Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente! Como vocês estão? Hoje é um dia muito especial pra gente porque é nosso aniversário de parceria! Nessa mesma data, numa galáxia muito distante, Jones e eu publicamos pela primeira vez uma história chamada "Resistance" (que dá pra ser encontrada nesse perfil ainda) e de lá pra cá, nossa, mil histórias!
Queria deixar aqui publicamente meu amor e admiração pela minha dupla: obrigada por me aguentar tanto tempo e por escrever e reescrever comigo tanto a nossa amizade quanto nossas fanfics ♥




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Harry estava sentado na calçada de casa.

Aquele fora com certeza o dia mais longo de sua vida, e ainda eram oito e meia da noite. Existiam muitas dúvidas e preocupações que não ficaram no hospital quando Sirius o levou para casa dizendo que precisava alimentá-lo, apesar de que nem Harry, nem seu padrinho sentiam muita fome.

— É sexta-feira. – Sirius encolheu os ombros quando entraram no drive thru de um fast food qualquer. Harry sabia que não era por ser uma sexta-feira e sim por todo o estresse emocional do dia: Sirius nunca deixaria de ser a pessoa mais preocupada do mundo em relação a Harry e era com calor no coração que ele finalmente ele reconhecia isso.

E foi assim que apesar da dieta saudável que agora eles mantinham, Harry foi parar na calçada apenas com seu copo de refrigerante em busca de um ar fresco; ele precisava: afinal, fora um dia inteiro trancafiado em locais fechados e sufocantes. Não soube dizer quanto tempo passou só sentindo o vento até ver, à distância, a bicicleta de uma Hermione com os cabelos esvoaçantes ainda mais volumosos que o normal. Dava para notar que ela pedalava com mais vigor que o comum e que hoje não usava o capacete que tanto seus pais quanto seu padrinho insistiam em fazê-los usar.

— Ah, você está vivo! – Hermione disse, colocando a bicicleta com cuidado no salgueiro em frente à casa de Harry. – Você não atendeu o telefone e os fofoqueiros da escola disseram que você tinha saído às pressas hoje com Lupin e que ele estava desmaiado, quase morrendo. E que tinha sangue por toda a parte! Eu e Ron ficamos preocupados, porque quando você não atendeu o telefone e nem falou sobre o jogo hoje e a Gin quebrando o nariz, nós-

— Eita. – Harry a interrompeu, dividido entre rir dos rumores absurdos, da falta de ar dela e as milhões de perguntas que gostaria de fazer, mas uma questão emergiu como prioritária – Vamos por partes: o que aconteceu com a Gina?

— Ela está bem. – Hermione riu e abraçou os ombros do amigo. – Porém vamos em ordem cronológica. O sinal bateu e você foi embora com Sirius e Lupin?

— E Tonks e a Srta. McKinnon. – Harry completou. – Elas apareceram carregando Lupin com dificuldade pelo estacionamento da escola. Ele estava de fato desmaiado e inconsciente, mas nada de sangue por todas as partes e esses non-sense.

— O que aconteceu com Lupin? – ela não parecia curiosa como ele imaginava que todos da escola deveriam estar. Não, era uma preocupação genuína e Harry estava grato por ter escolhido bem as pessoas em quem confiava.

— Lupin tem Lúpus. – e ele riu da frase ridícula. – Parece insensível rir, mas eu estou nervoso.

— O que isso quer dizer? – Hermione cruzou os tornozelos com as pernas esticadas na calçada.

— Você não sabe o que algo quer dizer?

— Eu estou falando com Ronald? – ela girou os olhos, impaciente.

— Eu também não sabia o que queria dizer até hoje. – Harry encolheu os ombros. – O médico disse que foi bom levá-lo ao hospital naquele momento, porque ele estava tendo algum tipo de crise. Porém, o doutor não podia sair divulgando o diagnóstico do paciente e essas baboseiras..., mas ele falou a palavra lúpus e eu quis entender.

Hermione baixou os olhos para os próprios dedos, sabendo que faria uma pesquisa completa sobre isso no momento que chegasse em casa. Sempre fora melhor entender o que estava acontecendo do que ficar imaginando o pior cenário o tempo inteiro.

— Bom. – ela soltou o ar que nem sabia que estava prendendo e sorriu. – Mas ele vai ficar bem.

— Vai sim. – Harry também sorriu, se sentindo reconfortado.

— Então... quando você saiu nessa saga com seu padrinho e três de nossos professores, outra saga se iniciou na escola. – Hermione tentou aliviar a tensão do momento com a história sobre o jogo de futebol. – Eu estava prestes a ir embora, sabe? Mas Ronald me alcançou no estacionamento da escola e parecia transtornado, convencido que Malfoy estava procurando confusão com sua irmã... O que de fato estava.

— Como assim? – ele sentiu o movimento quase involuntário dos punhos se cerrando quando ouvia o nome de Draco Malfoy. – O que ele fez com a Gina?

— Vamos começar do início. – Hermione riu. – Aparentemente como Tonks não estava em campo hoje, as cobrinhas de sonserina acharam que seria legal roubar o campo das meninas hoje. E eu não sei o que eles falaram uns para os outros, mas daí começou um desafio de futebol deles contra as meninas e-

— Eles são mais burros do que pareciam. – Harry gargalhou – eu não enfrentaria Gina e eu gosto de pensar que eu sou melhor que o perna de pau do Malfoy. Quer dizer, Gina é incrível, sabe? Ela é veloz e ágil, os dribles delas são fantásticos e assim, ela poderia estar na seleção nacional britânica de futebol!

— Eu achei que você namorasse Cho Chang. – Hermione murmurou.

— O que foi isso? – Harry ergueu as sobrancelhas.

— Nada. Nada. – Hermione riu e narrou a partida para Harry. – Eu juro para você, Ronald estava prestes a entrar em campo a qualquer momento para defender Gina. Malfoy estava sendo extremamente covarde, sabe? Eu nem sabia que futebol podia ser tão emocionante e... Injusto! Porque ele deveria ter sido expulso. Aquela...

— Doninha! – Harry completou cruzando os braços, tenso. – Foi ele quem quebrou o nariz da Gin?

Ela anuiu e também cruzou os braços.

— Ele a jogou no chão em um daqueles... Não sei o nome. Parece uma rasteira sabe? – Hermione falou, lembrando-se da cena claramente. – O que a fez ir de cara no chão e quebrar o nariz.

— Aquele filho da-

— Mas aí você não sabe! – Hermione disse, falando sobre todos os Weasley no campo e as líderes de torcida enlouquecidas. – Ela consertou o nariz sozinha, estancou o sangue e fez mais um gol na cara deles.

— E ficou dois a um? – ele exclamou animado. – E Gina está bem?

— Isso, dois a um! – confirmou e sorriu. – Está sim. Os Weasleys apareceram logo depois do jogo. George ligou para eles e como a enfermeira da escola não sabia se ela ia precisar de cirurgia ou algo assim, eles a levaram para o hospital. Ron me ligou um pouco antes de eu vir e me disse que eles fizeram um curativo no rosto dela e que ela não vai poder jogar por um tempinho por conta de um suporte para o pescoço, embora só tenha que usá-lo por uma semana.

— Eu queria era quebrar o nariz do Malfoy. – Harry murmurou.

— Vai ter que entrar na fila. – Hermione riu e cerrou os punhos tal qual uma boxeadora, fazendo Harry rir também.

*

Luna Lovegood gostava de tardes em que nada mais especial do que perambular por aí com um par de amigos parecia se precipitar em seu horizonte de atividades. Ela se sentia grata pelo respiro. Os últimos dias tinham sido turbulentos – houve todo um alvoroço posterior ao jogo, Gina se recuperando do machucado no nariz e ainda os boatos sobre a condição de saúde do professor Lupin que pipocavam por toda parte. A mente coletiva, fantasiosa e também um pouco cruel do corpo discente de Hogwarts já havia formulado mil e uma hipóteses quando a verdade veio à tona.

Agora pairava no ar o clima pesado da situação delicada do professor de História (que ao que tudo indicava precisaria de um transplante) e Lovegood se sentia compadecida como muitos de seus colegas. Era estranho pensar sobre como a vida quase sempre navega mesmo pelo âmbito da fragilidade e por isso a pequena distração com Gina e Neville era mais do que bem-vinda. Até porque, e isso Luna sabia sem sequer ter perguntado a ele, havia algo de errado com Neville Longbottom. E dessa vez não tinha a ver com os recorrentes pesadelos que tinha com Snape – o medonho professor de química, com trabalhos escolares, com a saúde de sua avó ou com a preocupação constante em relação ao desenvolvimento de plantas na sua mini estufa.

Embora não estivesse na pele dele, Luna poderia ter chutado com razoável margem de acerto a razão do desconforto: Neville estava distraído (isto é, mais do que o normal) porque de algum modo a sua quedinha por Hannah Abbott havia ultrapassado todos os prazos de validade que ele havia estabelecido como aceitáveis e não haviam mais desculpas em seu estoque de justificativas mentais para dar a si mesmo.

Mas a preocupação só se alojou na boca de seu estômago quando, depois de terem encontrado um lugar para se sentar, Gina ligou o walkman e, em conjunto, eles escutaram uma playlist eclética (que parecia perfeitamente adequada a personalidade leonina de Gina) até cair em Have You Really Loved a Woman?, na voz do Bryan Adams. Era patético, mas algo na melodia ou na voz afetada do cantor tocou fundo Longbottom, a ponto de ele pedir para que a canção fosse repetida.

Gina e Luna se entreolharam e decidiram que aquela era uma boa hora de fazer com que o amigo, quase sempre muito quieto, falasse um pouco.

— Não é nada demais, tudo bem? – ele começou, quando elas pausaram a música, tornando tudo mais melodramático. – é apenas uma coisa nova e inusitada, vai passar.

— Você tá dizendo isso há semanas, Nev. – Gina lembrou, carinhosamente. – Não tem problema só admitir que você gosta dela, sabe?

— Tem sim. Já é ruim o suficiente sentir, verbalizar parece... Assustador. – ele murmurou, incomodado.

— Eu comecei a estudar tarot. – Luna interviu. – Se você quiser, nós podemos jogar as cartas. Bom, pelo menos os arcanos maiores. 

— Acho que isso deixaria ele mais perto de um colapso nervoso, Lu.

— Bom... – ela encolheu os ombros, sem se ofender. – Se em algum momento você precisar... – concluiu, dirigindo-se ao amigo.

— Obrigado, Luna. Acho que não. Mas obrigado. – e suspirando, afrouxou a gravata em torno do pescoço. – Deveria ser mais fácil, né?

— O que? Estar afim de alguém? – Gina abriu um sorriso ácido antes de gargalhar de deboche pela sua própria situação. – Nem me fala.

— Certa está você, Lu, por não estar apaixonada por ninguém. – Neville parabenizou a amiga que apenas sorriu de maneira distraída.

— Ah, mas eu estou apaixonada. – disse, com convicção. – Por absolutamente todo mundo e... por todas as coisas. – suspirou, tocando a grama com a ponta dos dedos.

— Isso parece aterrorizante. – Neville disse, sentindo a pulsação acelerar só com a perspectiva de tamanha vulnerabilidade.

— Isso parece seguro o suficiente. – Gina ponderou também, sentindo germinar dentro de si a ideia de que talvez nem todos os seus pensamentos deveriam se voltar de maneira tão exclusiva para Harry Potter. Talvez ela pudesse distribui-los em partes mais justas para outras pessoas. – Luna, você é um gênio.

— Eu sou?

— É sim. – Gina garantiu, lhe beijando o topo da cabeça de maneira afetuosa. Estava na hora de democratizar o seu Estado mental. Tomando o cuidado de não colocar para tocar mais nenhuma música romântica que pudesse perturbar o seu ânimo sensível ou o de Neville, a ruiva apenas aproveitou o tempo com os amigos até o primeiro deles intervir dizendo ter alguma obrigação a cumprir.

Na volta para o dormitório, eles passaram por Draco Malfoy – que, apesar de desacompanhado, fez questão de esbarrar no ombro de Neville Longbottom.

Gina encarou as costas do garoto alto, magrelo e raivoso como se pudesse emitir rajadas de laser pelos olhos. Ele sequer se virou.

— Esse menino tem sérios problemas. – Luna murmurou, meneando a cabeça de um lado para o outro.

— Ele é só um babaca. – Gina disse entre dentes.

— Esse ano mais do que no anterior. – Neville complementou, massageando o ombro dolorido após a topada.

— Sérios problemas. – Luna repetiu, mas nenhum de seus amigos parecia interessado em discutir possíveis causas para o sonserino, de modo que o assunto morreu e depois de deixarem Lovegood na área da corvinal, Longbottom e Weasley fizeram o percurso para o próprio dormitório em silêncio.

— Você sabe, você realmente deveria falar com ela. – Gina tentou uma última vez.

— Quem sabe no próximo ano, não é? – ele abriu um sorriso sem graça. De fato, o ano já estava acabando. Se todos aqueles pensamentos sobre Hannah não se acalmassem, ele poderia colocar como uma resolução de ano novo ser um pouco menos introvertido e derrotado em questões amorosas.


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