Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá! Feliz sábado pessoinhas :)
Chegamos no capítulo do baile. Esse é o penúltimo capítulo que se passa no primeiro ano e a gente espera muito que vocês gostem.
A gente coloca de novo aqui o link das playlists, caso vocês queiram ouvir enquanto leem:

https://greatexpectationsfanfic.tumblr.com/post/625822000141697024/lets-go-dancing-playlists



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O fato de que Harry Potter e Ronald Weasley tinham pares para o baile na noite do dia dezessete de junho tinha mais a ver com a lei da oferta e da procura do que propriamente com as habilidades sociais ou carismáticas dos dois garotos envolvidos.

Parvati só tinha aceitado sair com Harry porque apesar da inegável beleza e popularidade, não havia, por fim, encontrado nenhum veterano disponível e, em sua opinião, Harry era o mais aceitável de seu ano (pesava o bônus de que talvez ela tivesse um vislumbre do famoso Sirius Black ao buscá-lo).

Padma, por sua vez, sabia que Ronald era amigo de Hermione e, como confiava no discernimento da garota, julgou que ele seria a opção mais segura (ela e Granger ainda não era intimas o suficiente para que Patil soubesse da intrincada relação de amor-e-ódio entre os dois).

— Você está muito bonito. – Sirius aprovou quando Harry desceu as escadas aos pinotes. Aproximando-se do garoto, ele ajeitou a gravata borboleta do afilhado antes de lhe dar um tapinha carinhoso no rosto.

— Obrigado. – Harry murmurou, olhando pela janela da sala. O jipe chegaria a qualquer minuto agora. Por uma razão obscura para Harry, Parvati havia insistido em lhe dar uma carona e ele não teve força de vontade o suficiente para recusar. Já era um milagre que ela tivesse escolhido sair com ele (Patil havia apontado para ele e dito “meu par!”, no momento em que Ronald e Harry tinham se aproximado, incertos do que estavam fazendo), e Harry simplesmente estava disposto a concordar com qualquer termo.

Além disso, Sirius tinha ficado muito feliz com o arranjo da carona. Era por isso que – Harry imaginava, sentindo um suor frio brotar na testa – ele estava com aquela imensa câmera analógica pendurada no pescoço por uma alça.

— Você não vai...

— Ah, eu vou. – Sirius disse, inabalável, antes de lhe conceder um sorriso torto e uma piscadela.

Quando a carona chegou, os dois correram para a porta principal e Sirius acenou entusiasticamente para o motorista que, por sua vez, olhava para ele com aquele misto de comoção e surpresa que Harry já estava habituado. As pessoas sempre o reconheciam e nas raras vezes que seu rosto não era imediatamente ligado à sua identidade, os trajes que Sirius usava causavam o impacto esperado.

Como naquele instante em que ele estava com um robe preto semiaberto que deixava à mostra as muitas tatuagens no peito, além de botas brilhantes que as vezes gostava de usar em casa apenas pelo barulho dos saltos no piso de madeira. Antes que Harry pudesse escapar da mão esquerda do padrinho firmemente presa em seu ombro, Parvati desceu do carro em um vestido dourado reluzente e caminhou até eles com um sorrisinho curioso na boca pintada de vermelho escuro.

— Oi, Harry. Oi Sr. Black, é um prazer conhecer você. – disse estendendo a mão a qual Sirius fez questão de beijar. Harry precisou evitar uma careta quando um leve rubor tomou conta das bochechas da garota, exatamente do mesmo modo que havia acontecido com Hermione quando tinha sido apresentada à Sirius pela primeira vez.

— Igualmente, querida. – Sirius abriu um de seus muitos sorrisos charmosos, antes de acrescentar: - sei que vocês estão com pressa, mas será que eu poderia tomar um minutinho para tirar algumas fotos?

Harry acenou negativamente com a cabeça enquanto Parvati concordava com a mesma veemência.

— Ótimo! – Black exclamou, ignorando Harry. – Aproximem-se um pouco, sim?

Parvati fez como pedido e posou para a câmera como se tivesse nascido para isso, enquanto Harry fez o seu melhor para apenas não sair correndo. Sirius riu ao conferir as fotos e encolheu os ombros, satisfeito que em pelo menos uma delas o sorriso forçado de Harry não parecia tão assustador quanto era pessoalmente.

— Bom, não vou mais atrapalhar vocês. Divirtam-se! – Harry sabia que ele estava se controlando para não deixar escapar nenhum aviso ou conselho, por isso o abraçou antes de seguir com Parvati para o carro.

Lá dentro, uma muito entediada Padma aguardava lendo um exemplar de Oliver Twist. Harry a cumprimentou de maneira tímida e a garota apenas lhe lançou um olhar cansado. Quando o carro deu partida, Harry respirou fundo, rezando para chegar logo à escola.

Não havia nada de diferente na fachada de Hogwarts naquele último dia do primeiro ano de Harry Potter ali, além de uma grande faixa comemorativa em homenagem aos veteranos. Ele e as irmãs Patil caminharam pelos corredores quase desertos até o ginásio onde uma explosão de cores, sons e pessoas assaltava o cenário.

"O amor estava em todos os lugares" dizia a música do Wet Wet Wet quando os estudantes adentraram quase de uma vez no grande salão decorado com balões brancos e azuis de Uma noite para se lembrar o tema que os juniores (o terceiro ano) escolheram para o baile.

A cadeia alimentar do ensino médio era clara inclusive no baile de fim de ano: os seniors estavam em sua festa adjacente mais apropriada para a idade deles. Os juniores tinham as mesas mais perto da pista de dança, os secundaristas estavam logo atrás e os calouros, como Harry e seus amigos, na terceira leva de mesas e cadeiras.

Entretanto nada daquela cadeia alimentar importava para Harry, que mesmo não estando com a acompanhante dos seus sonhos, estava acompanhado pela garota mais popular e autoritária de seu ano no primeiro baile que realmente importava em sua vida.

Parvati Patil chamava atenção desde sua chegada triunfal com Harry Potter a tira colo em seu jipe branco e com o seu vestido dourado. Sua irmã gêmea se divertia com a atenção, imitando as gesticulações da gêmea de maneira sarcástica, fazendo Ronald rir. De braços dados ao ruivo em seu vestido azul celeste, Padma pensou que poderia se divertir aquela noite, mesmo que tivesse zero interesse romântico ou físico pelo seu acompanhante. Pelo menos ele parecia um rapaz divertido.

— Não é que ela tinha um par mesmo? - Ronald cutucou Harry com o cotovelo, referindo-se, é claro, à Hermione.

— Eu te disse. - Harry encolheu os ombros. - Ela é bonita e uma pessoa realmente legal...

— Eu sei disso. - Ronald murmurou rabugento, mesmo que a concordância sobre a palavra bonita o deixasse de certa forma corado. - Eu só pensei que ela estivesse blefando.

— Ela está com Terry Boot. - Padma suspirou, apertando os lábios um no outro distraidamente. - Ele é um gato e o cérebro dele é tipo gigante.

— Também, com uma cabeça daquele tamanho... - Ronald ironizou, fazendo Padma girar os olhos.

— Se eu te conhecesse bem, diria que está com ciúmes. - Padma sorriu colocando um quitute na boca. - Mas como não conheço...

— Você está enganada. - Ron ergueu as sobrancelhas, estendendo a mão para Padma. - Somos apenas amigos. Vem, vamos tentar não pisar no pé um do outro na pista de dança.

— Não é bem meu lance – a garota murmurou. - Mas, ok.

A verdade era que, mesmo sem saber exatamente o motivo, Ronald Weasley não gostaria de ser a pessoa esperando na mesa quando Hermione Granger e seu par do cérebro gigante aparecessem de braços dados e olhares apaixonados.

Ele quase agradeceu aos céus por estar tocando alguma coisa sobre aquele ser o ritmo da noite e não algo constrangedor de se dançar abraçado como Always do Bon Jovi. Não que Ronald tivesse talento para dançar qualquer coisa que fosse com os braços agitados e desengonçados que tinha, mas aparentemente Padma estava rindo; se com ele ou da cara dele ainda não estava tão claro.

— Você tem uns passos interessantes. - ela disse movendo-se com os braços para cima. - Não acho que seja o suficiente para nos eleger rei e rainha do baile, mas...

— Se começar uma música lenta a gente se manda. - Ron disse com uma careta no rosto, rapidamente correspondida por ela.

— Por que, senhor Weasley, por acaso não sabe dançar? - Padma brincou.

— Isso está bem claro – o menino respondeu rindo. - Eu pareço um boneco de posto de gasolina.

— Tem realmente a cor de um - ela implicou percebendo a transição de música. – E parece que realmente algo lento vai começar agora.

— Então deveríamos voltar para mesa. - Ron coçou a cabeça.

— E conversar com Terry Boot como uma fracassada? No way. - Padma mal pode acreditar que estava repetindo o jargão da irmã... Se continuasse assim, em pouco tempo estaria falando literalmente para qualquer coisa. Convicta de que gostaria de permanecer na pista, puxou a mão de Ronald para sua cintura. -  Vem, coloca a mão aqui e eu vou colocar a minha no seu pescoço e a gente faz dois pra lá e dois pra cá como duas pessoas que se gostam e não como dois adolescentes semidesconhecidos que trocaram a primeira conversa há vinte e cinco minutos.

— Você é mandona igual sua irmã. - Ronald murmurou obedecendo-a.

De repente começaram os primeiros acordes da música mais romântica que dominava as rádios desde o ano anterior. Era meio brega, Ron precisava dizer (mesmo sabendo a letra do início ao fim). O eu-lírico jurava pela lua e pelas estrelas nos céus que sempre estaria lá, um juramento que fazia a partir de todas as batidas de seu coração. Parecia uma daquelas coisas que Hermione adorava escutar em segredo – mas tanto Harry quanto ele sabiam das mixtapes água com açúcar que ela escondia em seu armário.

A lembrança o pegou de supetão e Ron não conseguiu evitar procurá-la com os olhos. Se arrependeu no mesmo instante quando a viu na pista de dança com a cabeça colada no peito de Terry Boot, que tinha os braços praticamente amarrados na cintura dela.

— Você não é tão ruim, se eu ignorar a dor nos meus pés. - Padma tentou distrai-lo. Era óbvio que existia algo de mal resolvido ali.

— Haha. - ele riu sarcasticamente e depois sorriu, apreciando a mudança de ares. Padma era uma pessoa legal.

A alguns pares de distância, Hermione observava um Ronald sorridente dançando com uma das meninas mais inteligentes e bonitas que conhecia e não soube definir o que isso a fazia sentir. Só sabia que isso lhe dava vontade de nunca mais escutar I Swear novamente em seu walkman.

Fez questão de desviar seu olhar para Harry, que estava sendo obrigado a tirar milhares de fotografias para o próximo anuário escolar com Parvati Patil. Isso a fez puxar Terry para fora da pista de dança na tentativa de salvar o melhor amigo.

— Quem aprova essas músicas? - Harry murmurou enquanto buscava dois ponches, já acompanhado por Hermione. - Eu vou fazer amor com você durante toda a noite?

— É o que vai acontecer com boa parte da galera do terceiro ano hoje à noite, e os seniors nem se fala, não é? - ela murmurou, caminhando a passos lentos. Nenhum dos dois tinha a menor ideia de como manter uma conversa decente com as pessoas pelas quais eles se sentiam atraídos, que dirá imaginar-se sem roupas com elas.

Mudando de assunto rapidamente, Harry perguntou:

— Como está sendo o baile para você?

— Está sendo divertido. - mentiu encolhendo os ombros. - Ok, Terry é um chato que ficou falando sobre astrofísica durante todas as músicas que dançamos. E os conceitos dele nem batiam.

— Parvati me fez tirar fotos o suficientes para três vidas. - ele reclamou sorrindo para Patil de longe.

— Ronald parece estar se divertindo. - Hermione tentou soar indiferente e Harry não percebeu.

— Padma tem um senso de humor estranho. - Harry fez uma careta sorrindo. - Não sabia que ela era tão legal.

Quando Mariah Carey começou a berrar que não poderia viver caso isso significasse viver sem um macho, Padma achou que já estava demais para ela e resolveu dar uma folga para Ronald na pista de dança. Ele se ofereceu para pegar bebidas de bom grado, apenas para que não precisasse dançar mais uma música lenta.

— E aí, Granger? - Padma cumprimentou Hermione, sentando-se ao lado dela na grande mesa circular.

— Ah, oi Padma. - ela respondeu sem graça. - Aproveitando a festa?

Oh my God! – ela exclamou sabendo que a irmã poderia ouvi-la, de modo que resolveu completar em uma alfinetada em forma de imitação. - Essa não é literalmente a noite mais totalmente incrível da sua vida?

— Haha. - Parvati se mexeu desconfortável, odiando a irmã internamente, o que a fez se levantar e puxar Harry pelo braço em direção a pista de dança outra vez. - Você pode implicar comigo a vontade que o que vem de baixo não me atinge, mas eu vi o quanto você estava totalmente se divertindo com Weasley na pista de dança.

— Ele é um cara legal. - Padma encolheu os ombros, justificando-se para Hermione. - Talvez sejamos amigos em algum lugar do futuro.

— Achei que vocês estavam saindo. - Hermione não pôde acreditar que sentira algo parecido com alívio depois da fala da colega. - Vocês estavam tão entrosados na pista de dança...

— Garotas só querem se divertir. - Padma citou o remix da música com Hey Now que tocava na pista enquanto assistia a irmã se mover perfeitamente na pista de dança, provavelmente sem uma gota de suor. - Acho que no fundo ele queria se divertir também.

Hermione não soube porque não pôde evitar o sorriso nos lábios. Provavelmente estava feliz pelo amigo não estar tendo uma noite ruim ou infeliz. Estava sorridente por Padma também, sempre tão séria na sala de aula e ali tão descontraída e alegre. Pensou que pela primeira vez talvez visse alguma semelhança entre as irmãs além da pele acanelada e os piercings no nariz: tinham o mesmo sorriso branco e bonito.

Granger pensou também que talvez estivesse mais feliz ainda pelos dois sabendo que não estavam juntos. E toda essa boa sensação fez com que ela pensasse no quanto sentiria falta dos amigos durante as férias. Por isso levantou-se e, coletando os amigos, puxou Harry e Ron em um abraço de grupo, enquanto eles berravam como bêbados (apesar de sóbrios) Linger do The Cranberries, ouvindo o sotaque afetado e acentuado de Finnigan que deixava a sua acompanhante surda e Dean rindo sem censuras logo atrás deles.

Juntos, o trio observou Parvati e Lilá dançando juntas e girando uma a outra enquanto cantavam de maneira emocionada a música. Hermione e Ronald também puderam ver seus pares dançando juntinhos num abraço apertado.

— De repente Padma curta astrofísica. – Hermione murmurou para si mesma.

— O que disse? - Ronald gritou sobre o barulho da multidão.

— Disse que esse foi um bom ano. - Hermione os abraçou outra vez pelos ombros, fazendo com que os dois se abaixassem para ficarem pareados em altura.

— Mal posso esperar pelo próximo. - Harry encolheu os ombros.

— Ah, eu posso. - Ronald murmurou. - Pelo menos até depois das férias. – mas ele também sentiria falta dos amigos, pensou, inalando o perfume bom que exalava de algum ponto entre o cabelo e o pescoço de Hermione.

E essa era a lembrança que ele se lembraria com maior frequência durante o recesso.


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