Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Bom, a gente disse que ia compensar com um capítulo grande, certo? Eis um gigante! E com direito a Jones narrando um jogo de futebol do jeitinho que ela fazia nos tempos áureos de "Resistance" narrando quadribol! A gente espera que vocês gostem! :)

Semana que vem tem mais. Desejamos um ótimo fds e semana. Beijo.



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Lupin se sentia exausto. Não apenas pelas aulas seguidas do dia e as dezenas de trabalhos copiados uns dos outros que tivera que corrigir na noite anterior. Sentia sua cabeça girar, como se pancadas tivessem atingindo seu crânio repetidas vezes com alguns momentos agonizantes de dor extrema.

Fechou os olhos na sala dos professores, grato pelo silêncio sepulcral. Gostaria de se esconder em um daqueles armários grandes e escuros, ficando ali até o dia seguinte em que deveria voltar para dar aulas. Abrir os olhos fazia a tensão sobre as suas sobrancelhas se tornar praticamente insuportável. Tocou sua testa: estava molhada. Pegajosa.

— De novo não. - murmurou para si mesmo, tentando aferir sua própria temperatura.

Sentia-se quente, mas não tinha como dizer ao certo o quão quente.

Resolveu se levantar, cambaleante, tentando fazer seu caminho até a enfermaria, mas suas pernas não o obedeciam e sua memória não se demonstrava confiável, uma vez que ele precisava se repetir:

— Eu sou Lupin. Estou na sala dos professores. Em Hogwarts. - sua voz era quase um sussurro enquanto ele se apoiava nas mesas da sala vazia tentando chegar até a porta. - Enfermaria. Primeiro andar.

Não percebeu que a treinadora do time feminino acabara de entrar na sala e o observava cautelosamente, incerta se deveria perguntar o que tava havendo ou simplesmente segurar o homem que estava prestes a cair.

Ela tinha visto que aquela pele claríssima dele estava ainda mais sem cor desde a hora do almoço, mais do que quando ele abusava do protetor solar mesmo em ambientes fechados. Que mesmo aqueles tons rosados em sua bochecha e nariz, estavam apagados.

Mas só quando percebeu que as pernas bambas dele estavam perto de ceder que saiu correndo para ampará-lo antes que caísse.

— Lupin. Sala dos professores. Hogwarts. - o ouviu dizer com os olhos dourados turvos e perdidos em confusão. - Enfermaria.

— Lupin, sou eu, Tonks. - ela explicou, apoiando-o no braço forte para levantá-lo. - Consegue se apoiar em mim?

— Tonks. - ele repetiu, se escorando nela.

— Lupin. - ela sentiu a pele dele queimando em seus dedos e tentou respirar fundo para não entrar em pânico. - Que tal ao invés da enfermaria irmos ao hospital?

— St. Mungus. - ele balbuciou, sentindo alívio ao perceber os dedos gelados dela em sua pele.

— Você está com febre, Lupin. Eu vou te ajudar. - ela murmurou, puxando-o pelo braço. Tentou fazer sua voz soar o mais reconfortante e o menos assustada possível.

— Lupin? - ouviu a voz de outra pessoa na porta. - Minha nossa Tonks, precisamos ir ao hospital urgentemente.

— Ah, Srta. McKinnon. - Tonks suspirou de alívio. - Consegue pegar as coisas dele?

— Claro. Claro. - a loira jogou todos os seus livros de qualquer jeito sobre um dos escaninhos da sala dos professores e pendurou a bolsa carteiro dele sobre a própria mochila. - E é Marlene.

— Ok. - ela respirou fundo. - Você tem um carro? Deveríamos chamar uma ambulância?

— Ambulâncias demoram muito. - Marlene respirou fundo. - Tenho um fusca.

— Vai dar certo. - Tonks contou até três e levantou o já desmaiado Lupin. Marlene veio até ela e apoiou um pouco do corpo do homem em seu próprio corpo minúsculo.

Desceram as escadas desertas da escola com dificuldades, encostaram na parede do primeiro andar para tentar recobrar o fôlego e foram até o estacionamento cheio de alunos.

— É o Lupin? - ouviam-se cochichos e alunos se cutucando.

— Como podemos ajudar? - um homem e um dos discentes se aproximaram. - Minha caminhonete está logo aqui.

Marlene estava tão tensa com a situação que não se permitiu suspirar em segredo pela presença de Sirius Black. Dessa vez a respiração solta foi de alívio, ao ver seu aluno Potter e seu padrinho segurando Lupin e o carregando com mais facilidade para a cabine da caminhonete.

— Ele murmurou St. Mungus. - Tonks repetiu, se jogando dentro do carro sem convites e puxando Marlene com ela.

— Eu posso ir com vocês, Sirius? - Harry pediu, preocupado com seu professor preferido, aquele que sempre tinha um chocolate no bolso e bons conselhos para dar.

A resposta responsável deveria ser não e pedir para os Granger que estavam por ali, levá-lo para casa. Eles viviam se oferecendo, mas sexta era um dia especial e ele vivia negando. Entretanto, Sirius não conseguia negar o pedido do menino que estava com os olhos cheios e o rosto pálido. Faria de tudo pelo menino com o rosto de James e as íris verdes e cheias de compaixão de Lily, inclusive tentar salvar a todo custo o professor favorito dele.

— Ok. - respirou fundo e olhou especificamente para Harry antes de dizer - Coloquem o cintos, pois vamos quebrar algumas leis de trânsito.

E eles quebraram mesmo. Quando o carro parou na frente do hospital, Harry não sabia se queria vomitar por conta do movimento ou do nervosismo. Lupin já fazia acompanhamento ali, como eles descobriram na recepção e rapidamente foi amparado por uma equipe médica.

— Você sabia que ele tinha lúpus? – Potter perguntou em um sussurro para Ninfadora Tonks, sentada ao seu lado na sala de espera. Não sabia se esse era o tipo de conversa apropriada, mas estava assustado demais para se importar. Além do mais, o fato de Tonks não lhe dar aulas e ser o membro mais jovem de todo corpo docente, fazia com que ele se sentisse mais à vontade.

— Não, eu não sabia. – ela suspirou, olhando-o preocupada. – Mas imagino que essa era uma informação que ele preferia manter reservada. – havia um pedido implícito na fala, Harry percebeu e por isso concordou com a cabeça o mais rápido possível.

— É claro. – ele murmurou, sentindo-se subitamente muito abatido. Sirius e Marlene McKinnon tinham ido juntos à cafeteria do hospital para buscar bebidas para todos, então Harry tentou se concentrar na ideia de que em breve teria algo quente para preencher o estômago.

— Vai ficar tudo bem, garoto. – Tonks murmurou, lhe dando uma batidinha nas costas, mesmo não estando muito convencida da própria fala.

Há dois andares de distância, Sirius fazia uma cara muito parecida com a do próprio afilhado naquele momento.

— Você está bem? – Marlene murmurou, enquanto aguardavam os pedidos serem preparados.

— Eu apenas não gosto muito de hospitais. – Sirius sorriu de maneira cansada. – Muito tempo internado em alguns, apesar de serem de outro tipo...

Aquilo pareceu muito pessoal, então Marlene se limitou a desviar os olhos.

— Acho que essa é a minha experiencia mais impactante. – confessou, fazendo Sirius analisá-la com curiosidade. McKinnon tinha mesmo a cara de quem era saudável e nunca tinha quebrado sequer um osso na vida numa brincadeira boba na infância.

— O fato de eu ter dirigido como um alucinado não deve ter ajudado, certo? – ele inquiriu, rindo de um jeito autodepreciativo de quem pede desculpas.

— Ah não, isso não foi um problema. – respondeu com sinceridade, surpreendendo Black. – É que não consigo tirar a expressão de Lupin da minha cabeça. – murmurou, abalada. – Ele parecia tão frágil...

Sirius se permitiu colocar uma mão amigável no ombro da professora de seu afilhado. Ela não emitiu nenhum gesto de desaprovação, então Sirius permitiu-se manter assim.

— Daqui a pouco nós teremos notícias e a memória vai parecer um pouco mais distante. – ele tentou consolá-la.   

*

Era um dia absurdamente frio e tinha alguma coisa estranha acontecendo. Mesmo assim, com o uniforme de treino com mangas compridas e as meias até após o joelho, Gina guiou o time até o campo de futebol com uma bola embaixo do braço.

Suspeitou ainda mais que tivesse acontecido alguma coisa errada quando não ouviu a voz de Tonks assim que chegaram ao campo gritando um "finalmente!", ou algum daqueles apitos estridentes que ela usava para fazer com que as meninas andassem logo seguido de uma risada e um "tenho uma nova estratégia!".

O choque maior foi o fato de vários rapazes de camisa verde e cinza estarem ocupando o campo no horário delas.

— Que merda é essa? - foi Angelina quem perguntou com as mãos nos quadris.

— Flint. - a Weasley gritou antes de replicar a pergunta de Angelina. - Que merda é essa?

— Se não são as perninhas de pau. - Malfoy quem respondeu. - Pensamos que já tinham desistido de fingir que sabem alguma coisa de futebol e voltado a brincar de boneca.

— Vocês já desistiram de serem o pior time da escola? - Angelina respondeu de braços cruzados.

— Malfoy só tá no time porque o pai dele comprou chuteira para todo mundo. - Gina caçoou. - Infelizmente para ele, dinheiro não consegue comprar talento.

— A gente viu a "treinadora" de vocês... - Flint fez aspas com as mãos enquanto Malfoy tentava recuperar o tom pálido de seu rosto. - ... Fugindo com o pobretão de história e a Srta McKinnon e pensamos: se até a treinadora delas desistiu, duvido que elas vão ter coragem de aparecer lá. Afinal, quem disse que mulher sabe alguma coisa de futebol?

— Pensaram errado, otários. - Gina respondeu. - Sem contar que a gente destrói vocês a qualquer hora em qualquer lugar.

— Destruímos? - Chang perguntou com a voz baixa olhando para os brutamontes Crabbe e Goyle e levando uma cotovelada de Kate Bell. - Destruímos! Qualquer hora. Qualquer lugar.

— Coitadas. - Malfoy girou os olhos. - Não sabem nem quem ganhou a última copa do mundo.

— Foi o Brasil. - Gina fingiu bocejar. -  Eu não sabia que a gente tinha que participar da noite de Trivia antes de poder acabar com vocês.

— Então vamos lá. - Flint desafiou erguendo a sobrancelha. - Só tentem não se desidratarem de tanto chorar.

— Eu tô chocada que você conheça uma palavra com esse grau de complexidade. - Angelina alfinetou.

As meninas se reuniram enquanto os rapazes se arrumaram no campo para aquele desafio inesperado e que seria completamente reprovado pela treinadora Tonks se ela tivesse por perto.

— A gente ainda pode desistir se vocês quiserem. - Gina falou arrumando as meias, sentindo-se levemente culpada por ter colocado seu time em uma posição como aquela.

— Nem morta. - Kate murmurou, aquecendo, levantando os joelhos no peito.

— Vamos destruir esses babacas. - Angelina se alongou.

— Eles vão tentar quebrar a gente. - Cho observou e olhou para as arquibancadas. - Vamos precisar de um juiz.

— Você! - Angelina gritou autoritária.

O rapaz com as roupas de Lufa-lufa apontou para si mesmo e se levantou confuso.

— Você vai apitar. - Angelina entregou um apito para ele.

Angelina sabia que ele era jogador do time de Lufa-Lufa. E bem, ele parecia um rapaz honesto. Com um meneio de ombros indiferente ele apenas obedeceu o olhar mandão de Angelina e pegou o apito vermelho, recebendo de George e Fred cartões vermelhos e amarelos feitos com folhas de caderno.

— Acredite, cara, você vai precisar. - George murmurou voltando para seu banco na arquibancada.

Ernie - o garoto da Lufa-Lufa - esperou os times se arrumarem no campo e chamou os dois capitães para apertarem as mãos um do outro.

Gina achou que o primeiro mal sinal foi o fato de que o idiota do Flint não quis apertar a mão de Angelina. O segundo mal sinal: o sorriso debochado de Draco Malfoy, e o terceiro foi constatar que o único pensamento que rondava sua cabeça era de que só sairia dali vitoriosa.

Boatos corriam rápido demais num lugar onde todos se conheciam e metade dos alunos moravam dentro da escola. Por isso ela tentou não focar os olhos na arquibancada lotada de alunos de casas diferentes, inclusive seu irmão e a pessoa mais avessa a esportes, Hermione Granger - não vira a terceira parte do trio de ouro que pareciam grudados no quadril ou algo assim, mas não pensaria sobre isso demais para não perder o foco. Nem no fato de que aparentemente seus irmãos gêmeos estavam conduzindo apostas pela torcida.

— Se eles não estiverem apostando na gente, a amizade acabou. - Angelina murmurou, fazendo Gina sorrir apesar dos nervos.

Percebeu, com alguma estranheza Lee Jordan se posicionar na cabine de narração do jogo, como se aquele fosse um evento oficial. Isso não ajudava em nada.

— Boa sorte, perninha de pau. - Malfoy gritou da linha do centro do campo em direção a Gina Weasley.

— Que o melhor... - ela sorriu ferinamente em provocação. - No caso, a melhor, vença.

Quando o apito soou, nada além do cheiro de grama úmida, os vultos verdes e cinzentos e os gritos de incentivo da torcida mista, passavam pela cabeça da grifinória ruiva.

— Início de jogo no campo de treinamento um nessa sexta feira gelada de início de inverno. Hoje temos o jogo das Harpias de Hogwarts contra as Serpentes de Sonserina. É isso mesmo que você ouviu. - Lee Jordan disse com a voz animada demais de quem adorava um desafio. - Tudo começou com um desafio, companheiros. E vai terminar apenas com um vencedor! A não ser que termine em empate. Não sei se eles pensaram no que fazer a esse respeito.

— PÊNALTIS! - Fred gritou da torcida.

— Aparentemente em caso de empate iremos para os pênaltis. - Lee confirmou entusiasmadamente. - Malfoy está com a bola. Ganha velocidade nesses primeiros minutos de jogo enquanto a zaga das Harpias apresenta um furo imperdoável. Ele avança contra a zaga, desvia de Cho Chang e chuta em direção ao gol. LINDA DEFESA DE KATE BELL.

"As Harpias tem a posse de bola. Spinnet recebe a bola, passa a bola para Chang que chuta de novo em direção a Spinnet. Spinnet avança e passa a bola novamente para Chang que tem um puta fôlego. Que isso Chang! Chang está a poucos metros da área. Passa a bola para Angelina Johnson, que além de boa jogadora é uma gata! Angelina ajeita a bola e avança... E sofre uma entrada dura de Flint. Isso foi falta ou não foi galera?"

De longe a torcida grita que foi falta e as líderes de torcida de Sonserina que surgiram do nada e de lugar nenhum ensaiam um grito:

— N - A - D - A. NADA. - jogam os pompons para cima com o sorriso detestável de Pansy Parkinson se destacando no meio das garotas plásticas, loiras e iguais de Sonserina. - Vamos Sonserina, Vamos!

— Ernie dá uma advertência para o jogador Flint, mas nenhum cartão. - Jordan continua sua narração. - Angelina bate a falta, Gina Weasley recebe e chuta... Pra fora. Tiro de meta para a equipe de Sonserina. Muita emoção em Hogwarts nessa sexta feira! Mas ainda temos zero para as Harpias de Hogwarts e zero para as Serpentes de Sonserina.

Mais pessoas se juntaram nas arquibancadas. E perto do campo se reuniram as líderes de torcida de Grifinória: claro que não perderiam a chance de rivalizar com Sonserina. Lilá se sentira inclusive nervosa, já que era sua primeira oportunidade de apresentar suas coreografias e saltos ornamentais em público, e mesmo não sendo um jogo oficial, todo aquele clima de desafio e a rivalidade natural contra Sonserina acrescentava camadas de incentivo as meninas de pompons vermelhos e dourados.

— Trinta e cinco minutos do primeiro tempo, zero Harpias de Hogwarts e zero Sonserina. - Jordan anunciou. - Escanteio para a equipe das Harpias de Hogwarts.  Quem faz a cobrança é uma das estrelas do time, Ginevra Weasley. E eu sei o que você tá pensando, tem mais Weasley nessa escola que bala em dia Cosme e Damião.

— Haha! - George ironizou da arquibancada mostrando o dedo para Lee.

— Só estou aqui comentando a verdade, cara. - Jordan riu quando soou o apito. - Gina Weasley arruma a bola, será que ela vai chutar para Johnson que se ajeita na pequena área? Não! MINHA NOSSA! Weasley chuta em direção ao gol. GOOOOOOOOOOOOOL! É DAS HARPIAS DE HOGWARTS! É GOL OLÍMPICO SENHORAS E SENHORES. Um para as Harpias e zero para as Serpentes. Um belíssimo gol, um golaço de Gina Weasley!

O time se reuniu para comemorar e Gina sorriu para a arquibancada quando viu Ronald com um sorriso orgulhoso de orelha a orelha e o rosto vermelho do que parecia ser de tanto gritar. Até Hermione parecia feliz com o jogo ao lado de seu irmão, de Luna e Neville. Os dois bateram palmas orgulhosos e Gina teve vontade de sorrir mais ainda. Um pouco distante, Hannah Abbott estava sentada ao lado de Parvati, que falava no celular e não prestava atenção no jogo, mas Hannah compensava pela amiga, olhando para as jogadoras com os polegares para cima.

— Fim do primeiro tempo aqui no campo! Um para as Harpias e zero para Sonserina. - Jordan falou segurando o microfone e colocando os pés sobre a mesa. - Que as Harpias consertem essa zaga furada e Sonserina saia da retranca. Esse jogo está eletrizante galera de Hogwarts! Em quem vocês apostam?

— HAAAAARPIIIIAAAAAAS! - As líderes de torcida gritaram em resposta a Lee acenando os pompons coordenadamente. Com a arquibancada gritando, Brown jogou os pompons no ar, deu um salto para trás e os pegou antes que caíssem ao chão. Fazendo a arquibancada se levantar em excitação. - Vamos lá Harpias! Vamos ganhar!

— Elas nasceram pra isso. - Hannah comentou com Parvati na arquibancada. - Lil para as torcidas e Gin para os esportes. Me faz pensar em qual é o meu lance.

— Ser uma super nerd da matemática. - Parvati girou os olhos. - E claro, ser minha amiga linda que não liga para calorias e me dá uma surra se eu não comer, o que é super nerd e punk rock.

— Você nem gosta de punk rock. - Hannah riu e abraçou a amiga pelos ombros.

— Não, mas gosto da atitude. - Parvati também riu. - Por que estamos assistindo futebol mesmo?

— Estamos apoiando nossa amiga e minha amiga Gina. - Hannah a lembrou. - Porque fazemos parte dos eventos sociais da escola e não somos metidas, lembra?

— Você não é metida. - a garota colocou os cabelos negros para trás, e fechou o zíper do casaco. - Eu sou totalmente inalcançável para as pessoas dessa escola como uma super celebridade em ascensão.

— Ah, claro. - a garota loira tirou os óculos escuros. - Cindy Crawford.

— Eu tô mais para uma Naomi Campbell. - Parvati mostrou a língua.

Pararam de conversar quando ouviram o apito de início de jogo. Parvati desceu os óculos escuros e Hannah voltou sua atenção para o campo de futebol.

— Segundo tempo em Hogwarts. - a voz de Jordan soou pelos alto falantes. - Uma palavra para o pessoal de Sonserina que me acusou de ser parcial: eu não gosto de vocês. É isso. Mas fora isso, estou apenas narrando as coisas do jeito que elas são. Valeu? Falou.

"Enfim, nenhuma mudança ou substituição para as Harpias e nenhuma substituição em Sonserina. O que significa ficar olhando para as duas pernas esquerdas de Flint por mais 45 minutos."

Gina tentou não rir enquanto se concentrava em analisar as próximas jogadas a partir do que tinha visto no primeiro tempo. Sonserina não era excelente no ataque, mas tinha uma defesa boa e eram extremamente fortes e brutos - as provas estavam nos roxos já visíveis em quase todas as jogadoras do time, sobretudo Cho, Gina e Angelina que estavam no ataque.

Suas maiores chances vieram nos contra ataques a partir de Malfoy. Kate era uma ótima goleira, mas Jordan tinha razão: o time estava pecando na área de defesa com as zagueiras. Pudera, eram uma equipe há apenas alguns meses e algumas daquelas garotas nunca tinham jogado antes, o que compensavam em garra e vontade. Era o que tinha e o jogo não premeditado estava dando a oportunidade de verem onde estavam suas falhas.

— Malfoy está sozinho com a bola. Ele corre em direção a área. Desvia da zaga, mata no peito e cabeceia em direção ao gol. E é GOOOOOOOOOL de Sonserina! Draco Malfoy pega a goleira de surpresa e cabeceia no lado direito. É um para as Harpias de Hogwarts e um para as Serpentes de Sonserina. Emoção pura!

Com o dedo indicador nos lábios Draco comemorou olhando para a torcida das Harpias. Em retaliação, a torcida passou a vaiá-lo enquanto Sonserina fazia festa.

— A gente consegue meninas. - Gina gritou enquanto partia para o meio do campo.

— A partida continua aqui em Hogwarts. - Lee continuou a narrar. - Quase quarenta minutos de jogo e ele segue empatado.

As Harpias fizeram uma de suas jogadas ensaiadas que começou com um tiro de meta da goleira do time. Kate lançou a bola para Spinnet que correu com a bola até Chang que, por sua vez, percorreu o meio de campo em um só fôlego. Passou a bola para Angelina que esperava sozinha pela esquerda e continuou sozinha até voltar a bola para Cho Chang que correu até a área e passou a bola para Gina.

Gina se movimentou para a direita, foi de encontro com Malfoy que tentou fazê-la perder o domínio da bola, mas ela era de fato brilhante e chutou a bola sobre a cabeça dele num chapéu, recuperando a mesma em seguida. Dava para ver que Draco não estava feliz com a jogada, já que tinha sido feito de bobo pela habilidade de Gina.

Emboscando-a por trás dentro da grande área, ele escorregou sobre a grama esticando a perna e derrubando-a, arrancando um grito de dor da garota que caiu para frente sobre um dos braços e o rosto.

Weasley sentiu o gosto do sangue e colocou a mão no rosto por uns segundos até perceber que o sangue vinha de seu nariz. Sentiu o fogo nos olhos e a dor quando colocou a mão na cartilagem quebrada. Todas as meninas do time se reuniram ao lado dela enquanto o zumbido do apito incomodava suas orelhas vermelhas e quentes.

— Cartão vermelho. - Ernie gritou assim que tirou o apito dos lábios estendendo o cartão improvisado no rosto de Malfoy.

— Você só pode tá de brincadeira. - Draco falou cruzando os braços. - É para favorecer suas amiguinhas, McMillan? Esse bando de patricinha que acha que sabe jogar bola.

— Você cala sua boca, Malfoy. - quem gritou foi Angelina com os punhos fechados ao lado do corpo. - Você quebrou o nariz dela e acha que tem algum tipo de razão.

— Covarde filho da... - Kate Bell veio gritando da trave até o outro lado do campo.

— Fica fora disso para não se machucar, docinho. - Marcus Flint a interrompeu.

— Eu vou te mostrar quem é a docinho com a ponta do meu pé no meio do seu...

— Parou! - Ernie apitou novamente dando um cartão amarelo para Kate Bell. - É um aviso, nada de briga ou palavra de baixo calão.

— Ele que começou, esse fi-

— Bell. - ele a repreendeu novamente e olhou para Ronald que invadia o campo com Hermione, Luna e Neville em seu calcanhar, sendo seguidos ainda por furiosos George e Fred. - Torcida não pode entrar no campo.

— É a minha irmã. Aquele infeliz loiro idiota babaca e filho de uma puta quebrou o nariz da minha irmã. - Ronald gritou, tentando avançar em direção ao campo. - Eu vou quebrar o nariz dele.

— E eu vou ajudar! - George e Fred disseram em uníssono.

— Vocês não vão fazer nada. - Gina os repreendeu, levantando-se com a toalha próxima ao nariz para estancar o sangue. - Eu sou capaz de me resolver sozinha. E eu vou resolver vencendo desses otários.

— Você não pode jogar com o nariz quebrado. - Ronald disse, com a boca quase espumando em direção para o rosto de deboche de Malfoy que ainda estava em campo apesar de ter sido expulso.

— Ok. - Gina falou.

Ela apertou os olhos e colocou a mão no nariz, suprimiu o grito e a vontade de chorar e puxou o osso o encaixando no lugar certo. Lágrimas escorreram em seu rosto enquanto ela secava o sangue que escorria e as lágrimas com a toalha. Seu rosto estava todo vermelho, pela raiva e pela mancha de sangue fresco e seco. Colocou um tampão para estancar o sangue em uma das narinas e girou o pescoço.

— Estou pronta para cobrar o meu pênalti. - ela disse, pegando a bola.

— Você tem certeza Gin? A gente pode ir pra enfermaria. - A voz doce de Luna soou apenas uma oitava mais alta que o normal. Talvez ela estivesse realmente assustada com todo aquele sangue.

— Eu vou mostrar para o idiota do Malfoy que mesmo com o nariz quebrado, eu sou uma jogadora superior a ele. - ela murmurou. - Ah, e que eu não sou uma filha da mãe covarde.

Ernie conseguiu expulsar a torcida do campo e apontou para o banco onde um Malfoy contrariado sentou com os olhos fuzilantes em direção a Gina que apenas sorriu com raiva e aguardou o apito em seu lugar de marcação de pênalti.

— Com o nariz quebrado, ela volta para jogar. Ela é quase uma heroína de apenas quatorze anos. Ginevra Weasley tem o fogo nos olhos e a vontade de vencer. - Lee Jordan narra, enquanto o time se arruma atrás da linha para a cobrança de pênalti. - Draco Malfoy foi expulso, Kate Bell levou um cartão amarelo e Flint, que já tinha um cartão, se afastou de confusão para não levar seu segundo cartão amarelo do jogo. Fortes emoções em Hogwarts. Harpias um e Sonserina também um.

"Soa o apito no campo. Quarenta e sete minutos do segundo tempo. Gina Weasley se prepara, sorri, faz uma paradinha e chuta direto no ângulo! No cantinho direito! E é Gol! É GOOOOOOOOOL GOLAÇO DAS HARPIAS DE HOGWARTS! O segundo de Gina Weasley na partida. Essa garota tem mais talento que muito marmanjo por aí hein! Vamos ficar de olho em Gina Weasley!

As meninas comemoram e Gina evita pular pois se sente meio zonza. Talvez aquele sangue todo que escorreu de seu rosto faça alguma falta no fim das contas. Mas ela sorri com carinho para o irmão que ainda está na beira do campo e com o rosto em chamas, o ódio de Malfoy quase tangível emanando de seu corpo. Porém naquele momento, ele fica um pouco mais tranquilo com o triunfo da irmã e a visão de que ela estava bem, mesmo com o nariz inchado. Ele ainda se resolveria com Malfoy, porque mesmo vendo e sabendo que a irmã podia se virar sozinha, ninguém mexia com a irmãzinha dele.

— Fim de jogo em Hogwarts. Fomos a 50 minutos de segundo tempo com os acréscimos aqui nessa partida eletrizante. Dois para as Harpias e Um para as Serpentes, na batalha com sangue, entradas violentas da equipe de Sonserina e muita habilidade das Harpias de Hogwarts. Aqui é o Lee Jordan e até a próxima pessoal!


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