamá-la porque pensava que ela era tão patética que ainda estaria disponível. Mesmo se Terry Boot não a tivesse convidado, de jeito nenhum ela iria com Ronald nessas circunstâncias.

Sem contar que apesar dos dois serem altos e ruivos, eles não tinham a mais nada em comum. Terry era da Corvinal e gostava de conversar sobre literatura (ainda que de uma forma um pouco pedante), enquanto Ronald só falava sobre futebol e como a comida da escola era gostosa. Hermione pegou sua bolsa e bateu em retirada sem nem se despedir, deixando Harry com a mão na testa e Ronald sem entender nada.

— Jura cara? - Harry girou os olhos. - Você simplesmente presumiu que ela não tinha um encontro para o baile.

— E não deve ter mesmo. - cruzou os braços junto ao peito, mal humorado. - Aposto que vai arranjar uma desculpa e ficar em casa durante toda a noite.

— Como se você estivesse em uma situação melhor! - Harry encolheu os ombros.

— E você tem um par? - Ronald ergueu as sobrancelhas.

— Não. Mas já tenho uma ideia de quem convidar. - Harry admirou Cho Chang desfilar pelo corredor sozinha e pensou que aquela era sua chance. - Preciso ir até ali.

Cho estava com um rabo de cavalo e com a versão camiseta sobreposta pelo colete do uniforme, combinando-a com shorts jeans larguinhos com um cinto que lhe destacava a cintura e sapatilhas. Harry adorava essa estação do ano, quando as roupas estavam mais leves e as pernas mais expostas. Ensaiou mentalmente uma fala e disse de uma vez:

— Hey, Cho. – surpreendeu-a enquanto a garota guardava os livros em seu armário.

— Ah, oi Harry. Tudo bem? - ela sorriu com simpatia.

— Tudo sim. - Harry respirou fundo e sorriu amarelo dizendo em um só ritmo rápido e constante: - Escute, eu gostaria de saber se você já tem algum acompanhante para o baile e, caso não tenha, se poderia ser eu.

— Puxa, Harry. - ela coçou o cabelo. - Seria um prazer...

Mas...— Harry tentou não deixar seu sorriso esmaecer e continuar confiante com as visíveis reticencias em sua fala.

— Mas Cedrico Diggory me convidou para ir ao baile de formatura dele e eu já me comprometi - sorriu, envergonhada, porém de maneira afetuosa. - Vai ter que ficar para uma próxima.

— Tudo bem. - Harry encolheu os ombros. - Divirta-se!

— Obrigada - murmurou, tentando sair dali o mais rápido possível.

— Parece que nós dois nos demos mal hoje. - Ronald abraçou o ombro do amigo, consolando-o. - Sempre tem amanhã.

— Amanhã todas as meninas estarão comprometidas. - Ronald e Harry ouviram uma voz Weasley familiar no corredor. - As boas, no caso. Vocês demoram demais.

— E você já tem um par? - Ronald desafiou Fred com os olhos.

— Ei, Angelina, eu e você no baile. Vamos? - ele gritou para uma garota a distância, arrancando uma risada da garota negra exuberante que apenas levantou o dedo polegar, fazendo Fred sorrir. – Viram? Simples.

— Eu vou com Kate Bell. - George encolheu os ombros.

— Uh. Kate é gata. - Fred, colocou a mão no queixo. - Talvez devêssemos trocar no meio da noite.

— Isso é completamente errado. - Ronald murmurou.

— É uma brincadeira. - Fred encolheu os ombros. - Ou será que eu sou o George e ele é o Fred?

— Isso nunca teve graça. - Ron girou os olhos e puxou Harry para longe dos irmãos loucos. - Talvez devêssemos perguntar para as irmãs Patil se elas estão livres.

— Uma delas é Parvati, você sabe né? Você quer chamar a garota mais popular do nosso ano para o baile? - Harry riu, antes de acrescentar: - Boa sorte.

— Quem acredita sempre alcança. - Ronald falou, tirando doces de sua máquina favorita.


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Notas finais do capítulo

E aí? Ansiosos pelo baile? Já colocamos "I Swear", do All-4-One pra tocar desde já... haha
Beijo e até o próximo final de semana.