Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Amores, Lu aqui. Passei o dia todo tentando reunir força pra responder os comentários e não consegui. Pra não passar batido, decidi postar logo e ficar devendo. Saibam que Jones e eu lemos tudo e agradecemos sempre, do fundo do coração. Essa semana foi tensa pra gente - J. voltou a trabalhar e eu também, com minha pesquisa - então nos desejem boa sorte.

Beijo, beijo.



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— Hermione, telefone para você, querida! – Oliver gritou do térreo e a menina desceu as escadas, curiosa. Ela não esperava nenhuma ligação naquele sábado. Sabia que Padma estava recebendo os avós e que Harry estava em seu primeiro encontro, de modo que...

— Oi. – Ron saudou do outro lado da linha e Granger não conseguiu ignorar o modo como seu estômago reagiu a voz do amigo. Ela olhou para os dois lados e agradeceu internamente pelos pais estarem de costas para ela, atentos a um filme que passava na televisão.

— Oi, Ron. – ela sorriu e Margareth a olhou de esguelha por cima do ombro por um segundo, mas Hermione não notou, porque já encarava os próprios pés com um sorriso inconsciente no rosto.

— Mamãe vai me matar, mas eu precisava gastar o telefonema do dia com você. – ele se justificou, rindo. – Não é como se eu pudesse ficar falando a respeito do encontro do Harry com ela, não é?

Hermione riu e girou os olhos. Ele não podia vê-la, mas tinha uma nítida imagem mental da garota que batia em muito com a realidade da cena.

— Eu espero que ele esteja se saindo bem, antes de ir encontrá-la ele passou por aqui e parecia meio esverdeado.

— Seria engraçado se ele por acaso começasse a vomitar como a menina em O Exorcista. – Ron considerou, rindo, mas depois atalhou: - a verdade é que não me preocupo. É divertido imaginar ele fazendo tudo errado, porque sei que ele vai fazer o certo.

Hermione enrolou o fio do telefone no dedo, antes de concordar.

— Eu sei o que você quer dizer. Ele é corajoso. No fim das contas um primeiro encontro é bem mais assustador do que assistir a filmes de terror.

— Já que você disse primeiro, eu não me importo em concordar. – Ron murmurou, suspirando. – Ainda mais um na casa de chá da Madame Puddifoot!

— Pois é! Eu tenho certeza que aquele tom de rosa é capaz de cegar a gente!

— Minha nossa, sim! – Ron exclamou, exaltado, do outro lado, fazendo-a rir de novo. Do sofá, Oliver Granger considerou se já não era hora de comprar um telefone para o quarto da filha. – Mas as opções são mesmo muito ruins. Me diz, pessoa mais inteligente que eu conheço: onde você iria no seu primeiro encontro nesse fim de mundo onde moramos?

— Ah... – ela agradeceu por ele não poder ver seu rosto. Hermione tinha certeza que, assim como seu coração vacilava no peito a cada elogio indireto dele, algum vislumbre se fazia notar em seu rosto. – eu não sei. Talvez seja mais sobre a pessoa e o tempo certo do que o local em si?

— Hum. Não sei não. Meu voto vai para o McDonalds. Nada pode dar errado quando se tem batatinhas fritas em jogo.

— Isso é porque você só pensa em comida. – Hermione disse de maneira afável. – E porque é profundo como uma colher de chá, sem ofensas. – brincou.

—  Não ofendeu. – ele parecia humorado do outro lado. – Você só diz isso porque nunca provou as batatinhas de lá. Nós deveríamos ir, sabe, nós dois, e aí você veria que eu tenho razão e... Meu Deus, Gina, fala sério, eu estou conversando! – o coração de Hermione rugia dentro do peito enquanto ela escutava as vozes dos irmãos discutindo do outro lado da linha.

— Ron? – ela chamou, quando sentiu que estava respirando de novo.

— Oi. Me desculpa. Gina está insuportável hoje, não sei que bicho mordeu ela. – grunhiu. – De qualquer modo, eu preciso ir agora, Mione. Aparentemente Ginevra irá morrer se não puder usar esse telefone em especifico agora, como se não houvessem mil outros disponíveis e... Au! Para com isso, você é louca? – mais uma pequena briga entre irmãos antes de ele voltar, suspirando:

— Bom, é isso, nos vemos segunda, né?

— Nos vemos segunda. – Hermione garantiu, antes da linha ficar muda. E ela soube, como a menina esperta que era, no instante em que colocou o fone de volta ao gancho, que não pararia de pensar naquela conversa pelo resto do final de semana.

Em defesa de Granger, ela bem que tentou. Adiantou tarefas cujos prazos quase se perdiam de vista, deu uma olhadinha em tópicos de alemão que ainda não tinham sido expostos nas aulas, releu o livro que a srta. McKinnon havia lhe indicado (Virginia Woolf valia mesmo uma segunda leitura de todo modo), enfim, se distraiu com todas as ferramentas que tinha e gostava, mas nada foi capaz de impedir que o seu inconsciente – em trabalho com seus hormônios adolescentes – formasse aqueles sonhos constrangedores em que, de algum modo, ela sempre acabava com a boca colada à boca de Ronald Weasley.

Ter quinze anos era um absoluto pesadelo.

E Hermione soube que Harry concordava com ela no momento em que se viram na segunda. Ele tinha se atrasado um pouco para encontrá-la na frente de casa, então deixaram a conversa sobre o encontro para a escola, quando Ron estivesse por perto para ouvir, mas o jeito como ele a olhou fez Hermione se perguntar internamente porque relacionamentos amorosos sempre pareciam mais fáceis nos filmes.

 - E então? – Ronald os puxou para um canto isolado no momento em que os amigos pisaram em Hogwarts e os três conversaram em voz baixa como se falassem de algo ilícito.

Eles só tinham alguns minutos antes do sino, então Harry foi sucinto:

— Nós nos beijamos. – e antes que Ron terminasse de abrir o sorriso, ele continuou cochichando. – E ela chorou, mas... Aparentemente quer me ver de novo.

— Ela chorou? – Ron perguntou, horrorizado com a possibilidade. – Chorou, chorou?

Hermione o beliscou ao perceber o quanto Harry parecia cada vez mais desconfortável.

— É, eu... – ele coçou a cabeça, mas antes que pudesse se explicar melhor, Cho passou por perto e acenou de um modo que fazia parecer que ela queria que ele se aproximasse, então ele se desculpou com os amigos e correu para alcança-la.

Ainda no mesmo lugar, Ron mirava algum ponto da parede aturdido.

— Isso pode acontecer? – ele balbuciou, mais para si mesmo do que para Hermione. Estava claro que ele nunca havia imaginado tal possibilidade e agora ela figurava no topo da sua lista de medos, abaixo apenas de aranhas. – Garotas podem chorar durante um beijo?

— Eu não sei. – Hermione deu um passo para trás, de repente muito consciente do quanto eles estavam próximos.

Você não sabe? – ele disse num fiozinho de voz, como se tudo no mundo estivesse deslocado ou esvaído de sentido.

— Não. – Hermione cruzou os braços, em um movimento de defesa involuntário. Ela também havia ficado um pouco assustada com a perspectiva de um encontro ruim, no fim das contas.

— Hermione... – Ron pediu, colocando as duas mãos em seus ombros de repente. A menina ignorou o modo como sentiu um frio na espinha ao encarar o amigo. – Em hipótese alguma me deixe correr esse risco. Por favor.

Ele parecia aterrorizado e ela não teve alternativa a não ser rir.

— Você está me pedindo para nunca o deixar ir a um encontro?

— Isso. Até... Sei lá. Estarmos na faculdade. Você acha que garotas na faculdade também choram?

— Pelo amor de Deus, Ron, todas as pessoas choram. – ela o lembrou.

— Minha nossa... – o garoto murmurou e antes que Hermione pudesse dizer algo mais, o sino soou.

— Vamos. Você parece um pouco abalado. Nada como uma aula do Snape para piorar o seu humor distraindo-o com alguma outra coisa mais assustadora.

— Você tem razão. – ele disse, ajustando a alça da mochila. – Eu estou quase ansiando por isso. – e enquanto eles riam, ambos empurravam mentalmente a ideia do McDonalds para um recôndito muito escuro de suas mentes.

Nenhum dos dois ousou falar sobre batatinhas pelo resto do dia.

*

Gina Weasley não estava feliz. Não mesmo. Ela estava irritadíssima, irada, cheia de cólera. Se ela visse Harry caminhar com Cho Chang até o treino de futebol mais uma vez, era capaz de ela descobrir a capacidade de se tornar verde, tal qual Bruce Banner quando transformado em Hulk e, uma vez com quatro metros de altura, pisar em cima da cabeça dos dois.

— Gin. – a agora oficialmente treinadora Tonks apitou parando o treino. - Sem entradas duras, isso é um treino e num jogo real você seria expulsa.

— Eu sei, eu sei. - ela resmungou baixinho olhando para Tonks que só colocou a mão nos quadris. - Ok. Eu vou me comportar.

Tonks observou como Gina era boa de verdade, do tipo boa o suficiente para receber bolsa de estudos atlética para a faculdade, depois alavancar em algum time profissional e ter uma grande carreira. Entretanto, ela deixava os nervos levarem parte dela e Tonks gostaria de saber o motivo.

Não esperava se importar tanto com as meninas daquele time quando implorou a Dumbledore por uma vaga de emprego como treinadora do time de futebol feminino, mas no fim das contas se importava e estava amando o novo emprego. Era mais divertido, excitante e vívido que seu trabalho na lanchonete. E agora que ela se desdobrava em dois empregos, mal tinha tempo para sentir tédio.

Além disso lhe dava uma chance de ser ativa e gastar toda aquela energia hiperativa de seu corpo. Uma outra vantagem era ver o belo professor de história na sala dos professores todos os dias da semana. Tonks gostava de implicar com ele, de dividir chicletes e chocolates e ainda conversar sobre os alunos que conhecia como o Harry, Hermione e Ronald que se encontravam na lanchonete todos os dias, ou as meninas do time de futebol. Lupin a ouvia e a lançava casualmente alguns sorrisos simpáticos, como se ela estivesse de fato o divertindo.

O pensamento lhe agradava. Tonks estava pensando nele quando viu Gina sair do seu lado do campo até o do adversário, dirigindo-se até o gol sozinha.

— Weasley, pela luz dos corpos celestes. - Tonks apitou, com a mão na testa. - É um time, passa a bola!

— Fominha. - Angelina caçoou, jogando as tranças presas em um rabo de cavalo para trás.

— Haha. - Gina sorriu pela primeira vez no dia, com a bola parada em seu pé direito. - Foi mal, coach.

— Hoje você tá difícil, garota. - Tonks riu, estreitando os olhos. - Bom, já tá dando nosso horário, então cinco voltas no campo.

— Ah, não. - todas as jogadoras reclamaram em uníssono enquanto Tonks liderava a volta.

— Joelhos no alto. - ela respondeu sem se abalar, colocando a língua para fora em uma careta que fez todas as jogadoras rirem, menos Gina, que estava concentrada em olhar para Cho Chang correndo graciosamente como uma profissional, o rabo de cavalo negro de um lado para o outro e o sorriso de quem estava se divertindo enquanto fazia isso.

Droga. Ela era linda.

Fazia total sentido estar saindo com Harry e formarem um casal fofo e bonito de se olhar, mas obviamente isso não a fazia sentir menos ciúmes. Só a fazia considerar talvez, depois que toda a fossa, vontade de chorar e gritar passasse, ela deveria se empenhar em encontrar alguém diferente e parar de fantasiar sobre Harry Potter. Ele que fosse feliz com Cho Chang.

*

Perto dali, Lila balançava seus pompons enquanto Hannah e Parvati assistiam das arquibancadas cobertas.

— É o melhor em jogar, nosso time vai ganhar. Vaaaaai Lions! - as meninas gritavam e o mascote de Grifinória aparecia vestido de leão dando um rugido.

— Isso é tão... Idiota. - Parvati abaixou os óculos de sol e girou os olhos. - Não entendo o apelo das dancinhas ritmadas e o pobre coitado vestido de leão correndo de um lado para o outro.

— Ah, sei lá. - Hannah encolheu os ombros. - Há algo sobre fazer parte de um grupo assim que te dá uma noção maior de pertencimento. Você nunca quis fazer parte de algum clube ou algo assim?

— Eu tenho a Lilá. E você. - Parvati acrescentou encostando o ombro na amiga. - Já é o suficiente.

— Participações em clubes e esportes são ótimos em aplicações para faculdade. - Hannah cutucou a amiga com o ombro. - Talvez você só deva achar uma coisa que você curte.

— Existe algum clube de polícia fashion? - ela riu acertando o Ray Ban Clubmaster escuro no rosto. - Tem muita gente nessa escola precisando levar umas multas.

— Você sempre pode criar o seu próprio clube. - Hannah olhou para as unhas, estavam esperando Lila para fazê-las.

Nunca tinha ligado para essas coisas como unhas feitas ou manter o brilho, as ondas loiras e o corte em seu cabelo. Toda essa conversa sobre pertencimento, a fez pensar que de fato ela se sentia assim em relação àquele grupo, por mais estranho que isso parecesse. Quer dizer, Parvati e Lilá tinham toda uma pose de meninas malvadas, entretanto era apenas uma máscara.

Elas não eram más com as pessoas, apesar de não se esforçarem muito para serem gentis, embora abrissem uma exceção para Hannah. A princípio foi muito difícil explicar que ela não estava à vontade com toda essa ideia de contar calorias por refeições e tomar aquela coca cola extremamente doce só porque era diet. Ela ensinou uma coisa ou outra sobre como esse tipo de vigília podia ser cruel. Em troca, foi bom aprender com Parvati como destacar o que ela achava bonito em seu corpo e como comprar, combinar e ajustar as roupas de acordo com o corpo que a fazia feliz.

Ela estava feliz, depois de treze anos miseráveis lutando contra a imposição social de que ela deveria pesar pelo menos vinte quilos a menos. Hannah era saudável, se alimentava bem, se exercitava e agora, mais que antes, se achava linda mesmo vestindo seu manequim 48 enquanto suas amigas usavam dez números a menos.

Sorrindo ao pensar nisso, ela assistiu Lilá subir as arquibancadas.

— Vocês estavam me esperando? – a garota perguntou, hesitante.

— A gente ia fazer nossas unhas hoje, lembra? - Parvati disse, tirando os óculos de sol novamente.

— Ah, eu não lembrava. - Lilá, coçou o cabelo cacheado. - Eu...

— Vai furar de novo para ficar com as Marias Pompons? - Parvati levantou e puxou Hannah. Aquele era um tipo de ciúme diferente do que a nossa outra protagonista, Gina, estava sentindo, mas não deixava de ser ciúme.

— Eu só tinha marcado de ajudar a Serena a comprar uma roupa para o encontro dela com Finnigan. - Lilá se justificou.

— Você está furando com a gente para fazer compras com outra pessoa? - Parvati colocou a mão no coração dramaticamente. - Ok. Legal.

— Não é assim...

— E Ugh. Alguém que vai sair com Finnigan. - Parvati começou a descer as arquibancadas. - Hannah, você vem.

— Já vou. - Hannah disse, fingindo amarrar as botas enquanto Parvati descia a arquibancada. - Lil, eu acho bacana você fazer novos amigos, mas não se esqueça dos antigos...

— Eu não...

— É só o que estou dizendo. - a garota loira encolheu os ombros e começou a descer as arquibancadas. - Ótimo treino, inclusive. Go Lions!

— Você é de Lufa-lufa. - Lilá gritou quando a loira estava longe, sem saber de fato o que dizer. Será que estava negligenciando de fato Parvati e Hannah? Achava que não. Só estava se entrosando e fazendo novas amigas, só isso.

Era só isso, não era?


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