Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, amores. Por enquanto, seguimos em tempos de vacas magras, então aqui vai um capítulo bem curtinho (o próximo é gigante, prometemos). Esperamos que vocês gostem e continuem com a gente. Hoje, sem falta, responderemos os comentários pendentes, mas queríamos de antemão agradecer muito e sempre o carinho. Beijo!



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Ronald Weasley estava na arquibancada, afastado de outros torcedores e curiosos, observando sem muita atenção Harry correr de um lado para o outro em campo.

Talvez fosse essa visão do melhor amigo sendo bom em uma atividade a parte ou o modo como sol morno fazia a pele de Hermione – sentada ao seu lado – reluzir de uma maneira bonita ou mesmo a brisa insistente que fazia suas próprias mechas ruivas entrarem em seus olhos, lembrando-o que ele precisava de um corte de cabelo,  mas a questão é que em algum momento, Ron suspirou alto o suficiente para que Granger tirasse os olhos do livro que estava lendo e o encarasse por um instante.

É possível que se ele não tivesse encarado os olhos castanhos de volta, aquelas palavras nunca tivessem saído de sua boca. Mas ele encarou e eles eram tão convidativos e encantadores que...

— Às vezes eu sinto que se minha existência fosse apagada, não faria diferença. - confidenciou, odiando-se um segundo depois.

— O que? - Hermione franziu o cenho, colocando o marcado de página no lugar onde havia parado a leitura.

Ron suspirou de novo.

— Não era para soar tão dramático. - disse envergonhado. - Acho que o que eu quero dizer é: você sabe aqueles filmes sobre viagem no tempo e paradoxo temporal em que os personagens têm que tomar o maior cuidado para não alterar nada porque se não merdas muito grandes acontecem?

— Sim. - Hermione estava perfeitamente familiarizada com esse subgênero da ficção científica. Ela e Padma se dividiam entre romances com Hugh Grant e aquele antigo seriado televisivo da época de seus pais, Doctor Who.

— Então... É nesse sentido. - Ron encolheu os ombros. - As coisas seguiriam o curso normal comigo ou sem. – ele queria só parar de falar, mas parecia que quanto mais coisas saiam de sua boca, mas ele precisava justifica-las, o que só piorava tudo. – Lá em casa, todos os meus irmãos se encaixam tão bem nos papéis familiares que eles decidiram vestir, e eu pareço só... um excedente, sabe? Mesmo aqui na escola, com você e Harry, eu... Esquece.

— Eu quero ouvir. – Hermione murmurou, deixando o livro de lado. De novo, havia algo sobre os olhos dela que o faziam se sentir confortável o suficiente para continuar sua sessão de auto humilhação voluntária.

— Harry é... bem, Harry Fucking Potter. E você é a pessoa mais bonita e inteligente que eu conheço. – ele mal se deu conta do elogio, mas o coração em falha de Hermione o registrou. – Se isso fosse um filme eu seria... o alivio cômico. – fez uma careta.

— Mas isso não é um filme, Ron. E ninguém é uma coisa só. – Hermione disse muito séria, segurando a mão dele para dar ênfase ao que estava dizendo. Não era como se eles tivessem muito contato físico, mas nenhum dos dois pareceu desconfortável com o inusitado naquele momento. O peso da conversa suprimia qualquer consciência menor a respeito dos muitos sentimentos mal resolvidos que eles nutriam um pelo outro.

— Eu sei, eu só... – Ronald finalmente desviou os olhos dos dela, mas não soltou sua mão. Sua garganta havia ficado perigosamente congestionada. – Me sinto patético.

— Todo mundo se sente um pouco as vezes. – ela tentou consolá-lo.

— Você...?

— É claro. – soltou um riso nasalado. – Eu também sou uma pessoa, Ron.

— Na maior parte das vezes, não parece.

— Eu não sei se eu deveria ficar ofendida ou lisonjeada.

Ron tornou a olhar para Hermione com aqueles olhos muito claros e os cílios ruivos que faziam sua pulsação acelerar. E Granger soube, naquele instante, que ela queria colocar as duas mãos em seu rosto e beijá-lo, pouco se importando se não era comum que garotas dessem o primeiro passo quando o assunto era romance. Quem tinha inventado aquela regra estúpida, afinal de contas? Ela queria beijá-lo e queria que isso fosse o suficiente para que ele se sentisse especial.

— Você... – Ron começou, os olhos baixando lentamente para a boca da amiga.

— E aí? – Harry gritou aproximando-se, os cabelos úmidos de suor e o sorriso feliz de quem tinha feito um bom jogo. Ron e Hermione soltaram os dedos um do outro ao mesmo tempo com uma discrição que nenhum dos dois sabia ter até então.

— E aí? – Ron devolveu abrindo um sorriso fraco, sentindo-se mal por uma parte sua estar querendo assassinar Harry.

— O que eu perdi? – Potter perguntou, sentando-se ao lado deles, animado.

— O fato de que Ronald decidiu fazer um teste para o time de futebol. – Hermione disse muito firme, reabrindo o seu livro.

— O que? – Harry e Ron disseram em uníssono.

— É, sim. Harry e eu achamos uma ótima ideia, não é, Harry?

— Siiiim! – Potter exclamou, sorrindo com todos os dentes. – Você é um bom goleiro, eu sempre te disse isso.

— Mas... – Ron balbuciou, o rosto vermelho como pimentão. – Eu não... eu não...

— Você joga desde sempre com seus irmãos, certo? – Harry continuou, empolgado. – Acredite, se você já conseguiu segurar alguns gols de Gina, o teste será moleza para você.

Ron olhou para Hermione, que continuava com os olhos no livro.

— Eu não sei se é uma boa ideia, na verdade. – mas havia um comichão de expectativa se expandindo na boca de seu estomago.

— É uma boa ideia sim. – Hermione disse, fingindo ler um parágrafo. – Quem está dizendo é o ET mais inteligente que você conhece. – e ela abriu um sorriso de lado, sentindo-se muito espirituosa por um momento.

*

Luna estava a caminho da torre dos dormitórios de sua casa; pensava na charada do dia e em como elas sempre eram divertidas: um dia gostaria de parabenizar o monitor que as inventava... Será que ele gostaria de ser presenteado com uma muda fresca de flores de camomila? Afinal a calma e tranquilidade da planta poderia ser bem efetiva nos estudos e, por que não, na vida pessoal também.

O pensamento a fez olhar pela janela e admirar o jardim que já estava com as folhas secas naquela cor alaranjada de outono misturada ao tom acinzentado e nebuloso do inverno próximo. Em breve seria natal e a maioria dos alunos poderiam voltar para casa e terem ceias grandes, fartas e fantásticas com suas famílias.

Ela, no entanto, não iria. Constatar isso não a deprimia mais, as coisas eram como elas eram e o universo devia ter seus motivos para transformar sua mãe em um anjo de luz que a guardava em seus sonhos e talvez uma estrela que dormisse durante o dia. Luna, naturalmente, sabia que a astronomia não funcionava assim do mesmo modo que sabia que não importasse quantos desfechos poéticos criasse para ela no além tumulo, ainda seriam tristes os natais sem a mãe, mesmo que a menina soubesse que ela não gostaria que a filha se sentisse assim.

Olhando para o céu e o leve nevoeiro que se formava no fim de tarde, Lovegood suspirou, limpou o nó na garganta e resolveu dar meia volta. Alguma coisa lhe dizia que ela precisava falar com Gina ou que Gina precisava dela de alguma forma. Com as mãos nos bolsos da saia comprida, desceu as escadas de sua torre a passos lentos e caminhou até a outra extremidade do largo corredor.

Estava prestes a pedir a alguém para chamar sua amiga (uma vez que geralmente pessoas de outras casas não podiam entrar em outros dormitórios sem permissão), quando a viu descer as escadas.

— Olá. Vim o mais rápido que pude. - sorriu. - O que, você sabe, geralmente é bem devagar.

— Do que você está falando? - Gina perguntou confusa. - Tínhamos marcado alguma coisa?

— Não. Não. - Luna a tranquilizou com o olhar e sorriu novamente. - Eu senti que você precisava de um ombro amigo e eu vim.

— Como isso funciona? - Weasley riu, colocando as mechas ruivas atrás da orelha. - E como você sabe?

— Eu só sei. - Luna encolheu os ombros. - Como eu posso te ajudar?

— Eu esperava que você pudesse me dizer isso. - Gina sorriu triste e a abraçou. - Você quer, sei lá. Só sentar em algum lugar?

— Pode ser. - Lovegood tinha sempre um sorriso sereno e pacífico em seu rosto calmo, pálido e bonito. Seus olhos tinham aquele tom de azul tão tranquilizante que era difícil não se sentir mais em paz na presença deles.

Gina esperou que Luna se sentasse no chão e esticasse as pernas e então deitou-se no chão com a cabeça sobre o colo da amiga que, por mania, imediatamente começou a trançar seus longos cabelos alaranjados.

Permaneceram naquela posição confortável em silêncio por alguns minutos, concentradas nos dedos gelados e confortáveis de Luna nos cabelos macios e recém lavados de Gina. Era simplesmente relaxante.

— Eu... - Gin começou. - Não quero falar sobre meus sentimentos não correspondidos pelo garoto que eu gosto. Pode ser?

— O que te fizer se sentir melhor. - Luna deu de ombros. - Estou aqui para você.

— Droga. - Gina riu cobrindo o rosto com as mãos. - Você sempre sabe as coisas certas para dizer.

— É tipo um dom. – a outra riu também, ainda trançando o cabelo da amiga. - De qualquer forma, se ele não te corresponde é porque é um... Boboca.

— Quem chama as pessoas de boboca, Lu? - Gina olhou para ela com um sorriso largo e verdadeiro.

— Pareceu um adjetivo adequado. - ela encolheu os ombros novamente. - Ele é um boboca.

— Isso mesmo. Um boboca. - Gina riu e apertou a mão da amiga três vezes, a agradecendo silenciosamente.


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